Trinta minutos depois e estávamos na escola.

Minha escola era extremamente estilo “High School Musical” era gigante, com um enorme gramado à frente, e de onde eu estava eu podia ver que tinha um campo de futebol.

Saí do carro após me despedir do meu pai e me encolhi ao ver o tamanho daquilo tudo e o monte de garotas bronzeadas com seus peitos e bundas enormes, com mini-saias e sem o uniforme, na verdade, eu acho que eu era a única com o uniforme naquela escola.

Inspirei fundo e caminhei em direção a porta da frente, quando passei senti os olhares de um grupo de meninas sobre mim, me encolhi ainda mais e atravessei a porta, tinha ainda mais adolescentes lá dentro.

Dirigi-me a primeira porta e direita do corredor que estava rotulada como “Secretaria”, entrei e vi que até a secretária era bronzeada e loira, porém fosse mais velha que as meninas lá fora, e bem mais gorda.

A mulher me olhou e sorriu.

- Bom dia – desejei e me aproximei do balcão.

A secretaria era uma sala de tamanho pequeno, com um balcão aos fundos, e umas cadeiras na parede em frente ao balcão.

- Bom dia – disse a mulher ainda sorrindo- você é nossa nova aluna?

- Sim.

- Desculpe querida, qual seu nome? – disse a mulher abrindo um grande arquivo ao seu lado.

Pleno século vinte e um e esses arquivos ainda existem?

- Amélia Crawford – falei e a mulher abriu a primeira gaveta do arquivo, tirou de lá uma pasta com um C, e começou a olhá-la, passando folha a folha, lentamente.

- Crawford! Achei – disse ela olhando a folha, depois procurou algo num potinho com uns cartões meio grandes e me entregou – Essa é sua grade de aulas, - depois me deu outro papel- isso você precisa mostrar a todos os professores, -então me entregou mais um papelzinho- e esse é o número do seu armário e a senha, e você precisa escolher mais tarde suas aulas adicionais.

- Aulas adicionais? – falei confusa.

- Sim, teatro, música, matemática, informática... Tem muitas aulas adicionais aqui.

- Desculpe, não sabia disso, até quando eu tenho que ficar aqui? – perguntei e me castiguei até a morte por parecer tão rude.

- Até as quatro – disse a mulher como se não se importasse com a forma como falei, sorri de canto e acenei com a cabeça.

- Obrigada – agradeci e ajeitei minha mochila, então saí da secretaria.

Minha primeira aula seria de história, a aula começaria em... Consultei meu relógio de pulso.

“Legal, tenho cinco minutos para encontrar minha sala nesse colégio enorme”

Pensei em voltar para a secretaria e perguntar onde era a sala vinte e sete, a da minha aula de história, mas não consegui fazer isso, porque repentinamente um grupo grande de alunos entrou pelo corredor e me levou com eles por um tempo, até que me vi em um corredor com armários por todos os cantos, que só eram interrompidos quando tinha alguma porta.

Observei mais atentamente as portas.

Vinte e três, vinte e quatro... O número ia até o vinte e seis.

“Puro azar”.

Voltei para outro corredor e vi que ali as portas iam do vinte e oito ao trinta e três, mas nada de vinte e sete.

O sinal tocou, todos começaram a ir para as suas salas, e eu parada no meio de um encontro de três corredores, com gente passando para todos os lados.

“Legal, vou me atrasar no primeiro dia de aula”.

Então alguém me deu um encontrão e eu quase caí, só não caí porque a pessoa me segurou pelos ombros, então me firmou de pé.

Eu olhava para baixo, fitava um tênis masculino.

- Ei, você está bem? – perguntou a pessoa que tinha quase me derrubado.

Fui erguendo os olhos, jeans, camisa preta de gola V que colava no corpo ressaltando os músculos, queixo bonito, cara esguio, olhos verdes, cabelos castanhos despenteados, menino lindo.

- Hm, sim – falei me afastando ao notar que ele ainda estava com as mãos no meu ombro.

- Você é nova? – perguntou ele, dei de ombros em concordância, o menino sorriu.

- Prazer, sou Chace – disse ele esticando a mão, segurei um riso ao ver o quanto aquele cumprimento era inadequado para adolescentes, mas ainda assim apertei sua mão.

- Prazer Chace, sou Amélia.

- Legal você está perdida?

“Você é medium?”

- Sim – falei.

- Qual sua sala? – perguntou ele olhando em volta.

- Vinte e sete – falei, ele apontou para o corredor que vi antes, o que não tinha a porta vinte e sete.

- É ali, segue reto, ultima porta a direita – falou ele sorrindo amigável para mim.

Franzi as sobrancelhas.

- Não, não tem porta vinte e sete ali – falei certa de minhas palavras, ele achou graça.

- Tem sim, a ultima a direita, confira se quiser – disse ele.

“Ele só pode estar de pegadinha pra cima de mim”.

- Hm, ok, obrigada, eu acho – falei e me afastei dele indo à direção que ele me apontou.

E lá estava porta vinte e sete, quase escondida, pintada da mesma cor que a parede, toda de madeira – diferente das outras, que tinham um vidro-, e agora ela estava aberta.

Aproximei-me já corando pelo fato de interromper a aula.