Eternally Forbidden escrita por Ivie Constermani


Capítulo 25
24. O filho do chefe


Notas iniciais do capítulo

Mais um! O/



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Os dias que passaram foram atarefados.
Depois da volta do acampamento Dany manteve-se muito pensativo e afastado de Enid. Gabe e Josh estavam mais agarrados que nunca e Evan evitava olhar para Enid.
As semanas passaram e ao invés de esquecê-lo a saudade aumentava mais e mais. Uma semana passou e eles mal se olhavam. Depois duas semanas e ela foi obrigada a falar com Vine.
Ele disse que as negociações continuavam e que ele continuava procurando por Caliel. Evan ainda não estava seguro, e Enid precisava tomar muito cuidado. Robb estava decidido a tê-la ao lado dele e faria qualquer coisa para realizar seu desejo.
E assim seguiram dois meses. A semana das provas finais tinha chegado e a formatura do 3° ano estava chegando.
Os convites tinham sido feitos e Enid recebeu dois convites para par do baile. Recusou, claro. Não havia ninguém com quem ela gostaria de ir. Além de Evan.

- Eu sabia que a encontraria aqui - disse Robb quando Enid entrou no Dooh-Wah-Wah após as provas do dia.
- Você ainda não desistiu? - ela perguntou revirando os olhos.
- Quando eu quero uma coisa ela é minha.
Enid o encarou por alguns segundos e depois riu de leve.
- Para eu ser sua você ia precisar me hipnotizar ou algo do tipo. Eu nunca faria isso por vontade própria - ela disse.
Robb deu de ombros como se não se importasse.
- E daí? Se for preciso eu faço isso. Não há problema algum - ele disse e se aproximou de Enid. - Mas eu não quero fazer isso. Então estou aqui para você me conhecer melhor e gostar de mim pelo que eu sou.
Enid sentou à uma das mesas e Robb sentou de frente para ela. Eles pediram um milk-shake e batatinhas. Enquanto o pedido não chegava ele a observava com interesse.
- Pode perguntar o que quiser - ele disse a ela sorrindo.
Aquilo podia até ser uma boa ideia. Ela nem pensava em ficar com ele, mas com as perguntas ela podia descobrir o que os Lullaby estavam planejando.
- Ok. Vamos começar com... Hã... Quando essa facção foi feita e porquê? - Ela começou a perguntar.
Robb pareceu surpreso por alguns segundos e depois balançou a cabeça em negação.
- Não. Isso é sigiloso. Não posso contar.
Enid fez biquinho.
- Ah, você disse qualquer coisa - ela insistiu. - Pode confiar em mim. Se eu supostamente serei sua eu exijo saber de tudo!
Robb pensou e depois assentiu.
- Tá legal, mas morre aqui com a gente - ele avisou e suspirou começando a contar. - Lullaby não é uma facção. É um grupo composto por humanos e demônios que querem o bem dos seres humanos.
Enid agitou as mãos, exasperada.
- Espere, espere, como assim? Demônios que querem o bem dos humanos? - ela perguntou. Aquilo não fazia sentido.
- Não exatamente. Eles querem novos integrantes, e é isso que meu pai ofereceu.
Enid semicerrou os olhos, analisando-o.
- Seu pai oferece almas humanas para ter o serviço dos demônios? - ela perguntou sem acreditar.
- Uhum - ele assentiu normalmente.
A comida chegou e Robb logo atacou as batatas.
- Meu bisavô criou o grupo - ele explicou de boca cheia. - Ele era um nefilin.
- Que irônico... - Enid disse e deu um gole no milk-shake.
- Ah, mas eu não sou. O filho dele foi adotado. Meu bisavô criou o grupo quando descobriu a história de sua vida e esse mundo sobrenatural. Aí ele conheceu um demônio da encruzilhada e fez um pacto. - Robb fez uma pausa. - Ele prometeu que eles teriam a alma de toda a sua família se ele o ajudasse a encontrar o, hum, pai dele.
Enid absorveu a informação.
- E depois? - ela perguntou.
- Bom, o trato foi feito e nossas almas já estavam condenadas.
- Você diz isso com tanta naturalidade...
- Não há nada que eu possa fazer a respeito. Aprendi a me acostumar... - ele sorriu. - Mais perguntas?
- Muitas. Por que o grupo se chama Lullaby?
- Canção de ninar. Meu bisavô adorava essas músicas, o ajudava a se acalmar e esquecer do que ele era. Por isso o nome - ele piscou um olho e bebeu o milk-shake. - Próxima pergunta.
- Então... Como vocês conseguiram crescer tanto? Quero dizer, vocês têm um exército.
Robb levantou uma sobrancelha, orgulho de si mesmo.
- Meu bisavô descobriu que ele não era o único nefilin que queria matar outros, e os demônios deram uma ajudinha, se é que me entende.
Enid assentiu.
- Como vocês podem detestar anjos caídos e nefilins e aceitar ajuda de demônios?
- Anjos caídos que ficam na Terra são muito piores que os que vão para inferno. Não vão para a jaula, ficam aqui fazendo maldade. Você não tem ideia só que eles fazem... São piores, acredite.
- Nem todos. Caliel não é. - Enid o defendeu.
Robb balançou a cabeça em negação, e seus olhos brilharam de raiva.
- Caliel era o pior de todos. Ele... Ele matou parte de nós, abusou das mulheres dos soldados, roubou de nós. Caliel era um monstro.
- Era? Não é mais?
Robb olhou pela janela por um tempo, depois bebeu o milk-shake e comeu mais batatas. Só depois de dois minutos enrolando que ele percebeu que Enid queria a resposta.
- Hum.... Caliel sumiu. Da última vez que soubemos a localização dele ele estava em Detroit, e isso foi há um ano. Depois disso ninguém sabe onde ele está, e isso é um mal sinal - ele disse finalmente. - Se ninguém sabe da localização dele é porque ele parou com seus joguinhos.
- Que jogos?
- A diversão dele era fazer uma trilha de desgraça por onde passava. Mortes súbitas, pessoas malucas dizendo que viram um anjo, surto de gravidez repentina, coisas do gênero. Onde isso acontecia ele estava. Nunca conseguimos chegar a tempo - ele olhou para o chão, pensativo. - Ele é o pior de todos.
Enid assentiu, tentando ser compreensiva, e entendeu o porquê dos Lullaby tanto quererem Caliel. Ele era um mal para a sociedade.
- Ei, só quero saber mais uma coisa. - Enid disse a Robb.
Ele entrelaçou os dedos embaixo do queixo, ansioso.
- Diga - ele pediu.
Enid hesitou. Era o que ela mais queria saber. Algo que podia mudar totalmente o futuro de Evan, caso ele desistisse do acordo.
- O que vocês vão fazer com o Caliel quando Evan o entregar a vocês? - Enid perguntou meticulosamente, escolhendo as palavras.
Robb riu por um momento e depois a encarou com os olhos brilhando. O sorriso em seu rosto assustou Enid e antes de ele responder ela já sabia a resposta.
- Isso é fácil, querida. - Robb disse docemente. - Vamos matá-lo.

Evan bebeu mais um gole do uísque, que desceu queimando por sua garganta. Aquele era o único modo de se esquecer de suas preocupações.
Serviu-se mais da bebida e deu outro gole. Ele já estava ficando tonto. Era o quinto copo naquele dia.
Tudo o que ele queria era que tudo se resolvesse. Queria encontrar logo seu suposto "pai", entregá-lo ao Lullaby e voltar para Enid. Ele não suportaria mais uma semana sem ela.
Às vezes na escola ele ficava escondido a observando. Via detalhes que ele não tinha percebido quando estava com ela, tipo como seus olhos ficavam pequenas quando ela sorria, as vezes que ela lambia os lábios - duas vezes por minuto -, ela esconde o rosto quando ri e abaixa a cabeça toda vez que ele passa por ela.
Suspirou profundamente, tocando os lábios e lembrando do gosto do gloss de menta que ela usava.
Vine entrou de súbito na sala, fazendo Evan pular de susto e bebeu mais um gole de uísque. Ele andou iria sala com um sorriso bobo no rosto, falando ao telefone.
- Claro! - ele exclamou. A pessoa que falava com ele disse mais alguma coisa. Vine assentiu. - Muito obrigado, companheiro. Obrigado por informar. - Disse e desligou.
Evan levantou-se do sofá cambaleando, e sua cabeça latejou de dor. Os móveis da sala giraram ao redor dele.
- Você estava bebendo? - Vine perguntou, o observando.
- Bebi um pouquinho. - Evan respondeu com a voz embargada. - Quem era no telefone?
Vine sorriu abertamente, mostrando os dentes e se aproximou de Evan, fazendo-o sentar.
- Era Earl, um dos informantes.
- Sei quem é Earl. - Evan respondeu, dando de ombros. - O que tem ele?
Vine fez suspense. Evan levantou as sobrancelhas, esperando a resposta. Vine riu de leve.
- Tenho boas notícias. Boas não, ótimas notícias! - ele exclamou.
Evan arrotou, não se importando e suspirou.
- Que notícia? - ele perguntou.
Os olhos de Vine brilharam, e ele sorriu.
- Caliel foi encontrado.

Quando Enid chegou na casa de Evan foi recebida por Vine, que saiu as pressas pelo jardim sem cumprimentá-la. Ele entrou no seu Porsche e saiu da casa.
Enid deu de ombros e entrou, sem tocar a campainha. Encontrou Evan bebendo um copo de uísque, e quando a viu quase deixou o copo cair.
- Enid? - ele perguntou, confuso. - O que faz aqui?
Ela andou pela sala, indo até ele. Evan a observou com os olhos brilhando. Ele não conseguia disfarçar que ainda gostava dela.
- Para onde o Vine ia? - ela perguntou apontando para a porta.
- Resolver alguns assuntos. - Evan respondeu e a encarou. - Responda minha pergunta.
- Vim te contar o que descobri.
Evan levantou uma sobrancelha, surpreso e riu de leve.
- Descobriu? - ele balançou a cabeça, achando aquilo engraçado. - Me deixou curioso. Vamos, conte.
Enid sentou no sofá da sala, gesticulando para que ele sentasse ao seu lado.
Evan sentou e a encarou. Há muito tempo eles não ficavam tão perto um do outro.
- Bem, eu estava no Dooh-Wah-Wah conversando com Robb, e ele me contou coisas muito...
- Robb? - Evan a interrompeu. - Que Robb? Quem é Robb?
Enid suspirou, achando ele idiota.
- Robin, do Lullaby - ela respondeu, entediada.
- Robin? Robin, o filho do Paul?
- Se esse é o nome do chefe do Lullaby, esse mesmo - ela disse simplesmente. Evan enrugou a testa, preocupado. Enid ignorou a expressão dele. - Continuando, eu estava lá com ele e consegui tirar dele informações valiosas...
- Então é verdade? - ele interrompeu Enid de novo, falando consigo mesmo. - Robin está mesmo gostando de você...
- Está, ele está - ela assentiu. - Enfim, ele me disse que...
- Que grande filho da mãe! - ele socou o sofá, com raiva. - Se ele está achando que...
- Ele não está achando nada! - Enid quase gritou, irritada. - Pelo amor de Deus, quer me deixar falar?!
Evan assentiu.
- Continuando, Robb me disse os planos do grupo, e, Evan, você não pode entregar seu pai.
Evan levantou as sobrancelhas, surpreso e riu.
- Está brincando? - ele disse entre risos.
Enid continuou séria, esperando ele pagar de rir.
- Não. Evan, é sério, você tem que desistir desse plano.
Evan parou de rir subitamente, se aproximando dela.
- O que você quer? Que eles me matem? Porque é isso que eles vão fazer se eu não entregar o Caliel!
Enid o empurrou.
- Você bebeu?
- Bebi sim! - ele passou a mão pela cabeça, bagunçado o cabelo. - Por que diabos eu não iria entregar Caliel?
Enid suspirou, pondo a mão no ombro dele.
- Porque... Evan, porque eles vão matá-lo - ela respondeu com a voz baixa.
Diferente do que Enid esperava Evan apenas a observou sem expressão e depois deu de ombros.
- E daí? - ele perguntou.
- Como assim "e daí"? Eles vão matar o seu pai!
- Caliel merece morrer. Ele te contou o que ele faz? Faz desgraça por onde passa, mata pessoas, abusa de jovens e rouba tudo o que pode!
Enid balançou a cabeça, confusa.
- Ele me contou isso também. Mas há um ano ele não faz mais isso, Evan. Ele pode ter mudado...
Evan se levantou e serviu-se de mais uísque.
- Ele nunca mudará. Caliel é um monstro...
- Por favor, Evan. Ele te deu a vida. - Enid insistiu.
- Tarde demais. Ele já foi encontrado e Vine foi buscá-lo.
Enid sobressaltou-se.
- Quê?!
- Isso mesmo. Um dos nossos informantes nos contou onde ele está, e os Lullaby já sabem.
Enid andou até Evan, impedindo-o de beber mais.
- Não, não, não, Evan, não! Você tem que avisar ao seu pai, tem que mandá-lo fugir!
Evan riu, sarcástico.
- Mandá-lo fugir? Enid, a vida inteira eu procuro por esse desgraçado e quando eu o acho você me pede para mandá-lo fugir? - ele disse e deu um gole na bebida. - Não mesmo.
Enid andou pela sala de estar da casa de Evan, indo de um lado para o outro. Não tinha como fazer Evan mudar de ideia.
- Vamos falar de um assunto mais importante - ele sugeriu, indo na direção dela. - Você me disse que estava no Dooh-Wah-Wah com o Robin. Por quê?
Enid o observou, atônita.
- Seu pai pode morrer a qualquer minuto e você se preocupa com isso?! - ela perguntou, exasperada.
- Uhum - ele assentiu. - Agora diz, o que vocês estavam fazendo lá juntos?
- Nos encontramos lá por acaso. Eu aproveitei para fazer perguntas.
- Ah. E ele anda te assediando?
Enid revirou os olhos.
- Você é ridículo! - disse.
- Me responda! O que aquele verme diz a você, hein? Diz que te quer, que você vai ser dele?
- Sim, coisas do tipo.
Evan fechou as mãos em punhos, apertando o copo de vidro até ele quebrar. Sua mão levou cortes profundos, mas ele parecia não sentir a dor. Segundos depois as feridas foram cicatrizando, e a pele dele ficou intacta.
- Deus... Isso é... - Enid sussurrou, admirada.
Evan a observou com interesse. Fechou e abriu a mão, checando se estava tudo normal e chamou uma empregada para limpar a bagunça.
- Acho melhor você ir - ele falou, gesticulando para a porta.
Enid assentiu. Já estava tarde e as ruas estavam escuras. Ela se afastou, indo de volta para o seu carro. Evan a alcançou, segurando seu braço. Enid tremeu, respondendo ao toque.
- Ei, você vai na minha formatura? - ele perguntou.
Enid o olhou profundamente. Ela queria beijá-lo naquela hora, agarrar seu pescoço e sentir o seu cheiro. Mas ela apenas levantou uma sobrancelha.
- O que eu faria lá?
Evan abaixou os olhos, decepcionado. Ele não esperava essa resposta.
- Ver eu me formar - respondeu, tristonho.
Enid soltou-se de sua mão e andou até o carro. Parou antes de abrir a porta.
- Que diferença faria eu ir ou não? - ela perguntou.
Evan deu um meio sorriso e seus olhos brilharam.
- Pode não parecer, mas eu me importo.
Enid revirou os olhos e entrou no carro. Desabou no banco do motorista com vontade de chorar.
Por que as coisas tinham que ser tão difíceis?


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Notas finais do capítulo

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