Stay With Me escrita por soulsbee, Bella Guerriero


Capítulo 26
Amigos são para sempre


Notas iniciais do capítulo

- Notas finais -



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Christopher

Ashley e eu estávamos cuidando de seu Impala 2013 - comprado com o dinheiro de uma espécie de herança, ela nunca nos contou direito, mas não importa - debaixo da neve, praticamente, limpando todo seu interior sujo de pacotes de salgadinho vazios, comidos a pressa após sair da faculdade, carpetes cobertos do barro do sitio e o painel totalmente úmido, com marcas de água, devido à janela ter ficado aberta no ultimo sereno que teve antes da neve.

– The British girl playing with water– Brinquei em nosso idioma nativo, tentando imitar o sotaque inglês, quando Ashley derrubou o balde que usava para limpar a roda no chão.

– Não se usa esse seu "r" puxado no final - revirou os olhos com um meio sorriso, limpando o pneu todo enlameado, trazendo de volta sua cor negra aos poucos - É cortado e mais forte... Como se fosse "a" no final... - Explicou em italiano com seu sotaque britânico, praticamente, impossível de se perder.

– Ah, obrigado professora. - Zombei. – Não tive aulas de inglês no colégio.

– Se quer tentar falar o idioma nativo, diga certo.

– Desculpa. - Levantei os braços em defesa, voltando a limpar os carpetes em seguida com uma esponja imersa em agua e sabão. - Alias, porque falamos em italiano quando estamos sozinhos? - indaguei me recordando de como estava me esquecendo de algumas palavras complexas que raramente usava e, longe dos Estados Unidos, nem fazia ideia do que eram.

É a força do habito– Respondeu em nossa língua mãe, sentindo-se mais confortável até.

– Treinarei com você– Ri terminando o ultimo carpete colocando-o no lugar. - Talvez, ate o final de dois anos eu já tenha seu sotaque. – Brinquei levantando-me por um tempo, esticando as costas pela primeira vez após um bom tempo agachado.

Ha-ha-ha, sonha, nem em mil anos você conseguiria.– replicou deixando seu ego britânico exposto para me zoar o quanto quisesse - você e meu escravo. - Provocou jogando o respingo da agua de sua palha em seu rosto. - Somos superiores.

– Falou a raça ariana – Limpei meus olhos da água ensaboada que ela jogou em mim, pegando um pano com silicone para limpar o painel negro.

– Eles ainda são inferiores a nos.– Bufou se levantando, assim como eu, deixando seus ossos estalarem em resposta, relaxando daquele trabalho que já durava algum tempo.

Como você aprendeu a falar italiano? – Indaguei imaginando que essa não seria a primeira opção a se ter quando se desejava tornar bilíngue, a menos que fosse descendente ou amasse.

– Eu sabia o básico... Que fiz nas aulas extracurriculares por três anos no primário... - Começou a explicar, seguindo para o terceiro pneu pior que os anteriores e até com capim grudado. – Então vim para cá e forcei-me a aprender o resto. ­– Concluiu não entrando em muitos detalhes.

Como você conheceu Sthefan? – Continuei tentando conhecer mais sobre a garota que namorava há algum tempo e pouco sabia.

Ele e Felipe... –Suspirou ao pronunciar seu nome – Foram para a Inglaterra em uma viagem e nos conhecemos em um de nossos típicos pubs... Teve uma briga lá e fomos expulsos, ou quase isso – Disse entre risos lembrando-se da cena nitidamente, já eu, esforçava-me para imaginar aquilo – Conversou, ele passou um tempo na minha casa e viramos amigos.

Deve ter sido legal, queria estar lá.

– Ashley? – Sthefan surgiu chamando-a com uma voz alterada.

– O que foi? – Indagou voltando ao italiano

– Felipe fez merda, parou no hospital internato e vai gastar todo o resto da nossa economia em seu tratamento, nos deixando zerado com Alice. – Respondeu o mais rápido que pode, atropelando as palavras. – Caralho, foi a burra da Isabella que deu o restinho de nossos fundos para ele!

– Se o tratamento for urgente, ela precisava desembolsar uma garantia... – Ela tentou ser compreensiva.

– Mas agora não temos nada! O plano não cobre o tratamento da Alice, Felipe nem plano de saúde deve ter! Eu estou...

– Calma cara, vai ficar tudo bem! – Disse indo até ele, colocando minhas mãos em seus ombros. – Ela vai acordar logo e ele vai ficar bem.

– Eu quero que ele se foda. – Respondeu nervoso.

– Ele é nosso amigo – Disse incrédulo com o caminho que o relacionamento deles havia tomado.

Seu amigo. – Replicou fitando-me no fundo dos olhos.

– Garotos... – Ashley se pronunciou – Vão até o hospital ver como ele esta e...

– Eu não vou ir lá! – Rebateu.

– Vai ver a Alice que Christopher vai atrás dele... – Suspirou profundamente exausta da atitude de Sthefan – Aposto que estão no mesmo hospital.

– Você não vem? – Indaguei mirando-a.

– Tenho... – Ela fez uma longa pausa pensando no que iria dizer – Tenho uma coisa para resolver, encontro vocês depois. – Terminou jogando o material que estávamos usando para limpar o carro de lado, entrando no veiculo e girando a chave no contato.

– O que diabos ela vai fazer agora?! – Pareceu ficar ainda mais irritado com Ashley se preparando para sair do sitio.

– Você acha que eu sei?!

– Deveria.

– Vamos logo para o hospital porque a Alice te acalma – Revirei os olhos cansado do tom autoritário e mandão que usava, como se eu fosse uma criança mal educada.

– Eu não vou ver o Felipe – Ressaltou rosnando.

– Tudo bem. – Seguimos para o Fiat 147, do lado oposto de onde o Impala estava e, a essa altura, Ashley já havia tomado a estrada principal da casa, seguindo para seja lá onde for.

Entrei naquele carro completamente apertado, pegando a chave atrás do cambio e dando a partida, ouvindo aquele motor velho reclamar e engasgar nas primeiras tentativas, até finalmente funcionar. Sthefan estava ao meu lado, incrivelmente espremido no teto e nas laterais, uma vez que sua altura não facilitava em nada.

– Pega leve, eu sei que ele fez merda, mas acho que já pagou por tudo. – Comecei cortando o silencio dali ao entrar na estrada principal.

– Só vai pagar quando morrer – Sussurrou baixo em tom ameaçador.

Nunca diga isso, todos merecem perdão – O repreendi e ele deu de ombros, deixando o assunto morrer ali.

O transito àquela hora estava livre. Mesmo morando em um lugar relativamente pequena, ela era caminho para as grandes cidades, consequentemente, acarretando em milhares de carros nos horários de pico.

A nossa faculdade ficava na cidade vizinha e nosso horário de saída coincidia com esse transito, isso nos levava a passar as tardes no shopping mais próximo, enrolando por quase uma hora até voltar para casa. Alias, fazia tempo que não via aquele campus... Desde as férias... Mas daqui poucas semanas deveríamos regressar e não fazia a menor ideia de como Alice e Isabella iriam prosseguir...

Meus pais e os de Sthefan pagavam para nos, Felipe arcava com metade usufruindo-se de seu emprego de meio período, Alice tinha uma bolsa de 70%, mas deveria comparecer nas férias, porem ela terá o atestado do hospital quando acordar. Ashley é a nerd sortuda que conseguiu 100% e Isabella, bom, ela recebia o dinheiro dos pais que seriam para o aluguel da casa enquanto ela deveria trabalhar. Era o que ela dizia a eles, mas morava praticamente de graça, ajudando apenas com uma parcela do dinheiro da comida e usava o resto para pagar a universidade.

– Eu vou ter que vender o sitio... – Sthefan suspirou profundamente como se lesse meus pensamentos, ele já estava mais calmo.

– Co-como as-assim?! – Indaguei engasgando com minha própria saliva.

– Não vamos ter dinheiro para cuidar dos dois e mesmo que os pais de Felipe nos de o dinheiro de volta, não será tão rápido, da noite para o dia como pagamos o tratamento, a sorte dele foram os nossos fundos e agora, ele se esgotou... – Dizia em um tom baixo, porem, preocupado. – Eu já arrumei um comprador que nos dará 30 mil euros...

– Isso não é nada! – Apertei as mãos no volante ao ouvir a merreca pela qual ele estava disposto a vender uma casa tão linda. - Se você alugasse, em três anos receberia esse valor!

– Não temos o luxo de receber a longo prazo, tem que ser para ontem, e se pedirmos mais, não iremos conseguir ninguém tão rápido.

– Sthefan, aquele lugar vale pelo menos 100 mil! – Apesar da casa estar com uma pintura desgastada e um pouco mal tratada, um mês com nos seis fazendo as pequenas reformas e ela iria triplicar seu valor.

– Eu sei... – Esfregou suas têmporas pensativo.

– Chegamos... – Disse estacionando em uma vaga afastada, soltando o cinto de segurança e seguindo para dentro, deixando as luzes brancas invadirem meus olhos, trazendo lembranças inconscientes a minha mente enquanto eu tentava esquece-las.

– Até que enfim vocês chegaram! – Isabella disse abraçando-me forte, tremula e exausta. Ela estava horrível... – Oi Sthef... – Sussurrou sem me soltar.

– O que aconteceu? – Perguntei baixo, deixando um abraço frouxo ao redor de seu corpo.

– Felipe enlouqueceu e tentou se matar e eu estava lá, ouvi o som, tudo, nunca imaginei que fosse ele, até vê-lo – Jogava sem parar para respirar, em puro desespero e choque.

– Até pra se matar ele não presta – Sthefan resmungou atrás de mim e eu o ignorei, encarando a loira a minha frente.

– Senhor Ashford? – A voz desconhecida de uma mulher me chamou.

– Sim? – Perguntei soltando Isabella de mim e dirigindo-me a uma mulher vestida de branco e azul, o uniforme das recepcionistas.

– Queríamos confirmar a procedência do tratamento de Alice para mais 10 dias. – Apesar de Sthefan sempre estar com ela, foi eu quem deu a entrada em sua ficha e me indiquei como responsável por ela.

– Mas não temos dinheiro... – Sthefan murmurou.

– Como sabem, o plano de saúde cobre a internação e alguns medicamentos, exceto os mais caros... – Relembrou-nos do “contrato” do hospital – e nós recebemos 18 mil euros há poucos minutos... Vocês não sabiam? – Indagou ao notar nosso olhar de descrença.

– Quem fez isso?

– Ashley Mason. – Disse após ler em sua prancheta.


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Notas finais do capítulo

Demoramos, para variar, mas agora o proximo capitulo sai ainda esse ano u_u Cobrem a Isabella caso ela atrase u_u



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