Two Kinds Of Hope escrita por lsuzi, loliveira


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

OK LETÍCIA N PRECISAVA SACANEAR A GENTE ASSIM



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Entro na galeria do meu pai, depois de um turno muito sofrido no café, comendo um cupcake. Holly Alguma-Coisa me deu por algum motivo, no final do turno, e eu estava com fome demais pra perguntar se tinha caído no chão ou se ela tinha envenenado. É pouco provável que ela não tenha envenenado, mas com todos os funcionários chamando ela de bruxa por trás de suas costas, eu não duvido de nada. A galeria é legal, mas me faz sentir barulhenta, porque na maior parte do tempo, tem três ou quatro pessoas em cada parte da galeria, e o barulho dos meus pés, ecoando pelos corredores faz parecer que o fim do mundo está próximo e uma multidão está chegando. Eu tentei não fazer barulho, mas não tenho peso-pena. Por isso, olho pra baixo evitando o olhar das mulheres de salto alto e dos homens de terno me julgando, mas para provocar um pouco, (aceitando que eu nunca vou conseguir passar despercebida por esses corredores) eu bato os pés com mais força que o normal. Sinto o olhar deles em mim e faço um sinal de vitória com o braço, rápido e pequeno demais pra que eles vejam.

Quando eu chego no escritório dele, ele está falando no telefone. Então eu entro sorrateiramente, e sento na cadeira de sua mesa. O escritório do meu pai parece que foi projetado pra ser o contrário do resto da galeria. Enquanto tudo está no lugar, é branquinho como a Branca de Neve e silencioso como uma pessoa morta, o escritório é um canto a parte onde essa mágica não funciona. Os papéis estão por toda parte, os documentos jogados em cima de qualquer lugar e Ramones tocando ao fundo vinte e quatro horas por dia. As paredes são azuis, e tem uma janela lá no alto, meio inútil, porque ninguém inteligente vai se dar ao trabalho de pegar uma escada só pra ver a vista do escritório do meu pai (que é basicamente a parte da frente de um prédio do governo, super emocionante). Eu só presto atenção no que ele está falando depois de tirar a jaqueta, e arrumar meu cabelo. 

-Sim... três semanas... claro. 

Pausa. 

-Mande um cheque. -Ele levanta dois dedos para mim num sinal de paz e amor e eu fico sem reação, porque isso é esquisito demais. Mas logo ele volta a sua posição de empresário ou o que quer que ele seja. -Tudo bem. Vamos abrir às seis. O de sempre? Tudo bem... pra você também. -E então ele desliga. 

-E aí, algum artista desesperado pra ganhar dinheiro? 

-Um local. O cara é bêbado, e pinta quando bebe. Aparentemente isso o deixa mais inspirado. 

-Talvez ele seja uma daquelas pessoas especiais que só fazem algo útil quando estão bêbados ou drogados. 

-Eu não ligo. Se ele aparecer bêbado eu enfio os pincéis dele nos olhos. Temos uma reputação a zelar. -Ele senta e começa a organizar os papéis. Ou tentar organizar os papéis, porque quando mais ele tenta, mais papel aparece. 

-Há quanto tempo você não limpa isso aqui? -Ele bufa. 

-Eu nunca limpei isso aqui. Sem querer ofender filha -Ele diz. Lá vem. -Mas o que você está fazendo aqui? 

-Não tem ninguém em casa, lembra? Eu preciso da chave pra entrar. -Ele começa a remexer os bolsos. 

-Claro, claro, os seus irmãos estão em um aniversário. 

-Isso é bem esquisito sabia? Não é nem sexta! Que tipo de gente faz uma festa de aniversário no meio da semana? -Ele ignora, e me entrega a chave. Duvido que tenha me escutado, ele parece distraído. Volta a mexer nos papeis. Eu tiro minha jaqueta de cima da mesa, e me levanto pra sair dali antes que ele me expulse. Sem querer, eu deixo um papelzinho cair, e me abaixo para pegar. Mas é só quando eu vejo a letra e o que está escrito que eu escondo o papel no meu bolso. Não tenho certeza se é mesmo, mas a letra é da minha mãe. Não posso ter certeza porque faz um tempo que eu parei de ler os cartões de aniversário e as cartas (cartas!) que ela mandava. Mas ainda assim, é extremamente familiar. O endereço é um hotel no Upper East. Não é tão longe daqui, mas preciso passar em casa primeiro.Pra ter certeza que a letra é dela. -Tchau, pai. -E então saio correndo. Correndo mesmo, mostrando um dedo do meio mentalmente pra todo mundo que me olha feio. Saio da galeria e corro para Ray, ligando e andando pelas ruas de Nova York, até chegar em casa num tique só. Abro a porta e não me dou ao trabalho de ligar as luzes - vou correndo pro meu quarto, abro a última gaveta, e lá estão os meus papéis. Abro a carta que ela mandou. A última. E comparo com a letra do bilhetinho. 

MERDA.

Eu fico sem reação, e sem saber o que sentir ou pensar. A letra é idêntica. O que significa que se o que eu estou pensando é verdade, ela está aqui. Em Nova York. Por que ela não me disse? Escolho ficar com raiva, porque é mais fácil. Depois, eu fico com curiosidade, e perco a batalha contra ela, resolvendo ir atrás da minha mãe. 

Em parte, eu me sinto demais. Porque não achei nenhuma evidência ou pista com o caso da garota que é apaixonada por Luke ainda, e é legar estar numa missão-secreta de novo. Nem que seja pra encontrar algo que eu não tenho certeza que quero encontrar. Mas é legal, digamos, voltar a ativa. Saio de casa de botas, e jaqueta de couro, só pra incrementar o figurino, e volto as ruas, subindo-as até chegar nos bairros do Upper. O hotel se chama Palace e em um solavanco só eu consigo estacionar Ray na frente da entrada, com medo. Respiro fundo. Isso não é uma missão na qual eu posso falhar. 

Mas eu congelo quando eu penso na merda que eu fiz. O.K. Se eu a encontrar, o que é que eu vou fazer? Falar? Pensar?  Qual a coisa certa a fazer? Eu não estou preparada pra isso. Faz muito tempo. Ela provavelmente não me ama. E eu devia odiar ela. Por ter me feito pensar que eu tinha estragado o casamento dos meus pais. Por deixar muitas coisas inexplicadas pra trás. Seria mais fácil. Eu devia odiar ela como eu odeio Adam. Certo? As imagens da boca de Adam me vem a mente e é o suficiente para me fazer sair do carro e deixar o pânico por causa do que está acontecendo me dominar, me fazendo esquecer daquelas coisas. Vou andando até o balcão, quando eu entro e encaro a moça da recepção. 

Regra número um dois espiões: mesmo quando você não souber o que está fazendo, finja que sabe. 

-Preciso encontrar uma pessoa que está hospedada aqui. -A moça ergue uma sobrancelha falsa para mim, me reprovando. Mas não diz nada. 

-Nome. -Vasculho minha mente e lembro no último segundo o sobrenome de solteira de minha mãe. 

-Grayson. -Ela digita, as unhas mais afiadas que as facas que Dianna usa pra cortas coisas duras. 

-Mary Grayson. -Merda. 

Merda.

Merda. 

MERDA. 

O pânico toma conta de mim. O que eu vou fazer? Droga. Mantenha a calma. Você consegue. Engulo seco e finjo que estou confiante e feliz e radiante e que não estou nem um pouco confusa ou furiosa ou com nojo do mundo. 

-Poderia falar com ela? -A recepcionista ergue um dedo. 

-Um momento. -Ela pega o telefone. Disca. E depois fala. -Tem uma senhorita aqui... -Ela se afasta do telefone e me pergunta o meu nome. 

Regra número dois: nunca diga seu nome verdadeiro. 

-Rebecca de Winter. -Eu digo, me xingando internamente. Por sorte, a mulher não parece ter lido Rebecca, porque diz o nome no telefone com a maior naturalidade. Depois de algumas palavras, ela desliga. 

-Ela descerá em um instante. -Eu fico branca, depois vermelha, depois roxa, mas aceno com a cabeça, concordando. Três segundos depois, porém, o elevador desce. 

E dele sai minha mãe, alguns anos mais velha, mais bonita, com um vestido gigante, que ela parece ser meio obrigada a usar já que... já que ela está com uma barriga. Enorme. No lugar. Onde. Uma barriguinha. Lisinha. Deveria. Estar. 

E eu duvido muito que isso seja gordura. Ela me olha, e eu a encaro em choque, com raiva, com tristeza, com tudo, e eu só quero morrer. Ela está grávida. E não me contou. E não fez nada. Eu definitivamente odeio ela. Eu saio correndo daquele lugar, antes que ela me alcance. Chorando como uma louca, e saindo do hotel para encontrar um mar caindo dos céus, me deixando completamente molhada. Abro o carro e com muita pressa tento ligar, mais essa merda não coopera. Começo a chorar mais ainda de frustração, porque parece que nada na minha vida da certo. Meu coração parece que foi destroçado e eu não aguento mais nada disso. 

Saio do carro. 

-POR QUE VOCÊ ME SACANEIA TANTO? -Grito pra Deus, ou pra qualquer porcaria que tenha lá em cima, que complicou tanto minha vida. Quero me afogar na chuva, se isso for possível, por favor. Começo a andar, procurando um táxi nessa cidade, e praticamente não vendo nada, já que meus olhos estão ocupados demais sendo inundados por lágrimas. E então (É CLARO) eu esbarro com alguém.


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Notas finais do capítulo

EU ADORO QUANDO O CAPITULO TERMINA ASSIM TIPO SÓ PRA IRRITAR VCS HUE
BAYO AMO VCS