O dia da formatura chegou junto com o verão.
Enid passou o dia no sofá, triste, com vontade de chorar. As palavras de Evan faziam eco na sua mente. "Pode não parecer, mas eu me importo".
Gabe apareceu lá horas antes da formatura, com um vestido de gala marrom de tafetá, salto alto prateado e com o cabelo loiro penteado num coque no alto da cabeça. Ela fez uma careta ao ver Enid.
- Está doente? - ela perguntou.
- Parece, né? - Enid riu de leve. - Não estou. Só... com preguiça, é isso.
- Não, amiga, você está triste. - Gabe sentou ao lado dela. - Vamos, vá se arrumar pra gente ir ao baile.
- Não, Gabe, não vou. Evan...
- Vai estar lá. - Gabe completou, suspirando. - Tudo bem, depois do baile eu venho te buscar para nos irmos para o pós-festa!
Gabe saiu da casa da amiga sem esperar a resposta de Enid, que se levantou para se arrumar.
Senão Gabe a levaria para a pós-festa de pijama.

Gabe chegou acompanhada de Josh e seus amigos, todos bebendo e fumando dentro do carro.
Enid viu que todos trocaram de roupa, vestiram jeans e camisetas. Gabe estava de saia jeans curtíssima, blusa frente única vermelha de crochê com o sutiã da mesma cor aparecendo. Enid se sentiu vestida demais com uma saia de couro, blusa rosa que marcava a cintura de alças finas, sandálias sem salto e o cabelo estava solto.
- Oi Enid! - os meninos do carro a cumprimentaram e morderam os lábios olhando para suas pernas.
Gabe saltou do carro e abraçou a amiga.
- Você está uma gata! Se eu fosse homem te pegava - ela brincou dando um tapa na bunda de Enid.
- Ei, eu sou homem! - gritou um dos meninos de dentro do carro.
- Controle a testosterona, Will! - Gabe pediu empurrando Enid para dentro do carro. - Não toquem nela sem que ela queira, ok?
Eles assentiram, olhando para Enid com desejo. Ela abaixou a cabeça, corando.
Durante todo o caminho Enid teve que ouvir os amigos de Josh cantando músicas de rap - ou tentando cantar-, bebendo e flertando com ela.
Quando finalmente chegaram Enid se arrependeu de vir. Era a mesma casa onde ela esteve dois dias atrás. A casa "daquela pessoa".
- Gabe eu vou te matar! - Enid a ameaçou enquanto eles andavam até a porta da entrada.
- Não, acredite, isso vai te fazer bem. - Gabe respondeu, puxando um braço de Enid. - Agora põe uma droga de sorriso no rosto e mostra pra ele o que ele perdeu.
Enid assentiu. Fazia sentido. Ou melhor, se Evan ainda gostava dela ele não ia resistir... Ela ia voltar para ele naquela noite.
Josh tocou a campainha apenas uma vez e antes de Evan aparecer um garoto despenteado saiu porta afora, esbarrando neles e correndo para os arbustos, vomitando violentamente ao chegar lá.
- Desculpem por isso - disse a box mais linda do mundo por cima da música alta. - Sejam bem-vindos à...
Evan engoliu em seco ao ver Enid. Ela forçou um sorriso, fingindo não se importar.
- Festa? - ela completou a frase de Evan e passou por ele na porta.
A sala de estar estava completamente diferente. Móveis foram arrastados para dar espaço para uma pista de dança improvisada. Uma cabine de DJ estava onde o piano deveria estar. Pessoas alucinadas se mexiam som como um bando de loucos ao som de Party Rock Anthen, do LMFAO; o som quase explodia os ouvidos. Enid procurou por alguma bebida, indo à cozinha. Lá uma das seguidores de Lauren Falk fazia batidas coloridas. Enid não hesitou em pegar uma delas.
- Ei, essa é de côco com morango e cereja - ela avisou. - E misturei Bagardi Big Apple com uísque.
- Ótimo! - Enid disse sem entender que bebidas eram aquelas, mas ela esperava que fossem fortes para lhe dar coragem para fazer o que queria.
Sem pensar deu um longo gole na bebida. Não sentiu gosto, primeiramente, mas no segundos gole sentiu um gosto delicioso de chiclete de morango. Nossa, aquilo era bom!
- Está uma delícia! Vou querer mais - ela avisou, brincalhona, para a menina.
Ela saiu da cozinha e andou pela sala de estar. Alguns meninos tentaram agarrá-la, mas ela conseguiu se esquivar.
Minutos depois, no quarto copo de batida, Enid já estava dançando junto com algum garoto que ela não sabia o nome e outro atrás dela que ela imaginou ser Will, amigo de Josh.
Ele estava com as mãos na cintura dela, roçando seu corpo no dela e gemendo algumas vezes. Enid não fazia ideia do que estava fazendo, e não se importou.
Evan apareceu perto dela, com uma lata de energético na mão e a puxou para longe dos meninos. Enid resmungou, irritada, e tentou voltar a dançar. Evan aproximou a boca do ouvido dela para que ela ouvisse por cima do som alto, e ela cruzou os braços na cintura dele.
- Você bebeu? - ele perguntou num tom de censura.
- Bebi sim! - ela respondeu e puxou a lata de energético da mão dele, dando um gole. - Uau, isso está uma delícia!
Evan puxou a lata da mão dela, consequentemente deixando-a cair no chão. Uma menina com uma bandeja de bebidas passou por eles e Enid pegou um copo de uma bebida colorida e bebeu. Aquele era um pouco mais azedo e queimou sua garganta. Mas ela estava em êxtase e não se importou com o gosto.
- Pare com isso! Vai acabar passando mal. - Evan disse a ela mas Enid ignorou.
- Isso é muito bom! - ela puxou o braço de Evan para a pista de dança. - Vamos dançar!
Enid rebolou até o chão de olhos fechados e mordendo o lábio, levantou-se segurando a roupa de Evan, e passando pela blusa, tentou tirá-la. Evan puxou a blusa de volta, revirando os olhos.
- Você está muito bêbada. Acho melhor levá-la lá para cima - ele disse já puxando Enid pela pista de dança.
- Uuuh, quer ir para um lugar reservado, apressadinho? - ela gemeu. A voz estava embargada.
- Vou ver se curo essa sua bebedeira.
Passando pelo corredor do segundo andar Enid escutou camas rangendo e gemidos desesperados. O quarto de Evan estava trancado e um casal bêbado tentava abri-lo.
- Ei, ei, aí não! Vaza, anda, xô! - Evan os enxotou, irritado e pegou uma chave no bolso para abrir o quarto.
Enid se jogou lá dentro, caindo no chão e riu alto de si mesma. Evan a observou, decepcionado.
- Você não devia ter bebido daquele jeito - ele disse a ajudado a se levantar.
- O que há de errado em beber um pouco às vezes, hein? - Enid se levantou e sentou na cama dele.
- O que não há de errado em beber às vezes! - Evan sorriu. - Como está se sentindo? Enjoada?
Na verdade Enid estava. Mas era algo que ela podia suportar.
- Estou bem. Na verdade... sinto saudades...
Evan a olhou, desconfiado. Ela levantou da cama e encarou Evan, tentando seduzi-lo. Em vão, já que ela estava bêbada e descabelada.
- Hum - foi tudo o que Evan disse.
- Evan, me diz a verdade - Enid pediu se aproximando dele. - Você não sente nada por mim?
Ele hesitou, indo até a janela para abri-la. A luz da lua invadiu o quarto colorindo tudo de prata. Evan ficava lindo sob a luz da lua.
- Sinto - ele disse, finalmente, dando de ombros.
- Sente saudade de nós? De quando nós ainda estávamos juntos?
- Sinto.
- Você gosta de mim?
- Gosto. Gosto muito...
Enid jogou o cabelo para trás, desajeitada, e andou até ele.
- Então por que não ficamos juntos de novo? - ela perguntou.
Evan se afastou, indo até a janela. Ele passou a mão pelo cabelo, pensativo.
- Você não entende... - ele murmurou com uma expressão de dor. - Enid, não posso por você em risco. Exatamente porque eu gosto de você. Gosto muito. Eu acho perigoso a gente voltar.
- Eu estou cagando pro que você acha! - ela exclamou.
Evan não se conteve e riu de leve.
- Ai, Enid, você torna tudo tão complicado vindo aqui, linda desse jeito, me provocando.... Que droga!
Enid fez biquinho.
- Você não precisa resistir - ela ronronou. - É só se entregar aos seus sentimentos.
- Não. Eu preciso resistir.
Enid já estava agoniada. Será que ele não podia ver o quanto ela precisava dele? Não podia entender que e eles se amavam? Que deviam deixar o amor falar mais alto?
Quando deu por si, Enid estava chorando. Como um bebê. As lágrimas desciam por seu rosto e paravam no queixo. Evan a olhou, desnorteado.
- Viu só o que tudo isso está fazendo a você? - ele exclamou.
- Não! Não é "tudo isso" que está me fazendo chorar. É você! Você está fazendo isso! Me deixando triste...
Evan suspirou, os olhos cheios de culpa e dor. Ele estava quase desistindo, quase tirando a armadura impenetrável dele. Seus olhos ficaram úmidos, mas ele afastou as lágrimas.
- Evan... Por favor... - Enid sussurrou. - Eu preciso de você. Eu... eu te amo.
Evan arregalou os olhos como se aquela frase lhe desse um soco no estômago. Ele passou a mão pela cabeça novamente, nervosos, meio que pensando no que fazer. Quando finalmente reagiu Enid pensou que ele ia bater nela ou algo do tipo, pois ele andou na sua direção com raiva. Quando chegou perto dela a segurou pelo braço e a empurrou até a cama. Deitou em cima dela, prendendo seu corpo ao dele, e a beijou.
O beijo foi feroz, como se quisessem matar toda a saudade desses dois meses longe. Os lábios amassavam um ao outro, as línguas brigavam por espaço na boca do outro. Mas, sem dúvida, foi o melhor beijo do casal.
Enid se apressou em tirar a blusa dele, excitada. Evan beijou o pescoço dela e a ajudou a tirar a blusa.
De repente Enid sentiu enjôo e precisou sair de baixo dele para pegar ar. Evan a encarou, confuso.
- Ei, o que houve? - ele perguntou.
Uma náusea muito forte a atingiu e ela correu paga o banheiro. Curvou-se sobre o vaso sanitário e vomitou violentamente. Evan correu até ela e segurou seu cabelo esperando ela acabar.
Enid vomitou toda a bebida que ingeriu e Evan ficou observando, preocupado.
- Tudo bem? - ele perguntou a Enid.
Ela assentiu, indo até a pia. Lavou a boca umas dez vezes até o gosto horrível sair. Ela sorriu tristonha para Evan depois, ajeitando o cabelo.
- Sinto muito. Acho que eu estraguei o clima... - ela murmurou.
Evan deu uma escova de dentes e pasta para ela e andou para a porta.
- Vou despachar esse bando de bêbado. A casa vai ser só nossa essa noite.
Enid sorriu, animada com a ideia e nervosa ao mesmo tempo. Escovou os dentes até o hálito cheirar a menta. Lavou o rosto e penteou o cabelo com um pente de Evan. Olhando-se no espelho ela concluiu que estava bem apresentável.
Voltou para o quarto e sentou-se na cama. Minutos passaram e a música ainda tocava. Ia demorar para tirar todos aqueles adolescentes com os hormônios fervendo dali. Então ela decidiu observar cada detalhe do quarto.
Ao lado da cama king size de lençóis de seda azul-turquesa tinha um criado-mudo de madeira grossa branca com um abajur de franjas azul-marinho que quando ligado iluminava o quarto de azul. Um closet pequeno ficava atrás de uma porta de vidro ao lado da porta do banheiro. Tinha também um conjunto de gavetas no outro extremo do quarto onde tinha um mural de fotos em cima e objetos antigos em cima.
Enid se aproximou do mural, observando cada foto. Havia fotos de Evan criança, na casa da avó, fotos dele com os amigos e fotos dele com a mãe. A maior de todas ficava no centro, a foto de sua mãe. Ela posava com um vestido rosa justo ao corpo, sorrindo, o cabelo solto em volta dos ombros. Ela estava linda. Era a mulher mais charmosa que Enid já vira na vida.
A música acabou no andar de baixo e ela ouviu alguns murmúrios de reprovação vindos do jardim. Ela chegou na janela a tempo de ver Gabe caindo de bêbada no jardim e Josh a levantando e levando para o portão. Will, amigo dele, vomitava no jardim.
- Ei, Will, pare de vomitar e venha aqui! - Josh gritou, irritado.
- É melhor aqui que no seu carro, não acha? - Will disse com a voz embargada e voltou a vomitar.
Evan cumprimentava todos no portão da casa, agradecendo por terem vindo. Quando todos finalmente saíram Evan voltou quase correndo para o quarto.
Encontrou Enid olhando pela janela, pensativa. O rádio-relógio do quarto marcava 1h02min.
- Eles finalmente foram. - Evan bufou e foi até ela, apoiando-se na janela. - Está melhor?
- Estou bem - ela sorriu para ele. - Eu não devia ter bebido tanto.
Evan assentiu. Eles se encararam por um longo minuto e ele se aproximou, beijando a testa de Enid. Ela o abraçou.
- A gente não devia fazer isso, não é? - ela perguntou beijando o peito dele.
- Não - ele sorriu. - Mas eu não estava suportando ficar longe de você.
- Nem eu.
Enid ficou na ponta dos pés e o beijou calmamente. Aquele era o clima perfeito com a pessoa perfeita. Ela não tinha dúvidas do que queria.
O beijo ficou mais voraz e Evan segurou a cintura de Enid e a fez sentar na janela. Se encaixou entre as pernas dela e beijou o pescoço dela. Enid levantou a blusa dele, e ele a ajudou a tirar. Ele tirou a blusa dela, puxando o fecheclé que ficava nas costas. A blusa caiu no chão, aos pés de Evan. Ele ficou a observando por um tempo, gravando a imagem de Enid apenas de sutiã branco sob a luz da lua.
- Tem certeza de que quer fazer isso? - ele perguntou a ela.
Enid o beijou mais uma vez, sorrindo.
- Nunca tive maior certeza na minha vida.
Evan a abraçou e ela subiu no colo dele. Ele a levou até a cama, beijando seus seios, e a deitou lá, deitando por cima dela. Enid arranhou as costas dele e puxou a calça dele. Evan parou tudo, de repente, acariciando o rosto dela com as costas da mão. Os olhos dele brilharam.
- Enid... Eu nunca achei que eu ia sentir isso por alguém - ele sussurrou, a beijando. - Eu... Eu te amo.
Enid engoliu em seco, surpresa e depois o abraçou. Ela quase chorou de emoção.
Ele havia dito as três palavras! As palavras mais importantes em um relacionamento. As palavras que todo mundo quer ouvir um dia. Evan havia dito a ela.
- Eu te amo, Enid, te amo - ele sussurrou espalhando beijos pelo corpo dela e tirando a saia de couro.
Enid o puxou de volta beijando-o. Ela não tinha dúvida nenhuma do que ia fazer.
A cada peça de roupa que era jogada no chão, a cada beijo e a cada toque, leve ou intenso, eles se apaixonavam ainda mais um pelo outro.