Malfoy se sentou de baixo de mim, e eu não movi um músculo, continuava na mesma posição, no chão, com as pernas ao redor da cintura do loiro.

–Eu... Ah... – tanto eu, quanto Malfoy, tentávamos dizer algo, porém acho que nenhum de nós conseguia achar uma boa resposta para uma situação tão constrangedora, não precisava ter uma mente suja para pensar o pior de nós naquele momento.

Corei fortemente

–Mas o que... – Mandy Olsen começa a falar e deixa à frase no ar, ela entrou e fechou a porta do banheiro atrás de si – enlouqueceram? Vocês deveriam ser expulsos, não podem ter esse tipo de ato de namoro aqui – ela diz cuidadosa com as palavras.

Eu e Malfoy nos levantamos depressa

–Não é nada disso... Nós não somos namorados – disse o que me veio à cabeça

–Claro que não. – Malfoy diz mais firme que eu – Eu não namoraria a sangue-ruim

–Essa não é a melhor hora pra isso Malfoy – eu digo para o loiro

–Não interessa. – ela diz – Se alguém os visse seriam expulsos com certeza, seria um escândalo no jornal, vocês são famosos, Draco Malfoy e Hermione Granger não é?

Nós assentimos com a cabeça

–Você disse “se alguém os visse”. Não vai nos expulsar?

–Não, Malfoy. – ela respondeu – Vou deixar isso passar – ela de repente sorriu – na verdade acho que vou fazer um acordo com você rapaz

–Tudo bem

–Bom, um passarinho verde me contou que você sabe cantar...

Com isso eu arregalei os olhos, primeiro por Malfoy saber cantar, e outra por ela usar uma expressão trouxa para falar, aquilo era inédito pra mim.

–Eu não diria cantar... – Malfoy diz desconcertado. Outra coisa inédita de se ver, ele é tão fofo assim. Sacudi a cabeça para afastar aquele pensamento

–Bom, eu aceito você de qualquer forma. E você Granger, não se meta em confusão, você é uma boa aluna. Malfoy, eu esperarei na sala de poções para conversarmos.

Eu apenas assenti com a cabeça.

Ela se virou e simplesmente foi embora.

Pisquei duas vezes para me certificar que eu estava acordada, nada de diferente ocorreu. Porém era tão absurdo que pouco de mim ainda acreditava que eu estava surtando. Olhei para Malfoy, e corei assim que pensei no que aconteceu um pouco antes da professora chegar.

Virei-me de costas para não ter que encará-lo e peguei meu caderno que continuava em cima da pia, me virei rápido, e ele estava ali pertinho de mim, na verdade perto demais, eu podia sentir sua respiração batendo contra minha pele.

Estranhamente eu sorri, quando seus lábios pela segunda vez naquele dia se encostaram ao meu, e demos outro beijo, que durou pouco. Depois que ele se afastou eu corei e saí de lá andando rápido segurando apenas meu caderno contra o peito.

Louco. Louco! Não acredito que aquilo realmente aconteceu

Eu corri para meu quarto, por sorte não encontrei ninguém pelo caminho, todos já deviam estar se reunindo no salão principal. Parei em frente do espelho, eu estava completamente ensopada, fui para o banheiro outra vez correndo e tomei banho com a água mais quente que tinha, era melhor pra pensar.

Depois do banho, deitei na minha cama, e sem me preocupar em me apressar, coloquei música para tocar e comecei a me vestir.

Comecei a me sentir mais calma com isso, a música tinha um estranho poder sobre mim. Até mesmo quando ela não tinha palavras, ela falava comigo, apenas com o som. Pode soar ridículo para qualquer um, porém pra mim significa tudo, o que eu seria sem música? Eu ainda seria Hermione Granger?

A música acabou nos últimos minutos em que eu me vestia. Eu sentia falta da música trouxa, ela era ainda mais subversiva do que a bruxa. Talvez fosse por isso que mesmo com ela tocando, ou não, eu pensava no meu dia louco. E principalmente em certo loiro.

Draco Malfoy

Eu deveria estar louco. Não sei como deixei aquilo acontecer. Beijar Granger a sangue-ruim? Onde meu orgulho foi parar?

E por mais que eu odeie admitir, aquela garota sabe beijar bem. Merda! Eu devia ir agora mesmo para a ala hospital, aquela louca deve ter me enfeitiçado.

Entrei na sala de Poções, a professa Olsen estava lá. A mulher não era feia, devia ter vinte e poucos anos. Alta, esguia. Pele morena clara, olhos azuis, lábios carnudos e cabelo escuro com cachos longos.

–Que bom que veio – ela diz me analisando– e com roupas secas

Eu sorri

Não entendi nada dessa historia de cantar. Nada mesmo, porém se isso me livrasse de uma detenção chata, eu faria.

–Acabo de ler sua ficha, você escapou de Azkaban por pouco, Sr Malfoy.

Eu revirei os olhos. Não precisava de mais sermão sobre isso. Esquece isso povo! Cruzei os braços e continuei a ouvir a professora

–Mas não vou falar sobre isso. Sabe por quê? – ela não me deixou responder – por que eu vou precisar de você

–Como precisa?

–Os alunos não sabem, mas os professores estão desesperados, por que Hogwarts esta atolada em dividas com o banco, por causa do dinheiro que usamos para a reconstrução total de Hogwarts após a guerra – ela diz demonstrando cansaço da situação – Hogwarts corre risco de fechar, para sempre.

–E onde eu entro nisso? - eu pergunto desinteressado, Hogwarts nunca foi algo realmente importante para mim

–Faz parte de a sua pena participar de atividades como essa em Hogwarts.

–Que atividade?

–Parabéns, Sr Malfoy. É o primeiro membro oficial do coral de Hogwarts!

Pisquei algumas vezes antes de responder. Aquela mulher só podia ter bebido

–Coral? - eu repito sentando mais ereto na cadeira e a olhando nos olhos

–Isso mesmo, Sr Malfoy – ela sorria.

–Você bebeu? – eu digo de repente – como coral? Hogwarts nunca teve um coral

–Bom, agora tem – ela sorriu. – O coral de Hogwarts vai enfrentar outros em uma competição, a Master of music, o dinheiro irá toda para os pagamentos de dividas, você irá ajudar salvar Hogwarts.

–E por que eu? Tem outros cantores em Hogwarts

–Não é fácil encontrar alguém que acate minas ideias. Além de que você é obrigado a ser do coral, ou vai ter que ir para Azkaban, recebendo a sentença real de um comensal, ou seja, a prisão é perpetua

–Por quê?

–Por que faz parte da sua sentença, se você disser “não” ou Hogwarts ser fechado, seu próximo destino é Azkaban – ela sorriu um pouco – não tem muitas escolhas.

Passei a mão no cabelo e a testa sem acreditar nisso

Ir pra Azkaban ou cantar em um coral?

–eu não acredito que vou dizer isso... – eu digo baixo – sim!

–ótimo! – ela sorriu largamente

–Mas...

–O que?

–Qual é a sua ideia?

Ela suspirou, e respondeu:

–Estilo trouxa de música

–O que?!

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Hermione Granger

Entrei no salão principal atrasada, porém não chamei atenção alguma, todos estavam discutindo um com os outros em burburinhos altos, a maioria com cara séria, ou tirando sarro de alguma coisa. Eu sentei-me à mesa da Grifinória, junto dos meus amigos, mesmo que de má vontade, por que Rony estava sentado do lado de Harry, e Lilá grudada a seu braço. Meu coração doeu ao ver os dois juntos na minha frente, e senti uma cratera ser aberta no meu peito. Coloquei meu caderno em cima da mesa e olhei especialmente para Harry

–O que esta acontecendo? – eu perguntei

–A diretora acabou de dar uma notícia

–Hogwarts vai ter um coral, ele vai competir com outros em uma competição musical.

–Não é grande coisa – eu menti, pra mim era grande coisa, seria emocionante assistir a competição, eu amo música.

–E não é mesmo – Lilá comentou, e eu olhei para ela, ela estava rindo de alguma coisa. De baixo da mesa eu apertei meus dedos contra madeira, e mordi a língua para não fazer algo que eu me arrependesse, olhei apenas pra ela, e ignorei a presença de Rony – a notícia bombástica é que a música vai ser estilo trouxa.

–O quê? – digo surpresa

Hogwarts vai adotar o estilo trouxa? Isso é loucura. Completamente arriscado, o juízes não iam gostar nada, por causa do preconceito contra os trouxas, se um nascido trouxa já sofre preconceito, imagine um cantor bruxo que canta estilo trouxa? Não sei o que McGonagall tem na cabeça, logo ela que sempre foi tão realista

Hogwarts será motivo de piada de todos os jornais, inclusive o profeta diário. Até posso ver a matéria ridícula que Rita Skeeter vai escrever quando isso chegar aos ouvidos dela

–Aquela velha deve estar louca – Lilá diz rindo – onde já se viu um bruxo cantando música de trouxa? Vai ser uma piada

Rony apenas ficou olhando a garota rir, porém não fez nada.

Gina pareceu irritada com a garota

–Pra mim isso é ótimo!– Gina diz e da um singelo sorriso – vai ser uma tapa na cara nesses bruxos preconceituosos, as trouxas não são ruins.

Lilá ignorou a ruiva,e encostou a cabeça no ombro de Rony

–Acho loucura – eu disse – mas já esta na hora de tentar acabar com o preconceito trouxa, o que você acha Harry?

Harry não respondeu, olhei para ele e o moreno olhava para algo atrás de mim.

Virei-me e vi Cho Chang, sorrindo, enrolando os dedos em uma mecha de cabelo e por fim dando um aceno a Harry – seu namorado. Preciso comentar que não gosto nada dos dois juntos?

–Harry! – eu chamei sua atenção

–O que? – ele diz assustado

–O que você acha sobre isso?

–Pra mim tanto faz – ele respondeu dando de ombros

–Pra você qualquer coisa não importa – Gina diz ligeiramente irritada – nem o coração de alguém

Gina e Harry não são tão bons amigos tanto quanto antes, desde que os dois terminaram o namoro – ano passado – eles não se falam direito.

–Vamos Hermione, o lugar esta irrespirável.

Peguei meu caderno e a segui para fora do salão principal. Gina estava com a face vermelha de raiva, tanto quanto seus cabelos são ruivos. Depois de um tempo caminhando, ela respirou fundo e olhou pra mim.

–Você sumiu essa tarde, onde você estava? Eu fiquei preocupada que fizesse alguma besteira, meu irmão foi um idiota.

–Eu estava mal – eu respondi em um suspiro, mas depois corei ao pensar no beijo que ocorreu com o Malfoy, ainda não achei uma resposta cabível para isso

Gina ergueu uma sobrancelha pra mim

–Por que corou?

–Não é nada. – eu disse rápido e apressei os paços para chegar mais rápido ao dormitório

Deixei Gina pra trás, e ela não apressou o paço para chegar até mim, ela sabia que me encontraria no quarto. Droga!

Com a pressa bati com alguém, quase caio no chão, mas me equilibrei antes disso. Era a diretora McGonagall, e a Sonserina Dafne Greengrass.

–Srta Granger! – a diretora me saldou, mas Dafne me olhou como se eu fosse um inseto nojento – eu estava ti procurando.

–Boa diretora, eu já falei sobre minha nota, então eu vou pro quarto. Tchau Granger – ela disse meu nome contorcido e foi embora dizendo um mudo “sangue-ruim” como ela sempre me chamava

–Granger, - a diretora chama minha atenção – eu queria falar sobre a sua saída amanhã, você já me falou há semanas sobre casamento da sua prima.

–Ah claro – eu sorri amarelo, lembrando-se desse meu problema. – eu vou sim amanhã. Não se preocupe

Ela sorriu e foi embora. Eu nem mais se lembrava disso, preciso pensar em alguma coisa rápido, não posso simplesmente ir sem meu namorado. De relance pensei no Malfoy, - e inconscientemente toquei meus lábios, lembrando-se do momento que os dele encontraram os meus - e tive uma ideia: Será que ele fingiria ser meu namorado?