Los Desperados escrita por MetroSurvivor


Capítulo 13
Reencontro e o Anjo da Guerra


Notas iniciais do capítulo

bom, como já sabem quinta sairá um episódio, mas depois só daqui a 2 semanas! (provas...)
boa leitura!



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Os escombros do míssil atirado pelo piloto faziam uma elevação que era difícil de ser transpassada, mas com um pouco de esforço, passei-a. Vi outro complexo, como havia pensado. Os prédios estavam inutilizados, e as portas estavam soldadas. O que vi foi prédios montados na larga rua, feitos de uma parede que era facilmente desmontada, de uma madeira fina, compensada. As juntas eram feitas de um ferro moldado para não ser oxidado, e não havia qualquer prego ou cimento entre elas. O barulho atrairia os mordedores, então decidi investigar o lugar o mais rápido que pudesse.

Com o ar cheirando á Napalm e com um tom avermelhado, fui adentrando as vielas criadas por essas casas estranhas. Havia casas com uma cruz vermelha destacada em cima das portas. Outra, com um capacete também em cima das portas. Noutra, um pão na placa. Uma arma naquela, uma cama nessa. Era uma verdadeira cidade entre a cidade. O complexo se arrastava por até onde eu não poderia ver, pegando ruas de todos os lados e criando ângulos perpendiculares á toda hora.

Primeiro, eu corri entre os complexos para me despistar. Minha sorte é que não havia mordedores ali. Era com certeza a base dos mercenários, pois entre aquelas construções, haviam carros parados na rua, assim como caminhonetes e carros esportivos. Quando achei que estava em uma distância razoável e que não poderia ser achado, resolvi começar a vasculhar as casas. Estranhamente, os mercenários não estavam reunidos ali. Não havia ninguém dentro delas. Nem dormindo, nem espreitando. Ninguém. Provavelmente estariam em outra missão.

Cada rua me parecia enumerada por uma placa, que estava em cada esquina. Tudo parecia perfeito dali, na maior organização possível. Embora tenha adentrado bem o complexo, acho que seria fácil me acharem ali.

Entrei numa das casas, que tinha a placa do pão em cima. Para minha surpresa, não estava trancada. A casa não era grande; 1 dúzia de passos e eu encostaria na outra parede. A mesma coisa era para os lados. Mas a minha surpresa, é que ali, se estocavam alimentos. E não eram poucos alimentos. Haviam prateleiras enormes, separadas em seções, cheias de comida. E ainda havia geladeiras ligadas por um tonel de gás, daqueles usados em cozinha. Como isso era possível? Afinal o que liga as geladeiras é a eletricidade, não gás de cozinha. Provavelmente eles passariam por um transformador e aquela não era a principal fonte de energia. Quem sabe?

As seções eram de, respectivamente da esquerda para a direita: carnes bovinas; carnes suínas; carnes ovinas; frangos e peixes; ovos; leguminosas; grãos; legumes e verduras; frutas; enlatados em geral; água; sucos; refrigerantes e outras bebidas em geral; vitaminas.

As prateleiras quase consumiam todo o espaço vertical que a pequena casa dispunha, e trazia alimentos para alimentar quase um grupo de 50 pessoas por no mínimo 1 semana. Se todas as casas fossem assim...

Sai daquela e entrei noutra. As mesmas prateleiras e a mesma quantidade de alimentos. Entrei em mais uma e o resultado não foi diferente. Sai dessa e olhei em frente, em direção á rua. Não conseguia ver seu fim, e ela se estenderia por quilômetros, á meu ver. E no meu campo de visão, já pude contar mais de 20 das casas de comida. O que totalizando, alimentaria um batalhão todo. Então seria mesmo o quartel dos mercenários? Aquilo me parecia com o real centro de refugiados. Mas inabitado.

Numa rua ao lado da minha, comecei a ouvir um grunhido. O que eu pensava que era inabitado, agora se transformava num covil. Felizmente só havia um deles. Pensando que ele não me vira, fui para dentro de uma dessas casas de alimentos. O grunhido ficava mais e mais perto. Muni-me de uma garrafa de vinho que encontrei numa das prateleiras e esperei. Quando o vi entrando pela porta, meti a garrafa em sua cabeça, quebrando-a em pedacinhos. Mas o bicho também tinha reflexos e me empurrou enquanto a garrafa se despedaçava nele. Ele caiu; eu também. Mas os cacos de vidro eram pontudos, e o descerebrado lento. Peguei um dos cacos e cravei em seu olho. O bicho “morreu” com as mãos erguidas e os músculos rijos. Foi então que percebi uma característica incomum neles. Provavelmente em já havia percebido antes, mas só me dera conta agora. Quando uma pessoa morre, seus músculos endurecem, pois o sangue não mais corre, nem ela se movimenta. Se os músculos ficam rijos, como elas podem se movimentar? Questão aparentemente inexplicável.

Sai da casa e vi que agora a rua começava a ter alguns deles. O barulho da aeronave e dos mísseis Napalm provavelmente atraiu-os. Esconder-me-ia ou ficaria no meio daquele inferno como um tolo? Enquanto me escondia, eu estudaria mais aquele lugar.

Esgueirando pelas ruas para não atrair atenção, entrei numa das casas com a placa da cruz vermelha brilhante. Ali vi vários leitos de hospitais, com suporte para soros e vários remédios espalhados pelas camas, assim com um grande armário cheio de seringas e líquidos estranhos. Mas o nome não me falhava; eram remédios sim. Então, ali havia mini hospitais, pois cada casa cabia no mínimo 8 leitos. Havia ainda uma grande mesa com uma cadeira rolante, e uma gaveta. Abri a gaveta e achei uma única prancheta com uma folha em seu pregador. Era o diagrama dos hospitais e o nome dos pacientes. Nada de relevante até então, mas Alice poderia estar ferida. E também era um bebê, provavelmente estaria sob cuidados médicos.

Sai dessa casa e entrei em outra, á poucos metros de distância. Para minha surpresa, haviam pessoas nesses leitos. Mas todas eram alimentadas na veia por um liquido arroxeado. Aproximei-me do plástico do soro e li um nome, em letras meio apagadas:

“Hypnotic General Anesthetic”

Era uma anestesia geral, visando amnésia. Não sabia se aqueles eram cobaias usadas em experimentos ou soldados, mas uma coisa era certa: eles não tinham qualquer tipo de ferimento. O líquido gotejava de pouco em pouco, menos de 5 gotas por segundo, caracterizando horas de inconsciência.

Fui direto à mesa e abri a prancheta. Dessa vez encontrei um mapa mais organizado, sinalizando os hospitais. Procurei, procurei, procurei, até que encontrei um deles com uma anotação “bebês”. Meu coração fisgou e minha visão dilatou. Minha procura havia terminado.

Essa seção que minha irmã supostamente se encontrava, estava á alguns quilômetros dali. Porém qualquer distância que ela estivesse, eu percorreria sem me cansar. Quanto mais longe, obviamente, eu ficava mais aflito. Procurei ali algo que me servisse como uma arma branca temporária e o que achei foi uma tesoura de enfermeiro bem longa e com a ponta curva. Com a lâmina aberta, qualquer cravada na cabeça de um zumbi e ele viria abaixo. A morte era certa com aquela ferramenta. Voltei á mesa da “recepção” e peguei a folha junto da prancheta, mantendo-a nela. Com a tesoura numa das mãos e a prancheta noutra, sai pelas ruas.

O cheio do Napalm não era muito evidente ali no meio daquela mini cidade dentro de uma cidade maior ainda. O frescor do ar era ligeiramente doce, vindo das plantas que enfeitavam as ruas. Parecia-me mais como uma cidade bem civilizada, do que um quartel general de um grupo de assassinos que matavam inocentes e só buscavam o extermínio. Olhei para o céu: não passava de 9 horas da manhã. Meu caminho ainda seria longo até o hospital onde minha irmã estava.

Andando pelo caminho, não encontrei vivalma, até que virei uma esquina e vi um daqueles cães. Não os cães vivos, os mortos mesmo. Pensei que seria mais fácil que antes, agora que estava confiante e feliz. Mas não; ele me empurrara assim como o outro que matei com a garrafa fez, em vez de me atacar primeiro. Provavelmente seu instinto era de ver a presa sofrer antes de aniquilá-la. E a tesoura caiu longe. O bicho já ia pular em cima de mim e me estraçalhar, quando dei um impulso pelos pés e comecei a me arrastar com os braços, quando o bicho caiu e ficou se debatendo, tive uma chance. Levantei-me rapidamente e peguei a tesoura. Porém, quando virei-me, deparei com outro deles. O som que o bicho caído exercia, encobriu o outro que se aproximava de mim. Ele agarrou meu braço, e quando pensei que era meu fim, um ato do meu subconsciente aconteceu. O bicho acabou travado no ar, com a boca em minha jaqueta. Arrepiei-me quando vi tal cena, para depois perceber que a curva da tesoura estava presa em baixo de seu queixo, no papado. O bicho não teve tempo de me morder. Ou teve? Tirei-o de minha blusa, mas o outro ainda se levantava. Outro ato que não pensei; quase instantaneamente arremessei a tesoura na cabeça dele, e a curvatura da faca ficou fincada na testa, mais á direita. Caiu morto.

Antes de qualquer coisa, porém, Levantei a manga de minha blusa. O bicho não tinha feito um estrago considerável, mas o vermelhidão no local da mordida era claramente visto. Por sorte, seus dentes apenas tiveram tempo de serem pressionados contra minha carne, e não a perfurou. Se perfurassem, muito que provavelmente neste momento ou eu estaria sendo comido vivo, ou estaria pensando na minha vida toda e chorando de algumas coisas, esperando minha inevitável morte. Isso que eu chamo de tirar a sorte grande, nesse mundo novo. Antes de qualquer coisa, agradeci á Deus por ter cuidado de mim novamente.

Voltei e apanhei minha prancheta, depois fui ao corpo do zumbi e peguei minha milagrosa cortadora. Havia ainda muito caminho á ser feito.

Pelos meus cálculos, mais 30 minutos de caminhada e eu estaria á companhia de minha irmã novamente. A rua em que ela estava não era na rua em que eu estava, então teria de me localizar e entra na rua certa. Enquanto olhava a folha da prancheta distraidamente, outro zumbi apareceu. Corri e pulei em cima dele, colocando vigorosamente a tesoura em seu olho direito. Caiu. Mas quando vi a expressão daquela criatura que um dia já foi alguém, e o que eu fiz por ela... Não, aquele não era eu. Eu já havia matado alguns deles desde que tudo começou. Mas não porque queria, e sim porque eles eram meu empecilho. Que Deus me perdoe se fiz algo de errado.

30 minutos depois...

Muito que provavelmente é essa rua; a placa e o nome delas conferem. Diz aqui que é o 3º hospital á direita. E realmente, a rua era grande. Seria o 3º hospital no sentido que eu estava? Como eu não fazia a mínima ideia, comecei a procurar em todos os que haviam ali. Quando procurava no segundo hospital á esquerda, ouvi um ruído de motor. Alguém se aproximava, mas estava longe. Sai daquele e correndo agachado, rapidamente abri a porta do 4º hospital á direita. Além dele, naquela direção só haviam mais 2, então ou era aquele, ou era o da esquerda.

Quando abri, senti minha mente dizer “não entre!”, mas meu coração dizia “sua irmã pode estar ai!”. Segui meu instinto protetor e entrei. Abrindo a porta, olhei para trás. Quando olhei de novo para frente, tive a mesma visão que tivera no dia do outro complexo, perto do parque. Uma pessoa que, com seu punho, batia em mim. Mas dessa vez o soco foi certeiro em minha têmpora, desmaiando-me na hora.

10 minutos depois...

– Ei garoto, acorda garoto, acorda! A gente precisa sair daqui logo cara!

– O que? Hã? Ahhhh.... Ugh! – Acordei desnorteado sem entender o que se passava, e quando fui gritar, o homem abafou meu grito com uma mão. Era um homem com uma roupa de camuflagem de floresta, com uma máscara que cobria todo o rosto. Não sabia quem era.

– Cala a boca, não grita! – Disse ele, retirando minha mão – Desculpa se te machuquei, mas pensei que você era um deles.

– Quem é você afinal? – Indaguei.

– Eu costumava ser um deles, até que vi uma coisa que não podia ter visto e eles me aprisionaram. Mas eu fugi para esse complexo tentando escapar. Até que me meti numa enrascada maior ainda. E eu não tenho armas. Você tem?

– Não, só aquela tesoura.

– Bom, bom. A gente pode usá-la. Mas me diz garoto, o que você faz aqui no meio dessa loucura.

– Estou procurando minha irmã, acho que faz 1 ou 2 dias que roubaram ela, não me lembro. E vi o diagrama de bebês naquela prancheta, e dizia que era esse hospital. Ela se chama Alice.

– Essa aqui? – Ajudando-me a levantar com a mão, me mostrou uma incubadora. Pude ver o nome dela impresso em uma fita, escrita á caneta esferográfica. Eu não podia gritar, nem fazer ruído, mas uma lágrima de felicidade e um sorriso surgiu em mim. Correndo para a máquina, abri a tampa e dali retirei minha irmã. Acho que não tinham tempo para cuidar dela, então deixaram-na ali.

– Eles alimentam bem os bebês, fique despreocupado. Fico feliz que você tenha encontrado ela. Agora, você precisa sair daqui, mas antes precisa de alguma comida. Para você e ela. Me de sua mochila, que eu volto logo.

– Mas eu já tenho comida cara, a bolsa está cheia de comida de uma lanchonete que eu arrombei.

– E isso é comida de gente? Vou te arrumar coisa melhor. Vê? Os ruídos já passaram, então provavelmente eles também já se foram. Ou não. Mas já volto, fique ai cuidando de sua irmã.

Obedeci a ordem do homem que parecia não brincar em serviço. 15 minutos depois e ele voltou com a mochila e um outro papel em mãos.

– Bom, vamos lá. Para você eu peguei coisas como enlatados, queijos, carnes, pães... Essas coisas que na “nossa” idade, ou nós comemos ou morremos. Em grande quantidade. Mas reservei uma parte maior para sua irmã. Peguei tudo que pode ser útil para ela, embora o melhor que poderia ser feito ela leite materno. Algumas vitaminas em cápsula que você pode esmagar para virar um farelo e dissolver em água, para dá-la de pouco em pouco. Alguns iogurtes naturais sem açúcar, leite em pó especial para crianças e muita água mineral. O seu é a parte de baixo, e o dela é a parte de cima.

– Cara, eu não sei como agradecer!

– Está tudo bem, era meu trabalho mesmo. Eu fui do exército. Aliás garoto, você sabe dirigir?

– Sim, meu pai me ensinou e eu já tenho habilitação, mas está em casa.

– Perfeito. Olhe outra coisa que eu achei. Na verdade, duas: Os filhos da mãe ainda estão soltos por ai a fora, provavelmente em uma dessas casas. Mas eles deixaram um carro, meio veloz, vamos assim dizer, parado com a chave no contato e ligado. Então achei um mapa numa daquelas casas que eles guardam armas e com uma caneta que achei naquela mesa ali da recepção, marquei o lugar onde eu quero que você vá. Olhe aqui: primeiro pega essa rua, depois vira para cá, ai segue reto e na rua Dwight você vira á esquerda, depois... – E continuou a me explicar – Então, você estará na última rua. Essa é a entrada que não foi destruída pelo caça. As paredes são fracas, então só acelere. Essa rua dá de frente para a entrada da cidade. Tem uma guarita ali, com uma cancela, mas o carro é rápido, você arranca fácil. Entendeu bem? O mapa está aqui para te guiar melhor.

Preparava-me para ir embora quando fui impedido pela sua mão, que agarrou meu braço:

– Uma coisa antes de ir, Nikolai. Tudo depende de seu ponto de vista. Tente entender melhor as coisas antes de fazer seu julgamento. Agora vá, não é seguro aqui.

– Como sabe meu nome?

– Há mais coisas no céu e na terra do que a nossa filosofia poderia interpretar. Um dia você entenderá.

– Não vem comigo?

– Não, tenho umas coisas para fazer ainda.

Sai pela porta da frente cautelosamente e avistei o carro que disse. Era o Lamborghini Aventador do líder. Era sim, um veloz.

– Obrigado – Disse mais uma vez antes de ir – Pode ao menos me dizer seu nome?

Com um sorriso no canto da boca, o estranho respondeu:

– Cole. Allen Cole.

A princípio não percebi o nome, mas quando me dei conta, fiz um olhar de quem estava surpreso. Quando me virei novamente, não havia ninguém ali. Sorri de volta para o nada e com Alice nos braços, corri para o carro. Abri a porta rapidamente e quando menos pude perceber, estava rodando com aquela máquina poderosa, com Alice no carona. Já estava á uns bons metros de distância quando pude ver a gangue sair de uma das casa e olhar com um ar de espantados. Olhei pelo retrovisor e ainda tentaram atirar em mim, mas o líder deles abaixou a arma do capanga.

Segui as ordens que haviam sido ordenadas no mapa, e dentro de alguns minutos, me vi fora do complexo. A rua era grande, então acelerei o máximo que pude. Segundos depois, a cancela estava quebrada, e eu fora daquele inferno. Eu não estava na interestadual, e sim em uma rodovia secundária. Seria até melhor não se encontrar com uma horda. Segui meu caminho aproveitando o carro por alguns minutos, deixando toda a mágoa sair de dentro de mim, e olhando para os olhos de minha irmã, estava certo de que não falharia mais.



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Notas finais do capítulo

Ah, esqueci de falar que qualquer palavra agora que pareça dificil ou o significado não esteja explicito (como apareceu VTOL no ultimo cap - e para quem não sabe, VTOL é um modo de o avião/caça levantar voo. Em vez de correr pela pista, a turbina fica voltada para baixo e ele levanta voo verticalmente. No próprio voo dá para colocar no modo VTOL, então o avião fica parado no ar), eu vou colocar nas notas finais.
Até quinta!



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