O horário tocou.

Eu estava corada, como um tomate.

-Você quer seu moletom agora? –Eu perguntei, queria que ele respondesse não, pois queria sentir, nem que fosse um pouco do seu corpo.

-Não, na hora da saída você me entrega. –Ele era tão doce, muito diferente do que eu pensava.

Eu levantei, pegando meus livros e de repente eu falei algo, algo que saiu de minha boca sem meu consentimento.

-Obrigado! –Eu disse, eu deveria ter agradecido, mas não devia, queria parecer durona. Não sabia o real motivo pra querer parecer.

Ele simplesmente deu um sorriso – o que eu tanto queria ver- E saiu andando, suas costas eram sexys.

-VIC! –Gritou Aria, desesperada pelo visto. Aquilo desviou minha atenção das costas de Avan.

-O QUE FOI AQUILO? DE QUEM É ESSE CASACO?  -Aria fitava raivosa. Por que estava tão zangada?

-E-Ele, Avan, emprestou-me o moletom dele... –Eu disse ainda vermelha.

-AFASTE-SE DELE! –Gritou Aria. –NÃO FALE COM ELE OU NEM MESMO O OLHE! –Acho que entendi, ela provavelmente... Estava afim de Avan.

-Você está afim dele? –Eu pergunto, aquilo precisou de muita coragem.

-NÃO! CLARO QUE NÃO! VOCÊ ESTÁ FICANDO LOUCA? –Ela grita de novo.

Se ela não estava afim dele, por que me mandava afastar dele?

-Shhhhh! –Disse a bibliotecária.

-Está vendo? Está falando alto de mais! –Eu respondi a Aria.

-Você não tem ideia do perigo né Vic? –Diz Aria com um tom de voz mais baixa.

-Ei! O que é isso? Por que minhas duas amigas estão brigando? –Lary chega tentando impor ordem, porém com Aria ali, seria difícil. Ela estava com um copo de refrigerante na mão. É, ela realmente acabou com a dieta idiota.

-O horário já tocou, estou me retirando... –Eu disse saindo sem dar satisfações a qualquer um que seja.

-AGENTE AINDA NÃO TERMINOU! –Gritou Aria, ela era louca? A 10 segundos atrás a bibliotecária havia dito algo tipo “Shhhh” e ela gritará de novo!

Eu falei algo tipo “Cala Boca” em minha mente.

-Mas é para o seu bem, distancie-se dele!  -Aria falou aquilo como se tivesse escutado meu pensamento.  Eu simplesmente á ignorei e sai.

-É, a princesa não está bem mesmo... -Sussurrou Lary para Aria, que fez uma cara de raiva.

Como o horário havia tocado, todos estavam voltado para suas devidas salas.

Aula vai, aula vem e chega a hora da saída.

Eu, Aria e Lary estávamos na parte de fora da escola, já nos despedindo.

-Vic, desculpa mesmo... Eu só quero cuidar de você. –Aria parecia sincera, sussurrando aquelas palavras no meu ouvido.  –Não quero que você se magoe com esse cara. –Ela advertiu.

-Eu realmente sei o que estou fazendo. –Eu sussurrei de volta.

Logo no segundo em que Lary ia me dizer “tchau”, uma mulher de cabelos crespos, cor vinho e bem diferente das outras pessoas, aproximava-se cada vez mais de nós. E logo perguntou uma coisa que me intrigou.

-Vocês viram meu filho? Acho que ele faz a serie de vocês... Um ruivinho, 15 anos e bem cheinho? Eu fui comprar sorvete e pedi para ele esperar. –A mulher falava com um tom desesperador.

-Não senhora, nós fazemos o 3º ano... Saímos um pouco mais tarde. –Explicou Lary.

-Obrigado então garotas! –Disse a mulher, mas quando ela falou “Obrigado” ela tocou-me e eu vi... Seu filho morrendo? Ele estava na calçada e atravessou, o carro vermelho, um Chevrolet Agile, atropelou ele! MEU DEUS, SANGUE, SANGUE, MUITO SANGUE!

-Seu filho vai morrer. –Eu falei aquilo... Por que eu falei aquilo? É como se eu não tivesse controle da minha boca. Meu Deus eu olhei tantas coisas esta manhã e...

-VOCÊ ESTÁ LOUCA? CALE A BOCA GAROTA! –Gritou a mulher estressada.

-MEU DEUS! SEU FILHO! SEU FILHO VAI MORRER, ELE NÃO PODE ATRAVESSAR, SALVEM-NO!! –Eu gritei desesperada, eu vi tudo aquilo! No instante que eu falei aquilo uma monitora chegou, ela estava suada e sua face era de preocupação.

-CHAMEM UMA AMBULÂCIA!! SOCORRO!!! TEMOS UMA CRIANÇA FERIDA! –Gritou a monitora desesperada. A mãe do garoto se derrubou em lágrimas, as pessoas rodearam a avenida e chocaram-se com a aquela cena chocante e eu, eu não fiz nada para impedir, eu tinha visto... EU OLHEI O GAROTO MORRENDO E NEM SE QUER ME MEXI!

-A-Ah... Ai! –Minha cabeça estava doendo, doía muito.

Eu caí ao chão, agora sim minha cabeça doía mais!

-VICTORIAAAAA!!! –Aria gritou de uma forma que eu nunca tinha visto. –SOCORRO!! SOCORRO! –Gritava Aria desesperada. –Laryssa! Liga pra ambulância, RÁPIDO! –Aria chamava “Victoria” ou “Laryssa” em casos mais sérios, ela não abreviava. Ou ela estava preocupada ou com raiva. Aria segurava minha cabeça em seu colo.

A mãe do garoto chorava, esperneava e perguntava-se porque não ela no lugar do seu filho.

-Por favor, fique acordada! Aguenta ai Vic! A ambulância já tá chegando! –Mas eu já não aguentava mais, meus olhos estavam pesados e queriam fechar-se.

-NÃO! NÃO! ACORDA! –Gritou Aria e tudo ficou tão... Preto...

Minha cabeça estava pesada e eu não conseguia abrir os olhos.

-MEU FILHO MORREU! EU NÃO FIZ NADA!! MEU DEUS, POR QUÊ? EU SOU CULPADA! –A mulher gritava e se debatia contra o chão. O barulho da sirene da ambulância incomodava-me.

Aria ainda segurava minha cabeça em seu colo, ela chorava muito, parecia desesperada, eu sentia suas lágrimas sobre meu rosto.

-AGUENTA VIC! EU VOU APRESSAR A AMBULÂNCIA!! –Gritava Lary a mim, mas eu não á escutava... pois... pois eu estava desmaiada.