Dinho se levantou de um pulo, apavorado. Fatinha ouviu o grito do corredor e seguiu para o seu quarto, acendendo a luz. Encontrou Bruno e Dinho chocados, o aventureiro tentando ficar o mais longe do moreno que o quarto permitia.

-Dinho, o que aconteceu? Você está bem? O que esse cara está fazendo aqui?

-Eu acho que sim... A minha dignidade que não está. Eu sou macho, licença. – olhou para Bruno, ofendido.

-Fatinha, o que é que o Dinho estava fazendo na sua cama??

Não foi preciso que falassem mais nada para que a funkeira deduzisse o que havia acontecido. Bruno provavelmente tentou alguma coisa com o corpo dormido, sem saber que era Dinho por baixo das cobertas e por isso o grito.

-Poxa, Brunito, e eu que pensava que você tinha terminado comigo por não ter gostado do que eu fiz... E não porque não gosta da fruta!

-QUE??? – Bruno nunca foi fã de Dinho, mas agora queria esganá-lo de qualquer jeito.

-E Dinho, sacanagem roubar o gato da amiga, hein, aprendeu com a sua marrentinha?

Bruno se sentiu triplamente ofendido: por Fatinha estar com outro em sua cama, por ter lembrado o que Dinho e Lia fizeram com a sua irmã e pela situação na qual se encontrava. Já Adriano, não sabia o que mais o incomodava: a lembrança de Lia, a lembrança do que haviam feito com Ju ou o “abuso” que sofreu de Bruno quando estava dormindo. Fatinha percebeu a gafe e mudou de assunto rapidamente.

-O que você faz aqui, Bruno?

-E-eu... Eu vim... – o irmão de Juliana corou.

-Veio me usar de novo?

-Mais ou menos isso... Mas você não pode falar nada, que errou feio comigo e já tava com esse moleque na cama!

-Eu não tenho nada com o Dinho, Bruno!

-Ah, não tem? É só casual, então? E depois vem reclamar que quer algo sério...

-Olha aqui, não fala o que você não sabe! O Dinho bateu a cabeça hoje cedo e eu cedi a cama pra que ele dormisse mais confortável, porque eu sou uma boa amiga. Já você não está nem aí pro bem dos outros, não é? Vem me usar e largar de novo porque eu errei! Você me desculpe, meu amor, mas quem vinha errando desde o início comigo era você! E agora dá licença que o Dinho deve estar com a cabeça doendo e precisa dormir.

-Eu bem notei que a sua bunda estava maior...

-O QUE??? – Dinho e Fatinha estavam chocados. Bruno sabia que a melhor maneira de atingir uma periguete como a funkeira era criticar o físico, e conseguiu, já Dinho ficou ainda mais assustado com o abuso sofrido e tentou cobrir seu corpo vestido com um travesseiro.

-Longe de mim!!! Sai!!! – Dinho estava possesso com a invasão.

Bruno saiu furioso e, ao mesmo tempo, constrangido. Que servisse de lição para Dinho que não se metesse mais na cama da mulher dos outros... Voltou à sua casa transtornado e encontrou Ju e Lia conversando na sala.

-Lia? A essa hora aqui?

-Era urgente...

-Dinho? Cuidado, hein, esse cara não mudou nada! Agora mesmo eu encontrei ele na cama da Fatinha!

Ju e Lia ficaram pasmas. A roqueira nunca sentira ciúmes do ex com a periguete, pelo menos não quando namorava com ele. Fatinha e Dinho eram muito amigos e só, a garota tinha certeza. Se bem que tinha muitas certezas na época em que namoraram e foi surpreendida pelas mentiras do garoto. E Bruno havia dito que Adriano estava na cama de Fatinha, o que levantava suspeitas óbvias. A raiva da roqueira por Dinho apenas cresceu ao concluir que o aventureiro havia ido para a cama com outra algumas horas depois dos momentos que tiveram mais cedo.

Ju percebeu a expressão da amiga e resolveu questionar, lembrando-se de episódios anteriores.

-Amiga, você lembra que o Dinho chegou a abrigar a Fatinha na casa dele? Talvez ela esteja apenas retribuindo o favor, deixando ele dormir lá, afinal, o Dinho está morando no hostel, não está?

Lia ponderou por um momento, mas Bruno respondeu a irmã antes que a roqueira dissesse alguma coisa.

-A Fatinha veio com uma desculpa de que o Dinho tinha batido a cabeça e que a cama era mais confortável, mas eu não engoli!

-Espera aí, Bruno, o Dinho desmaiou hoje cedo e depois teve um ataque bizarro, teve que ser contido pelo Nando e pelo meu pai, a Fatinha pode ter dito a verdade. Até porque ela já me abrigou no hostel também e eu fiquei na cama!

Lia se tranqüilizou com a própria conclusão, ainda que não quisesse admitir a si mesma o alívio que era saber que talvez não tivesse rolado nada entre Dinho e Fatinha.

-Lia... Eu não confio nesse cara...

-A Lia tem razão, maninho, o colégio inteiro viu o Dinho bater a cabeça e desmaiar e qualquer amiga teria implorado que ele dormisse na cama e não... Sei lá aonde ele deve dormir normalmente.

-Tem um colchão no quarto, era o que a Fatinha ia usar se eu tivesse dormido lá antes de... Se eu tivesse dormido lá.

Lia cortou a frase com medo da reação da melhor amiga. As duas haviam voltado a ser amigas como antes, mas a roqueira tentava evitar lembrar fatos que remetessem à briga que tiveram no ano anterior.  Ju percebeu e preferiu deixar quieto. Ainda doía lembrar daquela época, por mais que tivesse aprendido a aceitar os sentimentos que Lia e Dinho nutriam um pelo outro.

-Bom, vocês acreditem no que quiserem, eu não confio naquele moleque, e muito menos na Fatinha!