Uma Vez Mais escrita por AnaMM


Capítulo 27
Sem Mais Segredos


Notas iniciais do capítulo

Agora é oficial: todos sabem.

Agradeço novamente os comentários, as favoritações, os leitores em geral. ^^ Espero que gostem.



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Lia não tinha para onde fugir, tampouco queria. Seus sentimentos traíam novamente sua razão e se rendia ao beijo. Suas línguas se encontraram. E como sentira falta de tê-lo assim... Mathias pareceu despertar com a cena brusca e chamou a atenção de Robson. O inspetor estava hipnotizado, assistindo à cena como se fosse final de novela. Mathias, então, puxou seu próprio apito para separar os dois. Lia, que havia se rendido ao beijo de Dinho, afastou-se, envergonhada. Todos aplaudiram, para a raiva de Vitor, Gil e Lia.

-Lia e Adriano! – gritou o diretor.

-Eu vou sentir falta disso... – Robson riu.

-Não seja pessimista, Robson. – Mathias murmurou, claramente desconcertado.

-Eu tava falando deles se formarem, diretor. Vou sentir falta dessas confusões...

Robson e Mathias observaram os alunos. Haviam-nos visto crescer, seria realmente duro se despedir. Tinham especial apego por aquela turma, principalmente por Lia e Dinho. Acompanharam desde as primeiras confusões, passando pela fuga, pela proibição do namoro por parte dos pais, chegando às instruções de Lorenzo sobre como lidar com a doença do garoto. Era sempre triste ver um adolescente de 16 anos naquela situação, mas especialmente um tão cheio de vida como Adriano. Era um estorvo para qualquer professor: aprontava, fazia baderna em aula, invadia o colégio, beijava as namoradas pelos corredores, era insolente, imprevisível, irresponsável, irreverente... No entanto, quanta falta havia feito nos últimos meses... E agora que voltava, era derrubado pelo destino. Não era mais o Dinho solar e apaixonado de antes, mas sua sombra. De certa forma era um alívio vê-lo novamente em confusões, como se o velho Dinho tivesse voltado, mas voltavam à realidade assim que o garoto os encarava. Seu olhar era sombrio, triste, e suas brigas mais sérias. Incomodado pelo pensamento, Mathias se manifestou.

-Voltem para as salas de aula. Agora!

Lia voltou correndo para a sala, querendo sumir. Era a segunda vez que traía alguém importante na frente do colégio inteiro. Estava dando um tempo com Vitor, mas ainda assim era o garoto que a fizera acreditar que havia vida depois de Adriano. Apoiou-a em um de seus momentos mais difíceis e não merecia ver aquela cena. Gostava de criticar o pegador, mas talvez fosse tão ruim quanto. Seus pensamentos foram interrompidos pelo barulho da chegada dos outros estudantes, mas não era do beijo que falavam.

-Eu ouvi direito? O Dinho está doente? Ô marrentinha, que história é essa do Dinho morrer? Você pirou? – Orelha perguntou tentando fazer graça. Esperava do fundo de sua alma que fosse exagero de Lia.

-Por que você não pergunta pra ele? – Lia respondeu ríspida, tentando disfarçar a voz trêmula.

-Taí, alguém viu o Dinho? – Fera perguntou.

-Aí, tava mesmo pensando nisso! Cadê ele? – Pilha completou.

-Lia, que história é essa de doença? – Morgana questionou a amiga.

Fatinha, percebendo a reação acuada de Lia, resolveu tirar a atenção da garota, que claramente não conseguia tocar no assunto.

-Aí, gente, vamos deixar a Lia na dela, que ela ainda deve estar muito abalada por causa daquele beijão! O Dinho já deve aparecer!

-Muito bonito! É assim que você encerra as coisas com o seu ex, Lia? – Vitor interrogou.

-Agora não, Vitor... Ele me beijou à força, você não viu?

-Vi, vi sim. Ele te beijou à força e você cedeu! E se você o odeia tanto, por que o defendeu de mim? Lia, se você gosta desse cara, eu só lamento, mas não vou mais pagar de otário. Se você não quer ajuda, eu também não quero virar árvore de Natal de tanto galho.

-Olha, eu não to nem um pouco afim de discutir sobre isso agora, pode ser?

-Vitor, ela tá falando sério. Agora não, tá? – Ju interviu.

Notando a expressão preocupada de Juliana, Vitor acatou o pedido.

A porta da sala se abriu e Adriano entrou, parando em frente ao quadro.

-Professora Isabela, desculpe-me a interrupção, mas o aluno Adriano tem um comunicado sério a fazer.

-Iiiih! Agora eu quero ver esse moleque se desculpar! – Gil falou entre raiva e agitação por assistir a Dinho baixando a guarda e se humilhando.

O aventureiro observou seus colegas, tentando juntar coragem. Em meio aos vários rostos adolescentes, focou no de Lia. Era sua força, sua motivação. Lia retribuiu o olhar, confusa. Dinho bagunçou os cachos, passou a mão pelo rosto e engoliu seco. Era chegada a hora. Depois do que Lia havia deixado escapar na quadra, não havia como voltar atrás.

-Eu... Eu queria esclarecer... É... – limpou a garganta e olhou fixamente para a roqueira. – Eu imagino que vocês tenham escutado o que a Lia falou agora há pouco na quadra.

Orelha sentiu calafrios. Se Dinho estava em frente a todos querendo falar sobre a tal “doença”, então não era blefe da marrentinha... Levantou-se, preocupado.

-Você tá falando da tal doença? O que você tem? – Orelha não se importou com sua voz falha. Detestava demonstrar fraqueza, mas era seu melhor amigo em risco. – Eu ouvi o que a marrentinha falou, acho que todo mundo ouviu. É super normal ela falar que quer que você morra, mas ela falou em doença! Eu tenho certeza! – A voz de Orelha tremia, embargada pelo choro que se anunciava.

-Eu... Fatinha? – Dinho, não conseguindo ver Orelha naquele estado, implorou silenciosamente pela ajuda da amiga. Lia lacrimejava novamente, desconsertando-o ainda mais.

-Então, é o seguinte: - Fatinha tentou permanecer calma. – o Dinho está mesmo doente e foi por isso que ele voltou mais cedo do que esperava. – Adriano agradeceu a amiga com o olhar. – E... Ele tava sem coragem porque é um frouxo e agora está falado. – Fatinha ignorou a expressão incrédula de Dinho e correu para seu lugar.

Vendo que os alunos estavam confusos e que os adolescentes envolvidos não conseguiriam ir adiante com as explicações, Mathias interveio.

-O Adriano está gravemente doente, mas vocês devem manter a calma. Em breve, sinais da doença serão visíveis e pedimos a compreensão de todos. Sem brincadeirinhas, ou-

-Aí, diretor, na moral, eu nunca zoaria o meu irmão numa situação dessas! – Protestou Pilha.

-Como assim grave? Quão grave? – Orelha estava sem reação, em estado de choque.

-Um sobrevivente de quarenta. – Lia conseguiu pronunciar, tentando ignorar os olhares e o burburinho à sua volta.

Orelha imediatamente levantou-se em direção ao amigo e o abraçou. Não podia ser verdade. Não podia. Pilha, Fera e Fatinha o seguiram. Logo, quase todos os alunos se reuniram em volta de Adriano, que não pôde mais segurar o choro. Mathias, comovido com a cena, buscou apoio em Isabela. A professora, no entanto, secava as lágrimas em um lenço e caminhava até Lia, que estava sendo acalmada por Ju, sob os olhares de Gil e de Vitor.

-Lia? – Isabela aguardou uma resposta.

A roqueira voltou-se para a professora, curiosa e com o rosto úmido. Isabela segurou-lhe a mão.

-Vai ficar tudo bem. – acariciou a mão da aluna, tentando acalmá-la.

-Então foi por isso que você não cortou o Dinho de vez? – Vitor perguntou, sentindo-se culpado. – Lia, você não precisa... Eu não sei o que ele botou na sua cabeça, mas não é responsabilidade sua!

-Vitor! – Ju protestou, incrédula.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, e espero tbm que a próxima atualização não demore tanto... Estou louca para postar um certo diálogo. Beijinhos!