A Ilha De Circe: Fênix escrita por Daughter of Apollo


Capítulo 4
Assalto a Atenas Parte I


Notas iniciais do capítulo

Bem gente, enjoy



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Dreah

A partida fora tão dramática! Não entendo o motivo de tanta lamentação e dizeres de coragem. Não existe a possibilidade de morrermos, sinceramente! Nós – eu, Fênix e Aurora ao menos – já lutamos contra deuses. Que mortal ridículo tentaria nos enfrentar? Desprezível ideia. Mas, como eu, mesmo não aparentando, tenho um lado realista, também temia por meus irmãos.

Ariella já se vestia quando eu acordara. Estranho. Depois arranco dela o que andou fazendo, sei que ela foge do dormitório de noite.

No palácio de Circe, onde morávamos, havia várias belezas. Tapeçarias, esculturas, ouro, prata, pedras preciosas...

Que preguiça. Queria tomar um banho para fazer passar...

As piscinas da área de banhos eram uma verdadeira luxuria, a meu ver. O aqueduto levava água dos rios até lá. Colunas sustentavam parte do teto, e no meio dele uma claraboia deixava entrar a luz do sol. Nos arredores foram dispostos divãs com almofadas de cetim e seda.

Obviamente, tudo sempre fora ornamentado e trabalhado por nós. Não existiam – nem jamais existiria – escravos aqui.

Luz, amplidão, espaços abertos, variedade de cores. Poderia descrever o lugar deste modo. Tudo aqui transpirava liberdade. Era preciso sentir a energia passando por todo o seu corpo para praticar magia.

Quando estava próxima de entrar no barco que nos esperava, avisto uma garota pequenina e loira com olhar temeroso por nós. Ah, por favor!

Tenho consciência que não sou a pessoa mais compreensiva ou estabilizada do mundo, mas isso é um exagero.

– Tenham cuidado e fiquem alertas. – Avisou-nos Circe.

Valentine, um mulher de madeixas ruivas, aparentando vinte anos, assentiu com a cabeça, pegou seu arco e entra na tirreme.

Kyros, irmão gêmeo de Valentine, já encontrava-se dentro do barco. Embora gêmeo dela ele parece, ás vezes, alguns anos mais velho.

Aiden esperava ao lado de Caeliora. Bia – cujos cabelos eram um pouco alaranjados, o rosto delicado e diminuto, o corpo ainda mais e os olhos verdes como certos lugares do oceano, beijava a face de uma mulher e também seguia para o barco.

Depois de todos já haverem adentrado a embarcação, sobravam apenas eu e minhas irmãs. Olhamos ao mesmo tempo o porto apinhado de outras pessoas e a praia. Todos ali para nos desejar coragem e sucesso. Não havia incerteza de que conseguiríamos. Ao menos de minha parte.

Simultaneamente, saudamos nossa deusa e demos as costas á nossa ilha. Ariella inexpressiva – como sempre -, Caeliora séria e eu indiferente. Quanta emoção, estou a ponto de chorar!

Mentira. Não estou.

A tirreme não tardou a se movimentar. Partíamos em uma missão importante, vidas dependiam de nós. Eu estava ansiosa. Ansiosa para chegar, para acabar com aquilo.

Escondemos as armas que não poderíamos carregar conosco dentro de um compartimento secreto para não levantar suspeitas.

Tirando proveito que todos estavam num andar acima do meu, discretamente sentei-me no chão de madeira do pequeno local escuro que utilizamos como arsenal.

Não há luz no compartimento, e tampouco se faz necessário. Toco o lindo – lindo mesmo – Amuleto no meu pescoço, que há tanto tempo eu o sentia pesar, mas agora ele fazia parte de mim.

Uma miniatura de um machado de guerra, forjado em prata, ao redor dele a forma de um floco de neve, ligeiramente mais claro que a forma da arma.

Desde quando eu o tenho? Na verdade, não me recordo de tê-lo ganho. Eu sempre o mantive comigo.

Nunca conheci meu pai ou minha mãe. A solidão era presente em minha vida até meus quatro anos. A época em que encontrei Ari, e que recebemos a ajuda de Valentine. A Ruiva Senhora da Arrogância. Não que eu fosse modesta.

Fora ela quem nos ajudara quando nós estávamos perdidas.

Agora concentrávamos em uma única coisa: Vencer.

Perguntava-me quem seria o comandante inimigo. Deveria ser um louco sedento pelo poder e assassino, assim como seus soldados. Um bando de homens sanguinários e medíocres. Que iríamos matar.

Ariella. Caeliora. Kyros. Aiden. Valentine. Bia. Cedar. Kaled. Péricles.E eu.

Dez pessoas que realizariam esta missão. Não queríamos um exército, preferíamos que tudo se desenrolasse no anonimato.

Mas eu e minhas irmãs sabíamos que não seria totalmente como desejávamos. Ou, melhor dizendo, desejavam.

O amuleto reluziu mais em minhas mãos, perigoso.

Sentíamos em nossas veias, nossos corações.

Além do enfrentamento, acontecimentos diferentes estavam perto de chegar. Pois não é a primeira vez que pressentíamos tal sensação. E o reencontro, com certeza, deixará suas marcas.

Não éramos – nós três – neste momento, movidas apenas pela necessidade de salvar vidas.

Uma força fatal nos guiava. A vingança.

Aiden

Não demoraria muito para que chegássemos a Atenas. Não com estes barcos

Ainda me lembro da primeira vez que os vira na Ilha.

Estranhos. No mínimo, bizarros. Os remos moviam-se sozinhos, sem ninguém para puxá-los. Era magia demais para um garoto iniciante absorver.

Eu olhava, da amurada, as pequenas marolas baterem contra o casco da nau. De repente, a garota, Bia, aproximou-se de onde estou para verificar os escudos. Em denominado momento, nossos olhares se cruzaram. Os dela eram de um lindo verde. Bia rapidamente desviou o rosto e suas bochechas ficaram rubras, despertando em mim um desejo de tocá-las.

Como? Ridículo esse desejo.

Bia, até onde eu a conhecia, era curandeira e ilusionista.

– Aiden – chamou ela antes de ir – Não esquece do teu armamento.

Eu apenas concordei. Vi Caeliora vindo para perto de nós. Parecia irrequieta até que visualizou algo no céu e sorriu. Ariella, que chegava por trás dela, viu a mesma coisa que a garota, esboçando a mesma reação.

– Fênix – diz Caeliora. Eu já ouvira ela e Dreah chamarem Ariella assim, mas não importara-me com isso.

Curioso, procurei com os olhos o que elas viam, e aquilo realmente era uma Fênix. A ave de rapina com penas vermelhas e douradas e parecida com uma águia. Será mesmo que a estamos vendo? Esse tipo de pássaro é raro.

– Está vendo, Aiden, é um bom sinal – disse a garota dirigindo-se a mim – Significa que não haverá empate a próxima vez que lutar contigo.

– Mas pode ser que a sorte esteja do meu lado – digo, desafiando Ariella. Eu mantinha uma boa amizade com a garota, mesmo ás vezes ela mantendo distância das pessoas. Parecia querer esconder certas coisas.

Ela não era a única. Havia fatos que eu preferia não revelar, certo de que aquilo já me rendera muita dor de cabeça. E não me deixariam vir se soubessem. Ou mesmo confiariam em mim.

A Ilha de Circe fora uma grande descoberta. Eu não queria perder minha chance.

Eu sempre achara que aqui viviam feiticeiras – e essa era a única parte certa do que eu pensava – que transformavam os homens em animais quando os pobres caiam na desgraça de chagar à sua Ilha.

Nas lendas, Circe era uma louca.

Entretanto, eu não gosto de julgamentos precipitados. Já os enfrentara, então aprendi a não confiar no que os outros dizem. Nada é o que parece.

As duas meninas riram mais uma vez e se afastaram.

Logo, Kyros aproximou-se de mim e nós conversamos sobre qualquer assunto durante a viagem. Nós éramos muito amigos, junto com Cedal – ele tinha a mesma idade que eu, cabelos loiros revoltados, olhos cor de mel e expressão arrogante a maior parte do tempo. Nunca perdia qualquer espécie de briga.

– Soldados – disse uma voz séria atrás de nós. Viramo-nos e acabamos encontrando Valentine – Para os seus postos agora. – ela ordenou e todos obedeceram. – Ariella, Bia, Caeliora e Dreah, dirijam-se lá para dentro. Estamos quase chegando ao porto de Atenas, precisamos manter a discrição.

Pegamos nossas armas enquanto as garotas escondiam as delas e também fechavam o fundo falso no compartimento do navio.

Haveria soldados fiscalizando os navios do porto, não poderíamos nos arriscar, agiríamos como se fôssemos uma família de Aristocratas retornando a sua pátria por causa da guerra para auxílio a outros parentes.

Pulando a parte em que desembarcamos – não aconteceu nada interessante mesmo – Ariella nos falava das pedras especiais que teríamos que pegar, ao mesmo tempo em que caminhávamos rumo ao nosso destino.

– São três amuletos encantados que foram forjados há tempos atrás pela deusa Hécate. Um deles está aqui, em Atenas, de posse de uma mulher que já morara na Ilha, a qual encontraremos hoje à noite. Não devemos tocá-los, ou morreríamos por causa de sua energia.

– Qual exatamente os poderes do amuletos? – Perguntei, enquanto ela olhava distraidamente a cidade sombria. Eu nunca havia visitado este lugar, e ele me pareceu um tanto vazio, poucas algumas pessoas andando apressadamente aqui e ali – Ainda não compreendi esta parte.

– Eles podem te dar muito poder, como, por exemplo, de controlar outros elementos, ter influência sobre a mente das pessoas, criar desastres, trazer sorte ou azar... Ligam-se a Mente, Corpo e Alma. É preciso alguém com sangue divino para manuseá-los. Hécate nos auxiliará na busca, então, quando chegar a hora, as pedras darão a ela o que é necessário para que o poder dela seja maior do que o seu oponente.

– Então, necessariamente, estamos em menor força que eles. – Deduzi.

– Sim – ela assentiu de modo sombrio. – Contudo, não são todas as guerras que resolvem-se puramente por força bruta.

– Embora isso ajude muito – replicou Cedal.

– Sem dúvida. – concorda Dreah.

Chegamos a uma casa de pedras onde estaríamos instalados por algumas horas. Ela se localiza nos arredores da cidade, no meio da floresta. Iremos nos preparar aqui para nos infiltrarmos.

Haverá uma grande reunião de pessoas na Acrópole, principalmente de mulheres e sacerdotes queimando oferendas para deusa Atenas, pedindo auxilio na guerra. Ali encontraremos a mulher que está com a pedra. A multidão será perfeita para nos disfarçar.

Acho que algo acabará errado.

Ariella analisou o local minuciosamente antes de entrar. Seu olhar era distante... Como se recordasse algo.

Não sei o que é.

Matamos o tempo lá dentro fazendo planos. Quando a noite se fez presente, trocamos nossas vestimentas por outras mais ricas. Melhor dizendo, Valentine e seu irmão, Dreah, Caeliora e Ariella fizeram isto. Caeliora se passará por noiva de Kyros – deu isso quando tiramos a sorte. Ela não gostou – O restante, apenas nos se preparou para nos arredores vigiando qualquer infortúnio que aparecesse.

Depois de pegar as armas, saímos da casa em formação. Eu estava animado, não entendia bem o motivo. Eu queria muito entrar em uma batalha.

– Certo – bradou Valentine – É hora do espetáculo. Sigam o plano e não estraguem tudo.


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Notas finais do capítulo

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