Eu... Eu... Não acredito! Não fui abandonada pelos meus pais... Eles... Eles morreram!

-Nanda, você está bem? – Jake pergunta vendo que estou paralisada.

-Não! Eu preciso... Ficar sozinha! – Falei.

Entrei no primeiro quarto que vi.

**********

-Nanda? – Thomas disse entrando no quarto.

-Vai embora Thomas!

-Como sabe que sou eu?

-Conheço a sua voz!

-Está meio difícil queridinha?

-Como assim? – Falei me virando para ele.

-Não tenho certeza que você conheça a voz do seu amiguinho!

-Thomas? O que ouve com você?

-Nada meu bem, só acho que você iria querer saber que eu não deixaria muito fácil para vocês!

-O que você quer dizer? Thomas, você está delirando!

-Não querida! Você está delirando! Não conhece seu amiguinho, ou melhor, não conhece o seu inimigo? Ora, ora! Você é muito lenta para algo tão esplendido! Acontece que, se você achou mesmo que alguns gritos e ameaças me fariam entregar Thomas tão fácil, você estava errada!

-D-Do que você está falando?

-É claro que eu não deixaria Thomas tão fácil assim, você acha o que? Que sou tolo? Pois está muito enganada queridinha, acontece que eu tenho poderes que ninguém mais tem, posso me transformar em quem eu quiser!

-Q-Quem é você?

-Ora, ora, pensei que você reconheceria seu inimigo mortal, mas acho que pode se juntar a mim... Claro, não quis matar seus pais, mas...

O medo deu lugar a raiva que me invadiu.

-VOCÊ MATOU MEUS PAIS?! – Eu digo o empurrando na parede e coloco meu braço em seu pescoço, estou quase o enforcando sem usar as mãos.

-Eu juro que não quis fazer nada, apenas queria você querida, eles morreram por causa de você! – Ele diz.

Minhas forças se vão, meus braços caem, me encontro sentada no chão com as mãos na cabeça.

-Tudo poderia ter sido diferente! Se sua mãe tivesse me entregado você como eu pedi, ela não haveria morrido, se seu pai estivesse do meu lado, ele não teria morrido...

-Você o matou!

-Aí é que você se engana! Seu pai só queria protegê-la, um ato estúpido para alguém que tem o destino selado, morte! Mas agora me diga, sua mãe morreu porque não me entregou você, mas, por que ela não me entregou você?

-Ela queria me proteger! – Minha voz quase não sai, estou entendendo o que ele está falando, eu matei meus pais.

-Ela queria te proteger o que faz de você a assassina!

-Ela queria me proteger de você!

-Não Nanda, ela queria lhe proteger do seu futuro, o futuro sombrio que está reservado para você!

-PARA!

-Quer fugir da sua verdadeira realidade? Porque é só isso que você faz, não é? Fugir, fugir das coisas, das pessoas, dos amigos, da família e acabar sozinha no mundo! Eu retiro o que eu disse sobre você se juntar a mim, agora que eu sei onde está o relógio não preciso de você, na verdade, pensei que precisaria tirar você do meu caminho, mas acho que do jeito que você é só vai atrapalhar quem estiver do seu lado, o que torna mais fácil de conseguir o relógio!

-VOCÊ NÃO VAI CONSEGUIR!

-Você que pensa!

-JAKE, JAKE, SOCORRO! – Grito enquanto o cara que parece o Thomas se aproxima.

-Ele não vai te ouvir! Está ocupado de mais para atender você! A esse ponto ele já deve ter sido engolido pelo meu cachorrinho! – O cara disse se afastando de mim e indo em direção a janela. – Adeus Nanda, e antes que eu me esqueça, legal o seu bracelete, pena que nem ele pode evitar a sua morte!

E ele se vai, pula da janela.

E eu?

Eu fico sentada no chão, paralisada com lagrimas escorrendo dos meus olhos. Eu não havia pensado na hipótese de que eu matei meus pais. Eu estava assustada de mais para conseguir me levantar e ajudar meus amigos, que já devem ter virado comida de “cachorrinho”. Não sei o que ele quis dizer com “cachorrinho”, mas algo dentro de mim dizia que não era um simples “cachorrinho”. A única coisa que eu queria agora era um pote de sorvete de menta com chocolate!

Reviro os olhos quando um pote de sorvete aparece em minha frente, só agora essa porcaria resolve funcionar?! Bem, pelo menos o sorvete era bom!

Lembro que posso me comunicar com Jake.

“Jake, você está ai?”

Ele não responde.

“Jake!”

“Desculpe Nanda, eu estou meio desligado!”

“Onde você está?

“Na sala, ué! Onde mais eu estaria?!”

“Você não virou comida de cachorrinho?”

“Nada, é melhor você sair desse quarto! Ele está afetando o seu cérebro!”

Então foi isso? Foi tudo minha imaginação?

“Nanda?”

“Eu estou indo para a sala!”

Fui para a sala, no caminho dou de cara com Thomas, não posso deixar de ter medo.

-T-Thomas?

-você está bem Nanda? Eu iria ao quarto para...

-O-O que, v-você iria fazer n-no q-quarto?

-Eu iria te chamar, o Jake falou que você estava ficando meio louca então...

-Ah, claro, eu estou MEIO louca!

-Desculpa...

A esse ponto eu ainda desconfio de que não estou falando com o Thomas de verdade!

-Quantos anos eu tenho? – Tentei fazer um teste para ver se era mesmo o Thomas.

-É... Eu acho que você está mesmo louca!

-Eu estou falando sério!

-Você tem 17!

-Tá, onde você falou comigo pela primeira vez?

-Perto daquele shopping!

-É você mesmo Thomas?

-Não imagina, sou um monstro! – Ele ri.

-JAKE, JAKE! SOCORRO! O THOMAS NÃO É O THOMAS, SOCORRO! – Saio correndo que nem uma doida até a sala.

-Nanda! Calma! Fica calma, conta bem direito o que aconteceu!

-O... Thomas... Ele é... Um... Monstro!

-Nanda, eu entendo que vocês brigaram de novo, mas não precisa chamá-lo de monstro ok? Claro, eu sou muito mais bonito que ele, mas ele não chega a ser um monstro!

-Não estou falando isso! Ele é um monstro literalmente!

-Como é?

-Ele disse que fui eu que matei meus pais, e que eu não sirvo para nada e que nem ele queria que eu estivesse do seu lado! E...

-Nanda? O que houve com você? Eu estava brincando! Você está bem?

Era ele, Thomas, ele veio para me matar! Ele quer me matar!