Los Desperados escrita por MetroSurvivor


Capítulo 14
Cidade Morta


Notas iniciais do capítulo

esse capitulo não é muito longo e nem detalhado, mas está bom como todos os outros!
bom, sobre aquilo das provas, provavelmente semana que vem não terá capitulo, mas vou me esforçar para tentar fazer do mesmo jeito!
boa leitura!



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Enquanto ia passando pela rodovia secundará, sentia o carro por completo pela primeira vez. A rodovia era reta, parecendo a Autobahn. Consegui colocar até 150 km/h naquela supermáquina, até que lembrei que eu tinha de ser responsável e cuidar de minha irmã. Parei o carro no acostamento para ver o mapa. Minha sorte é que aquela rodovia não era frequentada drasticamente, logo haviam poucos carros capotados ou parados. Qual seria meu plano agora, e para onde iria? Tentar outro centro de refugiados... Não, poderia ficar encurralado como em Seattle. Voltaria para casa? Era a melhor opção. Localizei Tacoma no mapa. Estava á 40 quilômetros do começo da cidade, e alguns outros para minha casa. A rodovia que eu estava não dava acesso direto para lá, mas havia uma entrada para a interestadual que fazia entrada com outra rodovia secundária que daria de cara com a rua da minha casa. Essa rodovia era aquela que peguei no dia em que tudo começou. Esse era meu plano. Dizem sempre que “o bom filho, a casa torna”.

Parei por um instante para fazer um lanchinho antes de ir. Abri a mochila e peguei um pedaço de um vigoroso presunto. Surpreendentemente achei também em minha mochila, numa pequena caixa de plástico, talheres. Abri a caixa e ali peguei um garfo e uma faca. Cortei um belo pedaço dele e comi rapidamente, pois não queria sair dali de noite, embora fosse não mais que 2 horas da tarde. O dia estava nublado e escureceria mais rapidamente.

Depois que acabei minha refeição, tomei um pouco de um suco de maracujá e lembrei de Alice. Peguei um pouco daquele iogurte e com outra colherinha pequena que encontrei na caixa, fui despejando de pouco em pouco em sua boca. Estava com fome, e muita! Depois dei-lhe um pouco de leite mas sem o pó, pois não daria para dissolvê-lo, e com uma colher esfarelei uma das pílulas vitamínicas e coloquei na água. De novo, de pouco em pouco, despejei. Quando a refeição acabou, guardei tudo na mochila e entrei no carro. Sai dali o mais rápido possível.

Estava eu andando pela estrada, quando me deu uma baita vontade de urinar. E era aquela incondicional, que ou você obedece ou acaba se molhando inteiro. Parei no acostamento mais uma vez e fui para detrás do carro. A rodovia, como todas ali naquela região, era coberta de vegetação dos 2 lados. Fui um pouco para dentro dele e comecei a fazer minhas necessidades. Quando estava terminando, ouvi um galho se quebrando em minha frente, não muito longe. Detrás de uma árvore, um daqueles mordedores infernais saia para me atacar. Rapidamente fechei o zíper da calça e corri de volta para o carro. Com os vidros fechados, era impossível o mesmo me pegar ali. Para falar a verdade, tive até um pouco de prazer em vê-lo tentando entrar lá e não conseguindo. Por fim, dei partida no carro e acelerei. Olhei pelo retrovisor e vi o descerebrado cambaleando, e após isso, caindo. Não contive uma risada naquela cena. Pelo menos eu estava bem humorado naquele inferno.

O Aventador era um carro realmente rápido. Em menos de 15 minutos eu já estava a porta da rodovia interestadual. Logo na entrada, haviam carros e mais carros entulhados e capotados. Fazendo algumas manobras evasivas, sai dali o mais rápido possível. Quanto mais tempo naquela autoestrada, mais risco eu correria.

Logo de inicio, eu já estava muito confuso. Era aquele o caminho certo? Ou estava no sentido errado? Orientei-me pelo mapa e vi que quase peguei a direção errada e logo voltaria para Seattle em vão. Dei meia volta e comecei a andar lentamente dentre os carros destroçados. Na pista, mais e mais sangue, e algumas pessoas mortas. Então, foi quando vi que fiquei encurralado. Haviam carros capotados por toda a pista, e especialmente onde seria a minha única passagem, havia um carro transpassado ali. Parei a Aventador e me concentrei por alguns segundos. Qualquer barulho era ausente naquele ambiente. Mordedores, então, adeus.

Comecei a empurrar a lataria do carro pelo capô. Admito que foi meio difícil de tirar o mesmo dali, porque dentro havia ocupantes; mortos, claro. E ele era gordo, então meu trabalho era seriamente dificultado. Depois de algum tempo, tirei o carro da posição para que a Aventador passasse. Quando entrei no carro e passei por ali, ainda ouvi o barulho de lataria sendo riscada. Uma pena, pois um carro como aqueles era caro e não deveria ser desperdiçado.

A viagem continuou longa, porém confortável no banco de couro daquela máquina. Ora ou outra eu tinha de parar para remover algum obstáculo, ou carro. Mas para minha sorte, hordas de zumbis não estavam presentes. Estava no final da rodovia, quando avistei aquela casa que muito anteriormente, eu estava hospedado e que fora atingida por um granada. Não passou nada na minha cabeça, mas quando cheguei mais perto dela e passei, lembrei-me de minha bíblia e da imagem de cristo crucificado. Parei a Aventador e desci, correndo desesperadamente. Subi as escadas que continuavam do mesmo jeito de sempre e voltei ao quarto. Para minha surpresa, os objetos ainda estavam ali. Peguei a bíblia e tasquei um beijo em sua capa, assim como na imagem de cristo. Agradeci por Deus cuidar de mim e também correndo com eles nas mãos, voltei ao carro.

Estava mais perto da rodovia que daria acesso para minha casa, e para falar a verdade, eu pensei que duraria mais. Então, numa curva fechada, olhei para frente e subitamente vi uma horda. Não havia tempo de parar e dar meia volta para esperar ela passar. A Aventador era potente, e a horda era longa e estava ainda longe; engatei a 1ª, a 2ª, a 3ª... quando vi, estava na 5ª marcha á 120 km/h e a horda bem em minha frente! Agora era vida ou morte; ou atropelaria aquelas milhares de coisas, ou capotaria, ou ficaria preso. Mas dei sorte e continuei no mundo; a Aventador enquanto passava por cima de uns, jogava os outros para o alto. Acabou que ela ficou toda suja de sangue no vidro e nas portas, e amassada no capô, mas eu estava vivo. Era tudo que importava. 12 minutos depois e eu estava á porta da rodovia secundária.

Quando atravessei a mesma, tive uma surpresa. Ou o mapa estava errado, ou eu entrei no lugar errado. Aquela não era a rodovia que daria acesso direto para minha casa. Parei outra vez no acostamento e chequei o mapa. Sim, eu errara. Mas ainda me localizei melhor e vi que essa rodovia ainda daria acesso á Tacoma, porém na outra ponta da cidade, á 7 quilômetros de minha casa.

Não havia tempo para dar meia volta e pegar de novo a interestadual e assim entrar na rodovia certa. E meu carro era rápido, então acho que me sairia bem. Continuei pela rodovia por no máximo 2 minutos até que vi uma placa, com uma seta para a diagonal esquerda, escrito “Tacoma”. Entrei pela saída para minha cidade e mais alguns minutos, vi que realmente estava longe de minha casa. Passando pelas ruas, vi vários errantes como todos os outros, lojas com portas abertas, vidros quebrados, com sangue no asfalto. Sussurrei para mim mesmo:

– Então esta é a cidade morta. Bem vindo ao lar, Nikolai.

E realmente, Tacoma estava morta. O centro estava infestado e a medida que passava, tinha de desviar de alguns mordedores ou entrar noutra rua, pois alguma estava bloqueada por carros ou por monstros mesmo. Enquanto passeava pelas ruas, lembrar-me-ia de tudo que havia passado naqueles lugares. Parques de diversão, shoppings, cinemas... Memórias boas, como os primeiros dias de namoro com Natalie, em que fomos ao cinema, só nós 2, na última fileira, no escuro do cinema, na calada da noite. Fazendo todas as confissões amorosas enquanto víamos uma reprise do clássico Casablanca. Outra, como quando eu, John e o resto do time fomos jogar um amistoso no campo de futebol “society” contra o time daqueles bastardos que estudavam perto de nossa escola. Mostramos o que eles mereciam e fizemos 9 á 2 neles, com 3 gols meus, 4 de John, 1 de Lewis e 1 de Frank. Ainda ruins, como o dia em que saindo de um museu, presenciei um acidente horripilante. Podem ser memórias boas ou ruins, mas são memórias. E o que são memórias? Memórias são um poço escuro, um poço sem fundo. Onde todos se lembram de coisas que nunca mais acontecerão e que de alguma forma, lhes foi passado uma mensagem boa. Memórias, agora, eram o meu refúgio para não enlouquecer.

Acabei que tive a ideia de ficar passeando pela cidade. Mas passeando por uma cidade infestada daquelas coisas horrendas? Tinha de verificar como estavam as coisas ou até mesmo encontrar sobreviventes. Fui indo em direção á minha escola. Quando cheguei, ela estava na mesma cena de todas as outras construções dali. Portas estouradas, com o lixo tomando conta de tudo. A escola era mais afastada da cidade e não haviam muitos zumbis ali. Parei a Aventador no estacionamento da escola que era protegido por uma grade e tranquei o carro. Corri para dentro da escola e bem no corredor principal tentei perceber qualquer grunhido de zumbis, ou vozes de sobreviventes. Não havia sequer um sibilo do vento forte que soprava fora do prédio. Comecei a entrar nas salas. Muitas estavam vazias, com as carteiras no lugar e como se estivessem preparadas para outro dia normal. Foi na sala da diretoria que encontrei uma surpresa. A diretora da escola, a senhora Lucy Winters, estava estirada sobre a cadeira com um buraco na cabeça. Tive uma surpresa, logo minha visão dilatou e meu coração bateu mais forte. Cheguei perto dela e tentei acordá-la de qualquer sono pesado que estava tendo. Mas não, ela estava morta. Havia ainda um bilhete sobre a mesa, que falava:

“Não tenho filhos, não tenho pais, não tenho casa, não tenho vida. Meus amigos são meus queridos alunos. Se aqui que morro, aqui devo permanecer, para sempre. Que eles tenham uma vida melhor que a minha.”

Amorosa como sempre, a diretora de minha escola se suicidara, mas sempre com pensamentos amistosos e otimistas. Eu, porém, nunca percebi que era tão sozinha. Sai da sala da diretoria e voltei ao corredor.

As demais salas não continham surpresas, exceto a 3ª sala á direita que continha dois mordedores caídos, mortos. Até que entrei na 5ª sala á esquerda e ali sim, quase deixei este mundo para um pior. E para falar a verdade, senti pena de tudo que vi. Crianças sentadas nas cadeiras como se fosse outro dia de aula, assim como um professor em sua mesa com um caderno em mãos. Na lousa, estava algumas palavras incompletas para as pobrezinhas completarem e um desenho mal feito em cima, para se orientarem. As palavras eram de fácil arbítrio, como: _vião; _belha; _arro;_omem, etc.

Mas o que me doeu mais, é que o ruído da porta se abrindo fez com que elas, com as cabecinhas abaixadas, levantassem as mesmas e me olhassem com um olhar de terrorista. O professor fez o mesmo gesto. Não, não estavam vivas e desnutridas. Estavam todas zumbificadas. E quando digo todas, era mesmo a classe inteira. Fechei a porta rapidamente, a tempo de nem o ocupante da primeira carteira me alcançar. Mas não a tempo de não ouvir baques e mais baques na porta. E assim, outras portas trancadas tiveram o mesmo efeito. A escola estava infestada de zumbis-crianças.

Sai dali e corri para a Aventador. Tranquei o carro e liguei-o, dei a partida e sai dali. Enquanto dirigia, chorei baixinho para não despertar Alice que estava em um profundo sono. Se os homens mereciam aquilo, eles mereciam. Nunca se renderiam naquela guerra que parecia sem fim. Mas se eles se renderiam ou não, era problema deles; suas crianças não tinham nada a ver com isso, logo deveriam ser poupadas. Mas não era o que estava acontecendo.

Depois de alguns minutos a mais rodando com o carro, me orientei pelas casas e vi que estava á 2 ruas de minha casa. Até que me lembrei vagamente daquele grupo de mercenários que matavam inocentes por nada ou mantinham em cárcere. A Aventador era de um dos líderes daquele grupo, então se eles avistassem o carro seria inevitável que me achassem. Assim, achei uma garagem aberta de uma casa e coloquei o carro ali dentro, com a porta aberta e a chave no porta-luvas do carro. Peguei Alice no colo e com a mochila, sai correndo pelas ruas.

Havia zumbis nas ruas, mas os mesmos não tinham a velocidade necessária para me alcançarem. Poucos minutos depois, já estava a porta de minha casa, que estava do mesmo jeito que antes. Entrei e para minha sorte, a chave do mesmo jeito na tranca. Tranquei a casa e internamente, estava intacta do mesmo jeito. Era uma baita sorte ela não ter sido saqueada. Eu, porém, exausto. Não faria mais nada naquele dia. Coloquei a bolsa sobre a mesa de centro da sala e subi para os quartos. Fui com Alice para o banheiro e com a água corrente da pia que estava fraquíssima, tratei de limpá-la e colocar nova fralda e roupa, assim como talco. Coloquei-a no berço e voltei ao banheiro. Despi-me e abri o chuveiro. A água, assim como da torneira, era fraca. Mas tomei um bom e longo banho, depois me troquei e joguei-me na cama, de onde só despertaria no outro dia. Nela, tive os melhores sonhos, onde tudo daria certo e eu reencontraria Natalie.


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