POV'S SOPH

- Eu… – falei – Acho que não escutei direito.

O Léo me pedindo em namoro mais uma vez? Como assim? Mas ele já havia me chutado, se isso se repetisse? Mas naquela época, ele tinha razão, eu era insuportável. Por que ele me afeta tanto? Já recebi propostas de muito interesseiros, mas isso vindo dele…

 - Você quer namorar comigo? – ele repetiu, me tirando dos meus devaneios.

 - Eu… – mordi o lábio inferior – Posso pensar?

 - Claro. – ele sorriu – Mas... Vamos tomar café?

 - Deveríamos tomar um suco. – sugeri indo até o seu carro – Eu tenho que me cuidar.

 - Mas você está ótima. – ele falou abrindo a porta do carro para eu entrar.

 - Agora. – entrei e pus o cinto – Quando se é uma crítica, tem que se estar perfeita sempre. Isso cansa, mas é o que eu sei fazer. – dei de ombros.

 - Está bem. – ele disse – Aonde vamos? – meu celular tocou e eu o tirei de dentro da bolsa.

 - Alô, Sophie Michaels falando. – falei profissionalmente.

- Soph? – gritou Victória do outro lado – Eu preciso de você agora!

 - O que foi que houve aí? – pergunto assustada.

 - Meus manuscritos! – ela berra – Você tem que vir. Agora.

 - Estou a caminho. – falei, desliguei a Victória e liguei para o Tiago.

 - Alô? – ele falou.

 - Tiago, o que houve aí? – perguntei – A Victória ligou…

 - Roubaram os manuscritos que a Victória estava avaliando, acho que você deveria ver isso. – ele falou.

- Roubaram? – gritei histérica – Mas nós só temos uma cópia de cada um!

 - Calma, Soph. – ele tentou me tranqüilizar – No mínimo isso vai dar um bom marketing.

 - Eu não quero esse marketing! – gritei – Tudo bem, olha. – eu me acalmei – Vai procurando aí, vendo as fitas de segurança, descobre quem foi! – eu bati na própria perna – Eu quero churrasco dessa pessoa na minha mesa antes do meio-dia! – falei autoritária.

 - Está bem, pode deixar. – ele falou com medo e desligou.

 - O que estávamos falando mesmo? - desliguei o meu celular e o coloquei de volta na bolsa

 - O que foi que houve? – ele perguntou.

 - Roubaram os manuscritos que estavam sendo avaliados- disse meio irritada- Deixam em nossa posse o original! – de repente, me lembrei de algo – O seu também, eu o entreguei para a Victória ontem. Léo precisamos ir para a empresa. Agora! – gritei e ele foi obediente.

 - Tudo bem. – ele falou – Mas não se estresse assim você parece a velha Soph. – ele pediu.

 - Entenda Leonardo: a velha Soph é uma parte de mim, ela vai aparecer de tempos em tempos, queira eu ou não. – ele já estava virando na rua do meu trabalho– Se você me ama, vai ter que conviver com as duas.

 - Eu te amo. – ele falou rapidamente.

 - Tem certeza? – perguntei erguendo as sobrancelhas.

 - Claro. – ele falou.

 - Léo, eu realmente espero que você esteja falando a verdade. – disse dando um meio-sorriso.

 - Sophie! – ouvi um grito histérico e me encolhi antes de sair do carro, dando de cara com Victória.

 - Já acharam o imbecil? – perguntei com ar sério e fui entrando na empresa.

…

Um adolescente irresponsável. Olhei para ele e suspirei pelo que deveria ser a décima vez.

 - Repito: você sabe que porra é essa? – perguntei mostrando a pilha de manuscritos recuperados.

 - Repito: só falo com o meu advogado. – ele me desafiou e eu suspirei novamente

 - Ótimo. – falei e me levantei, estalando os dedos – Levem isso para a mesa da Victória. – a sala agora estava vazia, exceto por duas cadeiras – Agora, fique aí, esperando seu advogado. – saí e tranquei o garoto por fora.

 - Não pode fazer isso! – ele gritou correndo em direção a porta

 - É claro que posso! – eu guardei a chave no meu bolso – Eu sou Sophie Michaels. Se mete com alguém do teu nível da próxima vez, pirralho.

Desço as escadas até a porta de saída, Leo estava parado mexendo em seu celular encostado em seu carro, típica imagem. Com essa confusão, nem tinha pensado na proposta do Leonardo, mas eu já havia tomado uma decisão. 

POV'S LEO

Vejo Sophie sair pela porta da frente. Estressada. 

-Está mais calma agora? -pergunto guardando meu celular

-Precisamos conversar - ela diz séria. Abro a boca para convidá-la para sair dali, irmos para algum lugar quando Tiago sai com um sorriso de orelha a orelha que logo desaparece assim que me ve.

-Boa tarde - disse ele azedo para mim e logo se virou para Sophie - Tchau Sophie, se cuida.

-Aonde vamos agora Soph? –perguntei lhe abraçando.

-Você que escolhe- ela diz arrumando o cabelo que caíra em seu rosto

-Então vamos ao meu restaurante favorito, pode ser?

-Pode sim. -ela respondeu sorrindo.

No caminho ela me contou como descobriram quem tinha pegado os manuscritos, como aquele pirralho estava se achando o máximo. Rimos muito até chegar ao restaurante.

…

-Garçom! –disse ela levantando a mão.

-Queremos o prato que sempre peço, só que dessa vez dobrado. E dois sucos de…

-Laranja, sem gelo, por favor. –disse Soph me interrompendo.

Olhei para ela e um sorriso instantaneamente apareceu quando ela colocou sua mão sobre a minha.

-É… sobre aquele assunto…

-Sua resposta é: alternativa a sim ou alternativa b não?- perguntei rindo e com voz de locutor.

-Alternativa c talvez!- ela disse e eu ri alto, quase vieram reclamar.

-Ainda tenho uma chance então? – indaguei provocando-a e tirando dela um largo sorrisol

-É , eu acho que é sim. - ela diz corando um pouco

-Olha, nosso pedido chegou. – ela disse e eu olhei e vi o garçom com o nosso prato.

Ela não percebeu, eu acho, mas havia ficado com o rosto inteiro vermelho, até o fim do jantar não tocamos mais no assunto, mas dava para ver, um sentimento estava brotando no coração dela.