Uma Vez Mais escrita por AnaMM


Capítulo 48
Ciúme de Família


Notas iniciais do capítulo

Novo capítulo como presente de páscoa a uma certa Luiza que me implorou por isso. É curto, porém significativo para certas relações e meio que não fica mais no ar como Dinho cagando pra família dele lol Temos Litinha, Lia e Marcela, Tico e Dinho, um toque de Lidinho, como sempre... Certas confissões...



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– Eles já devem ter terminado. – Lia concluiu de repente.

Levantou-se sem cerimônia e seguiu em direção ao casarão. Marcela, Tico e Lorenzo prontamente se deslocaram rua afora, muitos passos atrás de Lia. Tico correu para alcançá-la. Acreditava religiosamente que, se não a alcançasse a tempo, seu irmão mais velho seria novamente enfeitiçado. Nervosa, a garota tropeçou ao chegar às escadas. Seus dedos trêmulos alcançaram a chave. Precisava saber o que havia acontecido. Tentou encaixá-la na fechadura algumas vezes sem sucesso, até enfim empurrar a porta, já com a família em seu encalço. Tão logo o viu, levemente abalado, tentando disfarçar o estado em que se encontrava com caretas mal sucedidas, correu para os braços de Adriano. Beijou-o como se ninguém os observasse.

– O que aconteceu? Como você tá? – Indagou agitada, secando uma lágrima perdida caída sobre o rosto do ex.

Em resposta, Dinho a abraçou com força. Deslizou os dedos pelos fios loiros de Lia, temeroso pelo que Alice poderia ter-lhe dito.

– Dinho, esses olhos inchados, o que aconteceu? – Tentou fazer algum sentido. – O que a Alice falou?

– Vocês se esbarraram?

– Não, eu acho que ela me ignorou...

– Ótimo. Melhor assim. – Respondeu aliviado, abraçando-a de volta. A garota estranhou, mas optou por questioná-lo depois.

– Começou, tá vendo? – Tico se pronunciou indignado. – Você só quer saber da Lia!

O primogênito tentou conter o riso, sem sucesso. Afastou-se o suficiente da garota para que pudesse segurar o irmão no colo. Arrependeu-se brevemente. Era um idiota... Era óbvio que seu irmão havia crescido depois de tantos meses.

– Você é muito ciumento, pequeno, já te falaram isso?

– E você só quer saber dela!

– Eu quero saber de vocês dois! Um dia você vai entender.

– Eu não quero entender, eu quero o meu irmão de volta!

– Lia, você não quer chamar a Tatá pra distrair o Tico?

– Ei! – O caçula protestou.

– Caçulas... – Lia riu. – Mas é uma boa ideia, eles fariam uma ótima dupla... Se a Tatá não estivesse se achando tão adulta porque menstruou.

A sala inteira gargalhou. A roqueira ainda não conseguia tratar seriamente a irmã e sua crença de que já era adulta. Muito adulta, como a Peppa. Foi quando se deu conta. Nunca acreditara em coisas do tipo, mas quando Dinho verbalizou a mesma ideia que Lia acabara de ter, a garota passou a se perguntar se não seriam almas gêmeas.

– Por falar nisso, faz tempo que eu não falo com a Tatá direito... – Havia comentado alto sem perceber.

– Vamos fazer assim, um dia de irmãos mais novos. Tico, a gente primeiro vai tirar uma tarde só pra gente e outro dia, quem sabe, saímos eu, você, a Lia e a Tatá, que tal?

– Se você prometer...

– Está prometido. Palavra de marujo!

Lia observou o ex-namorado com o caçula. Apesar da recente ausência, Dinho sempre fora um ótimo irmão mais velho para Tico. Seria um ótimo pai um dia... Podia visualizá-lo com um menino no colo, cachos do pai, castanho-claros como os cabelos da mãe, os olhos castanho-esverdeados de ambos, as bochechas da mãe...

– Lia!

Suspirou decepcionada ao acordar do transe. Dinho estava novamente fragilizado, cabelos raspados ainda voltando a crescer, com um menino de óculos no colo. O presente voltava a atormentá-la, e com ele a incerteza de qualquer futuro ao lado do garoto que amava.

– Você tá bem? – Dinho perguntou.

– Sim, sim, eu me distraí. Então você não vai me dizer o que a Alice falou de mim?

– Melhor não saber.

Do outro lado do sofá, Lorenzo ainda estava com a ideia de Dinho ecoando em sua mente. Um dia só dos homens... Após anos em uma casa de apenas mulheres, finalmente podia dizer que tinha dois filhos e ainda sequer havia tirado proveito de ter companhia masculina direito, tão focado que estava nos dramas do ex-genro e na aprovação ou não do enteado. Talvez pudesse ajudá-los a se darem melhor... Haviam se ajudado pela manhã, não?

– Dinho, Tico, que tal se a gente começar agora? Vamos, dia de homens! Eu assumo daqui. Um dia só meu e dos meus dois filhos, como há meses a gente não tem, o que vocês acham?

Tico pulou em comemoração. Dinho sorriu. Sentira falta daquilo. Beijou a testa de Lia e apertou a mão de Lorenzo. Voltaria ao final da tarde.

–x-

– Lorenzo? – Marcela chamou.

– Sim? – Respondeu distraído.

– Agora que eles já foram, o que a Alice falou? Por que o Dinho parecia tão alterado e por que você teve que tirar o Tico de perto?

– Lia, pro quarto.

– O que? Eu sou o assunto!

– Justamente por isso. Vamos, eu não quero que você escute.

– Qual é, pai? Eu já tenho 17 anos!

– Enquanto não tiver 18, Lia, não poderia me importar menos. Pro seu quarto.

– Você sabe que eu vou ouvir de qualquer jeito.

– Ela tem razão. – Marcela apontou. – Lorenzo, se tem alguém a quem esse assunto diz respeito é a Lia.

O médico ponderou por um instante. Não queria que a filha se ferisse, e sabia que a filha provavelmente já imaginava o que viria. Respirou fundo.

– A sua ex-sogra, Lia, te chamou de vagabunda. – Titubeou.

– O que?! – Marcela exclamou chocada. – Quem ela pensa que é?! Eu vou falar com ela e vai ser agora! Onde eles estão hospedados?

– Marcela, não precisa.

– Oi? Lia, aquela mulher te chamou de vagabunda!

– É... Eu meio que já esperava por isso. Por um momento eu até pensei que ela pudesse ter me aceitado de novo, mas depois da cara que ela fez ao me ver com o Dinho hoje cedo...

– Lia, por que ela não gostaria de você? O Mário parece não ter nenhum problema com vocês!

– Era só isso que eu queria saber, mesmo. Valeu, pai. – Agradeceu desanimada. Saiu sem rumo. Precisava conversar com alguém. Ju, Fatinha, quem encontrasse primeiro.

Marcela a observou partir cabisbaixa.

– Lorenzo, eu não posso deixar por isso mesmo, você me desculpe. – Anunciou antes de seguir o caminho recém percorrido pela enteada.

Lia já se distanciava com Fatinha quando Marcela chegou à calçada. De outra direção, no entanto, chegava Juliana.

– O que aconteceu?

– Ju! Que bom que eu te encontrei! Acho que a Lia tava atrás de você...

– Ah, valeu. Eu vou lá falar com ela, então...

– Não! Espera, Ju, eu preciso falar com você antes.

–x-

– Então, como você tem experiência no assunto, eu pensei: por que não? – Concluiu a explicação do porquê de buscá-la.

– Quer dizer que a Alice continua te odiando?

– É.

– Caraca, hein, Lia... Parece até a minha! – Fatinha gargalhou.

– Infelizmente, Fatinha...

– Olha, eu não sou, assim, o melhor exemplo pra impressionar a sogra...

– Ex-sogra.

– A ex-sogra, mas no que eu puder ajudar... – Corrigiu-se rapidamente, disfarçando o sorriso. – Vocês nem se assumiram ainda e ela já tá no seu pé?

– Fatinha! – Lia a repreendeu. – Não tem nada pra “assumir”, a gente só não tá namorando.

– Sei...

– E isso não importa muito a essa altura, porque ela me viu literalmente em cima do Dinho. – Explicou vermelha.

– Lia, você vai enlouquecer a Alice... Nem eu e o Moreno somos tão complicados! Olha, quem sabe você não começa assumindo o que sente de uma vez?

– Eu já fiz isso. – Admitiu envergonhada.

– JÁ?! Quando? Como? O que você faz não namorando o Dinho?!

– Eu falei pra ela tudo o que eu sentia, aliás, o que eu falei eu só falei pra ela até agora, nem eu mesma consegui encarar isso de frente ainda e ela sabe, e ainda assim...

Isso? – Frisou animada.

– É, isso. – Implorou em silêncio que a loira deixasse quieto.

– Você ama o Dinho. – Silêncio. – Isso foi uma afirmação, não uma pergunta.

– Eu sei.

– O QUE?! – Fatinha exclamou. – Então você admite?!

– Eu nunca neguei, Fatinha, eu só... Raramente falo em voz alta desde o... ocorrido.

– Eu sei, mas é diferente quando você não age como se fosse me estrangular por ter dito isso. Deixa eu ter o meu momento! Você ama o Dinho e tudo que queria no mundo era estar com ele de novo. Oficialmente, claro, porque na prática vocês já estão.

– Não, não estamos.

– Conta outra. E agora Alice sabe que você tá louca pra voltar com o Dinho? – Perguntou retoricamente. – Mas vocês ainda não assumiram nada... É... Talvez eu entenda.

– Como assim?

– E você não negou de novo, estamos progredindo. – Sorriu. – Lia, parece que você só tá enrolando o Dinho! Você quer voltar com ele, mas não tem coragem, então fica com ele fingindo que não está e, enquanto ele se joga com tudo nisso, você continua em negação, pronta pra fugir a qualquer momento. Se eu tenho medo que o Dinho se fira nessa história, imagina a mãe dele!

– É, talvez você tenha razão...

– Como é que é? – Levou a mão à orelha em sinal para que Lia repetisse.

– Qual é, Fatinha?!

– Você tá muito mudada, mesmo... Aquela noite de pegação com o Dinho fez bem pra você.

– Cala a boca!

– Aposto que as coisas esquentaram em casa...

– Fatinha! Chega!

– Ainda funciona lá embaixo?

– Fatinha! – Atirou uma almofada contra a funkeira. Seu pequeno ataque, no entanto, falhou em esconder seu rosto rubro.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e próximo capítulo teremos um enfrentamento inesperado.