Tomei um banho e resolvi ir ao mercado fazer compras. Liguei para Felix vir me pegar e deixei um bilhete para Charlie avisando onde eu tinha ido.

Eu considerava Forks meu lar, mais eu me sentia muito melhor em NY. Lá fazia sol, a cidade parecia nunca dormir e eu tinha pessoas que realmente gostava de mim lá. Nunca me senti muito bem Forks, eu não gostava do tempo chuvoso, dos dias tediosos sem poder sair pra algum lugar para encontrar com os amigos e ali parecia haver uma quantidade enorme de pessoas que estavam muito bem dispostas à torna minha vida muito infeliz.

Eu andava pelos corredores pegando varias coisas, não ia obrigar meu pai a comer salada pro resto da vida, sei que se fosse comigo ele iria sempre me dar um agrado quando me visse comendo direitinho, e tinha também os visitantes do final de semana que iriam chegar e a geladeira tinha que está bem abastecida.

- Bella? – ouvi uma voz me chamar e quando me virei dei de cara com Esme Cullen.

Meu Deus. Será que eu não mereço um dia de sossego antes de encontrar esse povo todo? Ainda mais se for a pior sogra do mundo.

- Não sabia que estava de volta? – O marido pode ter mudado o tom de falar comigo, mais ela não. Ainda continuava o mesmo tom daquele tipo de pessoa que pensa que está acima de todo mundo só por causa do dinheiro.

- Não vejo por isso seria da sua conta – falei no tom mais educado que eu pude. Seus olhar se estreitou em minha direção e vi o insulto vir a quilômetros de distância, mais não iria mais engolir sapo para aquela mulher – E a resposta para sua pergunta é não, meu pai está doente eu vim visita-lo. Agora me dê licença que eu tenho muito mais o que fazer do que perder meu tempo com você.

Virei às costas pra ela e fui empurrando o carrinho em direção à sessão de frutas. Não Mais antes vi a expressão de choque em sua face. Ela estava acostumada com as pessoas sendo muito mais submissas em sua presença, antigamente eu era assim. Hoje não mais e nunca mais seria, pra ninguém.

Paguei as compras e Felix me ajudou a leva-las ao carro. Fui direto pra casa não pretendendo sair de lá tão cedo, pra outra vez quando eu encontrasse um Cullen eu estivesse preparada dessa vez.

Eu estava descendo as escadas para o jantar quando vi um grupo de pessoas na sala. Reconheci Harry Clearwater e seu filho Seth e a mulher Sue, Billy Black e seu filho Jacob.

- Oh ai está ela – Charlie disse quando me viu.

- Boa noite – cumprimentei e eles me cumprimentaram de volta.

- Esta ainda mais linda do que quando foi embora Bella – Billy sempre foi um grande amigo do meu pai, ele era da família.

- Obrigada Billy, você não mudou nada – Todos riram com a minha piada. Quando eu fui embora ele não estava de cadeira de rodas.

- Claro que mudei – disse ele como se tivesse ofendido – Tô mais bonito.

- É claro sim – debochou meu pai.

- Como vai Harry? – perguntei ao homem de cabelos grisalho que me ensinou a como preparar o melhor peixe frito que meu pai já comeu.

- Bem, muito bem – Disse ele me abraçando.

- Oi Sue – Ela era uma grande amiga da minha mãe.

- Está muito bem Bella – disse ela devolvendo o abraço.

- Tá mesmo – disse Seth me abraçando num abraço esmagador.

- Uou Seth como você cresceu – Quando eu fui embora ele não passava de um menininho magrinho com cabelos em forma de cuia e agora ele estava quase da minha altura e muito musculoso.

- Posso casar com você agora? – Brincou ele nos fazendo rir de novo.

- Vai sonhando baixinho – Jacob tinha mudado muito também. Cortou o longo cabelo, cresceu vários centímetros e estava mais maduro, mais sem perder o olhar brincalhão que ele sempre teve.

- Oi Jake – Minha garganta se fechou e eu senti uma enorme vontade de chorar.

- Vem – disse ele estendendo a mão pra mim.

Sua mão estava quente eu pude sentir alguns calos. Ele me levou para a varanda da frente e nós nos sentamos na cadeira de madeira de dois lugares que sempre ficou lá.

- Jake eu não sei nem por onde começar ... – Eu fazia um esforço enorme para falar através do bolo que tinha se formado na minha garganta – Eu sinto muito ... me desculpe eu ... Você tava certo ... o tempo todo ... eu devia ter te escutado mais eu ... eu só ...

Quando ele abraçou aquilo foi demais pra eu aguentar, então eu desabei a chorar. Meus soluços eram altos, as lágrimas molhavam sua camisa e minhas unhas fincavam em sua pele pelo modo que eu estava me agarrando a ele. Meu peito parecia como se tivesse se rasgando. A culpa, a raiva por mim mesma, a saudade, tudo se misturava transformando tudo aquilo numa grande bola de fogo que me queimava viva. E eu sabia que merecia aquilo.

- Tudo bem – Ele me abraçava – Já passou. O importante é que você finalmente enxergou a verdade e pronto. Passado é passado.

Suas palavras geraram uma rodada de histeria, por que eu sabia que não merecia o seu perdão. O que eu fiz a ele deveria fazê-lo nunca mais olhar na minha cara. Mais aqui estava ele me dizendo que me perdoava tão facilmente.

 Ele me puxou para o seu colo me ninando como seu eu fosse um bebê. Eu chorava agarrada ao seu pescoço, o segurando firmemente, como se ele pudesse desaparecer a qualquer momento.  

- Melhor? – perguntou ele depois que minha histeria passou e só ficou as lagrimas escorrendo no seu ombro.

- Sim – minha voz era só um sussurro rouco – Jake como você pode me perdoar tão fácil depois de tudo?

- Bells – Ele era o único que me chamava assim – Você é minha melhor amiga, praticamente irmã e eu te amo. Não tem como não perdoar. E além do mais eu sei que quando a gente ama, a cabeça fica embaralhada e tudo muda, o modo de pensar e agir – Ele segurou meu rosto me obrigando a olhar diretamente para seus olhos negros – Durante muito tempo eu não pude perdoar você, mais hoje eu entendo o por que de você ter feito e que provavelmente eu teria feito a mesma coisa. Mais o mais importante é que você finalmente conseguiu se livrar daquilo que não te fazia bem e talvez nunca viesse a fazer. Ele não sabia te dar o valor que você merecia e esse relacionamento de vocês dois estava fadado ao fracasso desde o inicio. Não por sua culpa, mais dele.

- Mais eu usei o amor que você tinha por mim pra fazer ciúmes a ele te levando pra cama – Aquelas palavras tinham um gosto amargo na boca.

- Isso foi um erro, mais é isso que nos torna humano – Ele limpou as lagrimas do meu rosto e sorriu – E você admitiu seu erro e eu te perdoei, então esquece isso.

- É um pouco difícil – Quase impossível na verdade.

- Se eu que fui o mais usado nessa historia consegui te perdoar, então um dia você conseguirá perdoar a si mesma – Desde quando ele ficou tão sábio? – E não me olhe com essa cara, não foi só você que cresceu, mentalmente pelo menos.

- Hey – resmunguei batendo em seu ombro e ele riu parecendo não sentir nada – Eu cresci uns 10 centímetros pelo menos.

- Não notei nenhuma diferença – desdenhou - E salto não conta.

- Idiota – bufei segurando o riso.

- Eu sei que você quer rir – Mordi o lábio para segurar o riso – Então se não vai por bem, vai por mal.

E ele me atacou com cosquinhas na barriga até eu está chorando de tanto rir e implorando pra ele parar.

- Eu já consegui o queria – disse convencido.

- Senti sua falta Jake – falei o abraçando apertado – Muito mesmo, ninguém me fez tanto falta como você.

- Eu também Bells – Senti seu folego quente contra meu pescoço quando ele suspirou.

- O que você quis dizer com hoje eu entendo o porquê de você ter feito e que provavelmente eu teria feito à mesma coisa? – Eu não tinha entendido aquela parte.

- Eu estou noivo e estou perdidamente apaixonado por ela – Aquilo era novidade.

- Sério? – Me afastei para olhar seu rosto e ver que ele não estava brincando – Quem é ela? Eu conheço? Como isso aconteceu?

- O nome dela é Vanessa Wolf, mais todos a chamam de Nessie, você não a conhece por que ela mudou para a reserva há três anos e tudo começou quando eu atropelei o cachorrinho dela – Ele riu e seus olhos brilhavam como as duas estrelas mais brilhantes do céu – E como eu sou veterinário passamos muito tempo juntos cuidando do cachorro e coisa foram acontecendo e quando eu fui ver ... Bum ... eu estava apaixonado por ela.

- Que ótimo Jake – Eu estava muito feliz por ele e levemente aliviada – Eu adoraria conhece-la.

- E você irá, assim que ela chegar no sábado vou marca um almoço lá em casa pra vocês se conhecerem – Ele estava muito animado.

- Kyle vem no sábado também e assim você vai poder conhecê-lo – Kyle nunca veio a Forks, daqui só quem o conhecia era meu pai, Ângela e Ben, seu futuro marido.

- Finalmente vou conhecer meu sobrinho. Quantos anos ele tem mesmo?

- Sete, daqui a seis meses ele vai fazer oito – Meu menininho tá crescendo tão rápido, pensei melancolicamente.

- Nossa tudo isso – disse ele surpreendido – Como o tempo passa rápido.

- Pois é.

Ficamos conversando por mais alguns minutos até meu pai nos chamar para irmos jantar.