A Ilha De Circe: Fênix escrita por Daughter of Apollo


Capítulo 7
Ligação


Notas iniciais do capítulo

Oooooi Pessoas! Aproveitem o capítulo!



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Ariella

– Maldita luz do sol – escutei uma voz masculina murmurar perto de mim, mas não dei ouvidos. Realmente, a iluminação incomodava e meus olhos começaram involuntariamente a se abrir.

Primeiramente, vi a copa de grandes árvores estenderem-se acima da minha cabeça. Só não compreendia por que doía tanto. Será que havia morrido?

Não, não devia de ser isso. A morte seria menos dolorosa.

Lentamente, deixei que a consciência me banhasse e eu ganhasse noção do que me cercava. Notei muito mato por ali e que eu me encontrava deitada no chão frio.

Havia alguém comigo.

Com relutância, virei meu corpo para o lado. Os olhos negros dele fitavam-me. Distanciava-se apenas poucos passos de mim. Quem sabe acordara recentemente também.

Ambos gritamos.

Pus-me de pé em um rompante, e isso devia tê-lo assustado. O homem ergueu-se. Desta vez, porém, eu tinha certeza que não tratava-se de nenhuma espécie de visão.

Nós nos encarávamos incertos no que fazer. Busquei, calmamente, as minhas adagas que deveriam permanecer embainhadas à minha cintura e, nervosa, nada encontrei. Tártaro.

Minhas vestimentas mudaram. No momento, eu trajava uma túnica persa que ajustava-se ao meu corpo e caía logo abaixo da minha cintura. A sensação das calças justas, as botas longas e as mangas leves não me eram estranhas, uma vez que utilizávamos, de vez em quando, esses tipos de roupagem.

O tecido verde claro fazia-me parecer a uma ninfa das árvores. O fato de meus cabelos estarem trançados também contribuía para isso. Apesar de não ser hora para prestar atenção na aparência.

A armadura do homem fora trocada por uma vestimenta semelhante a minha. Um cinto de couro, um casaco e a cor branca diferenciavam um pouco.

Os trajes persas usualmente eram adornados com muitos detalhes em ouro, prata, jóias e arabescos.

Os nossos mostravam-se mais simples, como as que fazíamos uso na Ilha, e facilitavam os movimentos do corpo.

As mãos dele abaixaram-se ligeiramente. Procurando a espada, percebi. Nossos músculos retesaram-se. Fitávamos um ao outro para saber quem faria o primeiro movimento.

Obviamente, o homem foi igualmente privado de seu armamento. Seu rosto se contorceu em uma máscara de raiva ao constatar isso.

Eu pesava as possibilidades da luta corporal. Não eram nada boas para mim. Eu era leve e magra, então não me elegia para um adversário claramente mais forte e de maior peso.

Porém, com um pouco de sorte, talvez eu vencesse.

Um segundo... Dois... Três... Quatro... Cinco...

O tempo transcorria sem que movêssemos um dedo. Suas faces tornaram-se serenas, e ele fez a primeira investida.

O soldado rapidamente cobriu a pouca distância entre nós com o punho mirando o meu rosto.

Desviei para o lado, mas senti uma dor forte no estômago onde ele acertara o soco. Ofeguei e dobrei-me sobre mim mesma, pensando que agora ele iria dar uma cessão de outros golpes com a minha visível falha.

No entanto, ele não o fez.

Olhos Negros recuou como se ele mesmo houvesse sido socado. Ouvi seu gemido alto, não compreendendo direito o por que.

Endireitei-me. Algo muito errado acontecia ali.

Então, eu vi, em sua mão esquerda, a marca dourada de uma estrela brilhar levemente enquanto ele se erguia.

Não pode ser, pensei. Aquilo é muito ruim. Ruim não, péssimo.

– Isto é obra sua, bruxa? –Cuspiu ele, com raiva – Eu deveria saber que usaria seus truques. Não sabe lutar sem eles, não é?

Não retruquei. Mesmo assim, ele errou.

Ergui minha própria mão esquerda e a visualizei. Nada diferente, de início. Apenas uns instantes depois, o espaço na base do meu polegar reluziu, bem entre este dedo e o indicador, surgiu o símbolo da estrela.

O homem me olhava irado, indeciso se agredia-me novamente ou não. Devia pensar em como me derrotar sendo que eu supostamente fiz um feitiço que o machucaria ao mesmo tempo que a mim. Apontei lentamente a mão com a tatuagem.

– Não fui eu a culpada. Foi isto.

Ele acompanhou meu olhar até onde eu lhe mostrava e seu rosto tornou-se confuso, para logo depois ficar com raiva novamente.

– O que é isto? – Questionou-me rispidamente.

– É uma Ligação - Mudei minha fala para algo menos formal, que usava na Ilha - Sente dor que sinto porque agora está ligado a mim. – Expliquei levemente, pois minha cabeça dava excessivas voltas para entender outras coisas.

– E o que isto significa? – Perguntou ainda impaciente.

– Significa – disse eu – Que nossas vidas estão entrelaçadas. Se você me machucar, vai sentir dor também. E vice-verça.

– Então... Se um de nós morrer...

– Sim. O outro morre – Completei.

O estranho som de sua voz causou-me arrepios. Uma voz poderosa, no momento em que enfrentei sua ira. Olhos Negros era um oficial. Alguém do comando.

– Foi você quem fez isso, não é? - Sua súbita mudança me surpreendeu e me tirou do limbo de pensamentos. – Para que eu não pudesse matá-la.

– Não foi eu quem nos uniu, soldado – repliquei, sem saber por que dava satisfações – Você mesmo sabe disso.

O homem relutou em admitir. Só então, depois de poucos instantes, assentiu com a cabeça, como se aceitasse os fatos.

– Há alguma forma de removê-la? Não me agrada estar unido a uma feiticeira.

– Também não desejo a sua companhia. Mas não, pelo menos por enquanto, não pode ser retirada. É uma ligação forte demais – E eu estou sem meu colar, acrescentei comigo mesma – Porém, se acharmos quem a fez, poderemos retirá-la. Esta não é permanente.

– Eu terei de andar contigo? – Elevou a voz, indignado. Isto acendeu minha irritação. Por acaso não enxergava

– Escuta aqui – exaltei-me – Se não percebeu, idiota,há forças maiores manifestando-se aqui. Se é ruim para você andar comigo, é muito pior para mim. Mas precisa entender que, enquanto permanecermos marcados, não poderemos nos separar, pois o enlace nos impede. É melhor aceitar o fato e parar de choramingar!

O soldado recuou como se eu houvesse lhe esbofeteado. Ele era um líder e, com certeza, acostumado a dar ordens e não ser desrespeitado.

– Não levantes a voz para mim! – Bradou cada sentença, pairando sobre mim. Por um memento intimidei-me por sua fúria. No entanto, o momento passou.

– Posso gritar sim, se estiver com vontade – respondi-lhe. Isto não dará certo, pensei Se continuarmos a brigar. Vi que ele respirava fundo e trincava os dentes – Certo, certo. É melhor agirmos.

– E o que sugere que façamos?

– Está claro que precisamos seguir caminho e recuperar as armas que nos foram tiradas. Depois, veremos o que nos acontece.

– Isso é um acordo? Uma trégua? Seremos, por acaso, aliados?

– Ao que parece, é isso mesmo.

Olhos Negros bufou em desagrado.

– Tudo bem – cedeu – Mesmo assim, quando isso acabar, ainda tentarei matá-la e toda a sua raça de bruxas.

Sorri com ironia enquanto estendia a mão para selarmos o acordo.

– Não se preocupe. Farei o mesmo.

Ele apertou minha mão com força, olhando nos meus olhos. O ato durou mais tempo do que deveria, em nossa análise minuciosa um do outro.

Questionei-me sobre o que aconteceu no Partenon. Aiden havia invocado os mortos – não sei como e também não importa no momento – depois a explosão e todos sumiram.

Estariam eles bem? Teriam sido enviados a outros lugares?

Por que aquele deus fez isso? Não havia melhor forma de interferir?

Será que está guerra á maior do que imaginamos?

Quando finalmente nos separamos, ele perguntou:

– Afinal, a feiticeira possui um nome?

– Ariella. E como você se chama?

– Leecher.

Assenti. Um nome forte, soava bem.

– Muito bem, Ariella – anunciou em sua voz poderosa – Melhor irmos em frente. Tenho a sensação de que a jornada ainda será longa e eu quero me livrar de ti o quanto antes.


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Notas finais do capítulo

Não se esqueçam do review para deixar uma autora feliz! Valew! Beijos



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