America's Candies escrita por Hissetty


Capítulo 2
Vai ser feliz pra lá


Notas iniciais do capítulo

Heey, não esqueçam de ler a história do Henri, o irmão do Rick, em America's Sweethearts ^^
Bem, espero que gostem e boa leitura!



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– Hey, Rick!

Hey, madrasta!

Não, eu não disse isso, porque soaria muito imbecil, mas acenei de volta, porque sou um cara educado, sacas? – mesmo tendo estado, dois segundos atrás, com o nariz nas pernas da filha dela.

– Rick? – perguntou a garota, completamente avulsa ao fato de eu estar, três segundos atrás, com a cara nas pernas dela. – Ah, Rick – tom de nojo. Filha da puta.

A encarei melhor, tentando decifrar a expressão de amargura e desprezo. Bem, nerd, foi a primeira coisa que me vinha a cabeça quando a notei melhor – as pernas haviam me enganado!

– Você já conheceu a Madson – sorriu minha madrasta, surgindo do nada e colocando uma mão parecida com a da filha sobre meu ombro. Sacudi meu corpo, tirando ela dali. Ela olhou a mão caindo ao lado do corpo com uma supercaradetacho, parecida com a da filha. – Bem... vocês vão dividir uma casa, sabia? É bom se darem bem!

– Dã – eu respondi. Madson me encarou, dessa vez; os olhos semicerrados sob os óculos. Tudo bem, ela era bonitinha. Sem maquiagem, baixinha, cabelos loiros, nariz fino, pernas bonitas. Mas, cacete, ela tinha cara de nerd tapada, ainda mais acentuado pelo sobretudo marrom – completamente errado junto com a meia-calça colorida. – Não me digam.

Madson bufou, ao meu lado.

– Dividir a minha casa. Minha mãe mora com Jeff na casa da frente.

– Quantos anos você tem? – perguntei toscamente.

– Ela tem quase dezessete – disse meu pai, sorrindo como ele sorriria para sua própria filha. Não posso dizer que não senti ciúmes, porque, porra, o pai era meu.

– E vocês deixam ela numa outra casa?! – minha voz esganiçou, como fazia quando eu ficava indignado. – E eu tenho que viajar o país inteiro porque não posso ficar na casa de nenhum dos meus amigos? Mas que porra de justiça familiar é essa que...

Parei de falar. Havia mais ou menos umas treze pessoas me encarando. As enxotei com um gesto de mão. Ninguém me respondeu; acho que estavam com vergonha alheia. Madson foi a primeira a suspirar.

– Idiota – ela resmungou. – Vamos, tenho que ir pro teatro. Não quero me atrasar – foi então que, quando ela esticou a mão pra agarrar o puxador da minha mala, eu vi uma aliança prateada saltar de dentro da manga do sobretudo, em um dedo fino com uma unha vermelha.

– Posso manda-lo para um hotel – sussurrou minha madrasta para a filha. – Tem certeza que quer ficar num apartamento com ele? Digo... ele roubou uma viatura, e o irmão dele é um maloqueiro maconheiro – hehe, Henri, chupa essa manga! –, podemos fazer alguma coisa a respeito...

Estreitei os olhos para elas. Madson olhou para mim e me encarou por um tempo, depois, me lançou um olhar ameaçador, que dizia “se não parar de ouvir minhas conversas você vai apanhar até seu cérebro escorrer pelas suas orelhas”.

– Tudo bem, mãe – ela sorriu infantilmente. – Não vejo problemas. O pai do Stevie é policial... qualquer coisa – olhou para mim, sorrindo cinicamente. Acho que subestimei a pirralha. – nós conversamos com ele.

Ah, ah. Merda. Eu devia ter pensado duas vezes antes de ser expulso de casa, em Nevada – Las Vegas era o melhor lugar para um cara como eu morar, mas agora fui mandado embora, assim como meu irmão. Minha mãe deve odiar a gente. Mas, bem, o Henri foi para a praia, ou seja, se deu melhor do que eu, porque foi morar na casa do nosso padrasto, então... minha mãe deve ME odiar.

Puta que pariu, como não pensei nisso antes?

– Vamos pra casa? – meu pai pegou minha outra mochila. Revirei os olhos.

– Tanto faz.

Foi uma atitude de garotinha, eu sei. Mas, caralho, o Kansas? Porque merda estamos no Kansas? Porque merda meu pai se mudou para o Kansas, cara? O que há aqui? Poeira. O que mais? Poeira. Alguma outra coisa?

– AAaaAtchim! – espirrei.

– Saúde – disse minha madrasta.

Ah, sim. E poeira.

(...)

Posso explicar uma coisa?

Uma coisinha?

Minha mãe, que Deus a tenha, é uma santa. Não, ela não está morta, mas agora, na caminhonete verde-ferrugem do meu pai, eu quero, E MUITO, que ela esteja. Bem, não vem ao caso, afinal, ela é um santa. Ou se finge de uma. Quer nada errado, quer nada esdrúxulo ou malfeito, quer nada que vá contra a sua religião. A religião das mães pé-no-saco.

Quando eu e Henri roubamos uma viatura policial para fugir de uma festa – estávamos sendo alvejados com latinhas! –, nós sabíamos que íamos ser presos. De boa. Temos dinheiro. Henri é cantor e minha mãe, uma artista. Tínhamos uma suíte. Tínhamos um cofre com mais de 10 mil.

E minha mãe usou o dinheiro para nos soltar da prisão, como previsto.

MAS ela ficou puta! E muito! Bateu no Henri com um rolo de cozinha e me jogou tantas frutas que eu estaria, facilmente, com um record no Fruit Ninja, caso eu possuísse uma faca naquela hora, porque, puta que pariu, meus reflexos melhoraram ‘pacas com aquelas benditas peras.

Enfim, o caso é: após nos agredir, mamãe nos expulsou de casa. Como se não bastasse quase criar um traumatismo craniano no meu irmão e me causar uma estranha alergia à melancia – com um roxo no braço do tamanho da mesma –, ela NOS EXPULSOU DE CASA!

Pra onde?

Henri foi pra praia, o filho da... minha mãe, hehe! Sob os cuidados de nosso (quase) padrasto. Espero que o retardado não seja assediado pelas fãs ou pela filha do cara, porque... bem, se eu sei de uma coisa sobre meu irmão mais velho é que, quando saímos de Vegas, ele tinha uma namorada.

BEM, a questão não é o Henri. A questão é que ele foi mandado para um lugar muito mais foda do que o meu. Um lugar com sombra e água fresca, cheio de garotas seminuas, liberdade e vitalidade! E eu? Estou em Lawrence, no Kansas, indo pra porra da casa do meu pai.

Não parece tão ruim? Hehe, escute só como é a casa do meu pai:

É UMA FAZENDA!

Ainda não acredita?

Tem ovelhas! Não há galinhas, nem cavalos ou porcos, mas há PATOS, OVELHAS e BURRICOS! Que porra de casa é essa? Como Madson, a nerd culta da família, mora nesse muquifo gigante com meu pai?

A que distância isso aqui fica da cidade mesmo?

– Podem me explicar, por gentileza, porque vocês têm uma fazenda? – sorri, com toda minha educação cínica.

– É da avó da Mad – respondeu minha madrasta. – A mãe do pai dela. Ela me odeia, e odeia seu pai também, mas nos suporta por causa da neta.

Fiquei em silêncio, observando pela janela se eu me machucaria muito caso resolvesse saltar do carro agora.

– Não é tão ruim – disse Madson. – Meu pai atualmente mora na Califórnia, e minha avó foi visitar ele. Mamãe e Jeff estão na casa principal, com meus primos e tios. Eu e você – tom de nojo – vamos ficar na casa dos fundos. Tem um andar, mas tem três quartos, dois banheiros, sala cozinha e uma vista pro lago.

– Divino – murmurei, irônico. Ela revirou os olhos.

– Não enche – murmurou. – Ah, pai, o tio Ben quer que você faça o jantar hoje.

Meu pai sorriu amavelmente para a pirralha.

– Pode deixar. O que querem comer?

Ele fez a curva na estrada de areia e entrou por um portão aberto. Um bando de ovelhas saírem correndo de volta para as cercas.

– Que tal as ovelhas? – perguntei, olhando uma delas berrar para mim. Madson me deu uma cotovelada.

– Cala a boca, seu idiota – ela disse, baixinho. – Elas são uns amores.

– Cala a boca, pirralha – devolvi. – Não sei se você sabe, mas ovelhas também são carne.

– Tanto faz pra mim, sou vegetariana.

– Foda-se.

– Vocês vão passar um bom tempo juntos, é melhor os dois calarem a boca – cortou minha madrasta, olhando pelo retrovisor. Tsc, tsc.

Então tá.

Estacionamos. Meu pai abriu a porta com tanto ânimo quanto eu. Pelo visto não gostava da família da pirralha. Saí também. O ar tinha cheiro de... poeira.

– Sério que vocês moram aqui? – perguntei. Parecia inacreditável.

– Sim – Madson cruzou os braços e arqueou as sobrancelhas, já do lado de fora do carro. – Algum problema? Quer dormir no carro?

– Vai se fai! – esse ‘ai’ foi porque meu pai deu um tapa na minha nuca. Filho da... minha avó. – O que foi, meu?

– Comporte-se. Tem crianças pequenas em casa, não quero você falando palavrão. E seja educado, Rick. É o mínimo que pode fazer depois que foi preso, não é?

Revirei os olhos, contrariado. Então a pirralha podia fazer o que ela quisesse que não era repreendida, mas eu, EU, tinha que ser educado com um jornal, biscoitos e uma focinheira? Era pra foder com o cu do palhaço, não?

Justo. Eu só comecei a odiar a Madson um pouquinho mais.

– Quer entrar primeiro? – perguntou Madson, com escárnio e com aquele sorrisinho de filha da puta.

– E por que não? - sorri amargamente.

Sem ter qualquer outra escolha, eu entrei na casa.


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Notas finais do capítulo

Então...? Foi bom? Ruim? Confuso? Atrapalhado? Sem pé nem cabeça?
Conto com suas opiniões!
õ/



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