— Que foi esse baru…

Milly paralisou vendo a irmã que estava sentada no chão, rindo enquanto olhava para a própria mão ensanguentada. Ela se afastou com os olhos arregalados e correu até a cozinha, onde encontrou seus dois pais conversando e rindo.

— Anna – apontou para o corredor – A-Anna… Pai… Eu…

— O que houve Milly? – John levantou assustado ao ver o estado de sua filha e abraçou-a – o que aconteceu, por que está assim?

— Olha – apontou novamente para o corredor.

David levantou correndo da cadeira onde estava sentado e foi até o corredor, parou ali observando Anna, alguns segundos depois seu marido e sua filha mais velha estavam ali, fazendo a mesma coisa, enquanto Anna continuava sorrindo para sua mão.

— O que aconteceu, Anna? – David se aproximou da menina e se abaixou – como fez isso?

— O que? – olhou para o pai, depois para a mão, novamente para o pai – isso? Não foi nada, só um corte.

— Está sangrando muito, querida, como fez isso?

— Quebrei o espelho, desculpa, eu só… Quebrei.

John correu até o banheiro enquanto David continuava ali, abaixado e olhando com descrença para a menina de cabelos curtos.

— Milly, pode pegar a caixa de remédios? – falou sem desviar o olhar de Anna.

Milly foi para a cozinha e Anna observou-a andando.

— Pai, não precisa de remédio, nem está doendo, não foi nada.

— Você está bem?

— Estou com sono, não vou jantar hoje, só… Dormir.

— Primeiro vamos fazer um curativo.

Milly voltou com a caixa de remédios e encarou o pai e a irmã.

— Vem Anna – estendeu a mão para a mais nova – vou te botar na cama.

Anna agarrou a mão de Milly e foi para o quarto.

— Deixa pai, eu cuido – falou para John, que já se aproximava para fazer o curativo.

— Tudo bem, cuidado… Boa noite querida – beijou a testa de Anna – amanhã vamos conversar, viu?

Anna assentiu e sorriu, seus pais saíram do quarto e deixaram a porta encostada.

— Por que quebrou o vidro? – a loira começou a enfaixar a mão de Anna enquanto perguntava.

— Estava escrito… Assassina – olhava para o teto enquanto falava – você que escreveu?

— Escrito… Como?

— Estava rachado. Foi você? – encarou-a.

— Não, Anninha, eu jamais faria isso – terminou o curativo e se aproximou mais, abraçando a irmã.

— Eu te amo – Anna sussurrou, se afastando.

Milly encarou-a durante um tempo, se aproximou e encostou suas bocas, selando-as. Anna se assustou, mas não se afastou, ficaram alguns segundos ali, até Milly se afastar e sorrir para a mais nova.

— Eu te amo – disse – e não quero mais que quebre vidros, isso é perigoso. Mesmo que esteja escrito coisas… Não posso perder a minha garotinha.

— V-você…

— Shiu – sussurrou – durma bem, Anninha.