Para a alegria de Lorenzo, Fatinha e Dinho, Michel consentiu que Dinho morasse e trabalhasse no hostel, como a amiga.

-Bom, Dinho, então eu vou indo. Juízo, hein!

-Aí, quebrou, dr Lorenzo, valeu mesmo!

-Você está com todas as suas coisas aí?

-Sim, já posso me mudar! – sorriu.

-Vem, Dinho, vamos arrumar o quarto pra botar o seu colchão! – Fatinha estava animadíssima com o retorno de seu melhor amigo e a idéia de dividir quarto com ele.

-Valeu mesmo, Michel, não sei nem como agradecer!

-Agradeça se comportando. – os três riram e Michel voltou ao trabalho, enquanto Dinho e Fatinha organizavam o quarto.

-Então, Dinho, que história é essa do Lorenzo te ajudando? Quando você voltou? Como foi a viagem? Você já viu a Lia? Você está sabendo do Vitor? Como está a sua família?

-Calma, Fatinha! Muitas perguntas ao mesmo tempo! Primeiro me conta o que o Bruno te fez.

Fatinha contou ao melhor amigo tudo o que aconteceu entre ela e Bruno desde a partida do aventureiro. Dinho mal conseguia acreditar que a funkeira e o irmão de Ju chegaram a namorar! Mas estaria ainda mais feliz pela amiga se não soubesse do término. Se identificou com a periguete, também tinha feito besteira e torcia para que ambos pudessem consertar o que fizeram com Bruno e Lia. Para a sorte de Dinho, Fatinha se empolgou tanto contando a história em todos seus detalhes que acabaram dormindo sem que ela questionasse o amigo de novo.

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Lia se assustou ao ser acordada por Ju. Não lembrava que já era segunda-feira e temia que Dinho estivesse de volta ao colégio, também. Por sorte, tinha a amiga do lado para dar apoio. Não teria tido nem coragem de acordar, se não fosse a insistência de Juliana.

A cada passo em direção ao Quadrante, Lia ficava mais nervosa. Não queria vê-lo, não queria sucumbir outra vez. Queria ser forte e ignorá-lo, mas duvidava que conseguisse. Ele era seu ponto fraco.

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Dinho e Lorenzo discutiam a situação complicada do garoto com Mathias, na sala do diretor.

-Deixa eu ver se eu entendi. Você ficou todo esse tempo sem estudar, quer voltar ao colégio, mas não sabe por quanto tempo estará de volta? Me desculpe, Adriano, mas eu não sei como proceder na sua situação. Eu vou consultar com um colega pelo telefone, se vocês me dão licença.

Enquanto Mathias telefonava, Dinho e Lorenzo discutiam a situação.

-Dr Lorenzo, o senhor, quer dizer, você acha mesmo que vale a pena?

-Dinho, você não sabe ainda o que vai acontecer, não pode ter certeza. Acho melhor você acertar tudo agora a perder o ano de estudos. Além do que, você vai ter mais com o que se distrair, vai rever os seus amigos... E foram só alguns meses, é quase a mesma situação que fazer intercâmbio e voltar.

Mathias desligou o telefone, satisfeito.

-E então, diretor?

-Dr Lorenzo, Adriano, está tudo resolvido. O Dinho vai precisar de aulas extras para acompanhar o que perdeu de matéria, fará provas fora do horário letivo e estará acompanhando as aulas normalmente em pouco tempo.

Dinho agradeceu o diretor e seguiu em direção à quadra, à espera de seus amigos. Contava com a ajuda deles para recuperar a matéria, já que não poderia pagar professor particular. Enquanto isso, Lorenzo e Mathias conversavam na sala do diretor sobre o ponto em aberto da situação. O diretor entendeu as instruções do médico e orientou os professores, em especial Marcela, que resolveu ir atrás do garoto.

Dinho agradeceu o apoio da professora.

-Marcela, eu só queria te pedir que não contasse a ninguém, especialmente à Lia.

-Dinho, eles têm o direito de saber, eles te amam! Inclusive a Lia, eu bem vi como ela olhou pra você lá em casa.

-Eu quero fazer tudo certo com a Lia, Marcela, mas não assim.

-Então você prefere mentir?

-Eu prefiro me entender com ela de verdade, não por-

Dinho foi interrompido por Fatinha, que voltava do banheiro. A periguete havia acompanhado Lorenzo e o garoto e esperou no bar durante a reunião.

-Dinhoooo!!! Mal posso esperar pra ter aula com você de novo! Aquela sala não é a mesma sem você, pegador! Aí, já resolveu a situação?

-Tudo resolvido, Fatinha! Assim que os outros chegarem, eu peço ajuda pro Orelha e pra Rita.

O garoto mal terminou de falar e os alunos chegaram à quadra, surpresos com o que viam. Orelha foi o primeiro a correr até o amigo.

-Dinhooooooo!!!!! Eu não acredito!!

Os amigos se abraçaram forte, emocionados.

-Eu também te amo, moleque!

-Pára de chorar, viaDinho!

-Eu chorando? Você que está chorando, ô sem noção!

Dinho e Orelha riram como duas crianças, comovidos. Logo foram abraçados por Fera e Pilha, que sorriam sem parar com a presença do amigo.

-Abraçaço!!!

Fatinha se uniu aos quatro e foi seguida pelos outros adolescentes. Se abraçavam, pulavam, cantavam, gritavam. Pilha, é claro, começou um funk, acompanhado pela batida de Fera e seguido pelo resto.

-O Dinho voltou e o Quadrante abalou, vai! O Dinho voltou e o Quadrante abalou, oi Fera!

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Lia e Ju encontraram Vitor e Gil a caminho do colégio e se surpreenderam ao não ver ninguém por perto. Ouviram gritos e cantoria vindo da quadra e seguiram o som. Lia parou, petrificada, assim que viu a cena. Juliana queria se juntar à galera, mas ficou ao lado da amiga para lhe dar apoio. Gil e Vitor não gostavam do que viam. O motoqueiro presenciava pela primeira vez como deveria ser o Quadrante no ano anterior. O pegador parecia unir todos à sua volta, amigos de anos. Era a peça faltante no quebra-cabeça, constatou. Dinho parecia trazer alegria ao colégio e, por mais que Vitor tivesse chamado a atenção quando chegou, nada se comparava à comoção que a volta de Adriano causara.

-Como ele tem coragem de voltar?

-Pelo jeito só nós lembramos que esse cara não presta, Gil.

-Vitor, o Dinho pode ter errado demais com a Lia, mas ele continua sendo o mesmo pro resto. E ele fez muita falta!

-Ju, até você?

-Gil, você já está com ciúmes? Ô Lia, vê se pode! Lia? Liaaa?