Two Kinds Of Hope escrita por lsuzi, loliveira


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

gALERA MEU DEUS ESSE CAPITULO



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Mais tarde, Adam me ligou avisando que a festa era em outro lugar. COMO ele tinha meu telefone, eu não sei. Mas não perguntei já que eu não ligava, desde que ele não me ligasse mais, que seja. Ele disse que o lugar era longe, então se eu quisesse, eu podia ir com ele. A conversa foi mais ou menos assim:

"Por que diabos eu iria querer ir com você?"

"É mais fácil, o caminho é confuso. Você pode se perder."

"Prefiro me perder do que ir pra festa" pensei alto demais.

"Ha. Você disse que ia."

"Vai pro inferno." E então ele riu, e disse a sentença final. Como se eu não tivesse escolha, o que aparentemente, eu não tinha. Mas gosto de pensar que eu ainda posso desistir a qualquer hora (o que é mentira também, já que ele me infernizaria pro resto da vida).

"Então, sábado, passe aqui em casa, digamos, umas sete horas."

"Não dá," Eu disse "Posso ir no máximo oito horas, trabalho até as seis e meia sábado. E uma garota precisa de tempo para se arrumar."

"Você se arruma?" Ele fingiu surpresa, e mesmo que ele não pudesse ver, eu levantei um dedo do meio, só para não perder o costume. 

"Não pra você" rebati, depois suspirei "Oito horas, ou eu desisto."

"Tá. Oito horas." E então eu desliguei. 

É sábado, e como esperado, eu trabalho até seis e meia. Holly está me enchendo a paciência, como sempre, mas eu não vou reclamar, já que tenho coisas mais preocupantes pra pensar. Tipo convencer Luke a ligar para o meu pai para convencer meu pai de que eu vou dormir inocentemente na casa dele. Não que meu pai ache que nós faríamos... algo mais, mas ele deve ter suas suposições. Ele deve achar que nós fugimos, ficamos bêbados e vamos dormir as cinco da manhã. O que é a única forma de explicar porque a gente acorda tão tarde durante festas do pijama. E, devido as circunstâncias, ele está certo. Porque o que eu quero que Luke convença-o, é de que eu vou dormir inocentemente, depois de comer pizza e conversar sobre meninos, quando na verdade, eu vou estar com Adam. Honestamente, a perspectiva de comer pizza e conversar sobre meninos parece mais animadora que passar algumas horas com Adam num lugar cheio de gente babaca que nem ele, mas eu não posso desistir. E meu pai não pode descobrir, senão eu estaria ferrada. Então vou fazer uma chantagem emocional digna de uma melhor amiga incrível pra cima de Luke, e ele vai me livrar de mais algumas semanas de castigo, caso meu pai descubra. 

Tenho que ligar pra ele. Mas agora, tenho que entregar café para a mesa sete. Então eu vou. Fico nessa rotina por meia hora, até Holly me chamar. Meus pés estão doloridos já, eu estou meio cansada e o som constante de várias vozes juntas num lugar pequeno como o café está fazendo meu cérebro derreter de irritação, mas mesmo assim, quando eu apareço na dispensa, faço a maior cara de eu-amo-meu-trabalho. Só hoje. Só pra ela não reclamar do meu comportamento pelos próximos trinta minutos. Ela não reclamou nenhuma vez hoje de mim. Não quero mudar isso. 

-Sim? -Digo, enquanto limpo meu avental, sujo de pó de café e farinha dos cupcakes. 

-Eu encontrei isso. Estava em uma das mesas quando eu abri o café hoje. -Ela me entrega o papel. Nele, contém algumas teses e teorias de uma matéria que surpreendentemente eu aprendi em química, semana passada. Olhei para a letra, e imediatamente suponho que é de uma garota. Muito perfeitinha para ser de um garoto. Não que as meninas tenham essa letra, sempre. Mas a perspectiva de um garoto tendo a letra tão... certinha, é no mínimo esquisita. 

Mas eu paro. E olho para a letra novamente. Ela parece familiar. BEM familiar. Eu olho para o contorno das letras, o jeito como elas são inclinadas e até a cor de caneta, com muita, muita atenção. E com muito orgulho, eu dou um gritinho e um pulo, quando a resposta vem a mente. A garota apaixonada por Luke. TEM QUE SER ELA. Holly me dá um olhar curioso. Eu seguro o papel como se fosse a coisa mais valiosa do mundo, e por um segundo eu penso em dizer algo tipo "meu precioso!" para Holly, mas ela ia me achar mais louca do que já me acha. Então eu só digo:

-Eu sei de quem é. Posso entregar para a pessoa. -Ela concorda com a cabeça. 

-Ótimo. Faça isso. Agora, volte ao trabalho. 

E ela não precisa falar duas vezes. 

Devido a descoberta, a meia hora passa rápido. Eu ligo para Luke, nos quinze minutos de folga. E depois de insistentes pedidos, ele concorda. Nosso trato é: eu volto cedo e ele deixa eu entrar na casa dele para manter as aparências, não importa o quanto minhas roupas cheirem a bebida. E por mim, tudo bem. Os clientes são doces (porque a maioria são velhinhos) e o movimento é pouco. Assim que o turno acaba, eu saio correndo pra casa. Meu pai não pergunta muito, porque ele já tem que sair também, e porque Luke já explicou para ele. Fico uma hora me arrumando. Não costumo fazer isso todo dia, mas tenho uma mínima experiencia em como parecer apresentável. Não acho que essa seja a palavra certa, acho que, mesmo inconscientemente, o que eu quero dizer é: poderosa. 

O negócio é o seguinte: talvez eu possa fazer Adam engolir as palavras dele. Quando ele me vir, quer dizer. Não que eu queira que ele se sinta atraído por mim? É só que, eu vou calar a boca dele, e isso vai ser épico. Então, pela primeira vez em anos, eu escolho um vestido para ir para uma festa, e mais surpreendente ainda: saltos. Mas nos primeiros quinze minutos eu me sinto tão Barbie que fico com vontade de vomitar. Eu me olho no espelho e vejo a cópia daquelas garotas com quem Adam sai toda hora. E isso parece um desastre. Mas então, eu vejo botas. E minha solução está aí. Botas. 

Elas não são de salto, o que ajuda os meus pés doloridos pelas horas de trabalho, mas elas são de. Matar. Elas vão até quase acima do joelho, o que deixa minhas coxas mais evidentes. E é aí que a mágica acontece. O vestido é preto. E bem normal (pra falar a verdade, eu até usei ele alguns anos atrás num funeral de alguém que eu não conheci, e como eu não cresci muito desde então, serve perfeitamente). Ele é bem certinho para uma festa até, tirando o fato de ser, bem, curto. É acinturado e tudo mais, mas cobre o busto (não seria idiota de deixar a mostra) e é quentinho. E confortável. Da vontade de deitar no chão e rolar com ele de tão confortável e macio. Ele vai até quase o joelho, mas fica mais acima. Alguns centímetros acima, o suficiente para mostrar pele. E por mais que eu seja 100% Anti-Vadias, eu me sinto confortável usando algo que mostre minha pele. Ah, que seja. 

Só para provocar Adam, eu deixo meu cabelo e rosto como estão. Minha pele meio avermelhada por estar cansada de tudo que aconteceu, e o cabelo com as ondas indecisas nas pontas das mechas. Sem maquiagem. Sem chapinha. Penso em não escovar os dentes os passar perfume, mas aí seria muito extremo, então faço as duas coisas.

Saio de casa despercebida, já que Diana está tentando fazer os pirralhos dormirem (quem DORME as OITO DA NOITE?), e chego no apartamento de Adam pouco depois das oito horas. Quando eu aperto o interfone, ele diz, na caixa de som:

-Já vou descer. O táxi já vai chegar. 

-Táxi.

-Ou você quer morrer vindo pra casa, bêbada? 

-Bêbada? Eu não vou beber. 

-Eu realmente queria discutir isso pelo interfone do meu apartamento, mas tenho coisas mais interessantes pra fazer. Já estou descendo. Ele "desliga". O táxi chega cinco segundos antes de ele sair pela porta da frente. Adam me arrasta pra dentro do táxi enquanto eu fico emburrada. 

-Você pode me obrigar a ir pra essa merda de festa, mas não pode me obrigar a beber. 

-Você vai estar bêbada em cerca de uma hora, já. -Ele diz, calmamente. Resisto a vontade de abrir a porta do táxi e jogar ele na rua, bem em alguma curva. Algum carro provavelmente o atingiria em um segundo. 

-Não. 

-Sim. 

-Axl, isso é fato. Não tem como você não beber. 

-Aposto dez dólares que tem. 

-Aposto um beijo que não. 

-Ugh. Não vou apostar com você. 

-Você não tem tanta certeza? -Ele ergue uma sobrancelha. Aproveito e dou uma olhada no que ele está vestindo, e três palavras vem a minha mente: filhinho de papai. Totalmente. Ele está vestindo calças de marca, camiseta com gola v, e segura a jaqueta nas mãos, deixando as tatuagens indecifráveis a mostra, junto com os bíceps. Ele parece a porra de um modelo de capa de revista. Tiro a análise da minha cabeça, e respondo.

-Tenho. 

-Então. Vamos deixar as coisas mais interessantes. Se você perder, me deve um grande beijo. De cinema. Mas não de cinema. Um BEM molhado. -Esse. Babaca. Está. Me provocando. 

-Se você perder, eu posso dizer pra todo mundo por um mês que você é gay e não vai poder negar. -Ele estreita os olhos em minha direção. 

-Você é diabólica. 

-Você que começou, babaca. 

-Feito. 

-Ótimo. -Ele estava prestes a responder, quando seu celular toca. 

-Alô... -Ele fica tenso. -Não. Não... menos. Não tenho grana agora. Sim. Amanhã. Onde? -Ele escuta. -Sem os caras do Billy. É isso ou eu estou fora. Beleza. Até. -Desliga e por mais curiosa que eu esteja, não comento nada. 

Porque chegamos no inferno.

Adam sorri. Eu quero fugir, mas não vou, obviamente.Estamos na frente de uma casa, apinhada de gente, algumas completamente bêbadas, outras nem tanto, apenas aproveitando a música, dançando com os amigos, namorados, ou casos de uma noite só que provavelmente acontecem com bastante frequência. Entramos na casa, grande, com cheiro de suor e bebida, com a música tiquetaqueando nos meus ouvidos, me lembrando das vozes constantes do café. Adam coloca uma mão atrás das minhas costas. Eu tiro no mesmo instante, e então ele vai para o meu lado, para ME analisar. Me sinto desconfortável até o momento em que ele arregala os olhos olhando para as minhas pernas. Aí eu sorrio vitorioso pensando "chupa essa, babaca". Ok. Isso é meio criancinha. Mas não disse em voz alta, então tudo bem. Ele engole seco. 

-Algum problema? -Pergunto. 

-Não. 

-Ótimo. Vá ficar bêbado. -Eu tento me afastar dele, mas ele me puxa para perto e sussurra no meu ouvido:

-Tenho que ficar perto de você, docinho. Pra me certificar que você vai estar bêbada no final da noite. 

-Vai sonhando. -Tento parecer de ferro, como se eu não tivesse tremido um pouquinho com a voz dele no meu ouvido. Ele só ri e então uns amigos aparecem. 

-Mano! -Aparece um garoto, super animado, e dá um aperto de mão esquisito em Adam, depois beija a bochecha dele enquanto o abraça. Ou é muito amigo. Ou é gay. Ou é bêbado. Algumas garotas o rodeiam também, com roupas menores que a minha e ele sorri para algumas, passando a mão pela bunda delas, enquanto joga charme para cima delas. Reviro os olhos quando ele olha para mim, e pego um copo de cerveja em uma mesa. Tomo um gole e olho para os lados. Um copo de cerveja não faria mal. Nem me deixaria bêbada, então eu continuo com o copo, enquanto olho para os lados, as pessoas estão por toda parte, deixando o ambiente quente e com uma mistura de perfumes. Me sinto solitária, então vou para um canto e fico dançando minimamente olhando todas as pessoas por ali. Estava prestes a olhar para os lados para procurar por Adam, quando ele aparece em minha frente. 

-Quantos copos você já bebeu? 

-Um. -Não olho para ele. 

-Você está mentindo?

-Não! -Ele pega minha mão, e me olha profundamente. 

-Vamos dançar. 

-Não. 

-Eu sei que você quer. 

-Não. -Rio. As coisas parecem meio borradas. Uh oh. Balanço a cabeça. Não estou bêbada. Adam me puxa, contra minha vontade. Acabamos no meio da sala de estar de alguém, ele com as mãos na minha cintura, me puxando para mais perto. -Tire as mãos de mim.

-Não. -Ele repete o que eu disse. Olho para o copo em minhas mãos. Tomo mais um gole. Quero ir pra casa. Estou ficando tonta por causa da música, com as batidas repetitivas, e para falar a verdade, por causa do corpo de Adam se movimentando contra o meu. Eu paro e me pergunto porque ele está dançando se eu estou parada. 

Eu estou dançando. Eu não tinha percebido que eu estava até olhar para meu corpo e o pensamento me enche de pânico. Ainda estou tonta. Meu copo fica cheio novamente. O que. Está. Acontecendo. Aqui. 

-Adam. 

-O que foi? -Ele diz, no meu ouvido de novo.

-O que tinha naqueles copos? -Pergunto, alarmada, mas minhas voz saindo feito gelatina. Mole e instável. Ele ri. 

-Cerveja. -Respiro aliviada. -Com vodca. E outra coisa que eu não sei o que é. Meu amigo faz uma mistura pra acabar. Você tomou um? -Ele pergunta, inocente e ao mesmo tempo ironico. 

Merda. 

-Você está bêbada? -Ele diz, num tom diferente, que eu não consigo entender. 

-Não. -Mas eu não tenho certeza. Um copo de cerveja acaba comigo. Cerveja mais vodca... estou surpresa por não estar dançando pelada em cima do telhado. Merda.

Porra. Merda. Merda. Merda. Tento me concentrar em parecer normal. Mas fecho e abro os olhos com tanta frequência e sem querer minhas pernas tremem e Adam percebe que tem algo errado porque bota as mãos com mais firmeza na minha cintura. Merda. 

-Você está bêbada. -Não é uma pergunta. 

Estou prestes a protestar,  mas paro. Porque ele me beija. E ele estava certo, é um beijo de cinema. É a porra de um beijo de cinema, porque ele está tão perto e tudo está tão quente e ele me empurra para trás com o corpo e eu chego a conclusão de que: estou bêbada. 

Merda. 

Principalmente quando correspondo e o primeiro pensamento que tenho é: dane-se. 

Ele passa a mão pelo meu corpo. Loucamente, e quando a consciência volta, estamos nos beijando do lado de trás de um táxi. Indo para algum lugar. Adam diz coisas que eu não entendo. Eu digo coisas que eu não entendo, e eu estou internamente furiosa por um copo de muito alcool ter me deixado assim. Deveria ser mais forte. O que eu estou fazendo? Porque a língua de Adam está na minha boca? O que eu estou fazendo praticamente arrancando a camiseta dele? Consciência. Preciso dela. Sã. 

O táxi para. E a realidade só volta quando estamos no apartamento dele, ele está em cima de mim, no sofá, respirando forte. 

-Axl... -Ele diz, sussurrando, sem fôlego, com fôlego demais, eu não sei,  e procurando o zíper do meu vestido, nas minhas costas, para abri-lo. A realidade não fica muito tempo, porém. Porque assim que sinto as mãos dele tocando a pele das minhas costas, eu desmaio. 


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Notas finais do capítulo

digam obrigada para a dona letícia pq ela matou vcs eu sei

obrigada por estarem comentando e gostando da fic isso me deixa mto feliz e TA DA UMA DAS LEITORAS (que odeia o adam) fez uma fanart, muito linda tenho que falar, pra vcs https://pbs.twimg.com/media/BKKg3PACcAIJS-o.jpg
maravilhosa eu sei vcs são uns amores jhbcsjhbsc