Uma Vez Mais escrita por AnaMM


Capítulo 43
Vivos


Notas iniciais do capítulo

E aí, galeeera! Fic da Ana na área! Tá, orelhice à parte, esse capítulo é composto por algumas cenas que foram das primeiras que eu criei pra fic. A preparação, alguns momentos da festa, foram bolados há muito tempo, junto com o primeiro capítulo e a sequência no telhado, de quando a Lia descobre que ele está doente, então, sim, capítulo muito importante pra mim. Espero que vocês gostem desses momentos que estive guardando desde o início da fic, louca para que chegasse a hora.

Trilha (botando com os clipes, pq ajudam no clima da cena as imagens):
https://www.youtube.com/watch?v=8piAL5rD6wI
http://www.vagalume.com.br/the-wanted/we-own-the-night-traducao.html - chegada triunfal, algumas partes da festa
https://www.youtube.com/watch?v=N3ZlRGmG6kM - dança debochada, sim, uma cena clássica de lidinho botando chifres no vitinhu nas fics hahahahaa
https://www.youtube.com/watch?v=WgoqowTlcAc - momento erva sob as estrelas
https://www.youtube.com/watch?v=V0LV_bETEzs - lidinho pré-bjo e bjo
http://www.vagalume.com.br/the-wanted/all-time-low-traducao.html



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– Juízo, hein?! – Lorenzo pediu.

Lia, Dinho, Gil, Ju e Fatinha partiram rumo à festa organizada para animar o enfermo, na casa de Pilha.

– Você acha que eles estão... como eles dizem, mesmo? Ficando?

– Foi o que me pareceu, Lorenzo.

– Sabe que eu não gosto nada dessa história?

– Sei, meu amor, mas é preferível que a Lia viva isso de uma vez, nós não podemos prever o que vai acontecer. Deus nos livre dessa tragédia, mas é melhor que ela sofrer depois pelo que não fez.

– Você acha? – O médico indagou confuso. – Porque o meu medo é o contrário, que ela se entregue de corpo e alma pro que sente pelo Dinho e sofra ainda mais se no final ele...

– Ela vai ficar mal de qualquer jeito, mas eu acho melhor se arrepender pelo que não fez que pelo que fez.

– Hm... E essa tarde que eles sumiram, hein?

– Provavelmente rolaram uns beijinhos, se é isso que você quer saber, Lorenzo. Eles precisavam desse tempo pra eles, depois de tudo que aconteceu. Coisa boa, passar o dia namorando...

– Eles não estão namorando. – O pai de Lia interrompeu Marcela.

– Você entendeu! – A professora cortou rindo. – Se bem que, pra mim, isso é quase namoro, eles só não têm coragem de assumir de uma vez.

– E fazem bem! Nós vimos de camarote o que aconteceu da outra vez! Aqueles dois juntos são um perigo!

–Pois eu acho que estar com a Lia é justamente a salvação do Dinho. Sem ela, ele já teria se entregado.

– Talvez você tenha razão... - Considerou.

– Lorenzo, eu tenho razão. Será possível que em relação ao Dinho você é tão teimoso quanto a sua filha?! – Debochou a professora. – O Dinho se ilumina todo quando vê a Lia...

– Ô... – Lorenzo exclamou desconfortável.

– Não nesse sentido. – Marcela revirou os olhos impaciente. – Enfim, você tem uma filha de ouro, Lorenzo, porque a Lia percebeu que precisava ajudá-lo e deixou de lado o orgulho e o ódio que sentia pra poder ajudar o ex. E você também, que atendeu assim que foi chamado por ele. Apesar de toda essa teimosia em admitir certas coisas, eu estou muito orgulhosa de vocês dois. – Sorriu.

– O que seria de mim sem você? – Lorenzo a abraçou.

– Um pai morto, já, de tanto se preocupar com a pureza da Lia. – Marcela debochou antes de beijá-lo.

–x-

– Pronto? – Ju perguntou ao ex, ansiosa.

– Lia? – Dinho lhe estendeu o braço.

– Espera! É o grande retorno do pegador, do rei das nossas noites, isso precisa de cerimônia! – A funkeira interrompeu.

– Corta essa, Fatinha. –Gil se pronunciou entediado.

– Você não entende, porque é um mala, pichador. – A loira retrucou.

– Fatinha, esquece, eu mal tenho energia pra mim. – Dinho tentou controlá-la.

– Deixa de bobagem, Dinho, a gente ta junto nessa. – Lia assegurou. – Hoje a noite é sua, eles que diminuam o ritmo.

– Nossa. – Respondeu mirando fixamente seus olhos.

– Vamos? - Desconversou.

Deram-se as mãos, como o time que haviam se tornado. Ju e Gil foram na frente, Fatinha entre os dois casais, Lia e Dinho por último. Entraram como uma corte, o clã do homenageado.Eram, de fato, os donos da noite.

– Chegou o homenageado! – Orelha anunciou. – Primeira dama, - Cumprimentou Lia, para desconforto de Vitor. – e minha rainha! – Exclamou ao ver Fatinha já ao seu lado.

– Pode começar a festa, que a animação chegou! – A funkeira anunciou, ao que Pilha logo obedeceu ligando o som.

Todos os alunos do colégio Quadrante que conheciam Adriano Costa, ainda que ele não reconhecesse todos,estavam presentes. Amigos, companheiros de futebol,admiradores mais novos e mais velhos. Vitor ajudava Pilha com as músicas, como DJ. Alguns vizinhos do funkeiro também podiam ser vistos na outrora minúscula residência de Pilha. Ocupavam toda a área que cercava a casa e seu interior. As luzes frenéticas banhavam os jovens, mascarando o pouco espaço com sua confusão de cores. Chão e paredes pareciam tremer às batidas maestradas por Pilha e por Vitor. Fera preparava drinks com a ajuda de Pepê, entorpecendo aqueles que ainda não se haviam deixado levar pela comemoração. As estrelas compunham a iluminação a seu próprio modo, formando, para Dinho, o ambiente perfeito. Sentia-se seguro tendo a aparência mascarada pela semi-escuridão colorida e confusa, embora Lia insistisse que sua doença não era tão notável. Ainda assim, sentia-se nu com os cabelos raspados, ainda que não estivesse mais careca. Sentia-se envergonhado pela aparência pálida e mais magra, embora já lhe crescessem alguns fios de barba para disfarçar seu rosto, e ainda que não se aproximasse fisicamente dos enfermos que via em filmes. Talvez estivesse apenas mal-acostumado a se sentir inseguro em ambientes os quais, antes, dominava.

Amigos o cumprimentavam, conhecidos, desconhecidos. Sentia-se nauseado. A superexposição, o som alto, as luzes piscando... Lia conversando com Vitor em um canto, como se o ex jamais tivesse voltado, Fatinha conversando animadamente com Orelha, vultos que o atropelavam ao dançar e pular em um ambiente claustrofóbico,Lia e Vitor próximos, gritos animados, jovens empolgados que o puxavam para abraços novos e antigos, Lia e Vitor. Perdia o ar.

– Vitor, agora não.

– Quando vai ser a hora, Lia?

– Quando for, cara! Você não vê que essa noite é pra comemorar, não?

– Pra comemorar o que, Lia Martins? A volta do cara que você ama, ou a vida de um ex querido?

– Não sei! Eu não sei! – Admitiu frustrada. – Agora não é hora de a gente resolver nada, ok?

– Quando você amadurecer, a gente conversa.

Em resposta, balançou a garrafa de cerveja vazia em frente ao rosto do motoqueiro, fez uma careta e se afastou. Já não bastassem os últimos dias, o som alto, as luzes que a cegavam, e o fato de não encontrar Adriano, ter que resolver sua situação complicada com Vitor era um pouco demais. O álcool palpitava em suas veias, deixando seus problemas de lado, em prol de outro: a claustrofobia. Precisava se livrar da confusão em todos os sentidos. Abandonou o casebre apertado em direção às estrelas, ou, pelo menos, a algum lugar ao ar livre que a deixasse em paz, a brisa noturna como sua única companheira.

– Aí, Bob, fazendo jus à peruca? – Brincou.

Dinho estava à sua frente, sentado sozinho, com o olhar longe. Flashes de quando havia sumido lhe voltaram à mente. Tentou contê-los, incomodada. Ainda lhe doía a visão desesperada de Adriano olhando o horizonte tremendo de medo. Ainda tremia, talvez de frio, mas suas mãos desesperadas não mais arranhavam o próprio rosto, nem escondiam suas lágrimas. A esquerda conduzia um pequeno cigarro de maconha a sua boca, respeitando intervalos contemplativos entre uma tragada e outra.

– Desde quando você fuma? – Perguntou preocupada, sentando-se ao seu lado.

– É medicinal.

– Conta outra! – Debochou.

– Quer experimentar? – Ofereceu simplesmente.

– Passo. O remédio é seu, não quero atrapalhar.

– Uma pena, você parece estar precisando.

– Não confio muito nisso.

– E com o álcool é diferente porque...? – Indagou distraído, apontando para a garrafa.

– Sei lá, Dinho... – Respondeu confusa. – Ok, passa pra cá.

Adriano a observou pegar o cigarro sem titubear. Riu ao perceber que não havia sequer engasgado.

– Escondendo o jogo, marrentinha?

– Talvez. – Sorriu culpada.

Ficaram sentados por um tempo. Juntos, lado a lado, apenas as estrelas como testemunhas, e algumas dezenas de jovens alcoolizados que se reuniam alheios aos dois e a tudo. Riram dos grupos atrapalhados e escandalosos, gradualmente chapados pelos ilícitos, lícitos e pela companhia daquele que, para cada um da dupla, era pior que qualquer entorpecente.

– Como você conseguiu isso? É erva boa.

– Agora você entende até de erva boa ou não? – Cobrou surpreso.

– Ah, Dinho, sei lá...Você não pensou que eu fosse me recuperar normalmente de mais um abandono, né? Ainda mais com o careta do meu namorado, eu precisava de diversão! – Explicou alterada.

– E eu que não presto? – Dinho debochou.

– Você continua não prestando, ao contrário da erva. – Sorriu em resposta. – E você? Desistiu do meu pai e resolveu procurar por métodos alternativos?

– Uns caras me deram em agradecimento, parece que queriam se livrar do Sal há algum tempo.

– Alemão?

– Pode ser, acho que tinha esse nome, sim.

Lia respirou aliviada. Não precisaria mais se preocupar também com os bandidos que a infernizavam por culpa de seu cunhado.

– Ei, casal, tô adorando o climinha, mas voltem pra cá! A festa é sua, Dinho! – Fatinha chamou de dentro da casa.

Riram debochados. Lia se levantou primeiro, beijando o ex rapidamente e sumindo na multidão. Dinho a seguiu ainda mexido com a ação da roqueira. Era a sua vez de pensar estar sonhando, semanas depois da não-ilusão de Lia.

Vitor, que a procurava, irritou-se ao encontrá-la perto da porta, voltando à casa na companhia do ex. Observou-a puxar Adriano para dançar, divertidos e às gargalhadas, aparentemente inconscientes. Faziam coreografias permeadas por piadas internas de quem se conhecia há anos, debochados e despreocupados. Seus olhares se cruzavam entre passos e, então, era como se o mundo parasse para ambos. Um empurrão de Fatinha, tão animada quanto a dupla, e voltavam a pular como se nada tivesse acontecido. Ninguém ao redor parecia estranhar, estavam acostumados. Vitor era o único forasteiro, o único que não os havia conhecido como casal, nem como amigos. Para todos os outros, eram apenas Lia e Dinho sendo Lia e Dinho. Para Vitor, no entanto, era a primeira vez que via Lia e Dinho serem, de fato, Lia e Dinho. E combinavam. Como combinavam... Sentia-se impotente diante da sintonia dos dois, da sincronia de seus passos, da dança-deboche, que era tão eles, ainda que lhe fosse desconhecida. Músicas e mais músicas, e luzes, e gritos, e gargalhadas, e pulos, e passos de dança, e Dinho e Lia seguiam sendo Dinho e Lia, da mais lenta à mais agitada, da luz vermelha à luz negra. Divertiam-se alheios ao resto, de vez em quando deixando que Orelha, Fatinha ou Juliana os acompanhasse.

Funk, eletrônica, funk, rock, funk, parada. Olhares. Ritmo envolvente, lento, estavam próximos demais. Seus lábios se aproximavam e fugiam, provocantes, quase ao ritmo das batidas graves e espaçadas. Batimentos frenéticos, pulso forte, não agüentariam mais nem um segundo. Suas línguas se encontraram em uma explosão de ritmos, de luzes e de sentimentos. Mãos exploravam corpos que se encaixavam como se jamais houvessem estado separados. Nada lhes importava,ou existia, guiados pelos batimentos cardíacos que apenas pulsavam na presença do outro. Entorpecidos pelas substâncias e pelos próprios sentimentos, enfim se sentiam vivos.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado desse que é um dos meus capítulos favoritos. Comentários positivos, negativos, críticas, sugestões, elogios, pedido de música e bjo pra Xuxa, aqui embaixo em comentários ^^