A Ilha De Circe: Fênix escrita por Daughter of Apollo


Capítulo 12
Círculo de Fogo


Notas iniciais do capítulo

OOOOOI OOOOOOIIcomo vão vocês? Eu estou meio ocupada, e mais o meu presente bloqueio e asco em escrever no computador resultaram em meu atraso. Eu sei, eu sei, desculpa. Perdoem-me, eu não fiz de propósito. Estou aqui postando quando deveria estar estudando pra prova.Bem, eu gostei deste, e acho que as garotas que esperam algo entre o Leecher e a Fênix também. Obrigada a Little Sheep, AAJ e Júlio Oliveira por comentarem, este capítulo dedico a vocês, e em especial a Little Sheep, que me incentivou a escrever. Obrigada. Música do Capítulo: Try, da Pink. Vou colocá-la mais abaixo. Aproveitem, foi de coração.



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Ariella

Primeiramente, senti as pontas dos meus dedos tatearem algo macio. Ainda não alcançara o estado de consciência. Lentamente meu corpo acordava músculo por músculo e eu finalmente consegui abrir os olhos.

Desperta.

O leve ruído de grilos ao lado de fora denunciou que já era noite. Não demorei a lembrar onde estava, mas fiquei desconfortável ao pensar em minha atual companhia. Mesmo sabendo ser impossível, não pude evitar imaginar que ele saíra enquanto eu dormia.

A pequena lâmpada a azeite produzia a única luz no recinto de medidas reduzidas. Ergui-me devagar, tensa, como uma criança que ouve sons durante a noite e teme que sejam monstros. O que é até possível, mas o que deixava-me assim era o soldado.

Vi alguns tecidos dentro de uma pequena arca de madeira coberta de pó. Facas de cortar couro jaziam atiradas ali ao lado, sem uso. Recolhi uma calça grande demais para mim e uma túnica. Após isso, mergulhei um pano em uma vasilha com água do canto do quarto e limpei a maior parte do sangue e suor. Utilizei as lâminas para ajustar o comprimento da calça e troquei as vestes verdes – antes lindas, agora trapos – por aquelas brancas.

Algo se moveu atrás de mim.

O ato de tornar meu corpo para a coisa foi tão rápido que ela se assustou. Era o coelhinho branco que estava em cima das peles de carneiro que serviam para dormir.

Ele estivera ali o tempo todo?

Aproveitei a travessa de água e retirei a fuligem de seus pelos claros. O bichinho não reagiu quando abracei-o em meu colo e, logo que terminado o serviço, desci as escadas com ele rodeando meus pés descalços.

(http://letras.mus.br/pink/try/traducao.html)

Leecher encontrava-se sentado diante da lareira com uma expressão séria. Seus olhos negros refletiam o fogo como carvão em brasa. Um joelho permanecia dobrado com um braço preguiçosamente jogado por cima dele, enquanto a outra perna esticava-se em direção às chamas.

Estando próxima o bastante para ele me ouvir, Leecher virou-se tenso para mim, como se eu o tivesse assustado. Ele recompôs-se e torceu o nariz ao perceber a bola de pelos brancos junto de meus pés.

Sentei-me também próxima à lareira, um passo de distância dele. Leecher encarou o fogo crepitando e ficou assim. O silêncio durou um tempo indeterminado, apenas os estalos das chamas e os sons da noite para preenchiam o vazio. Não era ruim. De certa forma, eu me acostumara a horas de silêncio. E, excluindo as preocupações, desconfianças, imprudências, tensões e olhares estranhos e especulativos, era agradável estar quieta ao lado de Leecher. Mesmo que nós claramente buscássemos coisas diferentes, e lutaríamos um contra o outro quando a chance nos fosse dada, aquele momento, observando os reflexos vermelhos nos olhos negros dele e a textura de seus longos cabelos pretos, foi uma experiência nova para mim.

– O fogo está morrendo – declarou ele, quebrando o silêncio – Eu tentei recolher mais lenha ao redor da casa, mas esta maldita magia não permitiu. É melhor irmos juntos. O fogo afasta os lobos.

– Sim, vamos – respondi-lhe, levantando-me em seguida. – Não me lembro de ter visto árvores além da orla da floresta – comentei.

– Não me admira – ele retrucou e brindou-me com um sorriso sarcástico – Mas há sim, poucas, nos fundos desta residência. Então a uma boa distância, porém são necessárias.

Leecher ergueu-se e saiu na frente, deixando a casa para trás sem dirigir-me um olhar para certificar-se de que eu o seguia. Ou seus ouvidos eram muito eficientes, ou ele era um idiota descuidado. Eu preferi deliciar-me com a segunda opção.

A grama macia acariciou-me os pés, eu nem havia percebido que Leecher trocara suas vestes. Estava coberto de preto, como um corvo, ou talvez um deus perdido da morte. A cor destoava sua pele ligeiramente bronzeada. Por que era mais clara que a dos outros soldados? Eles normalmente mostravam pele azeitonada pelas longas horas passadas a sol. Teria Leecher vivido em locais onde a chuva prevalecia? Ou gastara mais tempo em barracas e salas de comandantes, planejando? Será que ele próprio seria um líder importante? Quem sabe sim, pela maneira como se comportara na noite em que ele e seus soldados atacaram Atenas.

Transcorreram-se no máximo um dia ou dois, no entanto parecia-me um acontecimento cada vez mais distante, agora que me perdia em qualquer lugar com um inimigo qualquer.

Eu ainda ouvia os gritos de guerra de Dreah, Bia corajosamente criando ilusões, e Aurora carregando uma espada. Tive a impressão que podia estremecer novamente com o gemido do corpo morto que recebeu uma flechada em meu lugar, mas estas imagens, lembranças, já se distanciavam quando tentava tocá-las.

– Está demorando por quê? – Perguntou Leecher, arrancando minha mente dos devaneios. Seu tom feroz baixara, e agora estava incrivelmente calmo. Não amigável, calmo, apenas.

– Não o interessa em nada – repliquei e o ultrapassei bruscamente.

Leecher quis brigar, eu percebi em seu olhar, porém logo controlou-se e andou na direção dos fundos da casa.

Involuntariamente, meus dedos acariciaram o espaço entre o polegar e o dedo médio de minha mão esquerda, assim contemplando a marca da estrela aparecer. Era uma conexão forte, embora não a mais forte. Existia a de prata – que vinha antes desta – e a que era usada, geralmente, entre irmãos, nem de longe causando a morte de um deles pela morte de outro.

Leecher e eu caminhamos em completo silêncio. Eu conseguia escutar cada ruído que o vento provocava, na ausência dos demais animas. Algumas corujas, insetos e o meu atual coelho eram tudo que sobrara.

O feitiço que realizara antes de partir da Ilha, que permitia aos meus olhos enxergarem melhor no escuro, já se dissipara, mas eu sempre desfrutei de boa visão.

O soldado parou, eu percebi tardiamente que havíamos chegado. Três macieiras resistiam corajosas bem próximas da borda da floresta enfeitiçada, quase como se lutassem para sobreviver, os últimos soldados no campo de batalha.

Os frutos não eram tão bonitos e maduros quanto aqueles que encontramos na parte ainda saudável do bosque.

Foi um acordo mudo. Leecher olhara em meus olhos, só um rápido vislumbre do abismo, e eu entendera tudo. Ele abaixou-se e começou a cortar alguns galhos e raízes com a faca enquanto eu subia a macieira.

Os frutos bons reuniam-se tão no alto que causaria isso vertigem em pessoas mais sensíveis, porém eu tanto escalara lugares altos que não mais me amedrontava.

Meus pés se apoiaram em ramos finos, distribuí o peso por vários deles e comecei a colher as frutas.

Talvez, meses atrás, aquilo teria sido um grande campo de trigo, e as macieiras, ainda mais antigas, resquícios de um pomar.

Leecher reclamou lá embaixo e eu silenciei meus pensamentos, sendo saudada por sua tensão. Uma pequena bola de pelos brancos escondeu-se entre as raízes da árvore e eu soube que havia algo errado.

Sem pensar, desci poucos galhos raquíticos até a parte mais firme, estes enroscavam-se e arranhavam minha pele. Estando bem amparada, saltei para o chão e toquei-o com leveza.

Leecher mal olhou para mim.

O uivo cortou a noite.

Meu coração parou abruptamente, o ar faltou em meus pulmões. Meus olhos se arregalaram, eu paralisei, corroída e preenchida lentamente pelo medo gélido que o som proporcionava.

Os lobos voltaram.

– Precisamos de fogo! – Sussurrou Leecher desesperadamente – Só o fogo os afastará. A faca não adiantará. Você sabe fazer isso!

Estendi minhas mãos para os gravetos secos no chão, senti meu sangue correr lentamente, como lava derretida, através das minhas veias. No entanto, nada aconteceu.

– Não consigo desta vez! – Murmurei, entorpecida – Não quer funcionar!

– Como não consegue? Você precisa tentar!

Evoquei o poder de novo, forcei, sem resultados.

– Nunca tive controle sobre isso – Confessei – Ou explodia ou nada ocorria. Não sei como se dá.

A frustração encobriu meu medo, pesada e aterradora. As raras ocasiões em que o fogo dançava em minhas mãos, dançava para mim, sob minhas ordens, eram quando bebia as poções de ouro líquido de Pólux, que naqueles momentos treinava junto comigo.

O fogo é incontrolável, imprevisível, indomável, e por isso tão difícil de lidar. Poderia ser calmo, como o amarelo, feroz, como o dourado, bravo como o azul ou lento e estabilizante como o magma, segundo seu humor e vontade. Mesmo vivendo junto dele, isso não significava que a cooperação era boa, mas quando ele me respondia, oferecia uma luta incrível.

– Se não conseguir, morreremos – Leecher afirmou – Eles provavelmente já farejaram a casa. Logo nos alcançarão. Vamos, Ariella, apenas uma faísca, o suficiente para provocar um incêndio.

Busquei o calor em meu peito, a explosão que acabaria com aquilo, no entanto estava vazia, fria e inútil. A vontade do fogo me abandonara. Mais uivos responderam ao primeiro.

– Não funciona – constatei.

Leecher segurou a minha mão com força e olhou diretamente em meus olhos.

– Você vai conseguir.

Senti algo se encaixar em mim ao som de sua voz. Seus olhos eram firmes como rochas, fundos como um abismo.

Meus dedos formigaram, o calor surgiu do interior do meu peito, como se respondesse ao chamado de Leecher, ou a sua necessidade. Minhas próprias mãos lhe obedeceram. O fogo vermelho lambeu meus braços, subindo poderoso, hipnotizante e encantador. Leecher não me soltou.

Ele continuou a encarar-me, incitando as chamas lentas a incendiar tudo à nossa volta, deixando-nos cercados por uma muralha ardente e crepitante, sem nada fora daquele circulo.

Apenas os olhos tentadores e abrasadores dele. O cabelo que emoldurava a face clara, sedutora para acariciar.

Éramos o fogo, vermelho e preto como fuligem.

Ele apertou minha outra mão. Não deu atenção às chamas que não cessavam de correr por meus membros. O chão já se incendiava, a árvore... E o círculo cada vez mais aumentava, destemido e raivoso.

O que importava se o fogo devorasse todo campo? Que ficasse incontrolável? Que eu perdesse o domínio e fizesse uma idiotice? Qual idiotice poderia ser? Destruir uma floresta inteira? Matar a nós dois com a fumaça? Ou ceder à tentação e passar os dedos por sua face? Ou ainda b...

O barulho de patas atraiu minha atenção. Lobos corriam em torno do círculo, rosnando e mostrando os dentes. Lobos cinzas, marrons e brancos, a maioria bem grande e de aparência feroz.

Eles percorreram o perímetro do círculo, procurando brechas por onde nos alcançar, porém não havia nenhuma, e mais o incêndio aumentava.

O momento se dispersara, assim como nossos olhares.

Sobre o que aconteceu a seguir eu nunca me perdoei, na verdade, nem sei mesmo o porquê de ter acontecido.

Leecher, percebendo os lobos, chegou um pouco mais perto das chamas, e, assim, largou as minhas mãos.

Não lembro-me direito como os fatos se sucederam, mas a lembrança do calor saindo do controle, da vontade louca do fogo de querer alcançar Leecher, não esquecerei nunca.

Aquilo explodiu em mim, escapando do meu domínio, queimando por dentro em altas temperaturas, destruindo, despedaçando como uma tempestade incontrolável e finalmente alcançando Leecher.

Eu via apenas vermelho, vermelho ardente para todos os lados. Tive a sensação que meu corpo se partia em pedaços, sucumbindo pelo fogo. E então eu estava caída no chão, protegendo o pequeno corpo do coelho com meus membros enfraquecidos, ouvindo o rugido ensurdecedor e a grande força devorarem tudo.

Instantes depois, o silêncio reinou por todo o lugar, penetrou meus ouvidos, minha consciência. Meus braços, pernas, mãos estavam entorpecidos, pesados para serem levantados. A letargia cobriu-me por completo e minha cabeça enterrou-se no pelo macio do coelho, sem coragem de erguer os olhos e ver a morte me cercando.

Eu errara outra vez. Deixara tudo ir pelos ares outra vez.

Será que o soldado está morto? Não, se estivesse, eu com certeza estaria também. Vamos, Ari, levanta. Precisa continuar. Vamos, Leecher provavelmente está ferido.

Eu não sabia de nenhum machucado por meu corpo, no entanto, isso era momentâneo. As escoriações apareceriam posteriormente, se bem que eu nunca tivera uma queimadura...

Mas Leecher não é como eu lembrei-me. Ele não é imune ao fogo.

Ainda permaneci em meu estado semi-inconsciente por mais alguns instantes, sem forças para levantar, até que então, deliberadamente, comecei a mover-me.

O coelho continuou paralisado e eu peguei-o no colo. Um incêndio terrível destruía a parte leste do campo, bem para os lados da casa. A fumaça subia alta até onde a vista alcançava. Corpos carbonizados de lobos jaziam por ali, perto de mim, queimados e queimando... Mesmo para um inimigo, era difícil para eu olhar, pois era fruto de meu descontrole.

Leecher estava deitado perto de onde eu caíra, o rosto passivo, inconsciente, manchado de fuligem. Preto no branco. Talvez algo desconhecido tivesse ocorrido em algum momento, pois ele estava ileso de queimaduras. No mais não passava de minúsculos arranhões, poeira e grama atiradas ao ar na explosão.

Abaixei-me ao seu lado e larguei o coelho.

Eu estava tão hesitante em fazer aquilo! Era quase vergonhoso. Anos como voluntária curandeira, médica da escola de Circe, habituada a tocar pessoas na procura de machucados, hematomas, cortes, escoriações, arranhões, doenças...

Sabia descobrir se alguém estava morto ou não, sabia como fazer cicatrizar diversos ferimentos, ajudara milhares de vezes os que procuravam a ala de enfermos depois de treinamentos – principalmente os de espada e facas -, onde os menores tinham mais azar. Grandes e pequenos talhos, rasgões...

Ainda assim... Seria tocar em Leecher por livre e espontânea vontade...

Vá logo idiota! Ele pode estar precisando!

Minhas mãos agiram automaticamente, puseram-se sobre seu peito, e eu pude sentir o quanto era forte. Seu coração batia, graças à Hécate. Busquei quaisquer coisas mais graves, porém só havia pequenas.

Sim, algo acontecera para ele estar tão bem. Eu normalmente destruía tudo quando o poder me fugia do controle. Como fora possível o soldado sobreviver sem nenhuma queimadura?

Suspirei de alívio. Eu não o matara.

Entretanto...

Não era isso que eu desejava? Matá-lo o quanto antes? Livrar-me dele? Por que agora o alívio me tomava?

Deixei as questões de lado e pus-me a sacudir o peito do soldado

– Leecher? Leecher acorda! Leecher, está havendo um incêndio, levanta! – Obviamente, não recebi resposta. O vento soprava o fogo mais para o lado leste, mas já estava muito perto de nós. Eu não conseguiria protegê-lo por muito tempo, a julgar pela última explosão.

– Argh... – Leecher gemeu, meio acordado. Seus olhos abriram-se.

– Ainda bem – exclamei e ajudei-o a levantar-se. Ele ficou tonto e precisou do meu apoio para permanecer de pé.

– O que aconteceu? – Ele perguntou, confuso.

– Depois conversamos. – Respondi-lhe – É melhor que saiamos daqui o quanto antes.

Ele viu todo o estrago e pareceu compreender. A parte ruim era que teríamos de voltar à floresta. Floresta então repleta de lobos e várias outras feras, com galhos envenenados e assassinos.

Leecher soltou-se de mim, segurou só em minha mão e correu para a escuridão. Era como antes, sombria, com ramos secos e doentes, velhos e de aparência macabra, exalando morte a cada passo.

Nenhuma planta incomodou. Tive a impressão que todas inclinavam-se na direção do fogo, como se quisessem assistir a destruição, ansiassem por presenciar a morte e gostassem dela.

O coelho roçou meus pés na metade do caminho. Não entendi por que não o largava. Acho que adquiri certo gosto por ele, pois parei e peguei-o, levando-o em um braço. Leecher reclamou impropérios que não ouvi, e puxou-me novamente.

Os uivos dos lobos rondavam a floresta. No entanto eu percebi que eles não nos perseguiam, e sim iam à mesma direção, para longe do incêndio, do perigo. Mudamos o curso também para segui-los, pois poderiam achar um lugar seguro, uma caverna ou algo assim.

Pedras cortavam meus pés. Eles doíam. Depois de um tempo correndo descalça, minhas pernas gritavam de dor. Leecher diminuiu a marcha, sentindo o mesmo que eu.

Naquele momento, eu avistei um muro de pedras coberto por musgo. Não era uma coisa significativa. O muro era da altura do meu peito, baixo provavelmente, e seguia por um longo caminho.

– É melhor que o sigamos – arfei para Leecher, apontando a construção – Pode levar-nos até uma cidade, quem sabe.

– Duvido que haja cidades aqui. Mas tem razão. É um ponto para aonde ir.

Leecher soltou minha mão e reivindicou a frente. Convencido. Pensa que é o comandante. Deixei-o fazer o que queria. Não era recomendável que arrumássemos mais uma discussão ali, rodeados pelo perigo. O incêndio ficara para trás, entretanto os uivos não cessavam em atravessar o ar.

O muro tardou a chegar ao seu fim. A lua baixava no horizonte quando o alcançamos, após horas caminhando tensos. Leecher estava mais cansado, aguentando corajosamente, até para um ser tão arrogante.

A floresta encheu-se de folhas verde-escuras e a energia negra que passavam era igual a suas irmãs mortas.

Um portal de pedra com o símbolo de um lobo no topo saldou-nos. Várias rachaduras o atravessavam, o limo o sujava, tornando os desenhos esculpidos quase imperceptíveis.

O vento soprou mais forte em sua direção, como se declamasse Entrai, entrai, entrai.

Eu não sabia se prosseguia.

Leecher ignorou o aviso mudo daquela situação. Ele deu um passo decidido após o outro, à proporção que meu corpo recusava-se a atravessar o portal. Simples. Eu desejava tornar à floresta, não importando as bestas que a percorriam.

Fui atrás de Leecher, passando lentamente abaixo da entrada.

Notei como era repleto de imagens de lobos. Alguns sentados, outros correndo, outros rosnando com os dentes arreganhados, mais outros horrendos com os olhos injetados, ansiosos por estraçalhar suas presas.

O enorme pátio atrás dali era digno de um palácio. Colunas, tetos altos, terraços, fontes enchiam o local. Todos esculpidos com o tema do animal.

Eu percebi o que estava errado, entretanto, já era tarde. Leecher provavelmente nem se dera conta, ou, se isso ocorrera, ele escondeu. Pois nós não estávamos seguindo os lobos.

Eles estavam conduzindo-nos para sua toca.


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Notas finais do capítulo

Bem, esse eu achei legal. Próximo capítulo narração do Leecher, se minha mente estiver sã; E aí, o que estão achando desses dois? Eu particularmente adoro eles, e tenho tantas coisas planejadas que estou ficando louca já, vocês vão adorar. Obrigada por acompanharem meu bando preferido de anônimos! Amo vocês também! Até o próximo pipocas!



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