PDV - Christopher              

  Desde aquele maldito dia que jogamos “verdade ou desafio” todos pensam que gosto de Ashley, simplesmente pelo fato de ter surtado e ficado completamente vermelho quando me desafiaram a beijá-la e por Felipe ter enlouquecido  com o desafio, entretanto, rejeitei e paguei a punição. Tirar a camisa e ficar sem ela pelo resto da noite. Desde então estávamos “vivendo” um triangulo amoroso. Pelo menos, era o que Alice e Sthefan achavam.

                Alias, desde aquele dia Isabella vem se isolando de tudo e todos, ela não conversa com mais ninguém, Sthefan começou a agir estranho como se tivesse algo à contar e Alice havia se tornado a melhor amiga de Ashley, as duas não se largavam por nenhum minutos. Parecia que colocaram cola nelas. Enquanto Felipe tentava negar aquela cena de ciúmes, mas ninguém acreditava nele. Entretanto, ele também parecia gostar de Alice, afinal, em um dia desses, ele acabou dizendo que ele não ficou com ciúmes, pois gostava de Alice. Sinceramente, eu já não estava entendendo mais nada, Sthefan amava Alice, mas parecia ter uma queda por Isabella, Felipe parecia ser louco por Ashley, mas disse gostar de Alice e eu tinha uma queda por Isabella, mas tinha raiva dela por culpa de algumas atitudes que ela tomara...

                Mas enfim, as aulas haviam começado e Ashley fazia questão de se exibir com o Impala 2013 que comprara ha algum tempo atrás e eu agradecia por não ter que ir para a universidade naquele Fiat 500 e acabado de Felipe. Ashley, Sthefan e eu estávamos cursando medicina, mas não ficávamos na mesma sala quase nunca e, as poucas vezes que nossas aulas bateram, enlouqueci com Ashley e suas brincadeiras, ela agia como se estivéssemos no colegial.

                Fazia mais de duas semanas que não fazíamos nada divertido, então, Alice, nessa manhã de sábado, sugeriu que andássemos a cavalo, afinal, já que os possuíamos, por que não dar uma volta?

                Isabella e Alice discutiram para pegar o cavalo branco, o Carmaguês, por ser lindo. No final, Alice venceu, Isabella ficou com o  Andaluz assim como Sthefan e Felipe, Ashley, escolheu o Apploosa e eu com o Mustang. Nós dois ficamos com os mais rápidos, vai ver, foi por esse motivo que apostamos uma corrida agressiva aos arredores do sítio.

                - Você não vai vencer! – Gritei – Eu tenho um Mustang!

                - E eu tenho um Appaloosa! – Gritou de volta.

                - Parem de brigar, crianças! – Sthefan disse logo atrás de nós, ele estava apostando corrida também.

                Demos várias voltas nas redondezas do sítio, conhecemos até alguns pastos novos e sítios novos com proprietários completamente receptivos e alegres que nos convidaram para passar um dia qualquer em suas casas.

                A noite começou a cair rapidamente e, a essa altura do campeonato, a corrida havia sido encerrada sem um campeão, decidimos que seria melhor assim, caso o contrario, teríamos iniciado uma grande discussão. Ashley dizia ter chegado primeiro no rio– local que decidimos ser a linha de chegada – entretanto Sthefan dizia ter chegado primeiro na ponta do rio – não havíamos definido o lugar certo, só sabíamos que devíamos chegar até ele. –

                A lua surgira no horizonte junto das belas estrelas. Sthefan e Isabella cavalgaram lado a lado. Eles tinham um grande sorriso no rosto. Felipe e Alice também estavam cavalgando juntos e eles pareciam estar se divertindo muito, enquanto Ashley estava  a vários metros longe de nós cavalgando devagar e olhando para cima. Ela parecia pensativa. Resolvi ir até perto dela.

                - Oi... – Disse ao seu lado assustando-a com a minha presença inesperada.

                - Hm... Oi? – Ela olhou para mim confusa.

                - Sozinha? – Perguntei tentando arrumar um assunto.

                - Estava até cinco segundos atrás – respondeu.

                - Tudo bem, estou indo – Disse e afastei-me um pouco dela.

                - Não, fique aqui... – Pediu. Voltei a ficar ao seu lado.

                - E então... Pensativa?

                - Não...  – suspirou – sim... – disse por fim.

                Ela começou a cantarolar uma musica com uma bela harmonia e logo começou a cantar fazendo-me reconhecer a canção. Sua voz meio rouca tornava aquela musica mais linda. Inconscientemente, comecei a sorrir e a fazer o fundo da musica. Ela sorriu de volta e continuou cantando.

                - É linda... – Disse – e na sua voz fica melhor ainda...

                - Oh, obrigada – Agradeceu sem jeito.

                Fortes gotas de água começaram a cair, olhamos para o céu e vimos fortes nuvens carregadas de chuva cobrindo a lua cheia e as estrelas. Olhamos para trás e não vimos nenhum de nossos amigos. Ao olhar em volta, reparei que estávamos longe de todos.

                - Ah, que saco, viu o que você fez? – Ela jogou a culpa de estarmos perdidos em mim.

                - Eu fiz?  Você que estava ai distraída!

                - Por sua culpa! – Ela deu meia volta e cavalgou o mais rápido que pode de volta para casa. Segui-a logo atrás.

                - É para o leste, não oeste! – Disse ao vê-la indo para o lugar errado.

                - É oeste, não leste! – Discordou.

                No final das contas, seguimos para Norte sem sabermos. A chuva havia ficado mais forte e em pouco tempo já estávamos encharcados. Ao longe, avistamos outro sítio com algumas luzes acessas, seguimos até ele após muita discussão e nos escondemos da chuva dentro do celeiro.

                - Que saco, Christopher! – Ela começou a conversar comigo em inglês.

                - eu não tive culpa, você que estava andando longe dos outros – respondi no mesmo idioma. Ela revirou os olhos e jogou-se no feno de braços cruzados.

                - Por que quando estou com você tudo sai dos eixos? – Perguntou a si mesma e eu não respondi, apenas sentei-me do lado oposto que ela.

                - Cara,  você é impossível! – Afirmei alto o suficiente para que ela ouvisse.

                - Você que é – Murmurou de volta.

                - Parece que vamos passar a noite inteira aqui – Revirei os olhos.

                - É...

                - Então vamos conhecer melhor um ao outro pra ver se conseguimos chegar a algo comum. – Sugeri. Sentei-me perto dela e comece

- Hm... Gosto das mesmas coisas e toco guitarra também... Não estou em busca de nada sério e também não gosto de ser o capacho de ninguém... – Suspirei decepcionado por não poder dizer mais nada sobre mim.

                - O que aconteceu? – Perguntou

                -  O que?

                - Você não faz o tipo de cara que só quer se divertir, sabe? Você parece aquele tipo de cara que tenta ser perfeitinho e que faz de tudo para fazer a namorada feliz...

                - Eu era assim... – Suspirei profundamente.

                - O que te mudou? – perguntou olhando fixamente nos meus olhos.

                - Eu perdi uma pessoa...  Por um erro meu... 

                - Como ela se chamava e o que aconteceu com ela? –

                - Mya... Acidente de carro... – Algumas lagrimas se acumularam em meus olhos no momento que recordei como fora sua morte.

                - Sinto muito... - Então ela não disse mais nada, apenas me olhou e me deu um forte abraço.

Ela era tão quente, macia e delicada quanto Mya... Chegava até parecer que era ela ali e não Ashley... Seu cabelo tinha o mesmo cheiro de cereja, era apenas um loiro mais escuro. Sua pele era tão branca quanto à dela...

Afastei-me do abraço por um momento e observei sua face. Olhei seus olhos, eles estavam azuis escuros e um pouco acinzentados, como a cor do Jeans. Sua pele estava meio corada nas bochechas e seu lábio inferior ficara avermelhado após ela o morde-lo. Tentei organizar meus pensamentos e disse:

- Sua vez.

- Gosto de rock alternativo, toco guitarra, piano  e bateria...  Não curto relações momentâneas, apesar de não estar mais acreditando no amor e gosto de  estar na frente de tudo e todos porque só assim sinto que não serei ultrapassada pelos meus inimigos e é isso, por hora... – Disse finalizando sua descrição.

                 - O que aconteceu? Você também não faz o tipo de garota que não acredita no amor – Disse.

- Eu também perdi uma pessoa que eu amei... Em um acidente de avião... Não conseguiram encontrar o corpo dele... – De repente, ela começou a soluçar e chorar sem parar. Abracei-a o mais forte que pude tentando acalmá-la e oferecer proteção e consegui. Ela conteve seu choro em pouco tempo e deitou sua cabeça em meu peito. Pousei minha cabeça sobre a sua  e cantarolei uma musica que conhecia enquanto balançava nossos corpos lentamente.

                E foi assim, deitamos sobre o feno e ela dormiu com sua cabeça enterrada sobre meu peito e seu braço direito sobre minha barriga. Envolvi-a com um leve abraço e observei seu rosto sereno e tranqüilo enquanto dormia, nem parecia ela. Sorri por ter conseguido uma boa relação com ela e por, aparentemente, não sermos mais cão e gato. Após um longo tempo observando-a, fechei os olhos e dormi...