- O Dr. Kavanagh está atendendo? – Pergunto a Cindy.

Ela é a secretária do consultório onde Ethan trabalha e sempre me recebe com um sorriso.

- Não senhorita, ele está com o Dr. Stratford. – Ela diz. Dou um olhar sério para ela. – Desculpe. Mia. – Ela se corrige.

Eu havia pedido para ela me chamar pelo nome alguns dias antes e ela ainda estava se acostumando.

- Avise a ele que estou aqui. Por favor. – Peço.

Cindy pega o telefone e liga para a sala de Ethan, ela troca algumas palavras com ele e desliga.

- O doutor pediu para você entrar. – Ela avisa.

Entro no corredor e vou até lá. Robert está se levantando quando eu chego.

- Estou atrapalhando? – Pergunto.

- Não. Estou de saída. – Robert diz. Ele me cumprimenta com um beijo e sai.

Ethan está sentado em sua cadeira me olhando com um sorriso no rosto.

- Tão linda. – Ele diz.

- Menos Ethan. – Falo. – Passei só pra te dar um beijo.

Ele faz uma carinha de triste.

- Achei que ia almoçar comigo. – Diz.

- Combinei com Ana e Kate. – Conto.

- Fazer o que. – Ele fala.

Vou até o outro lado da mesa e estalo um beijo rápido nele.

- Você veio até aqui e só vai me dar esse beijinho? – Pergunta.

Antes que eu responda Ethan me puxa para o seu colo e me beija.

- Ethan! – Grito.

- O que foi? – Ele pergunta despreocupado.

- Aqui é seu local de trabalho e a porta está aberta. – Digo séria.

- Adoro quando você se faz de séria. – Ele zomba.

Eu me solto das mãos dele e me levanto.

- Tenho que ir. Te vejo amanhã.

Ethan faz uma careta.

- Hoje a noite. – Tenta me convencer.

- Não. Você vai para a aula doutor Kavanagh. – Afirmo. – Eu jamais me colocaria entre você e seus estudos ou trabalho.

Vendo que não tem outro jeito ele concorda e eu me despeço.

- Olá! – Falo para as minhas duas cunhadas que já estão a mesa quando chego. – Desculpe o atraso.

- Foi ver Ethan? – Kate pergunta.

- Sim. – Respondo. – Já pediram? – Pergunto.

- Estávamos esperando. – Ana fala.

- Deveria ter pedido, você tem alguém ai dentro para alimentar na hora certa. – Digo me referindo ao bebê.

- Você está falando como Christian. – Ela reclama.

A garçonete vem e nós fazemos os pedidos.

Ana e Kate conversam bastante durante o almoço, já eu fico em silêncio a maior parte do tempo. Fico admirando-as. Elas tem quase a mesma idade que eu e já são tão decididas e seguras.

- O que está acontecendo Mia? – Ana pergunta.

Eu preciso desabafar, aliás, foi para isso que eu combinei esse almoço.

Retiro o envelope da minha bolsa e entrego em suas mãos. Kate olha curiosa e então Ana lê em voz alta.

- “O Instituto Culinário da América vem através desta notificar que sua candidatura no workshop culinário de Nova York, com inicio em 13 de novembro, foi aceita. O programa visa possibilitar a novos profissionais da gastronomia a oportunidade de conhecer e trabalhar nos melhores restaurantes da cidade, através de um esquema de rodízio durante cinco meses.” – Ela termina e me entrega.

- Isso é bom não é? – Kate pergunta.

- É ótimo. – Falo. – Mas são cinco meses em Nova York.

- Você passou mais tempo em outro continente. – Ela lembra. – Nova York ainda é dentro do país.

- Quando fui para Paris eu não tinha nada a perder. – Digo.

- Ethan... – Ana diz compreendendo minha apreensão.

Kate fica pensativa por um instante, ela melhor do que ninguém poderia prever o que Ethan acharia disso.

- Se eu for a gente vai terminar. – Falo.

- Mas se não for vai perder uma grande oportunidade. – Ana fala. Eu faço que sim com a cabeça. – Mia isso é uma decisão só sua, mas acho que você deve ir.

Olho para Kate esperando ela dar a opinião dela.

- Eu vou ser bem sincera. – Começa a dizer. – Também acho que você não pode perder a oportunidade. – Ela opina.

- E Ethan? – Pergunto.

- Eu não vou dizer que vocês vão namorar a distância porque isso nunca dá certo, ainda mais porque você sabe como ele é inseguro. – Ela fala.

- Mia, a gente não pode prever o que vai acontecer. – Ana diz segurando minha mão. – Mas tenho certeza que Ethan vai te apoiar e ainda que vocês terminem quem sabe depois quando você voltar vocês não possam tentar de novo.

- Você acha? – Pergunto.

- Eu acho que se for pra ser não importa quanto tempo fiquem separados, uma hora vai dar certo. – Diz.

- Mas nenhuma de vocês faria isso não é?

- Provavelmente eu não conseguiria. – Ana confessa.

- Eu não posso afirmar porque só quando a gente vive para saber, mas talvez eu iria, ainda que colocasse em risco a relação com Elliot. – Kate diz. – Minha carreira é importante demais para mim.

A tenaz Katherine Kavanagh, sempre tão prática e decidida.

A conversa com elas me deixa ainda mais confusa, preciso pensar muito bem antes de tomar qualquer decisão, para não existir lugar para arrependimentos futuros.