Uma Vez Mais escrita por AnaMM


Capítulo 38
Mudança


Notas iniciais do capítulo

Opa! Entramos na terceira etapa da história! Infelizmente, é a penúltima etapa, mas tem bastante coisa pra rolar ainda ;) Espero que gostem ^^



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A mãe, sem palavras, ensaiou uma desculpa e voltou em direção ao quarto, constrangida. Não apoiava o filho com a roqueira, nem sabia como responder às palavras da adolescente. Seus olhos úmidos encontraram os do filho, que acenou com a cabeça. Ficaria tudo bem, o gesto dizia. Secou uma lágrima do rosto da mãe, que encontrou a família no quarto de Fatinha, pronta para partir. Precisavam encontrar onde ficar, Dinho precisava descansar, era hora de se recolherem.

Dinho continuava parado de costas para a porta quando a família se despediu, deixando-lhe um bilhete com o número de telefone para contato local. Despediram-se desajeitadamente de Lia e partiram.

– Ei. - Dinho chamou de onde estava, de braços cruzados e um meio-sorriso. - Eu não preciso de "para sempre". - Aproximou-se de Lia e segurou seu rosto, afastando algumas mechas loiras. - Alguns dias com você e eu sou o cara mais feliz do Rio de Janeiro. - Sorriu encantado.

– Só do Rio? Aposto que eu faço o Vitor mais feliz. - Lia zombou secando as lágrimas. - E a propósito, você vai ter bem mais que alguns dias, se depender de mim.

– Casa comigo. - Dinho falou seriamente.

– Bobo. A gente nem voltou a namorar, apressaDinho. Se a gente voltar, nós conversamos.

– Eu tenho que ser apressado, você sabe disso. - Adriano apontou.

– Para, Dinho, vai dar tudo certo. A gente tá junto nessa, ok? - A roqueira garantiu.

O aventureiro beijou a testa da ex e a abraçou forte.

– Você já me faz sorrir.

– Que? - A loira perguntou confusa, com a voz abafada pelo ombro de Dinho.

– Você disse que queria me fazer sorrir, você faz isso todos os dias.

Lia apertou o abraço, comovida.

– Chega a ser injusto. - Dinho riu. - Eu só erro com você e você só me faz bem.

– Não é verdade. Você me faz muito bem, sim, e eu também aprontei. - Lia apontou.

– É, mas nós nunca vamos ficar quites depois do que eu fiz.

– Isso não importa agora, ok? Quando você melhorar, a gente conversa. - A loira prometeu, afastando-se do abraço. Para a surpresa de Dinho, deu-lhe um selinho. O garoto tentou beijá-la novamente, sem sucesso.

– Ainda não. - Lia o afastou.

– Dissimulada. Isso é maldade!

– Você me queria por perto, não queria? - A roqueira sorriu travessa. - Vai ser do meu jeito.

Rindo, a loira voltou em direção à saída do hostel.

– Lia, espera! - Dinho chamou. Lia prontamente encarou o ex. - O Tico falou que você tava com a Ju quando vocês me avisaram que tavam com ele. Você tava fugindo de mim?

– Talvez. Eu achei que seria uma boa chance pra Ju chamar a sua atenção, e, pelo visto, funcionou. Tchau, Dinho.

Adriano balançou a cabeça. Achava que a amava, mas a cada novo dia se apaixonava ainda mais. Lia mexia com seu todo, da cabeça aos pés, com os pensamentos, com o emocional. Havia escolhido certo. Não poderia morrer sem recuperá-la.

–x-

– Como ele pôde, Mario? - Alice ainda estava frustrada com a escolha do filho.

– Calma, Alice. Pensa comigo: se não fosse pela Lia, o Dinho não estaria sendo tratado nem pelo dr Lorenzo, que é um médico excelente, nem pela Raquel, que é a única profissional a ter salvo um paciente com essa doença. De certa forma, o Dinho tem muito mais chances aqui, limpando a consciência, e com os pais da Lia tratando ele, do que lá nos Estados Unidos. A gente sequer poderia bancar os médicos de lá!

– Agora além de a Lia ser a única pessoa que importa pra ele, ela também é a salvadora da pátria? Nós devemos agradecer a santa Lia por ser mais amada pelo nosso filho que nós?

– Não é isso, Alice. O que eu estou querendo dizer é que talvez o Dinho já estivesse considerando o Brasil também por isso. O Lorenzo chegou a comentar comigo que eles se corresponderam quando o Dinho ainda tava em fase de diagnósticos. Talvez eles tenham conversado e o Lorenzo tenha sugerido que ele viesse pra cá. Além do que, ele realmente tinha planos de voltar pro Brasil.

– E eu nunca concordei! A vida dele é com a gente, Mario!

– Meu amor, você tem que entender que o Dinho não nos pertence. Ele tem uma família aqui, também. Não só a Lia, mas o Orelha, a Fatinha, os outros amigos do colégio e até mesmo aquele avô da Lia que levava ele pra andar de barco.

– Namorado da dona Paulina, e nem me fale no Rômulo! Nessas aventuras deles ele acabou quase matando o nosso filho! Por que tudo acontece com o nosso menino, Mario? Eu não aguento mais esse medo constante de perder o nosso filho! - A mãe de Dinho desabafou às lágrimas, sendo abraçada pelo marido.

– Vai dar tudo certo, meu amor. A gente tem que confiar na medicina e no bem que a companhia dos amigos faz a ele. Se ele não resistir, nós vamos ter estado com ele até o final e visto o nosso filho partir feliz, satisfeito com quem ele se tornou e com o que ele nos transmitiu. É melhor do que sofrer em um quarto solitário no país que não é o dele.

– Ele não tem que sofrer. O nosso Dinho tem que estar vivo, com a gente! - A mulher protestou.

– Ele vai estar. - Mario repetiu como um mantra, tentando acreditar nas próprias palavras.

Beijou a cabeça da esposa e olhou o horizonte. Não saberia lidar com a perda de Adriano. Restava-lhe rezar e dar apoio à família. Ainda que não tivesse confiança nas próprias palavras, precisava manter a família tranquila.

–x-

A noite subitamente se revelou turbulenta no quarto de hostel. Fatinha ouviu o melhor amigo correr para o banheiro e esperou-o voltar. Alguns minutos, um pouco mais, meia-hora e nada. O barulho de alguém vomitando atormentava a periguete sem pausa. Preocupada com a demora anormal, ligou para Lorenzo. Cada toque do telefone a deixava mais tensa. Lorenzo e Raquel não tardaram a chegar e rapidamente examinaram o garoto.

– Ele não devia estar reagindo assim! - Lorenzo concluiu com nervosismo.

– Nós vamos ter que manter a calma, Lorenzo. O tratamento não está surtindo efeito e a situação só vai ficar mais complicada daqui pra frente.

– É caso de internar?

– Não, internar não. Não vai fazer bem a ele, acho melhor ele ficar no meu apartamento ou no seu, onde a gente possa vigiar de perto sem que ele desanime. - Raquel respondeu verificando os olhos de Adriano.

– Você tem certeza? Você já viu isso acontecer antes?

– Olha as sobrancelhas dele: estão falhas, mas apenas mais finas. - A médica passou a mão pela cabeça raspada de Dinho. - O cabelo dele já tá crescendo de novo, e isso não devia estar acontecendo. Ele teve aquela queda momentânea, mas os fios já estão voltando a aparecer.

– Ainda bem, né? Assim, raspado, ele fica mais bonitinho. Careca tava horrível! - A periguete confessou.

– Isso é sério, Fatinha! O estado do Dinho é grave, e agora vai ficar muito difícil reverter.

– Ele vai morrer? - A funkeira perguntou assustada. Lágrimas tímidas voltavam a se formar em seus olhos.

– É bem provável, mas não é certo. Existe a possibilidade de uma cirurgia que pode curá-lo de vez, ou... Bom, se a cirurgia não der certo, ele pode falecer na hora, devido ao esgotamento pela operação delicada, ou ainda viver uns dias. O mais comum é a morte ali mesmo.

– Raquel, a Fatinha... - Lorenzo alertou.

– Você quer que eu minta, Lorenzo? Eu poderia dizer que vai ficar tudo bem com uma cirurgia, pra que? Pra ela ter falsas esperanças?

– Fatinha, eu vou levar o Dinho pra minha casa e vou fazer de tudo pra salvá-lo, ok? Você tem passe livre lá em casa, pode visitar o seu amigo quando quiser. - Tranquilizou-a.

A funkeira acenou com a cabeça, chorando. Não conseguia soltar a mão que segurava Dinho firmemente. Lorenzo implorou que a periguete o soltasse, mas a loira se recusava. Sentia como se soltá-lo fosse deixá-lo ir para sempre, desistir de ter o melhor amigo ao seu lado. Conformado, Lorenzo se rendeu a Fatinha.

– Você quer vir com a gente? Nós deixamos o Dinho na minha casa, você dorme lá se quiser e amanhã você volta pra cá e o Dinho fica morando comigo. - O médico ofereceu atencioso.

Fatinha não sabia como responder, apenas o abraçou.

– Obrigada. Eu não sei nem com o agradecer por tudo que você tá fazendo por ele. Você também, Raquel. O Dinho é como um irmão pra mim, eu não sei o que faria sem ele de novo. Eu devo muito a vocês. - Fatinha agradeceu às lágrimas.

Vencida, Raquel também a abraçou. Ao sentir o corpo trêmulo da periguete, pensou na filha. Como Lia reagiria às notícias? Talvez a consolasse poder estar com Dinho diariamente, o dia inteiro.

– Vocês não vão perguntar o que eu quero, não? - Dinho questionou ofendido já a caminho do casarão.

– Você está adorando ir morar com a minha filha, que eu sei. - Lorenzo zombou chegando à escada com Adriano apoiado em seu ombro.

Dinho riu sem jeito, parado em frente à escada. Raquel havia se direcionado ao Misturama para pedir a ajuda de Nando.

– Você não presta nem nesse estado, que eu sei. Eu vou estar de olho em você, nem pense em se avançar na minha filha durante a noite.

– E durante o dia? - Adriano apontou inocentemente.

– Durante o dia, a Marcela fica de olho. - O médico respondeu incomodado.

– A Marcela? - Fatinha riu. - É mais provável que ela entregue uma caixa de camisinhas pra ele aproveitar!

Fatinha e Dinho gargalharam. Raquel, que já havia voltado, riu junto ao notar o tom vermelho cobrindo a face do médico.

– O Gil, então, mas alguém vai ficar de olho! - Alertou o pai de Lia.

– Lorenzo, você tinha que estar aliviado. Enquanto o Dinho estiver tentando se aproveitar da nossa filha e fazendo essas piadinhas, é sinal de que ele está bem.

Todos gargalharam, à exceção do médico.

– Vem, Nando, me ajuda a carregar esse moleque lá pra cima. - Lorenzo pediu irritado.

–x-

– Marcela, você acha que ele vai ficar bem? - A roqueira perguntou preocupada.

– O Lorenzo já foi lá ver, vai dar tudo certo. Vai dormir, vai. - A professora respondeu gentilmente.

A enteada andava de um lado para o outro da sala, preocupada. Gil já havia se retirado, mas a roqueira estava impassível, preocupadíssima com a situação do ex. Apesar de confiar no pai, só conseguiria dormir quando recebesse resposta. Estava sentada à mesa de jantar quando ouviu as chaves do pai à porta. Surpreendeu-se ao ver Lorenzo e Nando carregando Dinho rumo ao sofá e Fatinha e Raquel logo atrás.

– Dinho?!


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Notas finais do capítulo

Muito obrigada, como sempre, pelo apoio e pela companhia de vocês, sempre lendo e retornando. Vocês dão vida à fic. Críticas, elogios e sugestões aqui embaixo /