O Limite Entre A Morte E A Loucura escrita por Marcela


Capítulo 4
Reflexões


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente eu gostaria de pedir desculpas por ter ficado tantos dias sem postar, mas toda vez que eu começo a postar uma história, a "linda" da minha internet para de funcionar durante vários dias.

Uma das leitoras tinha me dito que os capítulos estavam aparecendo duas vezes e só agora eu entendi o porquê disso estar acontecendo. É que eu sempre escrevo as histórias no Word antes de postar aqui para ficar tudo corrigido, mas quando colo na caixinha de texto ele não aparece, ai eu colo pela segunda vez e ele aparece, mas atualiza a história duas vezes. Peço desculpas por isso, já vou corrigir no capítulos anteriores.

Só para avisar, este é o quarto (e penúltimo) capítulo.



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Me encolhi em um canto e tremendo perguntei ao médico o que ele queria de mim. A resposta foi clara:

– Apenas um procedimento padrão, querida Jhennifer. Eu só vim aqui para te perguntar como você está se sentindo depois da cirurgia.

– Bem, eu acho – respondi confusa sem saber sobre o que ele se referia.

– E você ainda ouve as vozes de antes?

– Não.

– Ótimo – ele disse com um sorriso orgulhoso enquanto deixava o meu quarto.

Confusa comecei a indagar: poderia eu ter passado por uma lobotomia e ter simplesmente deixado de ser esquizofrênica ou será que era disso que se tratava o inferno, fazer as pessoas sofrerem mais do que na vida terrena, não importa quais fossem os meios? Será que eu consegui me matar mesmo, ou tinha sido salva a tempo e agora sofro dessa psicose de pensar que estou morta. Uma vez, há muito tempo atrás, ouvi falar sobre essa doença, um complexo que faz pessoas vivas pensar que já se foram. Com certeza essa seria uma forma cruel de viver, mas não seria isso um jeito perfeito de castigar os culpados do pior pecado de todos: deixar-lhes mortos e em dúvida sobre estarem de fato nesta situação? Até mesmo me arrisco a dizer que a morte e suas incertezas são mais perturbadoras do que a própria vida em si e que esses tipos de pensamentos enlouquecem as pessoas aos poucos. Inevitavelmente cheguei a uma conclusão: sim, eu estou morta e o meu castigo é a loucura.

Depois de aceitar o fato de que meu suicídio fora bem sucedido, passei talvez os próximos anos, se contasse o tempo terreno, o que seria pouco diante da eternidade que julgava ter a minha alma, fazendo inúmeros exames de consciência sobre a minha vida, juntos as memórias que aos poucos pareciam-se mais distantes. Eu pensei nas coisas que fiz, e principalmente nas que não fiz: nas festas que deixei de frequentar, nos amigos que não conheci e no tempo dedicado aos estudos, preocupada com o meu futuro e esquecendo de viver um pouco do presente. Quando se olha por esse ângulo, é assustadora essa mania das pessoas de lutar por coisas incertas e esquecer de viver os seus melhores momentos enquanto ainda se tem tempo. Relembrei também, de quantas vezes encharquei com lágrimas meu travesseiro, devido aos amores perdidos e da minha necessidade de dizer às pessoas o tempo todo, o quanto as amava.

Após toda a nostalgia que eu era capaz de suportar, comecei a aceitar melhor a convivência com os meus próprios pensamentos. Eu simplesmente fechava os olhos e deixava a vida passar, deixava o tempo levar a dor embora.

O mesmo tempo que levou embora a minha dor e que naquela época custava a se passar, um dia me trouxe uma agradável surpresa: as portas da minha cela foram abertas e me foi permitido ir ao salão principal.

Tudo naquele lugar agora era diferente, a velha vitrola que tocava sempre a mesma música não estava mais ali, os pacientes pareciam mais alegres e o sol brilhava como eu nunca tinha visto do lado de fora da janela de grades. Eu nunca tinha me sentido tão viva desde que cheguei a Briarcliff e depois de tanto tempo sem expressar nenhuma emoção, sorri como se o meu castigo tivesse chegado ao fim.

Perguntei a um rapaz que aparentava ser pouco mais velho que eu, embora nem eu mesma soubesse mais a minha verdadeira idade, o que havia acontecido ali e ele me respondeu que irmã Jude finalmente deixara a direção daquele lugar. Novamente eu sorri e pude ver quando ele sorriu também, o quanto ele era bonito.

Nathaniel era o seu nome, Nate para os intímos, foi o que ele me disse naquele dia e nós começamos a conversar e em poucas horas parecia que tinhamos nos tornado grandes amigos.

Nate me contou que fora deixado naquele lugar após tomar vários remédios e bebidas para tentar se matar, eu porém, tive vergonha de contar a minha história e disse apenas que havia tentado me matar também, cortando a minha barriga.

– Jeito inusitado – ele disse e sorriu de uma forma que fez meu coração acelerar no mesmo instante.

Eu, que nunca mais tinha tido notícias de Kit me senti apaixonada pelo dono daqueles olhos negros que pareciam me fitar a alma e não hesitei em tentar roubar-lhe um beijo.

Nate me correspondeu e passando a mão pelos meus cabelos, começou a me beijar vagarosamente. Logo, o clima esquentou ainda mais e ele começou a passar a mão pelas minhas coxas e depois subir vagarosamente os dedos sobre a minha calça.

– Não, Nate. Não aqui – foi tudo o que a emoção do momento me permitiu dizer.

O rapaz me puxou pela mão e me conduziu até o banheiro feminino. Nós nos trancamos lá dentro e só saímos de lá tempos depois, quando já estavamos ambos satisfeitos.

Naquela noite me senti como se estivesse tendo o dia mais feliz de toda a minha vida, só de lembrar as coisas que aconteceram no banheiro algumas horas antes. Já não me importava estar viva ou morta, apenas queria passar todo o resto da minha vida, ou a minha eternidade, ao lado do homem que conheci na manhã anterior e que me parecera tão perfeito a primeira vista. Estava disposta a fazer qualquer coisa para ficar do seu lado.


Na verdade o meu novo sonho nunca se realizou, pois na manhã seguinte não o encontrei em nenhum lugar. Perguntei então à um dos enfermeiros sobre ele e senti minha alma ser despedaçada ao ouvir a resposta:

– Nathaniel Scott? O suicída? Ele entrou no depósito noite passada e tomou boa parte do nosso estoque de remédios. Foi encontrado morto hoje de manhã pelo Dr Arthur.

Não pode ser... Ele não... Afinal isso deve ser parte do meu castigo, já que eu me acostumei a minha situação, foi me dado um momento de alegria para depois ele ser levado de um modo devastador. Eu não suporto mais... Isso não é justo...



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Notas finais do capítulo

Obrigada a todos que estão lendo :)



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