2013 – 15 anos.

— Oi mãe – Anna sussurrou baixinho, faltava cinco minutos para a meia noite e então ela completaria quinze anos – sinto falta dos seus abraços – uma lágrima rolou – sabe que ainda me lembro de você, não é? Desculpe por tudo, mamãe. Prometo que serei feliz para recompensar todo o mal que lhe causei.

Sua mãe estava parada a sua frente, Anna falava, mas ela não respondia, Anna sabia que espíritos não falavam.

— Mãe, acene pra mim – pediu chorosa e então abriu um sorriso fraco quando sua mãe acenou – eu te amo, boa noite, mamãe.

Anna fechou os olhos e tentou lembrar-se que não deveria dar bola para as aparições de sua mãe, mas afinal era seu aniversário de 15 anos, ela podia ao menos conversar com sua mãe sem ninguém saber.

— Parabéns Anninha – Milly entrou no quarto com um embrulho em mãos e sentou-se na cama de Anna – hoje é seu aniversário.

— Eu sei… Obrigada – sorriu fraco – é pra mim? – apanhou o embrulho e foi abrindo aos poucos.

Uma corrente dourada de coração, Anna sorriu e seus olhos brilharam, encarou Milly.

— É linda – sorriu ainda mais.

— Como você – Milly sussurrou e acariciou o rosto delicado de Anna – abra, Anninha.

Anna abriu a corrente, havia uma foto sua quando tinha oito anos de um lado do coração e do outro uma de Milly com nove anos, haviam tirado uma semana depois da vinda de Anna para a família.

— Você é demais, obrigada – Anna levantou-se e abraçou sua irmã com força, sorrindo enquanto afundava a cabeça na curva do pescoço da loira.

— Anna – afastou-se – eu sei que estava falando com ela… Esperei você terminar para entrar no quarto, mas… Eu ouvi tudo… Desculpe – abaixou a cabeça.

— Não conta pra eles? – disse se referindo a seus pais – não quero desapontá-los, Milly, é que eu sinto tanta falta e ela fica do meu lado sempre… Como se não quisesse que eu a esquecesse.

— Você tem que fazê-la ir embora, Anna. Tem que dizer que ela ficará melhor se partir, seguir o caminho dela e deixar que você siga o seu…

— M-mas eu não quero que ela se vá – deixou algumas lágrimas descer e Milly se aproximou, segurou o rosto delicado entre as mãos e limpou as lágrimas com os polegares.

— Eu vou cuidar de você – beijou-lhe a testa e desceu os beijos até o nariz, então se afastou e abraçou-a forte – vamos lá pra baixo? Nossos pais fizeram uma surpresinha – falou com um sorriso travesso no rosto.

Anna sacudiu a cabeça e assentiu, segurou a mão de Milly e as duas desceram as escadas, foram até a cozinha, onde seus pais estavam.

— Feliz aniversário querida – John e David gritaram juntos e abraçaram as duas filhas, que sorriram.

— Obrigada – Anna afastou-se.

Observou a cozinha, tinha um enorme bolo de aniversário e velas iluminando o local.

— Aqui, Anna – John entregou-lhe um embrulho.

Anna abriu com cuidado e sorriu quando viu o que era: um lindo porta retrato grande com uma foto de toda a família e um cheque de mil reais.

— Isso é pra você comprar o que quiser, já que não quis festa.

— Obrigada, vocês são incríveis – sorriu e os abraçou novamente.

Depois de comerem o bolo, Anna estava exausta e precisava dormir, o ano letivo começaria no dia seguinte e ela estava nervosa, teria 15 anos e estaria no ensino médio.