Uma Vez Mais escrita por AnaMM


Capítulo 26
Inconsequente


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem a demora, está mais difícil com 3 fics, mas estou conseguindo pelo menos um capítulo de cada por semana, o que é uma margem boa, até.

Queria agradecer os comentários, as favoritações e todos os leitores por acompanharem a história ^^

Espero que gostem, bjs

Indicação musical do capítulo:
http://www.youtube.com/watch?v=I6cdPeYJh0s
com clipe!
http://www.vagalume.com.br/lifehouse/broken-traducao.html
a tradução ;)



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Lia tocava guitarra em seu quarto, tentando lidar com seus sentimentos conflitantes, enquanto Lorenzo e Marcela conversavam na sala. Era uma tarde de domingo e Gil havia saído com a namorada, que também precisava digerir a notícia da doença de Dinho.

-Consegui pegar o número do Mário do celular do Dinho. Aquele inconseqüente não quer que eles saibam, mas eu faço questão de avisar.

-Os pais dele ainda não sabem? – perguntou Marcela.

-Não. Ele tava com medo de eles não terem dinheiro para vir e se preocuparem à toa, ou gastarem tudo para vir e encontrar o filho morto.

Marcela sentiu um arrepio.

-Não fala isso, Lorenzo!

-Ele sabe que tem chances de sobrevivência, mas não se deve ignorar as possibilidades. Tanto que ele veio pro Brasil por causa da Lia, né? Para se despedir, ou consertar o que fez antes de... –Lorenzo viu a expressão de Marcela e parou no meio da frase. - Foi o que ele disse. Enfim, eu vou telefonar pro Mario.

Lorenzo pegou o telefone e discou o número que havia anotado.

-Alô? Mario? Aqui quem fala é o Lorenzo, pai da Lia.

-Lorenzo? – Mario perguntou confuso.

- Inesperado, eu sei.

- Deixa eu adivinhar, o Dinho voltou pra correr atrás da Lia?

- Sim, o Dinho está no Brasil, mas não é só isso. Eu sugiro que vocês se sentem, a conversa é difícil.

- Aconteceu alguma coisa? – Mario perguntou com medo da resposta.

 -Então, o Dinho não queria preocupá-los, mas como pai eu não posso deixar de comunicar. Se fosse com as minhas filhas, eu ia querer saber.

-Agora eu estou realmente preocupado. O que pode ter acontecido de tão grave?

- Como eu disse, não é uma notícia fácil. O seu filho veio até mim assim que chegou, implorando pela minha ajuda. Eu estou cuidando do caso e tenho fé que vai dar tudo certo, mas...

-Mas o que? Ele está doente? O que está acontecendo, Lorenzo?

- O Dinho está com uma doença grave, a chance de sobrevivência é pequena, mas estamos fazendo o possível!

- O QUE? – Mario ficou em silêncio do outro lado da linha e Lorenzo pode ouvir os soluços de Alice, que escutara a conversa. Pôde-se ouvir o pai de Dinho tentar se controlar e voltar ao telefone. – Obrigado por nos informar, Lorenzo. Hoje mesmo vou procurar passagens. Por sorte eu já ganhei algum dinheiro e chegaremos o mais rápido possível!A-Alguma previsão? – A voz de Mario tremeu com a pergunta, mas tentava manter-se audível.

- Se o tratamento não funcionar, ele deve ser operado. Se a operação não der certo...

-Vai dar certo, Lorenzo! Tem que dar!- a voz chorosa de Alice interrompeu. – Nós não vamos perder o nosso filho, não vamos!

-Assim espero, Alice.

Despediram-se e desligaram os telefones. A quilômetros de distância, Mario e Alice sofriam com a notícia. Por sorte, a mãe de Dinho ainda tinha meses de gravidez pela frente e não corria tantos riscos, além da situação financeira estabilizada, mas não teriam pensado duas vezes em ir ao Brasil parindo e gastando todas as economias da família. Precisavam estar com o filho naquele momento.

-x-

Lia acordou pesada. Queria ver Adriano logo, saber se estava bem, mas, ao mesmo tempo, não tinha coragem de encará-lo, de ver a fragilidade física e emocional daquele que um dia fora o garoto mais livre e apaixonado pela vida que conhecera. Dinho era alegre, espontâneo, e agora parecia abalado, hesitante... Agora sabia que seu olhar distante não era despreocupação, mas exatamente o oposto. Pensava que Adriano andava mais sério e contido(apesar dos escândalos no colégio) por maturidade natural e não por...

-Lia? Ei, eu te fiz uma pergunta! Onde você tá com a cabeça?

-Ju? Desculpa, eu... – Lia parou ao chegarem ao portão do colégio. Dinho, que conversava com os amigos, a encarou em silêncio, de longe. Não sabia o que dizer, como agir... A roqueira, por sua vez, não pensou duas vezes. Dinho inconscientemente se afastou de Orelha, Fera e Pilha e caminhou em direção à ex-namorada. Lia, com lágrimas nos olhos, correu para abraçá-lo. Vitor havia chegado e assistia à cena, pasmo, mas a garota não se importava. Precisava sentir Dinho em seus braços, seu coração ainda batendo contra seu peito e a respiração do garoto em seu pescoço. Precisava senti-lo vivo. Apertou o abraço, com medo de perdê-lo a qualquer momento. O garoto enlaçava o corpo de Lia como seu porto seguro, como sua própria vida. Lágrimas rolaram pelo rosto de ambos. Não se importavam com imagem, ou opinião alheia, o que sentiam era maior. Dinho beijou o rosto úmido da roqueira, que chorava em seu ombro, no conforto do corpo daquele que tanto fazia falta em sua vida.

Foram separados pelo sinal que indicava o início das aulas. Adriano segurou o rosto de Lia e secou suas lágrimas. Seu olhar implorava por se encontrarem, por não deixar a cena em branco. A roqueira confirmou com a cabeça e Dinho, entre lágrimas, beijou a testa da amada antes de, a muito custo, seguir para a sala de aula. Os outros alunos ainda se encontravam hipnotizados pela cena, apenas entrando no colégio quando o ex-casal entrou. Na sala, fez-se um burburinho e todos comentavam o que haviam visto, apontando alternadamente para Lia, Dinho e Vitor, que não estava nada confortável com a situação.

-Eu pensei que vocês fossem encerrar o assunto. – Vitor questionou, sentando-se próximo à ex.

-É complicado... Depois a gente conversa, tudo bem?

-Você está me enrolando... Por que não admite de uma vez que quer estar com ele?

-Eu não quero estar com ele nesse sentido, me entende. É complicado, já falei! – Lia se irritou.

A professora começou a aula, evitando que Vitor revidasse. Dinho e Lia ainda estavam desestabilizados e secavam as lágrimas discretamente. Fatinha lançou-lhe um olhar de apoio e o garoto agradeceu com um sorriso fraco, porém sincero. Assim que liberados para o intervalo, Dinho correu atrás de sua marrentinha.

-Lia? – questionou com o olhar e a garota logo entendeu.

-Eu sei de tudo. – sua voz tremeu ao responder e Dinho tentou abraçá-la novamente. Foi interrompido por Vitor, que o empurrou tentando afastá-lo de Lia.

-Que que é? Lia, você disse que ia encerrar tudo com esse cara e já está sofrendo por ele de novo? – Vitor estava possesso. – Eu sei que eu prometi te deixar livre para escolher, mas eu não posso te ver derramar mais uma lágrima por esse canalha!

-Vitor, por favor, deixa ele em paz. – Lia falou em tom baixo e controlado.

-Ele é quem tem que te deixar em paz, Lia! Você não percebe que ele só te faz sofrer?

Dinho queria revidar, mas estava sem argumentos. Era a mais pura verdade: só fazia a garota sofrer. O motivo de sua ida, sua partida, seu retorno, a doença... Não dava um minuto de sossego à garota que amava, era injusto. E ao mesmo tempo...

Ouviu Lia grunhir e, confuso, assistiu a sua marrentinha empurrar Vitor de volta e expulsá-lo dali. No instante seguinte, contudo, também o encarou com raiva.

-Por que? POR QUE você tinha que ir pra África e pegar essa maldita doença??

Ouviram-se as exclamações de surpresa dos alunos que cercavam o casal de ex-namorados. Lia empurrava Adriano, e gritava com o garoto, chorando.

-Se você não tivesse ido embora... Imbecil! Inconsequente! Por que você foi trabalhar naquele lugar??

-Lia, por favor... – Dinho estava com o rosto úmido e tentava controlar a voz.

- Sua culpa! Por sua culpa você vai morrer! Seu idiota! – Lia chorava aos berros, o que reunia cada vez mais alunos, professores e até mesmo Robson e o diretor em torno dos dois. Ju lacrimejava como se assistisse a um filme dramático, enquanto Gil, pela primeira vez, não tinha raiva de Dinho, mas pena. De Lia, de Dinho, de si mesmo, por ter sido tão baixo.

-Se você me odeia tanto, deveria estar feliz! – Dinho revidou. – Mas você não consegue, não é, Lia? Por que não admite de uma vez que essa raiva toda é medo de me perder de novo? – segurou a garota pelo cotovelo, aproximando-a de si.

- Eu não cometeria o erro de te ter na minha vida de novo para te perder, Dinho! Você pra mim não é nada!

-Não foi o que pareceu na entrada do colégio! – Orelha comentou, filmando tudo.

-Cansei! Cansei dessas ceninhas suas! Uma hora você corre pros meus braços e na outra faz um escândalo fingindo que me odeia! Quer saber? Não convence ninguém, Lia. – Dinho apertou a mão em torno do braço da garota. – Você sabe por que me odeia tanto? Porque a sua fachada não funciona comigo, porque eu sei destruir as suas máscaras, porque a gente tem uma ligação tão forte que eu te conheço melhor que você mesma. E isso te assusta, me assusta também a sua influência sobre mim, mas eu admito o que sinto.

-Eu não sinto nada por você!

Dinho riu, sarcástico, puxou Lia para si e a beijou. Na frente de todos, como se não houvesse amanhã. A roqueira tentou se desvencilhar, mas Dinho parecia juntar o que lhe restava de força para imobilizá-la.


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Notas finais do capítulo

Espero que vocês tenham gostado e chorado(pq sou dessas) auhshauhs o próximo capítulo já está no forno aguardando. As chaves que o liberam são os comentários. Pode não parecer, mas o feedback é muito importante.

Bjs ♥