Blackout {hiatus} escrita por Santana


Capítulo 5
Estamos bem


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoaaaaaaaaaaaaaaaaaasssss!!!
Obrigada pelos comentários que me deixaram muito feliz, obrigada mesmo.
Agora mais um capítulo.
Aproveitem um bocadão.



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Darwin Baker era o tipo de cara que definitivamente combinava comigo.

Ele cursava Publicidade e Propaganda no prédio anexo da Universidade e raramente aparecia no refeitório, que era comum aos dois prédios, o que só aumentava o murmúrio quando ele entrava no local.

Tipo agora.

Em todas as vezes que eu o via ele estava com os cabelos dourados bagunçados e parecia desleixado. E nunca, nunca mesmo, sorria, o que só aumentava a curiosidade de todo mundo.

– Céus, como ele é gostoso! – exclamou Ronald, jogando a bandeja com uma tigela cheia de gororoba de refeitório ao meu lado na mesa – Olha como os olhares das águias comedoras de homens miram o pedaço de carne de quem nunca ninguém provou! – suspirou.

– E você não será o primeiro, ele não me parece nem um pouco gay – disse irônica.

– Essa papa de refeitório pode muito bem servir como arma, tudo bem, mocinha? – brincou.

Revirei os olhos e ri um pouco, olhando disfarçadamente para duas mesas a nossa direita, onde Dylan Thorne e Antonia Green conversavam animadamente sobre uma coisa que parecia estar muito engraçada.

Antonia dava um jeito de toca-lo toda vez que o dirigia a palavra e ria toda vez que ele falava alguma coisa, balançando os longos cabelos ruivos tom cobre de um lado para o outro e ajeitando a porcaria da franja de cinco em cinco segundos, fazendo biquinho com os lábios carregados de meio quilo de gloss super rosa que deixavam os seus lábios parecendo que haviam acabado de sair de uma injeção de botox, o que de alguma forma ridícula os caras achavam bonito.

Aquilo me deixou um pouco irritada e ligeiramente inferior, porque Dylan não havia se arrependido de ter se envolvido com ela.

Mas isso não havia importância alguma, porque, é claro, eu não gostava do Dylan, de jeito nenhum!

– O que você está pensando? – perguntou Ron com cara de paisagem, sem notar para onde eu estava olhando anteriormente.

Dei de ombros.

– Sobre a quantidade de idiotas existentes no mundo. Algo me diz que é basicamente parecido com a quantidade de números existentes entre 0 e 1, e tal.

– Ou mais, colega, algo ente 0 e 2, e tal. – ele cerrou os olhos e franziu o cenho chegando mais perto do meu rosto – O que exatamente você está pensando, sua idiota? A quantidade de idiotas existentes no mundo é só algo relativo com a quantidade de pessoas no mundo atualmente, 7 Bilhões. Ou seu TDAH está piorando bastante, ou você está mentindo.

Eu desconfiava de algum tipo de magia com a qual Ronald conseguia ler os meus pensamentos, porque ele era incrivelmente bom em fazer isso.

– Tudo bem, deixa pra lá. – ele deu uma colherada na papa da tigela e me olhou desconfiado – Na verdade não, como está sua convivência com o Dylan no novo estilo de vida dividindo-o-apratamento-com-o-cara-que-transei-mas-de-quem-não-gosto?

Fazia uma semana desde que eu e o Dylan nos falamos na cozinha enquanto eu encarava o salgadinho e ele me dizia umas verdades bem legais. Não era um clima realmente tenso porque nós não gostávamos um do outro, lógico, nós apenas havíamos trocado prazer físico algumas muitas vezes e por mais que não conseguíssemos tentávamos conversar normalmente, afinal dividíamos um apartamento pequeno e toda hora um dava de cara com o outro.

– Sabe como é, aquele relacionamento “Passa o sal” – dei um meio sorriso – ele vai me deixar em paz quanto as segundas intenções e a conversa sobre eu ter parado de fazer aquilo e tudo o mais, mas acho que ele não queira deixar de ser “colegável” comigo.

– Que meigo! – Ron piscou os olhos repetidas vezes, aquele cabelo descolorido e caindo nos olhos deixando ele parecido com o Nick Carter do Backstreet Boys quando era mais jovem.

Dei de ombros quando Darwin Baker passou carregando a sua bandeja pela nossa mesa deixando o cheiro do melhor perfume masculino no ar.

– Uau, essa coisa do cheiro do perfume no ar é mesmo melhor que o perfume em si, e isso tem um nome – Ron ponderou sobre o caso – Em francês: Sillage.

Olhei-o cética erguendo uma das sobrancelhas.

– O que? Li isso em um livro, O Teorema Katherine.* – sorriu orgulhoso – Você deveria ler.

* * *

Depois do Ronald Honor, O Insuportável, me convencer de ler o livro do qual ele tanto falava, guardei o exemplar na bolsa e esperei o horário de finalmente ir embora.

Dessa vez peguei carona com o Dylan, já que meu irmão achou que fosse uma perda de tempo ir me buscar quando se tem o seu melhor amigo para fazer isso, principalmente se ele estuda na mesma Universidade que a sua e mora na sua casa.

Saco.

Nenhum dos dois começou uma conversa forçada, como vínhamos fazendo, então Dylan deixou que That’s what you get tomasse conta do carro.

No sir, I don't wanna be the blame, not anymore

It's your turn, so take a seat we're settling the final score

And why do we like to hurt so much?

Tentei me segurar porque a minha voz era extremamente horrorosa, balançando minha cabeça para conter a empolgação e não começar a cantar.

I can't decide you have made it harder just to go on

And why all the possibilities well, I was wrong

Observei Dylan mordendo o lábio inferior e balançando a cabeça no ritmo da música, assim como eu. Sorri involuntariamente quando ele estendeu a mão para aumentar o som e começou a cantar bem alto, como se eu não estivesse ali bem ao seu lado.

That's what you get when you let your heart win, whoa

Cansada de conter o riso, cai em uma gargalhada, vendo Dylan se virar incrédulo para me encarar.

– O que foi? Sei que você tá morrendo de vontade de cantar!

Continuei rindo, mas no final acabei o acompanhando na cantoria.

I drowned out all my sense with the sound of this beating

And that's what you get when you let your heart win, whoa

Balançávamos a cabeça e cantávamos animados. Eu mexia os cabelos castanhos de um lado para o outro, fazendo com que várias vezes tivesse que parar para cuspi-los da minha boca.

E eu já não sabia se Dylan estava rindo de mim, ou de nossas vozes desafinadas cantando Paramore.

Quando a música acabou estávamos quase em frente ao prédio. Algum som de alguma banda desconhecida começou a cantar na rádio até que Dylan parasse na portaria.

Ele suspirou e balançou a cabeça sorrindo, enquanto eu abria a porta do carro para sair.

– Você não vem? – perguntei enquanto percebia que ele não havia desligado o carro.

– Ah, não. – ele passou a mão pela cabeça, tirando o gorro preto de crochê que ele sempre usava por cima do cabelo e bagunçando-o – A Antonia me chamou pra almoçar na casa dela.

– Ah, tá certo.

Dylan era tão incrivelmente lindo, principalmente com aquele cabelo bagunçado propositalmente, que eu acabei sorrindo da mesma forma, finalmente colocando as minhas pernas para fora do carro.

– Julia – Dylan me chamou, segurando meu antebraço e me fazendo virar para ele. – Estamos bem?

A pergunta acabou me pegando de surpresa, mas mesmo assim eu tinha a resposta na ponta da língua. Ele não havia me pedido desculpas, nem nada, por aquele último dia que tínhamos conversado, mas mesmo assim estávamos bem.

E, por Deus, eu queria ser sua amiga!

– Estamos, Dylan.

Enquanto caminhava até a portaria, ouvi o som do motor ficando distante.


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Notas finais do capítulo

*O Teorema Katherine de John Green é perfeito! É sério, essa recomendação é de verdade verdadeira. Quer dizer, mesmo que você não curta matemática, vai encarar de um jeito muito mais dinâmico quando conhecer Colin Singleton!

Curtiram, curtiram? Não se esqueçam de comentar e de acompanhar para ler o próximo capítulo.
Até a próxima!
Xoxo *---*