Meu nome é Sthefan. Sthefan Kovalev Kyznetsov. Moro aqui há algum tempo e amei a ideia de meus amigos virem para cá. Alguns eu conhecia, bem até demais.

As festas todas causaram muita dor de cabeça em todos e até hoje não sei o que disse. Ainda bem que ninguém se lembra também. Eu guardo sentimentos comigo á muitos anos que nunca revelei e não será pela bebida que vou fazer isso.

Há uma coisa sobre o sumisso de Isabella que ninguém realmente soube. Enquanto Alice dormia, recebi um telefonema de um amigo meu, dizendo onde ela estava. Fui correndo até o local e a encontrei completamente bêbada, sem nem lembar de quem eu era. A tirei a força da festa e a trouxe de volta á seu quarto, em segurança. Felipe viu tudo. Ela deve pensar que foi ele quem a salvou. Talvez seja melhor assim.

As coisas entre eu e Alice andavam muito bem. Talvez eu estivesse realmente gostando dela. A noite que passamos juntos foi muito especial. Mas aposto que fiz mal em dizer-lhe que a amava. Provavelmente isso não é verdade. Eu amo outra garota. Sempre amei. Eu acho.

Eu estava mais confuso do que de costume. Alice havia me perguntado se estávamos namorando e eu havia lhe dito que sim. Mas eu não queria namorar. Não ela. Foi um erro dizer aquilo. E agora eu não sabia como reparar esse erro.

Contei á Felipe que me sentia confuso em relação á meus sentimentos. Ele era meu melhor amigo, não precisei dizer por quem, mesmo sem eu nunca ter mencionado sobre isso, ele sabia muito bem quem era. Qualquer um repararia se prestasse atenção.

Decidi abrir o jogo para a Alice. Mas não dava. Ela era tão meiga, tão doce, tão... incrível que simplesmente não dava para dizer que não queria nada com ela. Até porque isso não era totalmente verdade.

A semana havia passado completamente rápido e chegara o dia de irmos para a faculdade. Eu estava no segundo ano de medicina. Sempre fui apaixonado por essa profissão, desde pequeno.

No dia que começaria as aulas, Ashley levaria todos em seu carro novo. Não fiquei para esperá-los. Sai mais cedo que todos de casa. Estava evitando Alice há uns dois dias, dizendo-lhe que precisava arrumar as coisas da faculdade.

Estava sendo injusto com ela e repararia esse erro. Na hora da saída da faculdade, fiquei ao lado de fora a esperando. Quando ela saiu, veio toda empolgada em minha direção e me beijou. Eu retribui o beijo.

– Oi! - Disse ela, totalmente animada.

– Precisamos conversar. - Disse eu, tentando parecer o menos sério possível.

– O-ou. Aí vem. - Ela sabia o que era, só não queria assumir que sabia.

– Estou sendo injusto com você Ally, e você sabe disso. - Acariciei seu rosto e peguei em sua mão. - Você é uma garota maravilhosa e eu realmente gosto de estar com você. Mas eu amo outra garota e não posso simplesmente ignorar isso e fingir que não sinto nada. Não posso dizer á você que a amo, não sendo verdade. Não é justo isso. Eu preciso de um tempo para esquecer ela.

– Eu te dou todo o tempo que você quiser e te entendo mais do que imagina. Se você me deixar, sei que juntos, podemos fazer com que esqueça ela. Não quero que me ame tão rápido, até porque um amor que surge do nada não é amor. O amor se contrói. E eu vou construir o nossso. Se você quiser, é claro.

Eu sorri, ela também. Eu a abracei e a dei um selinho.

Tudo estava ótimo entre a gente de novo e eu não me sentia culpado. Christopher, Ashley e Felipe viviam um triangulo amoroso. Não sei mais dizer quem estava com quem. Christopher e Isabella nem se falavam mais e por falar nela, ela havia sumido por alguns dias. Raramente ficava com a gente. Nem mesmo com a Alice, que era sua melhor amiga. Estranho não é?

Voltamos para a casa. Por milagre o almoço estava pronto. Felipe cozinhava muito bem. Me sentei ao lado de Alice na mesa, segurando sua mão. De frente para nós se sentaram Ashley e Felipe e na ponta, Christopher. Isabella apareceu, pegou a comida e foi para a sala.

Conversávamos sobre o primeiro dia de aula, todos muito empolgados. Ao mesmo tempo que devorávamos tudo que haviam posto na mesa, falavamos sem parar.

~ ~ ♥ ~ ~

No dia seguinte, sai mais tarde da faculdade. Ao chegar em casa, fui direto para meu quarto. Sentia como se algo me atraisse para lá. Assim que cheguei ao corredor, dei de cara com Isabella parada em frente da porta de meu quarto.

– Pois não? Perdeu alguma coisa? - Eu sorri. Essa frase deveria sair ríspida e não brincalhona como saiu.

– Ér, oi. Não. - Ela realmente havia ficado sem graça.

– O que faz aqui?

– Pensei que já tivesse chegado e vim... conversar com você.

– Sobre o que?

– Ah, sei lá, só conversar. Digamos que estou sem amigos por aqui. - Ela sorriu tristemente.

– E a Alice? Vocês eram tão amigas...

– Digamos que mesmo sem saber, ela fez algo que me machucou e muito, e até a ferida cicatrizar, eu estou me mantendo afastada.

– Lamento muito.

– Eu também.

– Quer me contar o que exatamente aconteceu?

– Quem sabe mais tarde. - Ela me encarava.

– Ok. Que tal darmos um passeio? - Ela concordou e fomos para o jardim. Nos sentamos sobre a grama recentemente aparada e conversamos sobre nossa infância e sobre tudo que havíamos vividos juntos. Eu me sentia... completo? Ou feliz? Ou o que?

Nosso primeiro beijo havia sido um com o outro e até hoje me lembro desse dia perfeitamente.

Em certo momento reparamos que Alice nos olhava pela janela. Ficamos em silêncio por um bom tempo.

– Pelo que conheço Alice, ela deve estar com ciúme. - Isabella parecia triste. - Acho melhor ir ficar com ela.

– Não vou abandonar minha melhor amiga, que é minha melhor amiga desde que me conheço por gente, quando ela mais precisa de mim por causa do ciúme da minha namorada.

Ela havia aberto um sorriso tão lindo que iluminava tudo a sua volta. Ela me abraçou forte e me derrubou.

– Eu também te amo. - Eu disse e sorri.

Realmente fomos melhores amigos na infância e ela continuava sendo minha melhor amiga. E sempre continuaria.

Passamos o resto da tarde conversando e ela até começou a ficar mais perto do resto do pessoal. Eu tinha que dividir meu tempo entre Alice e Isabella, já que elas não queriam ficar juntas. Pelo ciúme de Alice, ela nem queria ficar perto da Isa.

No dia seguinte a aula havia sido puxada e eu estava morrendo de dor de cabeça. Cheguei, tomei um remédio e fui para o meu quarto. Assim que cheguei, me deparei com um envelope em cima da minha cama.

Abri e peguei um bilhete que havia dentro dele. No bilhete dizia a seguinte frase: "Eu sei que isso parece loucura, mas eu realmente te amo Sthef, Sempre te amei."

Eu fiquei paralisado. Eu reconheceria aquela letra em qualquer lugar do mundo. Os anos passam mas a caligrafia ruim sempre é a mesma.