Faces Da Morte escrita por Ayelli


Capítulo 7
Viajando com a Morte - Final


Notas iniciais do capítulo

Eu considero histórias assim como um presente que me é dado em momentos de total distração ou durante um sonho, como foi o caso desta. Inspiração? Não sei, chamem como quiserem, o que eu sei é que dificilmente esquecei Yucatán e tudo o que aconteceu por lá! Espero que gostem!♥



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Quando abri os olhos havia sirenes tocando, pessoas indo e vindo freneticamente e luzes vermelhas. Ouvi barulho de ferros sendo cortados. Senti que minha cabeça doía e quando tentei me mexer não consegui, voltando a mim lentamente, percebi que estava deitada em uma maca, com algum esforço levantei a cabeça e vi que um pouco mais à frente bombeiros estavam serrando o carro de André. Desesperada, comecei a gritar seu nome, não podia me mexer, pois estava amarrada à maca por fivelas de segurança, um médico socorrista veio até mim e pediu que eu me acalmasse. Quando perguntei onde ele estava, o médico apenas me disse “sinto muito”, palavras essas que ecoaram na minha cabeça durante muito tempo.

Enquanto a maca onde eu me encontrava era colocada na ambulância, eu tentava olhar para o carro, queria vê-lo e saber que o médico havia se enganado, mas eu a vi e tive a certeza de que nada ficaria tão bem. Ela estava parada ao lado das ferragens e olhava para mim, eu pude ver lágrimas saindo de seus olhos e mesmo assim eu senti raiva dela, muita raiva, e ela sabia. Enquanto eu não fui retirada do local ela não o segurou em seus braços, apenas ficou parada, eu podia sentir que ela não queria que eu a visse cumprindo o seu papel, não dessa vez.

Tive ferimentos tão leves que não dava para acreditar que eu estava naquele carro que havia sido prensado entre dois veículos maiores, um ônibus de turismo que àquela hora estava vazio, indo buscar os turistas de Tulum e levá-los a Chichén Itzá e outro que fazia o caminho inverso. O carro foi quase que totalmente destruído, André morreu devido à hemorragia interna aguda em virtude de múltiplas fraturas no tórax, causadas pelo volante.

Passei uma semana internada e não pude me despedir dele, depois soube que seu corpo fora enviado à Grécia. Talvez tenha sido melhor assim, seria bom poder guardar sua última imagem, sua expressão feliz e seu olhar cheio de vida. Quando tive alta, voltei a Tulum e dei um último passeio pelas areias da praia, fui até as ruínas e me despedi abrindo os braços e inspirando profundamente, queria guardar na memória para sempre o aroma daquele lugar. Decidi não ficar em Chichén Itzá como havia planejado anteriormente, por mais que eu tentasse, não conseguia me livrar daquela tristeza profunda estando tão perto dele, porque para mim, tudo aquilo passou a ser “ele”.

De volta ao hotel, arrumei as malas e pedi à recepção que encerrasse minha conta, meu voo de volta sairia em uma hora. Quando enfim ia em direção ao táxi, pude vê-la entre a fileira de palmeiras que havia em frente à entrada, ainda tinha lágrimas na face sob a túnica. Olhei firmemente para ela e lhe disse mentalmente que jamais queria vê-la de novo, se possível nem mesmo no momento de minha morte, entrei no táxi e quando ele partiu não olhei para trás, mas pude ouvi-la dizer “me desculpe”.

Passei um tempo meio perdida, largada, sem saber direito o que fazer e por onde recomeçar. Eu sentia muita falta dele, foram apenas cinco dias juntos, mas era como se o conhecesse desde sempre, havia tanta verdade naquele sentimento, tanta entrega em cada toque.

Agora só me restava voltar ao meu inverno no Alasca, afinal, encontrei o que procurava.

Talvez algum dia eu vá à Grécia.


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Notas finais do capítulo

"Momento, pedaço irreversível do tempo..."

Bjokas♥



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