Não Olhe Para Trás escrita por Mnndys
Estamos sentados no jato GEH esperando Christian e Anastásia. Christian me ligou na noite anterior e disse que queria fazer uma surpresa para Ana. E agora estávamos todos juntos indo para Aspen.
Ana entra e Christian diz: “Surpresa!”
Estamos todos sorridentes e acho engraçado o jeito de Christian, não me lembro de tê-lo visto tão descontraído antes. Ana o agradece com um beijo longo demais na frente de todos. De repente Christian joga Ana sobre seus ombros.
- Christian, me coloque para baixo. – Ela grita enquanto dá alguns tapas nele.
Christian não dá ouvidos e sai andando pela estreita cabine. Passa por mim e Ethan que estamos sentados frente a frente nos assentos individuais, e em seguida por Kate e Elliot.
- Se vocês me dão licença. – Diz ele a nós quatro. - Eu preciso falar com minha mulher em particular.
- Christian! – Ana grita. - Coloque-me no chão!
Estamos nos divertindo com a situação, menos Ethan que está quieto demais. Fico olhando para ele longos minutos, mas ele não dá atenção, está com o olhar longe.
Minutos depois Ana e Christian saem da cabine.
Elliot aplaude quando entramos. "Esse certamente foi um serviço de bordo rápido!" ele fala zombeteiramente.
Afinal como ele podia ser tão inconveniente?
Christian o ignora.
Ele e Ana sentam-se em frente a Kate e Elliot, mas ela vem antes me dar um breve abraço.
Kate, Ana, Elliot e Christian estão conversando algo, sobre Jack Hyde me parece, eles não falam muito alto e eu não faço questão de tentar escutar. Estou mais preocupada com o silêncio de Ethan.
- Arrumem um quarto. – Ouço Elliot dizer a Ana e Christian em determinado momento da conversa. Percebo que o assunto ficou leve.
Christian encara Elliot com um olhar frio.
- Foda-se, Elliot. – Diz ele, sem maldade.
- Cara, só estou dizendo como deve ser. – Os olhos de Elliot se iluminam com alegria.
- Como se você soubesse. – Christian murmura ironicamente, levantando uma sobrancelha.
Elliot sorri curtindo a brincadeira.
- Você se casou com sua primeira namorada. – Elliot aponta para Ana e ela cora.
- Você pode me culpar? – Christian pergunta.
-Não. – Elliot ri e balança a cabeça.
Kate dá um tapa na coxa Elliot.
- Pare de ser um idiota. – Ela o repreende.
- Ouça a sua namorada. - Diz Christian a Elliot.
Provavelmente isso seria a maior distração da viagem.
Nós pousamos no Campo Sardy. Um pouco distante do terminal principal, e através das janelas vejo uma grande minivan VW esperando por nós.
- Vamos lá, vocês dois. Entrem. – Digo parada atrás de Ana e Christian na porta da van. Estou escorrendo impaciência.
Eles entram e sentam-se no fundo, nós sentamos a frente deles. Ethan segura minha mão quando já estamos instalados, mas não é o bastante para me convencer que está tudo bem.
Eu olho pela janela em direção a Aspen. As árvores estão verdes, mas um sussurro do próximo outono é evidente aqui e ali nas pontas amareladas das folhas. O céu é de um azul cristalino, embora haja escurecimento nas nuvens a oeste. Ao redor de nós, a distancia, se tece nas Montanhas Rochosas o pico mais alto diretamente adiante. Elas são exuberantes e verde, e as maiores são cobertas de neve e se parece como o desenho de montanhas feito por uma criança.
Observar Aspen me tranqüiliza, faz algum tempo que não ia até lá, mas muitas das minhas lembranças de infância estavam lá.
- Você já foi para Aspen antes, Ana? - Ethan se vira e pergunta, finalmente saindo de seu silêncio.
- Não, primeira vez. Você? – Ana pergunta.
- Kate e eu costumávamos vir muito aqui quando éramos adolescentes. Papai é um esquiador sagaz. Mamãe nem tanto. – Ele diz e meio que me sinto mal por não saber disso.
Elliot, Ethan e Christian começam a fazer piadinhas, o que é um alivio, mas o silêncio de Ethan parece ter se mudado para Kate, ela se tornou quieta de repente.
Quando chegamos a casa de Christian vejo Sra. Bentley, ou Carm como costumo chamá-la. Corro até ela e a abraço com força. Apresento Ethan e Kate para ela. Em seguida pego a mão dele e o puxo corredor adentro.
- Onde estamos indo? – Ele pergunta. Fico feliz por finalmente ouvir ele falando algo dirigido a mim.
- Meu quarto. – Digo animada.
- Você tem um quarto aqui?
- Sim.
Abro uma das portas que fica quase no fim do corredor e Ethan solta um assobio de admiração.
Para minha surpresa ele me puxa e me joga em minha cama. Ficamos frente a frente.
- Oi. – Digo.
- Oi. – Ele também diz.
- Você está falando comigo agora. – Constato.
- Eu não estava antes? – Ele pergunta.
- Estava distante. – Digo.
Ele me olha sem saber o que dizer, então puxa meu corpo perto do seu e me beija. Já fazem muitos dias que não tenho um momento sozinha com ele e só com esse contato sinto meu corpo incendiar. Passo minha perna por cima dele e minhas mãos percorrem todo o seu corpo.
Mas em uma fração de segundo Ethan me empurra para longe dele.
- Não! – Ele diz.
- Por que não? – Estou ofegante e surpresa.
- Estão esperando a gente para almoçar. – Fala.
Sento-me frustrada.
- Ao menos você pode me dizer então porque ficou calado o vôo todo? – Pergunto retomando nosso assunto anterior.
Ethan se ajoelha atrás de mim, dá um beijo em meu rosto e apoia o queixo em meu ombro.
- Você acreditaria se eu dissesse que estou apavorado? – Questiona.
- Apavorado? – Pergunto sem entender.
- Bom, nós estamos viajando juntos. – Ele diz. Movo um pouco o rosto para olhar em seus olhos. – É como se estivéssemos dando um passo a mais. – Ele suspira.
- E isso te apavora? – Pergunto.
- Sim.
- E eu? Eu te apavoro? – Altero a pergunta.
Sua boca está perto de minha orelha e posso ouvi-lo soltar um risinho baixo que me arrepia um pouco.
- Você me apavora a todo instante. – Confessa.
Não tenho reação. Será que eu estava sufocando Ethan de alguma forma? Solto a respiração.
Ele tira o queixo de meu ombro e se ajeita deitando na cama, e colocando a cabeça no meu colo. Não estava esperando por isso. Deixo minhas mãos irem até o cabelo dele.
- Eu me apavoro com a sua intensidade, me apavoro com a sua capacidade de me fazer esquecer o mundo quando estamos juntos, me apavoro com a vontade que tenho de te ver todos os dias, me apavoro com a possibilidade de um dia te magoar. Me apavora brigar com você, porque me sinto um idiota e tenho medo de você nunca mais olhar na minha cara. Me apavora estar aqui com você agora te falando essas coisas. E principalmente, me apavoro com o que sinto por você, porque não sei o que é, mas sei que não tenho nenhum controle. – Ele me olha surpreso pelo que ele mesmo falou. Solta a respiração e percebo que ele não havia parado para respirar enquanto falava.
Isso sim era o que eu considerava inesperado. De repente estou muda sem saber o que dizer a ele, o máximo que consigo lhe dar é um sorriso.
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