Chego ao apartamento de Ethan decidida a lhe contar sobre o workshop, ainda não decidi o que fazer, talvez dividir isso com ele me ajude. Mas quando Ethan abre a porta tenho uma surpresa.

O apartamento está iluminado a luz de velas e pelo chão estão espalhadas pétalas de rosa. Fico boquiaberta. Olho para Ethan que não me diz nada, apenas sorri.

A mesa está no centro da sala, preparada para receber um jantar para dois. Há um balde de gelo com uma garrafa de vinho e duas taças. E para completar uma música suave toca ao fundo.

- Por que tudo isso? – Pergunto.

- Só estou querendo uma noite romântica com a minha namorada. – Ele diz.

Ethan puxa a cadeira para que eu me sente em seguida serve o jantar, canelone ao molho sugo. Ele enche nossas taças de vinho branco também e depois se senta.

Começo a comer a comida, assim que termino de mastigar a primeira porção Ethan quer saber o que achei.

- Está ótimo. – Digo. – Você que fez? – Pergunto.

- Foi. – Diz. – Estava com medo de ter ficado ruim.

- Está tudo perfeito. – Você me surpreendeu, mais uma vez – Falo.

Comemos pouco. Depois ficamos abraçados no sofá dividindo uma taça de chocolate com morangos.

- Por que você gosta de fazer isso? – Pergunto quando Ethan começa a passar os dedos por meu cabelo.

- Eu não sei, eu só gosto. – Diz. – Você não gosta?

- É claro que gosto, é muito bom. – Confesso. – As vezes me deixa com sono e outras vezes me deixa com vontade de fazer amor com você.

Do nada os dedos dele param e eu olho para trás para saber o que aconteceu.

- Eu não quero te deixar com sono. – Ethan fala.

- Na verdade no momento é a segunda opção. – Confesso.

Coloco a taça em um canto e me viro em direção a Ethan para beijá-lo. Deixo minha boca sair dos lábios dele e passar pelo seu pescoço levemente até chegar a orelha. Ele se arrepia.

- Tão ansiosa. – Ele murmura enquanto me afasta. – Tem uma coisa que quero fazer com você agora. – Diz.

Olho para ele sem entender. Ele se levanta e estica a mão para mim.

- Dança comigo? – Ele pergunta.

Dou a minha mão para ele e me levanto. Deixo-me levar por Ethan e ficamos dançando, vez ou outra ele me rodopia e depois me puxa de volta contra seu corpo.

Em uma dessas vezes quando encontro seu corpo novamente a boca dele alcança minha orelha e me faz sentir cócegas.

- Eu te amo. – Ele sussurra em meu ouvido.

Meu coração dispara quando ouço essas palavras e eu mal posso me lembrar de como se respira.

- Mia. O que foi? – Ethan diz. Só então percebo que parei de dançar e estou imóvel olhando para ele.

Eu apenas sorrio para ele. Ethan leva sua mão até a altura do meu coração e fica sentindo meus batimentos. Isso só faz acelerar ainda mais.

Olho para Ethan sem graça, ele me puxa para ele e me beija, não sem antes repetir mais uma vez para mim “Eu te amo”.

- Quer ajuda? – Pergunto para Ethan quando chego na sala e o vejo arrumando as coisas.

- Podia ficar dormindo, eu dou um jeito aqui. – Ele diz.

- De jeito nenhum, só vou beber uma água e já te ajudo. – Digo e vou para a cozinha.

Vou até a geladeira e ao invés de água decido tomar um copo de suco. Lembro-me que preciso tomar meu remédio e volto para a sala para procurar minha bolsa.

Encontro Ethan sentado no sofá com um papel nas mãos, minha bolsa está ao lado dele, posso imaginar o que é.

- Você não ia me contar? – Ele pergunta assim que me vê.

- Eu ia fazer isso ontem, mas não deu. – Falo sem dar muita importância. – E de qualquer forma eu não vou.

Ele está me olhando com uma expressão séria.

- Por que não vai? – Me pergunta.

- Eu só não quero. – Digo.

- Você tem que ir, é uma grande oportunidade. – Diz para me convencer. - Eu jamais me colocaria entre você e seus estudos ou trabalho. – Fala e lembro que foi eu quem falei isso para ele.

- Ethan eu não vou! – Digo tirando o papel da mão dele. – Eu vou ficar aqui com você.

- Você pode até ficar, mas não vai ser comigo. – Ele diz.

- O que? – Pergunto.

- Independente do que você fizer, se você for ou se ficar, acabou Mia. – Ele fala impassível.

Demoro alguns segundos para processar as palavras.

- Você está terminando comigo?

- Estou. – Confirma. – Então você deveria ir.

Me aproximo e me sento ao lado dele, tomando seu rosto entre minhas mãos. As lágrimas começam a escorrer por meu rosto.

- Você está fazendo isso só para me fazer ir. Não é justo, nem comigo e nem com você. Por favor, Ethan. – Falo.

- Mia não... – Ele diz tentando tirar minha mão do seu rosto, mas eu não o deixo.

- Você me ama. – Digo. – Por que vai me deixar ir? – Pergunto.

- Eu te amo e é exatamente por isso que eu preciso te deixar ir. – Ele diz sem olhar em meus olhos. – Lembra quando você disse para o meu pai que eu estava estudando e trabalhando e você se orgulhava de mim. - Faço que sim com a cabeça. – Quero que você se orgulhe de si mesma.

- Mas eu não quero ir! – Grito.

Ele se livra das minhas mãos e se levanta.

- Então fica, mas eu já disse acabou. – Diz. – Além do mais você quer ir, eu sei que quer, você se inscreveu porque quis, não vai mudar suas prioridades por mim.

Fico sentada no sofá enquanto ele volta a recolher as coisas que estão no chão como se nada tivesse acontecido. Sei que ele não vai voltar atrás e eu não vou me humilhar, não dessa vez. Além do mais ele tem razão, uma parte de mim quer ir e talvez eu precise deixar essa parte falar mais alto agora.

- Eu vou. – Falo.

Ethan apenas dá uma olhada.

- Que bom. – Ele fala como se o que eu acabei de dizer você algo sem importância. – Eu acho melhor você ir agora.

Me levanto e vou até ele.

- Eu sei que você está fazendo isso porque quer o melhor para mim e não porque não me ame, então eu não vou a lugar nenhum até que chegue o dia da viagem. – Falo.

- Mia é melhor a gente se acostumar a ficar longe. – Ele diz.

- Ethan daqui dez dias eu vou estar fora da sua vida. – Falo com tristeza. – Mas até lá eu vou aproveitar cada segundo que eu puder com você. Não me negue isso.

Ele solta o que estava em suas mãos no chão e me puxa para um abraço.