Premonição: Diversão Macabra escrita por MV


Capítulo 4
Mar de Sangue


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, desculpa pela demora. Em segundo lugar, eu fiz uma pequena homenagem ao último capítulo que eu postei na fic deletada, aqui. O nome do capítulo já é uma homenagem. E quem leu o sexto capítulo, verá que existe uma cena bem parecida.
Espero que gostem!



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Hannah continuava tentando subir, e via que estava a beira da morte, de sua morte. Aquela estranha sombra que vira momentos antes, já não estava mais ali, e Hannah não sabia onde estava. Afinal, aquela sombra poderia ser sua salvação.

Então, repentinamente, alguém pulara na piscina, e nadou até Hannah. E ela conseguiu perceber que esse jovem, um empregado de Sr. Chavis, tentava tirar seu pé do ralo. Ele puxava com toda a força.

Puxou uma vez, e Hannah sentia que não aguentaria mais. Outra vez, sem sucesso, e Hannah quase expirava. Ela fechou os olhos, já ardendo por conta do cloro, lentamente, se preparando para seu terrível fim. Então sentiu seu pé se desgrudando, e alguém a puxando para cima, mas não abriu os olhos, não queria abrir.

Sentiu várias pessoas tirando ela da piscina, colocando a jovem na grama.

– Façam respiração boca-a-boca! Rápido! - Uma pessoa gritou.

O mesmo empregado que tirara Hannah da piscina, começou a fazer a respiração. Hannah estava viva, sabia disso, mas estava sem ar. Não conseguia respirar.

Então subitamente, ela abriu os olhos. O rapaz saiu de cima da jovem, e ela começou a respirar, ofegante. Então, o mesmo jovem que a ajudara, falou para ela:

– Calma, a ajuda já está chegando. Está tudo bem, você está salva.

...

Lisa se tranquilizara, após descobrir que Hannah estava salva. Ela estava conversando normalmente com a amiga, então repentinamente, ouvira um som de algo se chocando contra a água. Lisa então ficara preocupada, mas logo um funcionário falara com ela.

A prima havia caído na piscina, e prendera seu pé no ralo, ao que parecia. Mas conseguiram tirar a garota de lá. E com vida.

Ela estava quase entrando na sala de espera do consultório, quando saíra, por conta do acidente. Agora voltava.

Hora de se enfrentar, Lisa.

Abriu a porta, e caminhou em passos apressados para o balcão.

– É... Bem... Boa tarde. - Lisa falou nervosa. - Eu tenho uma consulta com o doutor hoje, ás 15:45.

– Qual o seu nome? - A recepcionista perguntara a Lisa.

– Elisa Perkins.

Então, repentinamente, alguém a cutucou. Lisa virou a cabeça na direção da pessoa e encontrou um homem a observando. Ela tirou o cabelo da frente do rosto, e perguntou:

– Oi?

– Acho que você não deve se lembrar de mim. Só acho.

– É, eu não lembro mesmo. Conheço você de algum lugar?

– Você estava no dia em que a boate 13th Number pegou fogo, não foi? Você não saiu porque passou mal?

A mente de Lisa passava por um turbilhão de informações. Aparentemente, aquele homem sabia muitas coisas da vida confidencial de Lisa. Como assim ele sabe que eu estava lá?

Hesitante, ela continuou.

– Sim, isso.

– Ah, sabia. Você é realmente ela. Você sabe quem te ajudou naquele dia a sair de lá?

Aonde ele quer chegar?

– Alguns amigos até onde sei. E... - Lisa então se lembrou do rosto do homem. Ele havia ajudado a tirar Lisa com vida de dentro da boate.

– Sabe quem sou eu agora? Jack Keller, prazer.

– Elisa Perkins. Eu... Obrigado por me tirar de lá. Obrigado mesmo.

– Que isso, seus amigos que te tiraram de lá, eu só ajudei.

– Ajudou. Se não tivesse ajudado... eu poderia estar morta. Sua ação foi ótima, Jack, certo? Obrigado mesmo.

Lisa então deu um abraço em Jack. Um abraço que Jack não recebia fazia muito tempo.

...

Clair estava sentada em uma poltrona, lendo uma revista feminina, a qual folheava lentamente as páginas, em busca de algo interessante. Então uma matéria atraiu sua atenção.

Uma matéria que falava sobre agressões a mulheres por conta de seus maridos.

Clair se encaixava exatamente no que a revista dizia. Mas não concordou com inúmeras coisas. Clair nunca iria denunciar Jack. Ele poderia ser descontrolado, problemático, agressivo, mas ela acharia uma forma de fazer Jack voltar a ser aquele Jack que conhecera na faculdade. Era isso o que o amarrava.

Jack não tinha liberdade, Clair acabava não deixando. Se Jack era problemático, Clair era possessiva e ciumenta, não suportava ver o marido perto de outra mulher. Jack queria se livrar das amarras de Clair, porém ela não enxergava o que fazia com Jack. E isso teve suas consequências.

...

16:00.

– Derek, eu vi... Foi algo estranho. - Luke falou.

– Calma... Você viu o que afinal? - Derek falou, tentando manter a calma.

– Eu... Estava assistindo televisão, daí... Resolvi parar num canal de campo. Então a televisão piscou... E o canal saiu do ar.

– E o que mais?

– Depois... Eu fui à cozinha, e olha aqui... - Luke chamou Derek para a cozinha. - Olha pro chão, perto da geladeira...

Os olhos de Derek se dirigiram a direção que Luke falara. E viu no chão, uma letra. Ele foi na direção dela, vagarosamente, e a pegou. Era a letra R.

– R... - Derek falou, virando-se para Luke.

– Eu vi isso caindo, foi algo do além. - Luke disse. - E... Esqueci de um detalhe. Um vento gelado bateu quando a televisão desligou.

Antes que Derek pudesse dizer qualquer coisa, ele ouviu um barulho de algo pingando, do lado externo da casa. Luke também ouvira.

– Que barulho é esse? - Luke perguntou.

Derek, sem responder Luke, continuou caminhando, até a porta da cozinha. Ele a abriu, e saiu para a área externa da casa. Sua atenção logo foi desviada para a parede, onde um pequeno rastro vermelho descia do telhado, e ele logo viu o que provocava este estranho rastro. Eram gotas de água, caindo de uma árvore, que ficava ao lado da casa. Pouco antes, naquele mesmo dia, havia ocorrido uma chuva.

Mas as gotas não eram transparentes, mas tinham uma coloração rubra. Uma delas caiu bem na frente de Derek.

A morte já está agindo, merda. Eu preciso saber quem é o próximo. Não posso deixar as pessoas começarem a morrer descontroladamente.

Então Derek soube o que tinha de fazer.

Preciso saber como é a lista.

...

Hannah agora repousava em uma poltrona reclinável na sala da casa do pai de Ryan. Ele não estava naquele momento lá. A mãe de Ryan, Sra. Chavis, chamada Rosa, ajudava a garota.

– Eu vou fazer um cházinho pra você, tá?

Hannah fez "sim" com a cabeça.

– Daqui a pouco, os paramédicos chegarão. Já falei com eles. Enquanto isso, a enfermeira Octavia cuidará de você.

Rosa se foi, na direção da cozinha, e se encontrou com Octavia. Ela era uma moça nova, muito caridosa, e amiga de Rosa. Após o enriquecimento de Rosa, Octavia fora contratada para trabalhar na fazenda de Rosa. Especialista em enfermagem, ela trabalhava no hospital da cidade, durante os turnos noturnos, e também na casa de Rosa.

– Cuida dela bem, tá? - Rosa falou.

– Onde ela está? - Octavia perguntou.

– Ela ficou na sala, naquela poltrona reclinável.

– Mas, senhora, não está acontecendo... Obras na sua sala?

– Falta somente colocar o forro em algumas partes, e acho que trocar as madeiras que estão suportando a caixa de água, no andar superior, não se preocupe, ela está segura. - Rosa sorriu, e se foi.

– Eu não teria tanta certeza disso...

...

Tommy continuava andando pela cidade, retornando ao campus, então subitamente parou. Parou em um parque.

Jefferson Park.

O Parque da Perdição, como assim chamado pelas autoridades locais, era um local sem lei. Drogas rolavam soltas por aquele grande espaço cheio de árvores, e caminhos sinuosos. Não eram somente drogas, mas também estupros aconteciam ali, na calada da noite. O parque era totalmente aberto, favorecendo os pedófilos, estupradores e traficantes, a passarem por ali. De dia, era relativamente um lugar familiar, mas tudo mudava de noite.

Era o lugar perfeito para você se esquecer do mundo. Um lugar para você se perder.

Foi ali que Tommy descobriu o universo das drogas. Um universo que te atraía pelas possibilidades de você explorar novos mundos, como se não houvesse um amanhã. Muitos jovens se embrenhavam por causa da curiosidade, muitos entravam naquele parque, e não saíam mais.

Tommy tinha total consciência do perigo das drogas, mas nunca conseguiria abandoná-la. Poderia tentar, mas ela já fazia parte de sua vida. Era ali, naquele parque, que Tommy conseguia a sua dose de cocaína, que guardava no seu quarto. Ninguém sabia da existência dela, com exceção de Matt.

Não pense nele, Tommy. Você é mais forte que isso.

...

Hannah continuava descansando na poltrona reclinável, colocada na sala. Seu pé havia sido machucado, e a dor era muito forte. Mas ela estava viva, e era isso o que importava para ela. Foi então que ela se deu pela falta de Ryan. Hannah começava a ficar preocupada com seu namorado, já estava na hora de ele voltar.

Onde será que ele está?

A sala de estar onde Hannah estava era recoberta por móveis antigos, e necessitava de reformas. E era isso o que acontecia naqueles dias. O pai de Ryan encomendara reformas para a sala. O forro foi trocado, e acima da sala, não existia qualquer quarto, sendo que depois do forro, já havia o telhado, o que fazia com que a parede de sala se estendesse até o segundo andar. Hannah olhava para o teto, sem o forro. Acima da parte sem o forro, havia uma grande caixa d'água, segurada por apenas alguns caibros.

E esses caibros já estavam podres.

Neste momento, Octavia acabara de chegar, e falou:

– Está tudo bem? Eu trouxe esse gelo pra melhorar a dor. Daqui a pouco, faço alguma atadura, se conseguir.

– Obrigada. - Hannah disse, quando Octavia colocava um saco de gelo acima do pé de Hannah. O pé não estava com ferimentos graves, mas era necessário um pequeno cuidado.

– Já voltarei. Vou pegar algumas gazes, tá bom? - Ela disse, se retirando.

Hannah fechou os olhos, deixando que o gelo cuidasse da dor que sentia. Repentinamente, ouviu um barulho. Ela olhou para o lado na direção do corredor, que agora estava vazio.

Então, as janelas da sala se abriram num baque, mandando um vento gelado contra Hannah, que estava deitada na poltrona.

...

– Octavia, que bom que você está aqui! - Um rapaz chegou correndo, na direção de Octavia, que voltava para a sala onde Hannah estava. Hannah já podia ver a enfermeira ali.

– O que aconteceu? - Ela perguntou.

– Eu preciso falar isso com você. É sobre o filho da Sra. Chavis.

– O Ryan? O que aconteceu? - Octavia perguntou.

– Octavia... Um dos empregados encontrou os cavalos soltos... E depois... - O rapaz hesitou, mas continuou. - Acharam o corpo dele.

– Corpo? Peraí, o Ryan morreu? - Octavia falou, gritando o suficiente para Hannah ouvir.

O rapaz apenas fez que sim com a cabeça.

Hannah ouvira tudo. Ryan estava morto. Como assim? O seu namorado morto? A ficha ainda não havia caído para Hannah. E nem iria cair.

Hannah ouviu mais um barulho, dessa vez olhou para cima, e viu pequenas rachaduras se formando nos caibros, e não houve absolutamente nenhum tempo para Hannah pensar no que fazer.

Os caibros se romperam, caindo pedaços em direção ao chão, junto de uma grande caixa d'água que caía em direção ao chão. Porém, havia um detalhe. Hannah estava no meio do caminho. Bem no centro.

Ela apenas soltou um grito, que logo foi abafado pela água.

A caixa d'água atingiu o corpo de Hannah em cheio, e com o impacto, a caixa d'água estourou, levando água para todos os lados. Como o impacto foi em cima de Hannah, o corpo dela também acabou estourando. Sua barriga não sobreviveu ao impacto, e seus órgãos foram lançados para o chão. O resto do corpo de Hannah foi totalmente esmagado pelos restos da caixa d'água, enquanto era prensado. dentro da poltrona, que ficou totalmente destruída.

Hannah sentira apenas uma terrível dor, consequente do choque, e logo havia expirado.

O barulho retumbante chamara a atenção de Octavia e do rapaz. Ela olhou para a cena que via ali, e soltou um grito. Um grito extremamente alto, enquanto a água que vazava passava por debaixo de seus pés.

Octavia então olhou para a água que passava debaixo dos seus pés. Estava tingida de uma coloração vermelha.

Era o sangue de Hannah.

...

16:45.

Sally e Carey andavam pelo campus, conversando. Repentinamente, Sally parou de falar sobre o que falavam antes, e começou outro assunto. E Carey já sabia do que se tratava.

– Carey, o que vou falar agora é sério. Me escuta.

– E lá vamos nós de novo... - Carey falou. - Eu amo ele, não sei me declarar, mimimi, blábláblá...

– Carey, fica quieta. - Sally disse. - Agora, me diz. O que eu faço com o Luke?

– Pfff... - Carey suspirou. - Vamos fazer o seguinte? Já que estamos perto da casa do Luke, resolvemos isso num instante. E você para com esse mimizeira dos infernos!

– Mas...

– Mas, porra nenhuma! - Carey falou. - Pode vir. É hoje que você vai se declarar para ele.

...

– Luke, fala pra mim. - Derek falou. - O que você viu no acidente?

Os dois estavam sentados no sofá da casa, as janelas e a porta permaneciam fechadas.

Derek sabia que o momento havia chegado. Luke sabia em partes sobre o que ocorrera com ele, então não era necessário uma grande explicação para o mesmo. Mas Derek precisava saber a ordem da lista, antes que mortes ocorressem. Afinal, poderia ser que ele estaria na mira da morte naquele momento. As duas primeiras pistas já haviam sido lançadas. Derek suspeitava que o primeiro já havia morrido, afinal, a próxima pista já havia sido liberada. Logo, já havia um morto. Mas só um? E se outra pessoa viu alguma pista sem saber? E a pessoa da segunda pista? Derek não sabia mais o que pensar.

– Derek, eu não gosto de lembrar. - Luke endureceu a voz. - E você sabe disso.

– Luke, parece que você ainda não entendeu o que estou tentando fazer. - Derek falava. - Eu preciso que você se lembre. É...

– Tem relação com a morte, não é Derek? - Luke falou. - Tudo o que aconteceu com você... Vai acontecer com a gente, também, não é?

Derek abaixou a cabeça. E lembranças do terrível acidente de barco, voltavam a sua mente. Os rostos de cada um dos sobreviventes também retornavam. Cooper. Jimmy. Carly. Danny. Lauren.

Ele não queria mais se lembrar disso, mas aquilo havia o marcado para sempre. Quando ficasse mais velho, não se esqueceria disso, como acontecera nestes três anos. Lembrou-se da como a morte levou os sobreviventes.

Decapitados. Esmagados. Mutilados. Queimados. Esfaqueados.

E agora, tudo isso aconteceria com eles. Com seus novos amigos, pessoas que nunca mereciam ter esse terrível e temível destino. Como os sobreviventes do acidente do barco.

– Sim. - Derek conseguiu responder, enquanto sentia uma lágrima descer dos seus olhos. Curiosamente, Derek estava mais nervoso que o próprio Luke. O próprio visionário.

– Ei, calma. - Luke falou. - Vamos deter a morte, como você conseguiu detê-la.

– Eu deti, Luke... - Derek falou, levantando a cabeça. - Mas ela voltou pra mim. Voltou pra me pegar... e de quebra, pegar todos nós.

– Já disse, Derek. Nós a deteremos. Mas... Precisamos saber como, certo? - Luke falou nervoso. Ele mesmo não tinha certeza do que dizia.

Derek enxugou as lágrimas e decidiu enfrentar aquele momento. Se não conseguisse, tudo poderia estar acabado.

– Luke... na boate... Você viu quem morria?

– Olha... - Luke falou, tentando se lembrar da visão. - Todos nós ficávamos presos lá dentro, então consequentemente, todo mundo morria. Ninguém saiu vivo de lá, você ficou sabendo.

– Tá... - Derek falou, e respirou fundo. - Dos sobreviventes... Quem morria primeiro?

Luke tentou se lembrar. Quem morreu em primeiro? Quem eu vi morrendo? Ele tentou se lembrar. Eu vi... o Alejandro morrendo. Depois, foi o Matt. Eu vi o Tommy, e daí eu e a Sally. Mas e os outros? Eu não me lembro do Derek, da Carey, da Lisa...

– Então? - Derek perguntou ansioso pela resposta.

– Derek, eu não sei. - Luke falou. - Eu não sei, não vi todos morrendo. Eu vi somente alguns, e desses eu sei.

Derek pegou seu celular e abriu o bloco de notas.

– Fale. Quem você viu? - Derek perguntou apreensivo.

– Eu vi somente cinco pessoas. O primeiro a morrer dos cinco foi o Alejandro. - Luke falou, com medo de que ele já poderia estar morto. Alejandro não estava na irmandade naquele momento.

– O Ale? - Derek falou surpreso. - Depois, precisamos falar com ele. E logo.

– Depois vinha o Matt.

– Tá. Precisamos tomar cuidado com ele também. E depois?

– Tommy.

– Cara, você só viu gente daqui da fraternidade? Porque todos os que você se lembra... Todos são daqui.

– É comum lembrarmos das pessoas com quem temos mais contato, Derek. E voltando a lista... - Luke hesitou. - Daí, morria eu e a Sally.

– Mas os dois juntos?

– Sim. Nós dois.

– Ótimo, isso indica que a lista termina aqui. Agora precisamos do resto. Tem várias pessoas faltando, inclusive... - Derek passou os olhos pela lista. - Inclusive eu.

...

Carey e Sally estavam paradas do lado de fora da fraternidade, e escutavam tudo o que Luke e Derek falavam. Caladas, se surpreendiam com a estranha conversa.

Quando chegaram a casa, a porta e as janelas estavam fechadas. Sally iria bater na porta para eles atenderem, porém antes mesmo de ela tocar na porta, Carey escutou uma estranha conversa vindo de dentro, e pelo o que ouvia, vinha das vozes de Luke e Derek.

E então, em silêncio, encostaram-se na janela. E acabaram por escutar coisas muito estranhas.

Premonição? Morte? Lista? Nós vamos morrer? O Derek já sofreu isso? Oi? - A mente de Carey estava em um turbilhão de pensamentos ao mesmo tempo. Já Sally, não entendia nada. Até ouvir seu nome, na fala de Luke.

Daí, morria eu e a Sally.

Assustada, Sally saiu de perto da janela e falou baixo:

– Eu... Vou morrer? - Sally falou assustada.

– Shiu! Cala a boca! - Carey falou bem baixo.

– Eu preciso saber o que é isso. - Sally falou. - Eu morri na boate? O que é essa tal de lista?

– Sally! - Carey falou.

Repentinamente, a porta abriu. Carey deu um pulo.

– Sally? Carey? - Luke falou. - O que vocês estavam fazendo aqui?

– Nada... - Carey tentou improvisar. - Estávamos vindo falar com vocês, mas parecem que estão é... - Ela hesitou. - Ocupados.

– Luke, que história é essa de eu morrer? - Sally perguntou, botando tudo a perder.

– Ah, droga. - Carey falou, passando a mão na cara.

– O que vocês escutaram, afinal? - Derek falou, saindo. - É melhor falarem, sem ameaças. Vocês não entendem nada do que está acontecendo.

– Nós escutamos que todos os sobreviventes da boate vão morrer, que a "morte"... - Carey fez aspas com os dedos. -... Vai nos matar e tem uma tal de lista da morte, que diz quem morre. Uma doidera só. Tem certeza que vocês não estão meio chapados, fofos?

Luke olhou para Derek, que balançou a cabeça.

– Acho que vocês ouviram coisas demais. - Derek falou. - Está na hora de mostrar a verdade pra vocês. - Ele suspirou. - Entrem.

...

Neste momento, Lisa saía do consultório. Havia exposto seu problema ao psicólogo, que havia conversado com ela sobre o porquê daquilo. Ele descobrira que isso viera da infância dela, logo, iria ajudar ela a enfrentar essa doença. Anorexia.

Jack iria entrar na consulta agora. Havia chegado mais cedo no consultório, para resolver alguns problemas, e acabara encontrando Lisa, a menina quem ajudou a salvar.

Logo depois que Lisa saíra do consultório, se encontrou com Jack.

– Posso pegar seu endereço e seu telefone? - Lisa perguntou a ele. - Eu queria falar mais com você. Afinal, foi você um dos responsáveis por me tirar de lá.

Ele sorriu.

– Tudo bem. - Então Jack passou seu endereço, e telefone a Lisa.

Ela agradeceu e foi embora. Jack continuou olhando para ela. Balançou a cabeça, sorrindo, e entrou no consultório.

...

17:00.

Matt corria por dentro do campus, em direção a fraternidade. Acabara de ter a reunião do time, agora totalmente desfalcado. Foi decidido que o time não disputaria o campeonato naquele ano, e se disputasse seriam "hors concours". Ou seja, não competiriam para conquistar o título. Para Matt, era a mesma coisa.

Participar é uma idiotice. Nosso time tem vários títulos, e estávamos lutando, treinando, para conseguir o título dessa ano. Temos garra. E estávamos lá pra vencer. Não pra participar.

Matt, totalmente distraído,não viu, mas bateu em uma pessoa que acabara de entrar no campus. Lisa.

– Ah, desculp... - A voz de Matt parou na mesma hora. - Ah, é você. - Ele falou com um toque de repugnância na voz.

– É, sou eu Matt. - Lisa falou. - Sou sua ex-namorada, porque pelo jeito... você já deve ter conseguido outras pessoas para ficar, não é verdade?

– Não preciso de você, Lisa. - Matt falou. - Deixa de se achar a última bolacha do pacote.

– Estranho... se você não precisa de mim... - Lisa falou. - Então porque me ajudou a sair da boate? Eu lembro, Matt.

Lisa realmente amava Matt, e sabia que Matt também gostava dela. Mas ele não demonstrava, afinal, depois que ela terminou com ele, Matt teve seu orgulho ferido. Nunca havia acontecido isso com ele. Ele ficou extremamente chateado com ela, apesar de entender os motivos, e então voltou a viver a vida louca de antes, mas agora com muito mais intensidade. E ele tentava mostrar para Lisa o quanto ela era inútil para ele. O que não era verdade.

– Eu tenho que fazer isso. - Matt falou. - Era mais que a obrigação minha. Eu não ia deixar você passando mal, estendida, no meio da pista de dança, não é?

– Eu sei da verdade, Matt. - Lisa falou. - Eu te conheço.

– Eu ainda não sei por que diabos eu perco tempo com você... Existem tantas garotas melhores...

– Mas você já tem seu coração entregado para alguém, mesmo que não queira.

Matt revirou os olhos, provavelmente já cansado daquela discussão. Depois, ele sorriu com um sorriso irônico.

– E você acha que eu teria um coração entregado pra alguém? Alguém assim como você? - Matt falou. - Se toca, garota.

Lisa olhou para Matt, e falou.

– Matt, você me ama, eu sei... Mas o que impede de assumir isso é o seu orgulho. Você sabe porque eu pedi para dar um tempo, mas você é muito orgulhoso pra aceitar desculpas. Aliás, acho que você que deve umas desculpas pra mim, seu canalha. - Lisa falou. - Mas eu sei que atrás desse orgulho acumulado ainda existe aquele Matt. Eu vou fazer aquele Matt voltar. Não importa o que aconteça. - Lisa disse, se afastando. - Ah, só mais um conselho, querido. Acaba de uma vez com esse orgulho idiota, porque você ainda vai sofrer por causa dele. Vai sofrer muito. Daqui a algum tempo, sua fama estará espalhada, então Matt, você não será mais o pegador da faculdade. Se liga no que você está se tornando. Porque se continuar assim, seu final será terrível.

E ela se foi. Matt continuou olhando para Lisa, que se afastava.

– Ela não passa de uma idiota. Quem ela pensa que é pra mandar em mim? - Matt falou.

Seu amor, Matt. Seu verdadeiro amor.

Matt realmente gostava de Lisa, mas a esnobava, pelo o que ela fizera com os dois. E também porque depois descobrira o problema de anorexia dela. Matt não queria namorar uma problemática, mas seu coração dizia o contrário.

O amor é cego mesmo.

E agora Lisa tocara na ferida de Matt. O orgulho dele, que estava acima de tudo. As últimas frases de Lisa ecoavam em sua cabeça.

Se liga no que você está se tornando. Porque se continuar assim, seu final será terrível.

Terrível.

...

– Peraí, mas que doidera é essa? Vocês beberam ou o quê? - Carey perguntava. - Isso é impossível. A morte nos perseguindo?

– Carey, se você visse o que eu vi... Você não diria a mesma coisa. - Derek falou.

– Tá, e que merda você viu?

– Se preparem, só digo isso. A coisa é muito grande. - Derek falou, depois suspirando começou a falar. - Há uns três anos atrás, no final de 2010, eu tinha uns 16 anos... Eu estava indo com meus amigos, e minha namorada, para um passeio de barco, em Mt. Abraham, aqui do lado. Então... Aconteceu uma explosão, e o barco naufragou.

– Ah, eu me lembro disso. - Sally falou. - Foi naquele ano doido que aconteceu um monte de acidentes lá. Não foi?

– Sim, Sally. - Derek continuou. - E vocês devem estar se perguntando como eu sobrevivi, afinal, estava no barco. Porque... eu.... tive uma visão. Assim como o Luke.

Carey e Sally se entreolharam. Luke abaixou a cabeça.

– Logo depois que eu tive essa visão, eu saí do barco. Mas assim como o Luke... Eu tirei algumas pessoas de lá antes do acidente acontecer. E aconteceu. E aí vem a pior parte.

– Pior? Já não foi? - Carey perguntou.

– Não, Carey. - Derek engoliu em seco. - Todos, sem exceção, todos os sobreviventes morreram dias depois. Em acidente bizarros e improváveis. Saíram onze pessoas do barco. Só sobraram eu, minha namorada, Molly, e Kristy, a namorada do meu irmão.

– Peraí, então everybody morreu nessa droga? - Carey perguntou, mostrando ceticismo.

– Exatamente. Todas as mortes foram terríveis. E bizarras. E pelo o que me lembro... O primeiro, do qual eu não lembro o nome, morreu decapitado. A segunda, prima do meu rival, teve a cabeça esmagada por globo de luz. A irmã do meu amigo, a Lauren, teve a barriga triturada por um ventilador. O quarto...

Derek parou, respirando ofegantemente.

– Luke... - Derek tossia. - Vai buscar...

Luke nem estava mais ali. Ele já havia subido as escadas em busca da bomba de ar de Derek.

– Calma Derek! - Sally falava, cada vez mais assustada.

– Ar... - Derek tentava falar.

...

– Cadê essa bosta? - Luke se perguntava. - Isso... sumiu.

A tosse de Derek ficava cada vez mais forte. E ia ficando mais forte.

...

Derek se via cada vez mais sem ar. A morte estava chegando. Ele era o próximo da lista, provavelmente.

Vou morrer asfixiado, ótimo. Ironia pura.

Ouvia Sally gritando, e Carey também, gritando por ajuda, e ele não aguentou. Fechou os olhos. E sentiu seu corpo tombando, e bateu em alguma coisa, soltando o último resquício de ar nos seus pulmões.

Então a morte é assim.

O ar não entrava mais, nem saía. Derek se viu mergulhado numa escuridão profunda.

Ele então abriu os olhos, não estava mais na fraternidade. Era tudo escuro, e na sua frente existia um grande mar. Um mar de sangue. Várias figuras boiavam ali, todas soltando sangue em profusão. Mas elas estavam vivas, Derek podia ver seus olhos mexendo, a respiração acelerada.

Eu preciso voltar! - Derek tentou gritar sem sucesso.

Foi quando algo o tocou por trás. Ele se virou.

Era Jimmy, que se sentara no chão.

– Derek... - Jimmy falou, embora sua voz parecesse mais como um sibilo. - Você precisa acabar com isso.

Curiosamente, desta vez, a voz de Derek saiu.

– Acabar com o que? - Ele falou. - Eu estou morto!

Foi nesta hora que ele percebeu de Jimmy soltava sangue de uma grande ferida no peito.

A faca.

– Meu sacrifício não foi em vão, Derek. Você irá voltar. E deter essa lista.

– Deter? Eu estou morto, Jimmy! - Derek falou. - Morto, assim como você!

– Não, você não está. - Uma voz apareceu atrás de Jimmy. Uma figura feminina cheia de cortes no corpo, e sem um olho. - Você vai voltar, Derek, e vai impedir o que a morte fez conosco. Mas o caminho será difícil. E você perderá muitas pessoas de quem gosta nesse caminho.

É a... Carly.

– Caminho? Que caminho?

– O caminho que você trilhará para enfrentar a morte. - Uma voz familiar falou por trás, embora parecesse mais como uma voz cochichando. Como Jimmy e Carly.

Ele se virou.

Era uma figura preta, sem um dos olhos. A roupa que estava sobre essa figura, estava em chamas. O outro olho, que estava fechado, abriu. Derek reconheceria aqueles olhos em qualquer lugar. Era ele, o seu amigo de infância.

Cooper.

– Você terá muitas coisas ainda a fazer, Derek. - Cooper falou. - Ainda não chegou a hora... A hora em que você será banido daquele mundo. Assim como nós. Então vá. Impeça o seu final. Impeça o final dos outros. Só você sabe o que fazer. Porque o jogo já começou, Derek. E está 2 a 0.

Repentinamente, as três figuram sumiram. Uma escuridão completa tomou conta do espaço, e ele viu o mar de sangue se aproximando, violentamente, dele.

Os pés dele haviam se fixado no chão, e ele não poderia sair dali. Então ele somente fechou os olhos, enquanto uma grande onda de sangue o atingia.

...

– Ele está vivo! - Luke falou, caindo para trás, no sofá. - Amém!

Derek sentou-se no chão, onde provavelmente havia caído.

– Pensávamos que tinha morrido. - Sally falou. - Que bom que está aqui.

Ele olhou ao redor.

– Eu preciso terminar de falar com vocês. Duas pessoas já se foram. Eu não sei quem, mas precisamos andar rápido. Muito rápido.


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Notas finais do capítulo

Pra quem não leu minha fic deletada, a tal da homenagem era a cena do mar de sangue. Na fic antiga, Andressa via os quatro sobreviventes que morriam juntos(Bárbara, Matheus, Roberto e João), emergirem do mar de sangue, cada um com pistas da ordem da morte. E de como iriam morrer.
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Eu também coloquei uma baita spoiler aí na trama sobre uma não, mas duas mortes que acontecerão no futuro. Prestem atenção.

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É só isso mesmo. Postem reviews(amo), e leiam. Prometo que não demorarei tanto para postar o próximo capítulo. E quanto as reviews atrasadas, responderei TODAS.



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