Uma Vez Mais escrita por AnaMM


Capítulo 45
Jovens e Loucos


Notas iniciais do capítulo

VOLTEI! Sim, atraso enorme, mas pelo menos retribuo com... sem spoilers! Leiam.

https://www.youtube.com/watch?v=oc5Io4Acx4o começo
https://www.youtube.com/watch?v=26dihEfGCnc - sala, quarto, e o grand finale mais agitado... vocês vão entender onde se encaixa a parte a partir de 3:10... Pois é... E antes disso a música se encaixa em toda a sequência no quarto, um pouco da sala...
Divirtam-se!



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Desceram o morro em grupo, cambaleantes, luzes destoando a realidade à sua volta. Garrafas parcialmente cheias que haviam extraviado brandiam ao ar em gritos de liberdade. Cores, múltiplas; sons, surdos e ensurdecedores. Eram jovens, independente do quanto de vida teriam pela frente. Eram barulhentos, vivos, cada experiência sentida à flor da pele. A brisa não lhes era suficiente para secar o suor de uma noite de êxtase. A noite aos poucos perdia sua imponência, e os primeiros riscos de outros tons que cruzavam o céu conforme se aproximavam da praia anunciavam que tudo voltaria ao normal de forma mágica. Ironias da embriaguez. O filtro “medicinal” de Adriano passava de mão em mão acendendo sorrisos, atiçando risadas. De vez em quando tropeçavam-se uns nos outros, Lia, Dinho, Fatinha, Fera... Orelha filmava cada passo, enquanto Juliana os observava hesitante. Riu ao perceber que até Rita estava fora de si. Era mais comportada que Rita... Não se arrependia, preferia cuidar de sua melhor amiga e, consequentemente, do namorado, ficante, amigo, ou o que fosse Dinho àquela altura. Ainda que preocupada, no entanto, sabia o quanto precisavam daquilo, por mais controverso que fosse o método. Lia e Dinho mereciam aquela leveza de uma madrugada sem hesitações, sem enfrentamentos, de apenas sentir tudo o que sentiam, antes que os implodisse. Sorriam. Sorriam com tal vivacidade, que não seria capaz de atrapalhá-los, de censurá-los.

– Dinho, vem! – Lia chamou-o rindo.

Puxou-o para a beira do mar, já iluminado pelo úmido amanhecer. Fatinha os seguiu.

– Casaaaal! – Gritava entusiasmada. Seus braços balançavam no ar, e a funkeira corria em direção à dupla.

– Quem chegar por último é virjão! – Fera desafiou, alcançando Fatinha.

– Malucos, né? – A voz divertida de Rita soou ao lado de Juliana. A garota sentara ao seu lado.

– Só às vezes... – A it-girl ironizou. – Olha eles juntos. – Sorriu.

Rita observou Dinho e a roqueira brincando como duas crianças, como se nada os afligisse, e voltou-se para a amiga, pesando sua expressão. Calma. Aparentemente, não se incomodava mais com o assunto.

– Tava na hora. – A morena correspondeu ao sorriso.

– Eu nunca pensei que fosse ficar tão feliz ao vê-los juntos... – Riu timidamente.

– Acho que se chama amadurecer.

Ju sorriu para a amiga, lisonjeada. É, talvez estivesse evoluindo... Desde o término de Lia e Dinho, passara a encarar a garota como quase uma irmã mais nova, cuidando de cada passo seu, como naquele exato momento. Deixou-a ser. Voltou-se para o céu, que gradualmente era pintado em tons mais claros. Lia estava se divertindo, tanto quanto há muito não testemunhava.

–x-

Ju os deixou à porta do Misturama, em direção a sua casa. Fatinha seguiu reto para o hostel, não sem antes brincar com os dois.

– Juízo, hein! E Dinho, mandou bem na bagagem! – Agradeceu extasiada, ainda sob o efeito da tal “bagagem”.

Os dois sorriram sem jeito para a loira e subiram as escadas rindo. Faziam sinal de silencia um para o outro, com medo de que os adultos os escutassem. Abriram a porta lentamente, observando à sua volta, deixando-se trair pelas gargalhadas abafadas. Ao entrar, Dinho tropeçou em uma mesinha, deixando o telefone cair. Entreolharam-se culpados. À luz da manhã, enfim viram que desde sua entrada já não estavam sozinhos.

– Muito bonito! Isso são horas? – Lorenzo cobrou.

– Qual é, pai? O Dinho era o homenageado, a gente não podia simplesmente sair antes que acabasse e...

– Espera aí!

Lorenzo se aproximou da filha para observar suas pálpebras e íris. Notou Adriano ao ouvir seu riso abafado.

– Vocês se drogaram? – Cobrou entre um misto de decepção, surpresa e repreensão. Aproximou-se novamente dos dois. – Álcool, maconha, o que mais?

– A gente não...

– Não mintam pra mim! Eu não só sou médico, como já fui adolescente que nem vocês! – Lorenzo os encurralou. Ao não ouvir resposta, prosseguiu. – Dinho, você lembra por que você está aqui? Você não está aqui de férias, nem porque eu sou um sogro legal que deixou você morar com a minha filha. E você, Lia... Eu pensei que você tivesse evoluído daquela fase. Aquele susto não foi o suficiente?

Dinho olhou para a garota surpreso.

– Que susto?

– Não vem ao caso. – A roqueira o interrompeu. – Pai, a gente só tava se divertindo, como adolescentes normais.

– Adolescentes normais... E o Gil, que chegou em casa sem problema nenhum? É um ET?

– Lorenzo... – Marcela segurou o braço do namorado. – Deixa eles.

– Deixar? Marcela, você tem noção do que está acontecendo? A Lia teve uma overdose há alguns meses e o Dinho está com uma doença gravíssima, com grande chance de não sobreviver e você quer que eu fique calmo? Esses dois inconsequentes estão botando a vida em risco, e eu não vou permitir nem como pai, nem como sogro, nem como médico! – Algumas lágrimas embargaram a voz de Lorenzo. Revivia um pesadelo recente em dobro.

– Lia, você...

Adriano ainda estava perplexo. Já havia se surpreendido o bastante ao saber que Lia andara fumando, e sempre bebera, mas overdose?

– Agora não, Dinho. – A voz baixa da garota se pronunciou.

– Lorenzo, eles dois voltaram, não voltaram? E inteiros! Por que você pelo menos não deixa eles descansarem e mais tarde você pergunta? Vamos, anda, eu sei que você não trabalha hoje, mas você também, vai dormir. – A professora pediu.

– Vem, Dinho, você ouviu a Marcela. – Puxou o garoto pelo braço e o conduziu em direção a seu quarto.

– Agora é assim? – O médico cobrou irritado.

– Lorenzo... – A professora suspirou impaciente.

– Que foi? Eu tenho que achar tudo lindo agora? Eles voltando chapados às seis da manhã, irem dormir juntos...

– Pai, o que poderia acontecer? O Dinho nem tá em condições... Sabe... – Gesticulou.

Marcela encarou o namorado repreensivamente.

– Anda, vamos. – Lia pediu retoricamente, enfim o levando até o quarto.

Lorenzo, a muito custo, retirou-se ao seu quarto, sendo seguido por Marcela, que tentava tranquilizá-lo. Lia se deixou segurar pela porta, tão logo a fechou. Respirou fundo, exausta, e olhou para Dinho, que a encarava perturbado.

– Nem pense em cobrar aquilo agora. Depois a gente conversa.

– O que eu fiz com você? – Perguntou tristemente.

– Nada, você não fez nada. – Respondeu, beijando-o em seguida. Talvez assim o calasse.

– Lia... – Afastou-se preocupado.

– Dinho... – Imitou o garoto.

Voltou a beijá-lo. Em alguns segundos, tirou a camisa do garoto, sob protestos de Adriano.

– Você era menos broxante há um ano atrás.

– Lia!

– Que que foi? Não gosta mais de mulher, não?

Dinho a encarou furioso. Parecia estar funcionando. A garota continuou, deixando que apenas a lingerie a cobrisse.

– Desde quando...?

– Não precisa ficar com ciúmes, eu tinha comprado quando a gente ainda tava junto, só não deu tempo de usar. – Completou amargamente.

Adriano tentava se controlar, precisava saber o que havia acontecido com Lia... Parecia grave... Era com certeza sua culpa... Cintura... Pele... Seios... Foda-se. Agarrou-a como na festa, sedento e impaciente, sua raiva do que a garota havia dito e escondido apenas o excitava. Empurrou-a com força contra a parede, sentindo cada parte de seu corpo ao pressioná-la. Se pudesse... Se tivesse como... E se arriscasse? Soltou-a. Afastou-se alguns centímetros antes que Lia o parasse. Observou-a confuso. A garota olhou fundo em seus olhos, como se buscasse permissão. Sem qualquer palavra, ajoelhou-se à sua frente e levou as mãos à altura de sua cintura. Não pôde pensar em mais nada. Suas preocupações foram barradas por uma explosão de sensações que há muito não experimentava. Não podia acreditar no que estava acontecendo. Não que fosse inédito, apenas não esperava... Não naquele momento... Foda-se.

Estava quase chegando ao seu ápice quando a garota se ergueu. Em um movimento urgente, estavam na cama de Lia, e tudo aconteceu tão rápido que qualquer dor sentida por Dinho fora ofuscada. Devagar. A garota sabia que Adriano não estava em totais condições. Conduziu-o aos poucos, movimentando-se lentamente até que a dor abandonasse seus olhos. Beijava seu pescoço, seus lábios, seu peito, tentando acalmá-lo. Seu pai lhe havia alertado que não seria possível. Se medo, ou ciúme de pai, não sabia. Tampouco lhe importava. Precisava de Dinho, estava com Dinho, e o mundo que se explodisse. Teorias, apenas teorias. Amor, desejo, necessidade. O que sentia era mais real que livros e hipóteses. Se tudo desse errado, ao menos sabia que tinha feito Dinho mais feliz, e jamais se arrependeria. Estivera no fundo do poço sem ele, e agora vivia a única boa consequência do que lhe havia passado. Melhor jeito de calar o garoto desconhecia. Quando tudo se acertasse, quando Dinho se curasse e fantasmas os abandonassem, precisava se lembrar de repetir o que acontecia, nem que tivesse que gerar conflitos para que terminassem em sexo. Talvez fosse maluca... Ele também era. A lógica que ousasse desafiá-los.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Não aconteceram muitas coisas, mas coisas importantes........