Som de pássaros e das gotas de chuvas batendo na janela de vidro me acordaram, com um pouco de dificuldade, me movi na cama driblando os braços de João Vitor que dormia tranquilamente com o rosto sereno. Me sentei na cama e olhei ao redor o quarto que estávamos era realmente lindo, as janelas de vidro mostravam o ambiente lá fora, o lugar perto do lago onde João se ajoelhou e me pediu em casamento, fazendo isso me lembrar do anel enorme cheio de brilhantes em meu dedo, eu iria demorar para me acostumar com ele ali.

Senti os braços fortes de João me envolvendo e me puxando para perto dele, ele me beijou, um beijo demorado e bom. Ele me olhava de um jeito diferente e dócil.

_ O que foi ?

_Nada , só estou feliz.

_ Eu também estou feliz.

_Fiquei com tanto medo de você não me perdoar.

_ Isso já não importa, estamos bem agora.

_ Você tem razão.

_Nem acredito que você planejou tudo isso... Que lugar lindo.

_Você nem viu o resto, aqui perto tem algumas cachoeiras incríveis, se você quiser podemos ir lá.

_ Eu vou adorar.

_ Então combinado, vou arranjar umas roupas pra você. - Ele disse se levantando e me dei conta que as únicas peças de roupas que tinham era a fantasia de ontem e o casaco do helicóptero que estavam perdidas em algum canto do quarto que João havia jogado.

_Sabe ontem eu levei um grande susto, pensei que estava sendo sequestrada.

_ Desculpa, mas era o único jeito de trazê-la para cá, se eu mandasse um convite você ia mandar eu ir me ferrar. – ele disse rindo.

_ Eu sei , mas foi um grande susto, toda aquela perseguição, o carro preto na rua, o prédio trancado...

_Carro preto? – ele perguntou surpreso.

_ É aquele que me seguiu o tempo todo na volta pra casa.

_ Você tem certeza ?

_ Tenho, no começo pensei que era paranóia, mas ele estava me seguindo. Por que? Não era ninguém ajudando na surpresa?

_ Eu .. é .. devia ser mesmo. Eu vou lá busca um biquíni para você e um café da manhã saboroso. – ele disse atrapalhado com as palavras e saiu do quarto.

Narração João Vitor.

Saí do quarto e já tinha o número do tio Rogério discado em meu celular, minhas desconfianças não poderiam ser concretas, porque se fosse eu não suportaria a idéia de Eduarda e Nicolas em perigo.

_ Alô Tio Rogério ?

_ Fala garoto. – ele respondeu no outro lado da linha bem humorado.- A surpresa deu certo?

_ Super certo, mas..

_ Eu falei que daria , conheço muito desse universo feminino.

_ Preciso te contar algo. – falei certificando que ninguém ouvira o que eu falava.

_ Que foi algum problema?

_ Não tenho certeza, é que a Eduarda disse que um carro preto estava seguindo ela ontem a noite.

_ Seguindo ?

_ Sim, ela pensa que esta relacionado a surpresa, mas o pessoal esperava ela no prédio, ninguém sabia que ela estava voltando da festa da faculdade e muito menos seguiu ela, não ordenei nada disso. Você acha que tem a ver com aquilo que me contou?

_ Provavelmente João. Mas não tiremos conclusões precipitadas, ela te disse com todas as letras que o carro seguia ele ?

_ Sim, ela disse.

_ Ela disse mais algo, se viu quem estava dentro, placa ou algo parecido ?

_ Não, eu também não perguntei detalhes, não posso deixar ela desconfiar do que se passa..

_ Certo. Mas se isso for verdade querido João, temos um grande problema .

_ Como assim?

_ Eu quero dizer que o pessoal já te acharam e o pior já sabem tudo sobre você.

_ Isso quer dizer que não só eu sou alvo .

_ Não, todos que você ama podem ser o alvo.

_ Merda. – falei batendo na primeira coisa que encontrei e vi alguns vasos de flores se quebrando no chão.

_ E o que vamos fazer?

_ Você nada, vai curtir o seu dia romântico com a Eduarda e tentar trazer seu filho imediatamente pra perto de você, eu vou tentar descobrir os planos dessa máfia .

_ Mas como eu posso ficar quieto sabendo que...

_Você vai fazer exatamente o que eu to mandando, nada de tentar bancar o capitão Nascimento ou o super herói do dia .

_ Ta ok. Mas espera e a Manu ?

_ Ela vai ta segura, acho que ta na empresa, eles não vão atacar ninguém agora, estão só vigiando a área, mas colocarei um pessoal para cuidar dela disfarçados.

_ Tudo bem.

_ Toma cuidado. – ele disse desligando a ligação.

Narração Eduarda

Tudo estava perfeito, eu estava feliz, não, eu estava muito feliz , a sensação de que eu e João finalmente poderíamos ficar junto era a melhor possível.

Entrei no banheiro e tomei um banho e voltei pro quarto bailando, João já estava lá com uma bandeja de café enorme sobre a cama , mas com mais uma surpresa.

_ Nicolas ? – saltei rapidamente para o lado de João pegando o meu filhote e enchendo ele de beijo.

_ Como trouxe ele aqui ?

_ Bom, pedi para Mendy, minha secretária, buscar ele para mim, afinal vamos ser uma família agora e achei que estava com saudade dele.

_ Muitaa. – falei e voltei a encher o meu pequeno de beijo que estava todo contente e esperto e começou a soletrar pequenas silabas que me fizeram a garota mais feliz do mundo .

_ ma .. mama. – lágrimas saíram dos meus olhos, o meu príncipe finalmente tinha falado a primeira palavra .

_Você ouviu isso ? João Vitor perguntou deslumbrado.

_ Ouvi. -falei emocionada.

_ Eu nem acredito nisso. – João falou animado dando beijo em Nick arrancando risadas no nosso filho.

...

O dia ao lado de João e Nicolas foi maravilhoso, visitamos algumas cachoeira lindas e depois fomos a praia, foi divertido e fantástico. O nosso primeiro passeio em família, podemos denominar assim, eu acho. Mas João Vitor estava meio que estranho, nervoso e distraído como se estivesse preocupado com algo, perguntei à ele, mas ele disse que era algumas coisas da empresa nada que eu devesse me preocupar. Fora isso o dia foi realmente perfeito, mas o por do sol veio acabando com a minha satisfação e nos obrigando voltar para o mundo real, para casa.

...

Parados em frente ao prédio , João distribuía vários beijos em mim , era como se fosse o nosso primeiro dia de namor , não queríamos nos desgrudar um do outro .

_João eu tenho que ir, tenho que alimentar o Nick que deve esta morrendo de fome.

_ Ta nada. – ele olhou para Nick na cadeirinha dentro do carro. E deu o pulo ao avistar Nick com o celular dele na boca.

_ E aí, ainda acha que ele não esta com fome ? – falei me divertindo com a situação.

_ Meu celular ta completamente preenchido pelo DNA do nosso filho . – João disse limpado o aparelho que estava babado.

_ Eu tenho que ir, eu ainda tenho que preparar uma tese pra apresentar amanha na faculdade. – falei pegando Nick no carro.

_Ah esqueci que tenho uma noiva supeer CDF agora.

_ Repete o que disse.

_ O que? CDF? – ele disse rindo

_ Não seu bobo, a parte da noiva .

_ Minha noiva. – ele disse me dando um beijo demorado e apaixonado e finalizou com um delicado selinho e ele me olhava sem pudor.

_ Será que sua tese não pode esperar a gente pode subir e ...

_ Não, ela ate pode esperar, mas o Nick não.

_ Ta ok. É por isso que quero que você venha morar logo comigo, não vou aguentar esperar o casamento pra te ter perto de mim todo dia.

_Seu bobo, eu vou pensar no seu caso.

_Vai pensar? – ele disse distribuindo beijos no meu pescoço e foi interrompido pela gritaria que Nick fazia em meu colo, ele esperneava e soletrava as suas silabas agora sem sentindo.

_ Ta com ciúmes da mamãe, é moleque ? – João disse rindo e dando um beijo em meu príncipe.

_Ele na verdade está bravo por você tomar a distração da sua fome.

_ O que ? o celular ? –João disse rindo – Qual é ?

_ Eu vou entrar agora. – eu disse me afastando com a intenção de entrar no prédio.

_Só mais um beijo. – João disse me puxando para mais um beijo e foi interrompido mais uma vez por Nick que agora chorava.

_ Oou que foi meu filho ,ta de brincadeira com o papai né? – João disse com cara de criança birrenta me fazendo rir .

_ Eu disse que ele esta bravo. – João pegou Nick do meu colo e foi impressionante como ele cessou o choro ao João estendê-lo para cima e o segurando como se fosse um avião no ar.

_ Ta devolve o meu filho e você vai pra sua casa. –falei autoritária e soltei um sorriso no final.

_ Certo. – João disse me deu um ultimo beijo e finalmente entrou no carro seguindo o seu caminho.

Fiquei olhando o carro sumir no final da rua e levei um grande susto ao ver o mesmo carro preto da noite anterior do outro lado da rua, aquilo seria coisa da minha cabeça ou aquele carro estava em todo canto que eu ia ?

O mesmo carro ligou e seguiu o mesmo caminho que o João e aquilo me intrigou, resolvi entrar imediatamente no prédio . Tentei tirar aquilo da minha cabeça, seria besteira da minha cabeça. Mas o meu sexto sentido estava apitando e aquilo não era uma sensação boa .

_ Ei amiga? Como foi a surpresa? – Camila me abordou ao entrar no apartamento .

_Você sabia ?

_ Quando você saiu para festa , João e Bernardo vieram aqui.

_ Estranho.

_ O que ? Você voltar noiva com esse anel lindo no dedo ? – ela disse se aproximando e roubando Nick do meu colo e dando mamadeira para ele , Camila realmente pensava em tudo.

_ Não, quer dizer isso também. Mas o fato do Bernardo ter ajudado , afinal ele foi meu primeiro amor .

_ Isso é, mas isso mostra a maturidade dele e o melhor parece que a relação dele e João Vitor ta melhorando.

_ Isso era tudo o que eu queria, os dois voltarem a ser aqueles melhores amigos da época do colégio.

Narração João Vitor.

Parei no sinal, dirigia para volta da minha casa depois do dia perfeito com Eduarda e Nicolas, mas algo me chamou atenção um carro preto atrás do meu carro que também estava parado no sinal, me fez lembrar do que Eduarda tinha me contado.

Ignorei e comecei a seguir o meu caminho, acelerei o carro quando o sinal ficou verde e passadas já alguns quarteirões o carro ainda estava atrás de mim. Acelerei mais o carro e o carro atrás fez a mesma coisa, aquilo já virava uma perseguição em meio a uma via bastante movimentada, ultrapassava os carros a minha frente com bastante habilidade, os rachas que eu e Manu frequentávamos em Atlanta claramente me ajudaram, o carro preto estava a uma pequena distancia sobre mim e na minha distração de verificar , levei um susto ao me dar conta de um carro a minha frente.

Desviei o carro fazendo ele derrapar e contornar algumas vezes em seu próprio eixo, perdi o controle e o carro capotou duas vezes .

Sai do carro com muita dificuldade , arrastava-me no chão, minha perna tinha um dor terrível e meu braços possuía algumas escoriações e sentia o sangue escorrer em meu rosto . O carro preto freou bruscamente em alguns metros perto de mim, levantei do chão com alguma dificuldade. O carro acelerava fazendo o barulho do motor soar e saiu, demonstrando aquilo como se fosse apenas um aviso .

Suspirei aliviado com a saída e andei mancado ao máximo que pude para longe do carro caído a beira da estrada e minutos depois ele explodiu , passando na minha cabeça na grande enrascada em que eu estava.