No outro dia acordei cedo, ainda era sete da manhã. Não se ouvia nenhum barulho no andar debaixo. Resolvi dar uma corrida para espairecer a cabeça. Vesti um conjunto de moletom e mais um casaco de capuz por cima.

O vento soprava o ar frio, mais pelo menos não chovia. Coloquei meus fones e comecei a correr.

Dei pelo menos três voltas no quarteirão até meu celular tocar no meu bolso. Parei perto da praça e sentei num dos muitos banquinhos ali.

- Alô.

- Bella – reconheci imediatamente a voz do outro lado.

- Oi Sandra. Tudo bem?

Sandra era a minha assistente, ela ficou encarregada da minha editora enquanto eu vim cuidar do meu pai. Meu negocio não era muito grande, mais eu estava crescendo cada vez mais no ramo da publicação de livros. James foi quem me ajudou no inicio, mais hoje em dia eu posso tocar a editora sem qualquer ajuda financeira dele.

- Eu recebi um manuscrito de uma série de livros que eu tenho certeza que vai ser um grande sucesso – explicou – Só que eu quero investir pesado no lançamento e pra isso preciso saber se você está de acordo com isso?

- Sandra eu confio em você, suas escolhas são sempre certeiras, é claro que pode lançar o livro se você quiser – falei – Se você diz que vai ser um sucesso, eu acredito.

- Eu só não quero dar bola fora – confessou – Vai que eu invisto grande no projeto e ele seja um fracasso.

- Isso acontece – tranquilizei – Mais e você está tão em duvida assim me manda um resumo que eu dou uma olhada e amanhã mesmo te dou a resposta.

- Sim senhora chefinha – disse ela animada.

- Se me chamar de chefinha de novo eu retiro o que eu disse – falei séria, mais ela me conhecia bem o bastante para saber que era tudo da boca pra fora.

- Tá bom chefinha – disse ela me fazendo revirar os olhos – Tchau.

- Tchau Sandra – falei suspirando e ela gargalhou – Ninguém me respeita naquele lugar e olha que eu sou a patroa deles.

- Jamais imaginei você como uma mulher de negócios – disse alguém bem atrás de mim me fazendo pular.

- Ah é você – falei levantando pronta pra ir embora.

- Bella, podemos conversar? – pediu segurando meu braço com delicadeza mais firme.

- Não tenho nada pra falar com você Edward – falei me afastando bruscamente do seu toque.

Senti raiva ao saber que meu corpo inteiro se arrepiou com apenas o seu toque. Não gostei de saber que ele ainda afeta meu corpo e minha mente.

- Olha, eu sei que provavelmente você brigou com Kyle ontem e eu só queria me desculpar – disse ele – Não queria causar uma briga entre você e seu filho. Me desculpe.

Ele parecia pedir desculpas não só por aquilo.

Sei que foi fraqueza da minha parte e com certeza eu iria me bater mais tarde. Mais olhando em seus olhos tomados pelo arrependimento foi impossível ainda continuar com raiva dele.

- Ok! Eu desculpo você – falei suspirando.

Meu coração disparou quando ele abriu o sorriso torto que sempre me fascinou. E pelo jeito ainda fascinava.

- Sabe, já que você não quer deixar o Kyle ir lá em casa, que tal eu levar os bonecos lá na sua casa? – perguntou.

- S-sim – falei ainda meio deslumbrada – Pode ser.

Tá doida Bella? Meu subconsciente gritou pra mim, mais eu parecia não escutar. Seu sorriso me deixou zonza.

- Hoje à noite? Que tal as oito – Ele parecia animado.

- Está bem – concordei.

- Ótimo – disse ele abrindo um largo sorriso – Agora eu tenho que ir. A gente se ver mais tarde. Tchau.

Quando ele beijou minha bochecha meu corpo inteiro pareceu receber uma descarga elétrica que começou no locar onde ele beijou e percorreu meu corpo inteiro, como se alguma coisa estivesse acordando dentro de mim.

Assim que o carro dele virou a esquina desaparecendo eu me toquei do que tinha feito.

- Puta merda Bella o que você fez? – praticamente gritei, ainda bem que ainda era cedo e não tinha ninguém na rua.

Voltei pra casa e minha cabeça estava a mil. Meu pai já estava acordado e se preparava para sair pro trabalho.

- Tudo bem querida? – perguntou bebericando uma xicara fumegante de café.

- Espero que seja adoçante nesse café e não açúcar chefe Swan – falei.

Ele pegou o potinho de adoçante da mesa balançando pra mim.

- Não tente mudar de assunto – disse ele – Tudo bem?

- Edward vem aqui hoje – soltei de uma vez.

Meu pai deu um pulo queimando provavelmente a língua.

- O quê aquele filho de uma ... – ele parou de repente não querendo xingar a mãe de ninguém – O que aquele moleque vem fazer aqui?

- Ele vem mostrar os bonecos dele para o Kyle – contei – Talvez isso facilite para ele me perdoar.

- Você disse que não queria Kyle perto de Edward. Com certeza você não precisa fazer isso para ele lhe perdoar.

- Eu sei papai – falei puxando uma cadeira – Eu não sei como aconteceu, num minuto eu estava fugindo dele e no outro eu concordei com a vinda dele aqui em casa. Quando eu vi a besteira já estava feita.

Charlie não falou nada, só segurou minha mão me dando um apoio silencioso.

- Vou tentar me segurar só por causa do Kyle – disse meu pai – Mais minha vontade é ainda meter uma balada naquele garoto.

- Papai – ralhei indignada – Você é chefe de policia, por favor.

- E dai? – desdenhou ele.

- Eu vou tomar um banho – falei sorrindo indo em direção as escadas.

- James ligou e disse que viria tomar café aqui – gritou ele.

- Tá bom – gritei de volta.

A mesa estava bem mais farta que o normal. Assim que coloquei um bule de chã encima da mesa ouvi a porta da frente abri.

- Bom dia gente – falei.

James, Vic e Felix me desejaram bom dia de volta. Kyle estava agarrado à mão do pai e brincava com o relógio de ouro de James.

- Kyle amor – o chamei – Podemos conversar?

Ele assentiu e foi se sentar no sofá.

- Podem ir tomar o café de vocês que nos já vamos – falei pro outros.

- Ele não está realmente com raiva de você – disse James baixinho pra Kyle não escutar – É só manha.

- Eu sei – respondi, mais mesmo assim aquilo me aliviou um pouco.

Os outros foram pra cozinha eu fui sentar ao lado dele no sofá.

- Lembra quando aquele seu coleguinha de escola pegou seu lápis de colorir e mentiu dizendo que não? – perguntei.

- O Robert? – Assenti – Ele mentiu pra mim, pensei que ele era meu amigo. Não se deve mentir pros amigos.

- Exatamente – concordei – Eu estou contando isso pra você por quê ... Isso foi mais ou menos o que Edward fez pra mim. Ele mentiu pra mim e deixou a mamãe muito triste, por isso eu não deixei você ir a casa dele ontem. Não quero que ele decepcione você como ele me decepcionou.

- Vocês eram amigo? – perguntou ele.

- Hhum ... Pode se dizer que sim – disse fazendo uma careta.

- Ah – falou – Então se assim, eu não estou mais triste com você.

- Mesmo amor? – perguntei sorrindo largamente.

- Mesmo – concordou ele.

- Ai que bom – falei o colocando sobre meu colo e o abraçando apertado.

- Mamãe eu tenho que respirar – disse ele sem folego.

- Desculpe querido – pedi – Te amo muito viu.

- Também amo muito você mãe – disse ele sorrindo – Mais agora vamos comer que eu tô com fome.

- Oh é claro meu bebê tá com fome – falei levantando com ele no colo.

- Não sou bebê mamãe – disse ele se fazendo de bravo, mais segurando o riso.

- Meu bebêzão então – sentei na cadeira com ele ainda no meu colo.

- Bebêzão – resmungou ele fazendo todos na mesa rirem.

E assim se iniciou um dia que tinha tudo pra dar certo ou um desastre completo.