Los Desperados escrita por MetroSurvivor


Capítulo 15
Recomeço


Notas iniciais do capítulo

Longo tempo né!? Depois dessas semanas de prova e um seminário sobre a segunda guerra mundial (que eu esqueci de avisar) minha história volta á todo vapor! Novos capítulos como de costume, segunda e quinta!



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Acordei realmente “quebrado”. Depois de alguns dias de viagem incansável, as fugas contra aquele grupo de loucos, o cárcere no metro, a perda de minha irmã... Só queria descansar um pouco. Meus ossos doíam, meus músculos se retorciam a medida que eu me enrolava mais no cobertor. Abrindo a cortina para espiar um pouco na rua com cuidado, pude ver a cidade morta. Não havia mais pessoas naquele ambiente. Apenas monstros horríveis sem rumo. Aqueles que devoravam incansavelmente e que sua fome não saciava. Afinal, de quantos humanos inteiros se precisava para um deles parar de atacá-los por um bom tempo?

Os cobertores me deram uma espécie de proteção, embora a casa tivesse apenas uma tranca. Na verdade, pensei que ali dentro nada poderia me atingir. Um raio de sol saindo da janela e refletindo no espelho deixava o ambiente ainda mais quente e aconchegante. Dali não queria sair, nunca mais...

Até que minha irmã começa a chorar. Droga. Provavelmente estava com fome. Sai dos cobertores e rapidamente fechei a cortina. Não queria ser visto do lado de fora. Dirigi-me ao banheiro e ao abrir a torneira, uma surpresa. Não mais corria água. Então, há alguns dias sem energia e agora sem água? Bom, aquele então seria o fim dos recursos fáceis. A partir de agora, era ferver e filtrar a água a todo instante. Banho, só em casos extremos.

Agora que eu fui reparar melhor no quarto, quando já estava acordado. O meu telescópio ainda estava apontado para fora da janela. A mala que minha mãe preparou ainda estava dentro do armário, assim como a comida que ela deixou guardada. Então, acho que nesse meio tempo que me ausentei da casa, ninguém a invadiu.

Aquela situação me deixou enervado, embora previsível. Sai de meu quarto e fui em direção ao dela. Peguei-a pelo colo e cantei uma canção. Logo, se acalmou, mas não por muito instante. Outra coisa que eu deveria planejar: Algum modo de silenciá-la, mas que eu pudesse ouvir quando chorasse. O choro atrapalharia minha vida; na verdade eram os mordedores, mas o barulho emitido era bem pior. Pensaria mais tarde.

Coloquei-a de volta no berço e fui preparar tal “café da manhã” para ela. Allen tinha me ajudado e pegou uma bolsa cheia de comida. Allen mesmo? Será que ele não havia morrido? Não, era improvável. Para falar a verdade, agora sentia aquela alma como um protetor e um conselheiro. Eu, que antes não gostava de igreja, vejo que agora existe sim, muito mais coisa no céu e na terra do que a nossa filosofia pensa; a bolsa não havia sumido.

Com um pouco do leite, esquentei no mesmo processo usando o sol. Depois de morno, coloquei na mamadeira e trouxe-a para baixo. Comecei a dar tal mistura de gordura líquida devagar, pois não queria provocar um engasgue. Depois que ela tomou metade do líquido, vi que não queria mais e tirei sua boca do bico da mamadeira. Havia 9 caixas da vitamina, com 10 cápsulas cada uma. Daria para 80 dias, então. 3 meses. Até lá, ela conseguiria se alimentar de qualquer outra coisa?

Peguei uma delas e abri com as mãos. Nessa parte eu tinha de tomar muito cuidado. Com água que encontrei na geladeira desativada de minha casa, lavei bem as mãos com sabão. Peguei uma colher de madeira que minha mãe usava para fazer ovos mexidos e com isso, esmaguei a cápsula, reduzindo-a á praticamente nada. Joguei o pó dentro do copo com água e deixei efervescer. Quando a reação química parou, despejei o pó na água formando tal mistura homogênea que eu desejava. Com um conta-gotas que achei na gaveta de remédios de meu falecido pai, fui despejando pouco a pouco. Depois de alguns minutos, ela tinha tomado tudo. O iogurte, deixei guardado para outros casos. Agora cuidaria de mim.

Para o meu café, comi um enlatado de sardinha que venceria daqui á 2 semanas e algumas fatias de uma bandeja de frios. Os perecíveis eu consumiria logo, pois estragariam rápido. A geladeira estava sem energia, porém o freezer ainda continuava em “funcionamento natural” devido á sua isolação térmica. Coloquei os alimentos que estragariam ali. Depois, fui cuidar da minha vida. Mas antes, a primeira coisa que tratei de fazer foi colocar a bíblia e a imagem de Jesus Cristo de volta em seu devido lugar. Ali, oraria todas as noites.

Se pensarem que naturalmente eu abriria janelas e portas, se enganaram. Na verdade, o que eu queria era selá-las. Por quê? Quanto menos visão de fora, mais protegido eu estava. Desci ao porão e tentei encontrar qualquer coisa que me servisse. Acabei encontrando algumas ferramentas de meu pai. Um serrote, martelos, porcas, pregos, pinos, etc. Algumas estantes grossas completavam o inventário. Haviam 4 estantes na sala. Decidi quebrar uma com o martelo para fazer barricadas. A estante era de uma madeira grossa. Nem sequer chutes e pontapés de pessoas lucidas poderiam derrubar tais madeiras.

Comecei a fazer tal processo. Peguei o serrote e comecei a cortar as madeiras da já quebrada estante. Medi as principais portas e janelas, primeiro, e então as separei em vários pedaços. As prateleiras ficariam para as portas; os suportes laterais seriam para as janelas, que eram mais finos. Meu plano era também de cobrir tais janelas para nenhuma luz interior escapar do meu refúgio.

Acabei com um total de 16 madeiras para portas e 8 para janelas. Havia uma porta principal, a da entrada, a porta da garagem, a porta dos fundos e a porta da cozinha que dava acesso ao quintal traseiro... Tudo bem, 4 madeiras grossas daquela serviriam para segurar qualquer ato contra mim. Mas por onde sairia? Pensei melhor e em vez de colocar tais madeiras na porta frontal, faria um sistema de tranca rápida com uma barricada de espinhos de madeira na porta, além de, claro, arames e cordas para qualquer intruso cair.

Comecei o meu serviço pela porta dos fundos. Peguei uma das madeiras e com 2 pregos e o precioso martelo, preguei uma extremidade entre as duas paredes. Fiz a mesma coisa com a outra extremidade. Fui fazendo a mesma coisa, e para falar verdade, não me cansei. Até me alegrava, ocupando-me com qualquer coisa, que não verdade não era qualquer coisa. Aquilo zelava minha segurança. Com a outra madeira, preguei-a do mesmo jeito, e assim fui... Quando o resultado estava pronto, sai calmamente pela porta da cozinha. Felizmente não havia mordedores no meu quintal. Fui andando devagar, com muito cautela, em direção á tal porta. Quando cheguei na frente da mesma, dei três pontapés e alguns socos contra a porta, que era totalmente de madeira, sem nenhum pequena janela. A porta nem sequer se deformou para dentro. Ela vibrou, vibrou e vibrou. Mas nada de quebrar. Fiquei orgulhoso de meu trabalho. Agora partiria para as outras.

Com o mesmo ato, fiz o mesmo processo várias vezes e no final obtive um resultado satisfatório. Satisfatório não, mais que isso. Estava orgulhoso. Nenhum zumbi entraria em minha casa, com certeza.

Trataria agora de ajeitar a luminosidade da casa. A casa já estava escura, a essas alturas sem uma alimentação á eletricidade para abastecer as lâmpadas. Agora, então, a escuridão tomaria conta de tudo. Tinha de vedar a casa contra a luminosidade inteira, e para tanto decidi usar alguns lençóis e cobertores grossos.

Separei os melhores cobertores para uso pessoal e para uso de minha irmã. Eu era um cara esperançoso, então separei mais uns 3 lençóis e 2 cobertores de casal para alguém que eu encontrasse vivo, se é que encontraria. Dizem que a esperança é a última que morre. Para mim, acho que ela nunca morreria. Mas eu não poderia estar condenado á viver naquela situação para sempre. Privado de murmurar qualquer palavra para algo que me entendesse; e compreendesse. Acho que a partir daquele momento de reflexão, meu objetivo principal era procurar sobreviventes.

Os outros lençóis eu deixei guardados no armário. Eu tinha separado mais de 12 dos mesmos, e 7 cobertores. Melhor isolamento visual era impossível. Então, tratei de fazer isso o mais rápido possível.

Com os mesmos tipos de pregos, comecei a pregar os isoladores nas janelas. Lá fora, pude ver alguns descerebrados, caminhando sem rumo em busca de comida. Com o barulho das marteladas, eles olhavam em direção á minha casa. Cada olhada que os mesmos davam, eu me repreendia. Mas não, eles não podiam identificar o que era. Na verdade, acho que seus sentidos não ficavam aguçados e sim reduzidos, exceto o paladar. Ou talvez, até o paladar. Afinal, para se alimentar não é necessário sentir o gosto.

Os lençóis eram grandes, então decidi fazer uma espécie de observatório rápido. Pregaria apenas 1 prego na vertical do lençol para que pudesse afastá-lo um pouco e espiar ali fora, enquanto na horizontal, ficariam dispostos 4 pregos: 2 nas pontas, e 2 no meio.

Acabou que a minha invenção deu certo, e com uma camada de cobertor que cobria duas janelas se estivessem próximas uma da outra... A isolação visual ficou perfeita! Agora observar mesmo só em cima da casa. Trataria de montar algo que me servisse como auxilio ao telescópio, pois uma janela aberta o tempo inteiro, além do mais a janela do meu quarto; era um grande problema.

O processo mais uma vez foi repetido em quase todas as janelas da casa. Decidi, porém, preservar as janelas da cozinha abertas. Todo dia quando acordasse, preferia ver o sol mais uma vez, não uma escuridão total. Sentir o confortável mormaço que os raios davam na pele. E ali, tomar um café quente.

Agora que a casa estava devidamente protegida, trataria de arranjar algo que me servisse de observatório. Aconteceu que ao invés de privar o meu quarto da clareza provida da quente e ardente bola de gás e metal fundido, simplesmente encontrei uma posição na cortina que deixava o diafragma da lente do telescópio transpassar a mesma. E a visão, além de privilegiada, me dava quase 360° de vista do quarteirão e ainda um pouco de vista do centro. Estava perfeito para investigar qualquer ato suspeito ou barulho estranho.

Tudo bem, até agora. Eu achava que estava tudo perfeito. Até que descobri que a porta, embora com uma barricada, estava vulnerável aos ataques e baques. Lembrei que meu pai guardava uma cerca que se dobrava... Como? Era parecida com aquelas persianas de madeira. Estranhas, mas naquela ocasião me serviriam bem. Desci ao porão e fiquei procurando a mesma. No final, encontrei, porém ainda achei outros itens. Um deles inusitado? Duas caixas de munição para pistolas .45 ACP. Meu pai não tinha armas em casa, isso era óbvio. Então porque ele guardava uma caixa de projéteis? Estranho...

Antes de ir montar a cerca, porém, vi como a mesma funcionava. Era o mesmo funcionamento de uma persiana, como já havia dito. Apenas fincava-se uma das partes num gramado ou terra, arado ou qualquer solo “mole”, e dali se arrastava até o ponto desejado. Na outra extremidade, fincava-se da mesma maneira e depois se acionava outro botão e uma haste de ferro sairia da ponta de madeira fincada no chão formando um “Y” na terra, para maior resistência contra impactos. Para tirar o Y, deveria apertar outro botão. Este, porém, era um controle remoto de um botão apenas, pequeno, que tinha esse objetivo, para evitar que pessoas sem autorização tirassem a cerca do caminho, afinal, era uma cerca para se usar em fazendas. Achei tudo isso no manual que meu pai guardava junto com a mesma. Para mim, estava perfeita para a ocasião.

Rapidamente fui para fora da casa e dali finquei uma das extremidades. Perfeita. Um zumbi, no entanto, tinha me visto. Estava agora, vindo com seus músculos rijos, para cima de mim. Rapidamente peguei a outra extremidade da cerca e fui arrastando por todo o gramado. Correndo com ela em mãos, já que eu não tinha defesa alguma, tentei fazer o processo o mais rápido que podia. No final, finquei a outra extremidade e o zumbi já estava na calçada. Rapidamente apertei o botão e ouvi um “click” no chão. No “click”, o zumbi veio e me empurrou para trás, fazendo-me cair instantaneamente. A cerca, porém resistiu. Via com prazer os esforços daquele cão infernal de tentar atravessar minha barreira, sem sucesso. Sai dali e entrei para casa. Voltei com um pedaço bem pontudo de um dos pés da estante. Chegando perto do morto, empurrei a estaca sobre seu olho, fazendo-o cair na hora. Joguei a estaca fora e sai dali. Voltei para casa, sabendo que havia ainda muitas coisas para fazer.


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