Premonição: Diversão Macabra escrita por MV


Capítulo 10
Fogo Cruzado


Notas iniciais do capítulo

ÚLTIMO CAPITULO! Essa foi a fic que eu mais demorei para terminar, quase um ano... Mas finalmente, aqui está o fim de tudo.
Agradeço a todos que acompanharam, e postaram reviews =D Adoro vocês!
Espero que gostem do final de tudo, e POR FAVOR, não me matem pelo final.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/356086/chapter/10

20:30.

Luke e Sally estavam sentados lado a lado numa mesa quase no centro de um grande e antigo salão onde se realizava o baile. O salão estava totalmente decorado por dentro, e pequenas lâmpadas foram colocados sobre cada um dos grandes vitrôs que ficavam na frente do salão, para tentar deixar aquele espaço mais aconchegante. Enquanto Luke conversava com um amigo, Sally mexia os dedos, ansiosa. Aquela festa era diferente de todas as outras, que aconteciam em baladas, ou coisas do tipo. Era uma festa especial, um grande baile de gala, que sempre acontecia quase no meio do ano.

Mesmo após os eventos da boate, onde vários estudantes morreram, e as estranhas circunstâncias que se seguiram, como a misteriosa morte de vários alunos que saíram da boate, e ainda um suposto assassinato dentro do campus, o baile não foi cancelado, fato que foi repudiado por vários alunos, fazendo o baile daquele dia estar meio vazio.

Tanto Luke como Sally não viriam ao baile, mas após uma conversa entre os dois, decidiram por fazer isso, primeiramente para selar o seu namoro de um mês, mas também para celebrar a vitória sobre a morte.

Lisa não tinha vindo. Dissera que não gostaria de ir a uma baile, principalmente depois de tudo o que acontecera. Além disso, todos necessitavam de um par, e Matt não aceitara o convite.

Por falar em Matt, Sally pensava em como o garoto tinha mudado. Apesar de estar mais atencioso, e menos metido, Matt estava muito estranho, parecendo perturbado com tudo aquilo. Quando o assunto "morte" retornava as conversas entre eles, ele logo fazia algo para parar a conversa.

Luke então a chamou, tirando-a dos seus pensamentos.

...

Matt estava sentado no sofá da casa, quando a porta bateu.

É ela.

Matt abriu a porta, e deu um beijo em Lisa.

– E aí, como você tá? - Matt falou.

– Tudo bem. - Lisa falou. - Então, por que você me chamou? - Ela disse, entrando na casa dos garotos.

– Por nada, não posso mais chamar a minha garota? - Matt falou, fechando a porta. - E tem mais, a casa está vazia. O Luke foi naquele baile.

– Eu sei, ele foi com a Sally. - Lisa falou, sentando-se numa poltrona. - Eles iriam comemorar um mês de namoro, ou algo assim. Eu preferi não ir, sabe, faz tão pouco tempo que aconteceu aquilo e...

– Eu sei, Lisa. É por isso eu também não quis ir. - Matt falou, dirigindo-se a cozinha. - Depois daquele acidente, a minha vida nunca mais foi a mesma, mesmo depois de ser salvo...

– Você teve sorte, Matt. Foi o único que não viu ninguém morto. A cena da Carey e do Derek mortos lá na nossa fraternidade. - Lisa balançou a cabeça. - Prefiro nem falar sobre isso.

Matt voltou com um pote de biscoitos, um pouco vazio.

– Quer um biscoito? - Matt falou, enquanto sentava-se na beira da poltrona, e ele mesmo pegava uma.

– Ah, não, muito obrigada.

– Por que, Lisa? - Matt perguntou, surpreso. - Não me diga que aquela ideia de que você está um palito retornou.

– Não, não é isso. - Lisa falou. - Isso está quase sob controle, mas é que eu não quero mesmo.

– Ah, tudo bem. - Matt falou. - Sabe Lisa... Você estava falando que eu não vi nenhuma morte, e eu tenho sorte por isso... Eu tenho sorte, e isso é verdade, mas quanto a ver uma morte, você está mentindo.

Lisa virou a cabeça na direção de Matt, que sorria discretamente.

– O que quer dizer com isso? - Lisa falou. - Pelo o que soube, você não presenciou nenhuma das mortes... A da Carey e do Derek seria impossível afinal você estava lá no memorial... E do garoto mexicano também, afinal, você foi salvo ao mesmo tempo... e a do Tommy, também. Afinal você estava no memorial, então...

Lisa foi interrompida repentinamente por Matt.

– Eu não estava no memorial naquele dia, Lisa.

– Onde você estava então? - Lisa perguntou, descrente.

– Aqui no campus. Aqui nessa casa.

Lisa parecia sofrer um baque, e abaixou a cabeça, enquanto tentava juntar as peças do quebra-cabeça.

– Então se você estava aqui... E o Tommy morreu aqui... E tinha sinais de violência no corpo dele... - Lisa virou a cabeça lentamente para Matt.

Matt agiu rápido. Antes que Lisa pudesse falar qualquer coisa, acertou o pote de biscoitos, que era de vidro, em sua cabeça. A garota caiu desmaiada no chão, enquanto alguns cacos de vidro rolavam pelo chão, e alguns biscoitos também.

– Eu matei o Tommy, Lisa. - Matt falou, impassível.

...

21:00.

Sally estava no banheiro do grande salão onde ocorreria a festa, lavando as mãos. No canto do banheiro, algumas garotas, as quais Sally não conhecia, conversavam.

Todo aquele ambiente lembrara a Sally da boate. A aglomeração de pessoas, o motivo pelos quais eles estavam ali, e agora o banheiro, enfeitado, trazia pequenos arrepios a ela. Balançou a cabeça, e conseguiu ouvir uma coisa que uma garota falava:

"garota em chamas"

Sally virou a cabeça lentamente na direção delas, arrepiada. Então percebeu que elas falavam sobre uma série de livros, que era sensação no momento. Sentiu-se boba por isso, e saía do banheiro, quando ao passar pela frente da cozinha, ao lado do banheiro, sentiu um vento gelado atingir seu rosto, e balançar seus cabelos.

Droga. Preciso avisar o Luke o quanto antes sobre isso.

Mas as luzes apagaram, pois o baile iria começar.

...

Lisa abriu os olhos, arfando. Estava deitada no piso de madeira. Levantou os olhos, e percebeu que estava num quarto. Ela se colocou de pé, e correu na direção da porta, que estava trancada.

Lisa levou a mão á boca, em um ato de desespero. Alguém a trancara ali, e ela não sabia o motivo, porém as suas lembranças voltaram.

Foi ele. Foi o Matt. Aquele cafajeste, filho da puta. Foi ele que matou o Tommy, ele vai me pagar... - Porém aquele pensamento fez Lisa refletir.– Se ele matou o Tommy, e me trancou aqui... Quer dizer que ele vai... Me matar!

Lisa observou o quarto, e observou uma pequena janela. Ela tentou abri-la, e conseguiu empurrar ela para fora, abrindo-a. Olhou ao redor, e percebeu que existia apenas telhado abaixo. Seria duro, mas era a única chance de Lisa escapar.

Quando começou a se impulsionar para fora, ouviu um grito vindo da porta:

– Vai tentar escapar como Tommy fez? Acho que você não seria tão idiota.

Lisa voltou e olhou para Matt, que sorria. Tremendo os dentes, de raiva, falou:

– Seu filho da puta! Você nunca prestou! Tudo isso era armação, não era? E eu pensando que você tinha mudado... E mudou sim! Mudou pra pior! Por que você quer me matar, hein? Me dar um destino terrível assim como fez com o Tommy...

– Lisa... Você nunca entenderia pelo o que estou passando... Tudo isso é para escapar da morte iminente... A cada pessoa que eu mato, mais tempo de vida eu ganho. Daí como você é a próxima da lista, depois de mim, eu deveria te matar. É uma pena. - Matt falou, sorrindo.

– Você vai ser pego. - Lisa falou, mas foi interrompida.

– Não, não vou ser não. A morte vai cumprir a parte dela no pacto...

– Você fez um pacto com a morte, Matt? - Lisa perguntou. - Você está pirado de vez?

– Pode se dizer que sim. Agora, boa sorte, Lisa. A casa está em chamas. - Neste mesmo momento, uma fumaça escura chegou a porta. Lisa então viu que uma pequena chama atingia o teto.

– Boa sorte para nós dois, então. - Lisa falou, enquanto corria na direção de Matt.

And let the stone say

Here lies a girl whose only crutch

Was loving one man just a little too much

If you go before I do

I’m gonna tell the gravedigger he better dig two

There'll be a stone right next to mine

We’ll be together till the end of time

Don’t you go before I do,

I’m gonna tell the gravedigger he better dig two

...

Sally procurava Luke no meio de multidão, que se reunira no salão, prontos para o baile. Olhou para as lâmpadas acima, e uma piscou, soltando algumas faíscas.

Bem longe, conseguiu ver Luke. Saiu correndo, mas então caiu no chão, borrando sua maquiagem. As pessoas ao redor, se viraram, e alguns começaram a rir. Sally se levantou, mas caiu de novo, e percebeu que seu salto havia quebrado.

Ao se levantar no meio da confusão, ela sentiu um vento gelado vindo da direção da porta.

...

Matt segurou Lisa pelo pulso, enquanto a garota gritava:

– Me solta!

Com um movimento rápido, Lisa conseguiu finalmente se soltar de Matt, e correu para longe dele, próxima a porta. Ela olhou para Matt.

– Eu pensei... Que todo esse tempo... - Lisa falou. - Você nunca me amou, não é?

Matt abaixou a cabeça, parecendo sair um pouco do seu estado de insanidade.

– Lisa... Não tive opção.

– Não teve? Como assim não teve?

– É matar você ou eu morro. - Ele levantou a cabeça. - Você não sabe como isso é difícil.

– Sua cara não mostra isso, seu ingrato. - Lisa falou, e ouviu um barulho.

Ambos olharam para cima, enquanto as chamas consumia todo o teto do quarto. Lisa olhou para Matt, e naquela hora, sentiu algo que transpassava toda aquela loucura do namorado. Um olhar sincero, e neste momento, Lisa percebeu que Matt realmente a amava.

Ele falou:

– Vá.

Lisa gritou, enquanto pulava para trás no último momento. Ela conseguiu ver o chão do quarto rachando, enquanto o teto caía sobre o que fora o quarto de Tommy. Não conseguiu ver Matt, não conseguiu falar nada para ele. Nem um adeus. - Lisa pensou.

A fumaça impedia de ver o que tinha acontecido no quarto, mas ela tinha certeza de que Matt estava morto, no meio de todas aquelas telhas e vigas quebradas sobre o chão era impossível alguém estar vivo.

Lisa ficou ali, apenas olhando para os escombros, enquanto a fumaça passava por ela. Ela fechou os olhos, eles ardiam intensamente, fazendo ela derramar lágrimas. Parecia que a morte a obrigava a derramar lágrimas pela morte de Matt.

Neste momento, teve medo. Se a morte havia retornado, e começou por Matt, então era quase óbvio que ela seguiria a lista. E ela era a próxima, e estava no meio de uma casa em chamas.

Respirou fundo e começou a correr.

...

Luke viu a confusão de longe, e se levantou da mesa, tentando ver alguma coisa. No momento em que viu a cabeça de Sally se levantando, ele teve um péssimo pressentimento, e saiu correndo na direção da garota, enquanto empurrava diversas pessoas para o lado.

Ao chegar na garota, percebeu que haviam parado o discurso, e todos olhavam para os dois.

– Luke... Luke... Precisamos ir embora. - Sally falou, baixo.

– Não, Sally. Tá tudo bem.

– Não tá, Luke. - Sally falou.- Ai, meu pé...

– Já foram buscar ajuda. Aguenta firme.

– Garota, você precisa de alguma coisa? Ajuda? - Uma menina, um pouco mais velha que os dois, falou.

– Não, não precisa, obrigado. Já foram buscar ajuda. - Luke falou.

Enquanto os dois conversavam, Sally sentia-se mais assustada. Havia chorado, e sua maquiagem se borrou por inteiro. Parte do seu cabelo estava caída sobre o seu rosto.

Mas tudo o que ouvira desde que chegou ao salão assustara a garota ainda mais, ela tinha a sensação de que a morte estava rondando aquele local.

...

Lisa corria em meio as chamas que se alastravam pelo local. Ao chegar na sala, viu que estava totalmente consumida. Era impossível tentar chegar a porta de entrada, então correu até a cozinha, onde foi até a porta de entrada.

Abre. Abre. Abre.

Não adiantava. A porta da cozinha estava totalmente trancada, e ela não tinha qualquer janela em que ela pudesse quebrar para sair. A janela da cozinha tinha proteção contra arrombamentos.

A fumaça atrapalhava cada vez mais a garota, que ao tentar correr para a sala, bateu no armário da cozinha, e caiu no chão agonizando de dor. Olhou para cima, e conseguiu distinguir as chamas no teto. Sentiu uma dor descomunal, e olhou que seu braço caíra sobre uma chama. Ela gritou, e tentou se levantar, chorando, mas caiu sentada de novo.

Olhou ao redor, e viu que tudo estava sendo consumido, e o fogo atingira toda a casa. Lisa suava, e seu suor se misturava ao seu choro.

Sentiu-se novamente na boate, e imaginou como aquelas pessoas estariam já que sabiam que não havia nenhuma escapatória. Ela se sentia igual elas, sem escapatória.

Então, Lisa caiu desmaiada no chão, enquanto a casa era engolida pelo fogo por inteiro.

...

– Eu acho que um gelo pode ajudar. - O garoto disse. - Mas precisamos levá-la para o hospital. Acho que ela fraturou alguma coisa.

– Peça uma maca, rápido! - Uma professora que estava ali mandou a mesma garota que perguntou momentos antes para Sally se algo doía, pegar alguma maca.

– Vai ficar tudo bem, Sally. - Luke tentava a acalmar.

– Luke, porra! Me escuta! A morte vai voltar!

– Como assim? - Luke falou. - Sally, eu sei que você está meio...

– Caramba, me escuta! Eu vi sinais... ela está aqui e...

– Sally, pra gente morrer, o Matt e a Lisa deveriam estar mortos e...

Neste momento, um aluno da universidade subiu ao palco e falou com o reitor, que discursava anteriormente. Logo depois, ele falou:

– Por conta de um incêndio aqui na nossa universidade, lamentamos dizer que o baile está totalmente cancelado.

Incêndio. Morte. Merda.

Luke correu na direção do garoto, que descia do palco e perguntou:

– Onde é que tá acontecendo esse incêndio?

– É numa fraternidade... não sei, eu acho que é a mesma que aconteceu um assassinato um tempo atrás.

Morte. Merda.

– Ah, valeu. - Luke falou, já correndo na direção de Sally. - Tirem ela daqui, tirem rápido!

– Esse incêndio é lá onde eu estou pensando? – Sally falou assustada, já chorando.

– Na fraternidade. O Matt já deve estar morto, a Lisa não sei...

– Ela falou que... - Sally olhou para Luke. - Ia para lá hoje. O Matt tinha chamado ela. Isso que dizer que...

– Para de pensar nisso, Sally. Pensa sempre no melhor.

Eu não posso acreditar. Faz tanto tempo que isso aconteceu pela última vez, não pode ser verdade.– Luke pensou.– Bem que o Derek tinha falado... Ela sempre volta.

Luke ouviu a distância um estranho som. Parecia um estrondo e ele vinha dos fundos do salão, onde ficava a cozinha. Ele sentiu um arrepio passar pelo seu corpo como se fosse uma descarga elétrica. O teto do salão estava intacto, mas Luke estava desconfiado. O que fora aquele terrível estrondo?

A professora, que se identificou como Katherine, tentava tranquilizar Sally, que chorava, naquele momento.

– Tudo bem, Sally, tá tudo bem. Eu sei que está doendo mas...

– Não é isso... Minha amiga, ela estava lá naquela casa que...

– Está tudo bem com ela, relaxe. Você vai ver, ninguém vai falecer. A notícia virá rápido.

Ninguém vai falecer. Terrível mentira.

Luke ainda estava ali, esperando pela aluna, que viria com a maca. Olhou para o palco, meio desconfiado. Bastou poucos instantes, para sentir o cheiro de algo sendo queimado. Olhou ao redor, e viu que alguns também tinham sentido o mesmo cheiro.

Nesse mesmo momento, a aluna chegou.

– Não tem maca, senhora.

– Ai, mas que universidade vagabunda! Não tem nem maca pra ajudar os alunos. – Katherine olhou rapidamente para o reitor, que conversava despreocupado á sua esquerda. – Bom, vamos ter que levá-la para fora. Assim fica mais fácil de levá-la a algum hospital. Onde é que dói, garota?

– É aqui. – Sally falou, apontando para o local.

Enquanto a professora falava com Sally, Luke ainda estava absorto em seus pensamentos.

Eles precisavam sair dali rápido, ele sabia que tinha algo acontecendo e... – Seus pensamentos foram interrompidos por um grito que viera do outro lado do salão, ecoando:

– FOGO!

E num piscar de olhos, aconteceu. A parede do palco desabou completamente, levando o teto abaixo, enquanto chamas se alastravam. Vários gritos foram abafados repentinamente, enquanto vigas caíam na direção do chão, e muita poeira era levantada.

O reitor não conseguira nem ao menos chegar ao palco. No momento em que escutou o grito, correu na direção do palco, apenas para ser nocauteado por um parede de tijolos que caiu sobre ele, quebrando todos os seus ossos, contra o chão de madeira do palco que desabou. O resto do seu corpo caiu dentro do assoalho, totalmente desmembrado.

O instinto de Luke foi pular contra o chão. Por sorte, Luke, Sally e os outros estavam consideravelmente longe do palco, então conseguiram se salvar. Outras pessoas não tiveram a mesma sorte. Luke conseguiu ver com o canto do olho cenas grotescas de pessoas sendo esmagadas repentinamente, perdendo partes do corpo, ou sendo literalmente queimadas.

Ele levantou os olhos, e olhou para Sally. Ao seu redor, algumas pessoas corriam, e Katherine jazia desmaiada ao lado. Seu rosto sangrava. Os outros dois alunos sumiram em meio a poeira.

– Luke...

Luke ouviu um estrondo, e viu que as chamas se alastravam pelo local. A porta de entrada estava totalmente congestionada. Então, um das alunas que ajudavam Sally apareceu, olhando horrorizada para a professora desmaiada.

– Rápido, pegue ela! - Luke gritou, enquanto pegava os pés de Sally para levantá-la. Sally gritava de dor.

– A porta está cheia de gente, não vai ter como passar por ali e... - O aluno olhou ao redor, e viu que um dos vitrôs não tinha sido destruído, e estava quebrado. - Vamos, por ali! - Ele disse, apontando para o vitrô.

Eles foram andando, enquanto ouviam gritos de todas as partes. Certo momento, ouviu um estrondo, e Sally gritou. Ao olhar para trás, viu que a entrada tinha sido totalmente destruída. As chamas lambiam o teto do salão, e Luke suava. Do outro lado do salão, um pedaço do telhado caiu.

Ao chegar no vitrô, o garoto que ia na frente passou primeiro, com muita dificuldade. Sally foi deixada no chão.

– Me dá a garota! - O garoto falou.

Ele pegou nos braços de Sally, e nesse mesmo momento, Luke conseguiu ouvir um barulho, que vinha de cima deles. Conseguiu olhar para cima, a tempo de ver o teto rachando sobre Sally. Luke percebeu o que a morte ia fazer. Parte do teto cairia sobre Sally, e prenderia Luke no interior do salão, onde ele morreria.

Sally não conseguia ver a rachadura, porém olhou nos olhos de Luke, que transmitiam medo, e apreensão. Ela sentiu um arrepio, e Luke parou de empurrar a garota para fora.

– Vamos cara, o que você tá esperando?

Luke contava os segundos. Sally estava apavorada.

– Luke, vamos!

Três.

Dois.

Um.

Luke empurrou Sally com toda a força que pode para fora do vitrô, enquanto ela caía no chão de pedra. Ouviu um tremor vindo do lado, seguido de uma nuvem de poeira que a cobriu por inteira.

...

26 de maio de 2013.

Sally abriu os olhos lentamente, até se acostumar com a luz do local onde estava. Estava em um ambiente totalmente branco, e então uma figura veio caminhando na sua direção.

– Você acordou, então? - A figura falou.

Sally piscou os olhos e viu que a figura na realidade era uma médica.

– Você teve sorte, me disseram que foi a última a sair daquele salão.

– O que... Aconteceu? - Sally conseguiu falar.

– O salão do campus, você não lembra?

Sally confirmou com a cabeça.

– Então, depois de você conseguir sair pelo vitrô, o salão desabou, você saiu segundos antes de tudo desabar... só que acho que você bateu a cabeça com força, e ficou desarcordada. Quem contou foi um garoto que estava te ajudando e...

– Sei.

Sally levantou os olhos, e viu que sua cabeça estava enfaixada, assim como seu pé.

– Bom, você teve uma fratura no crânio, mas não é nada grave. Já no seu pé... Você sofreu uma torção grave, mas nada que o tempo não resolva... Mais alguns dias e...

– Ele morreu, não morreu?

– De quem você está falando? - A médica falou, olhando para o chão.

– Luke. Meu namorado... Ele morreu tentando me salvar, não foi?

Ela levantou a cabeça, e falou:

– Desculpa falar isso, deve ser duro pra você mas...

– Eu sei, não precisa dizer.

– Infelizmente ele morreu sim. Mas segundo o que você disse, e o garoto também disse, ele morreu no seu lugar. Era pra você morrer e...

– Tudo bem, tudo bem.

– Bom, então, eu vou deixar você sozinha, tá? Qualquer coisa é só pedir para algum enfermeiro me chamar... - Ela disse, fechando a porta do quarto.

Sally recostou a cabeça no travesseiro do hospital, e lembrou-se do dia em que ela disse que morreria no lugar de Luke se fosse preciso. E agora, ele acabara de fazer o mesmo, e salvar a garota da morte.

E ela tinha certeza de que finalmente estava salva.

...

24 de setembro de 2013.

Sally caminhava pelo centro da cidade, sozinha. Enquanto as pessoas passavam apressadas, Sally caminhava lentamente.

Depois que enfrentara a morte de frente, sua percepção do mundo havia mudado. As pessoas corriam com tanta pressa, para chegar nos lugares a tempo, e perdiam o tempo fazendo coisas que considerava inúteis, e não aproveitavam a vida que tinham. Todos poderiam morrer naquele exato momento, sem aviso prévio, e eles teriam morrido sem aproveitar nada da vida.

A vida era uma caixa de surpresas, ou como Sally pensava, a vida de todos era como um livro que você está lendo pela primeira vez. Você não sabe o que vai acontecer na página seguinte. Pode ser uma vitória sua, uma derrota sua, uma alegria momentânea, uma tristeza eterna, uma notícia boa, ou a sua própria morte. Quantas pessoas por aí não ficavam meses internadas e saíam dessa situação? Ou quantas pessoas aparentemente sadias não perdiam a vida repentinamente em acidentes de carro, por exemplo?

Sally estava disposta a aproveitar a vida que Luke lhe dera. E agora, sem o perigo da morte caminhar junto com ela. Estava disposta a aproveitar a vida de Lisa, a vida de Carey, a vida de Derek, de Tommy, de Matt, de todos os que sucumbiram ao maior castigo da vida deles: nunca mais viver.

Sally parou repentinamente, na frente de um local que ela conhecia muito bem. O terreno baldio onde ficava a 13th Number. O local onde todo aquele pesadelo começara. O local estava fechado com uma grade, mas sempre estava repleto de flores e cartazes pedindo justiça pelas vítimas.

Sally ainda era uma pessoa anônima, mas ela se sentia triste, e ao mesmo tempo, feliz. Agora ela era a única sobrevivente do incidente da boate. Não pode conter uma lágrima de descer pelo seu rosto. Rapidamente a enxugou, e continuou andando em olhar para trás, enquanto sentia um vento gelado bagunçar os seus cabelos.

Ao seu lado, uma pessoa de capuz passou. Era impossível ver o rosto e praticamente qualquer parte do corpo daquele pessoa, já que ela usava uma estranha túnica preta com capuz. Sally parou e continuou olhando aquela figura até a mesma entrar numa catedral antiga que ficava nas proximidades.

...

O padre Ernest estava andando na frente do altar secular da igreja. Uma grande e imponente estátua de Cristo crucificado ficava pendurada sobre o altar.

Ernest olhou para a frente da catedral secular, e viu o grande órgão que ficava sobre a entrada. Então observou a figura entrando na igreja. Ele desceu até ela e falou:

– E então, como foi o passeio? Ocorreu tudo bem?

Ela confirmou com a cabeça.

– Black, você não pode ficar se escondendo pra sempre. Tem que enfrentar a realidade...

– Eu não quero, padre. Eu... Sou uma aberração, todo mundo ficaria olhando e...

– Naturalmente, Black. Mas agora você tem que tentar se recuperar. Eu posso te ajudar e...

– Você já está me ajudando, padre. Até demais, me oferecendo aquela casinha nos fundos do terreno da igreja.

– Eu quero te ajudar mais, meu filho. Venha, vamos até o confessionário para conversarmos.

– Não vai dar, padre. Você sabe como eu sou, sabe o que eu sinto e...

– Não vai dar se você não quiser. - Ernest disse serenamente. - Vamos filho, tire esse capuz, você já está em segurança aqui no confessionário. Ninguém vai entrar aqui...

– Ela.

– Ela está aqui? - Ernest perguntou.

– Está. Ela está em todo lugar...

– Eu sei que não deveria me meter na sua vida, Black, porém quem é Ela?

Ernest percebeu que as mãos deformadas de Black tremiam.

– Padre, Ela é Lisa. Elisa Perkins, a namorada de Matthew Lardon.

– E quem é esse Matthew? - Ernest perguntou.

Black tirou o capuz, revelando sua face deformada por queimaduras, sua boca esticada, e pequenos tufos de cabelo saindo de sua cabeça, ele olhou fixamente para o padre.

– Sou eu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bom, Diversão Macabra "termina" por aqui.
A música tocada foi: Better Dig Two - The Band Perry.
Espero que tenham gostado(ou não) do final. Vou explicar algumas coisas que talvez não puderam ser entendidas:
A "garota em chamas" em que as meninas se referem não é Sally, e sim Lisa. Isso foi uma pista a morte dela.
O final de Matt estava programado desde o começo, e pra quem não entendeu: Matt sobreviveu a queda, apesar de ter o corpo quase todo queimado. Mas por que ele sobreviveu? Matt havia matado Tommy, e tentado matar Lisa, mas lembrem-se de que a morte prometeu dar mais tempo de vida a ele? É isso que aconteceu. Matt foi "excluído" da lista pela ceifadora. Mas tudo tem um preço, e agora Matt vive no sofrimento.
Outra coisa, foi que o final foi baseado no início. Ou seja, tudo começou com o incêndio no boate e tudo terminou com o incêndio no salão/fraternidade. Como se fosse um ciclo, tudo acabou da mesma forma que começou. Inclusive deem uma olhada nos nomes dos capítulos: O cap.1 chama-se Vidas Cruzadas e este Fogo Cruzado.
Na versão original, tivemos uma pequena diferença. Kristy e Molly fariam uma participação especial no capítulo, pois na realidade Derek ainda estaria vivo. Ele que desmascaria Matt e tentaria salvar Lisa, porém não teria sucesso. Esse final foi mudado, porque eu achei que ficaria extremamente clichê Derek enfrentar pela quarta vez a mesma situação e sair vivo. Por isso matei ele no capítulo 8(a cena do capítulo 8 continuaria existindo porém Derek ia sair vivo DE NOVO).
Bom, como venho anunciando, postarei a quinta e penúltima fic em breve. Uma coisa eu prometo: O protagonista da próxima fic será bem melhor que Luke(tanto que Matt/Lisa/Tommy/Carey tiveram mais destaque que ele).
Pra terminar, duas homenagens. A primeira foi para Carrie. O incêndio do salão foi levemente baseado no filme. A segunda para Jogos Vorazes, eu acho que está bem óbvio onde está a homenagem, né? =P
Acho que é isso. Não sei se já postei, porém se já postei, vai de novo:
Personagens de Premonição - Catedral:
http://marcioviniciusfanfictions.blogspot.com.br/2013/10/personagens-de-premonicao-catedral.html
Até a próxima!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Premonição: Diversão Macabra" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.