As Crônicas Do Oráculo - O Filho De Gaia escrita por NathaliaMarianaCaio


Capítulo 10
Capítulo 10 - Declan


Notas iniciais do capítulo

Escrito por Mariana Lopes.
Personagem narrador: Ravena.



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Amanhã é o treino de esgrima... Bom, Quíron havia falado que teria um professor para cada "matéria", digamos assim. Eu preciso me sair bem, se essa profecia está certa mesmo de que somos nós teremos que nos dedicar ao máximo. O treino de arco de Charlie foi realmente bom. Ela era muito boa, tinha uma concentração e equilíbrio ótimos. Apenas ela e Dianna se saíram bem com os arcos. Pelo que sei, Dianna é boa com todos os instrumentos de batalha. Noah e Rupert foram um fiasco assim como eu e Nicholas. Annie foi a menos pior de todos nós exceto Dianna e Charlie.


Charlie olhava para mim com um olhar de esperança e disse:


– Foi tão bom, eu acho que nós vamos ganhar essa parada!

– Que os deuses te ouçam Charlie - disse Quíron que chegou inesperadamente. - Podem seguir para o refeitório, tenho um comunicado a ser feito e será a todos os meio-sangues e vocês se incluem neles, até logo. - e saiu trotando.

– Que vocês acham que nosso amigo trotador vai dizer? - disse Rupert, se metendo entre eu e Charlie e envolvendo seus braços até os ombros meu e dela.

– Não faço a mínima ideia... Será que é alguma coisa haver com a profecia? - disse Nicholas parecendo curioso.

– Não sei não Rupert, mas acho que Charlie ficaria melhor sob meus braços. - disse Noah meio risonho.

– Uhm... - ele parou e olhou para mim e para Charlie e disse - Eu concordo, acho que Ravena combina mais comigo.

– Já eu discordo, filho de Ares e Hades não tem tudo haver? - disse Plínius que começou a se aproximar de mim.

– E eu acho que ouvi alguém me chamando ali - menti para sair daquela situação chata.

Peguei meus fones de ouvido e pus logo antes que começassem a falar de novo.

***

Chegando no refeitório lotado de semideuses jovens, muitos conversavam paralelamente, riam, choravam. Era uma típica noite semideusa, que me lembrava muito Hogwarts. Exceto pelo diretor. A lareira ao fundo estava sempre acesa, seu fogo nunca se apagará. Nós jogamos metade de nossa comida para lá pros deuses nos odiarem menos. Ao lado da lareira estava Quíron, Rachel ao lado do Sr. D que bocejava exageradamente. Ele falou lentamente em tom claro e alto:

– Silêncio.

Quase imediatamente todos se calaram. Então Quíron pôs-se a falar:

– Semideuses, como sabem, estamos vivendo uma profecia. Mas esse não é o ponto. Sei que estamos em momentos muito caóticos, mas acontecerá um evento que não poderemos adiar que é o Baile Semideus. É para aliviar um pouco dessa tensão da profecia. Sabemos que o acampamento será realmente afetado com a profecia e provavelmente muitas pessoas poderão morrer - quando ele disse isso muitos suspiraram de medo - não podemos evitar isso, vamos fazer o melhor para proteger vocês e queremos que vocês ajudem a nós a proteger o acampamento. Dúvidas?
Uma semideusa que estava na mesa da ponta ergueu a mão e perguntou:

– Será uma festa comum ou terão que ter pares?

– Bom, você me fez lembrar que será um Baile a rigor. Então sim, Srta. Mason, irão ter que ser casais. Sugiro que já comessem a pensar em quem querem convidar. O Baile será daqui a três dias. Mais dúvidas? - Rupert que estava na mesa de Hermes ergueu a mão - Diga, Sr. Chevalier.

– Já pensou em alguém para convidar Quíron? - disse em um tom engraçado, mas não desrespeitoso.

– Receio que sim, Sr. Chevalier. Basta esperar o dia para saber. - Quíron abriu um sorriso largo exibindo seus branquíssimos dentes. - Agora o Sr. D vai lhes apresentar a uma pessoa... - e cutucou o Senhor D os dedos.

Unfn... O quê? Ah é... - ele se levantou e disse empolgadamente - Semideuses, vou-lhes apresentar a um novo antigo semideus. Novo porque ele agora vai viver aqui, e antigo porque ele já esteve aqui antes e por mérito tinha ido morar nos vilarejos do Olimpo. Ele está de volta para treinar todos vocês, mas principalmente os semideuses que fazer parte efetivamente da profecia. Este é Declan Olivier.

E de trás da lareira apareceu um rapaz de cabelos loiros e cacheados. Seus olhos eram escondidos por óculos escuros. Ele exibiu um largo sorriso e disse:

– É tão bom sentir que estou em casa. Aqui foi aonde eu cresci a minha vida toda, meu pai era um mero mortal. Eu tinha uma vida como a de vocês. É muito bom voltar para cá. Sentir a presença de vocês... - alguns campistas murmuravam freneticamente - Antes que perguntem o por quê de eu estar usando óculos e bengala é porque eu sou cego. - e ele começou a sorrir, eu estava encantada com a simplicidade ao dizer isso. - E mesmo assim, lutei muito, poderia te garantir que vivo uma vida normal... Matei muitos monstros, já me perdi muito. Mas chega de falar de mim, o que eu queria dizer é que gostei de ver hein! - disse ele rindo e erguendo as mãos e todos começaram a aplaudir e gritar, Rupert foi ao delírio e soltou alguns fogos de artifício ao refeitório, todos estavam muito felizes,menos as filhas de Afrodite que ficaram indignadas.

– Esse cara arrebenta! - disse Rupert.

– Isso é uma lição de vida! - disse um outro.

Quando todos pararam de aplaudir uma garota levantou de uma das mesas e disse:

– Patético. Não acredito em nada, ceguinho.

– Cale a boca, Jasmine ele viu com os próprios olhos tudo que ele passou... ahn me desculpe pelo termo Declan... Dá pra deixar de ser um pouco fútil e gostar das pessoas pelo que elas são e não criticá-las por serem todas do jeito que você quer! - Rupert levantou da mesa e olhou com fúria para ela.

– Ah ficou irritadinho Rupinho? Pois eu não vou gastar a minha beleza para quem não vê, tchau tchau. - e saiu sem remorso nenhum e convencida que estava certa. Suas capangas filhas da beleza foram junto um pouco atrás. Menos uma filha de Afrodite que parecia ter levado um susto.

Fiquei realmente surpresa com a atitude de Rupert, foi digno de muita coragem dizer na frente de todos e também muito caráter. Gostei mesmo. Quíron olhou para Declan e disse:

– Me desculpe Declan. Não sei o que dizer. - ele pareceu constrangido.

– Sem problemas, eu sei lidar com isso muito bem Quíron. Relaxe. Bom apetite semideuses!

Como de costume do Acampamento jogamos uma parte de nossa comida para os deuses que por sua vez aparentavam se deliciar com as gostosuras do acampamento já que as chamas aumentavam a cada instante.
O murmurinho dos campistas não parava em relação ao Baile. Ouvi dois meninos, Dean e Caleb filhos de Hermes e Hefesto respectivamente, falando em segredo e rindo fervorosamente e se aproximando de mim, ah coisa boa não seria. Eles deviam ter uns 10 anos, Dean era filho de Hermes e irmão de Rupert. Boa coisa não sairia daqueles rostinhos extrovertidos. Dean chegou a mim e me fez um gesto com o dedinho para eu me abaixar, olhou para Caleb que estava um pouco distante de nós e disse:

– Ei, o meu amigo Caleb me pediu pra eu te dizer que ele quer ir com você no Baile, mas eu quero ir com você primeiro.

Ri internamente, entrei na brincadeira e disse seriamente:

– E o que você vai fazer?

– Se ele não ligar é óbvio que eu vou com você dãa!

– Mas eu acho que não vai dar tem uma garota que já quer ir com você e ela tem uma amiga...

– Oba! É a Jasmine? Ahh tomara eu sempre soube que ela tinha uma secreta paixão por mim.

– Bom na verdade ela tem a sua idade e chegou no Acampamento agora... É aquela ali olhe - apontei a direção com a cabeça para uma garotinha loira que estava segurando uma boneca. - O nome dela é Gabrielle, filha de Zeus, acho que é meio francesa ou algo assim...

– Ihh sou veterano aqui vou mostrar o Acampamento todinho e perguntar se ela vem comigo! Uhuul! Valeu, Ravena!

– Não há de que!

E ele saiu pulando de alegria, Caleb seu amigo ficou desapontado por eu ter recusado indiretamente o pedido inesperado, mas escutei Dean falar um pouco alto "Relaxa cara, ela me disse..." e foi abaixando a voz gradativamente e Caleb foi se alegrando e os dois saíram cochichando alegremente até a mesa dela. Mas eu não pude ver pois fui abordada por Plínius, o filho de Ares:

– Bonita noite, não?

– Penso nisso sempre que me lembro da profecia. - confidenciei.

– Tem um minuto?

– Claro.

Ele saiu do refeitório e foi para a parede externa do refeitório. Estava bem frio e dava para escutar o coaxar dos sapos. Ele disse:

– Sabe o Baile que vai ter certo?

– Claro.

– Eu queria saber se...

Mas escutei um barulho brusco e vi um Rupert afobado dizendo (berrando) e apoiando seu braço no ombro de Plínius:

– E aí moçadinha! Está linda a Ártemis né? - disse o espalhafatoso.

– O que você quer? - disse Plínius tremendo de raiva.

– Quero convidar a dama a sua frente para ir ao Baile comigo.

Eu arregalei os olhos e disse:

– Rupert não dá...

– Você tem namorada sabichão e Annie não vai gostar nada de saber disso.

– Ahh e nem Quíron se eu contar quem foi que quebrou sua ultima muleta...

– Ahh está bem, você venceu. Mas está me interrompendo de algo!

– Eu? Nãão, de forma alguma podem continuar - ele sorria descaradamente. Que mala!

– Rupert pode nos dar licença?

– Ah claro podem passar!

– Ah quer saber? Depois nos falamos, até mais Ravena! Abre o olho Rupert, você me paga. - e foi para seu chalé.

Eu não acredito. Estava prestes a receber um convite e esse bocó me atrapalha. Maravilha.

– O que você fez garoto - lancei-lhe um olhar digno de uma filha de Hades. - Ele iria dizer algo!

– E você sabe muito bem que esse zero à esquerda iria te convidar para o Baile!

– E qual é o problema? Ele não me parece nada de mal!

– Aí que você se engana! Esse cara não vale o hambúrguer que come! Não vá com ele!

– E quem é você pra me falar com quem devo ir? Deixe-me em paz!

– Eu sou seu... Amigo! E te proíbo de ir com ele! - ele disse.

– Fala sério! Eu sei quem eu devo evitar! Você! Seu maluco! Acontece que eu já aceitei! - menti.

– Ahh não! Tola! Desminta isso agora! Eu sei quando alguém mente e você fez isso muito mal!

– Mas eu vou aceitar, se é isso que veio falar pode ir, acho que escutei sua namorada te chamando.

Logo depois voltei para o refeitório, Rupert havia ido antes, completamente desgostosa com a situação incomoda. Acho que Nicholas avistou minha cara que devia estar péssima pois logo depois do discurso encorajador sobre de tentar não morrer do Sr.D Nicholas notou a minha expressão ainda rígida e angustiada, desde que entrei no Acampamento ele e Charlie foram meus primeiros amigos, e os únicos mais próximos, o resto sentia medo de mim por ser filha de Hades ou olhava pra mim com descrença. Nicholas deu um pequeno sorriso e falou:

– Ei Rav, tá tudo bem?

– Nich, Quer saber o real ou o rápido?

– Existe um meio termo? - perguntou ele.

– Acho que não.

– Então me diga o real motivo.

– Inicialmente, Rupert é um mala. Interrompeu a mim e a Plínius em uma conversa que acho que se tratava do Baile. Mas quer saber? Deixa pra lá. Com quem você vai?

– Eu vou com Dianna só não sei se ela vai comigo também. - murmurou.

–Ainda não a convidou? - perguntei.

– Eu sou tímido oras! E ela é uma dos líderes do Acampamento, vai com um cara melhor que eu.

– Meus deuses você precisa relaxar! Está depressivo demais!

Houve então o silêncio, apenas nossos passos e o barulho misterioso da floresta ao redor do Acampamento. Até que chegamos a porta do meu chalé e ele suspirou e disse:

– É que com a profecia eu me sinto horrível, parece uma regressiva para a morte. Não estamos nem muito tempo aqui e já temos muito a fazer.

– É, pode ser nossos últimos dias aqui. E agora temos que lidar com o 'mal entendido' dos deuses e titãs. E se passaram dois meses mas para mim parece mais tempo...

– É. Tudo era tão simples no Olimpo, e agora essa emboscada.

Tudo aquilo me fez chorar, curiosamente eu nunca chorava na presença de alguém, mas me sentia a vontade para deixar de ocultar esse meu lado. Ao me ver chorar ele pareceu não saber o que fazer e me abraçou, quando ele olhou para meu rosto lacrimoso fez uma expressão de o que não sabia o que fazer, sorri e nós nos abraçávamos, mas lembrando de todo o risco que correríamos e pessoas que perderíamos, o meu sorriso se esvaiu para o vento com a mesma facilidade que foi implantado em meu rosto, sussurrei:

– Estou com medo.

– Eu também. Mas vai dar tudo certo, você vai ver. - ele sorriu.

– Que a sorte esteja sempre ao seu favor!

– É por esse caminho mesmo, será como Jogos Vorazes mesmo! - ele riu e foi saindo. - Não tenha sonhos! Até mais!

– O mesmo para você! Até mais!

Ele botou o capuz de seu casaco, pois a monitor estava realmente ficando fria e foi caminhando a seu chalé:

– Nicholas!

– Chamou? - ele desvirou e parou na metade do caminho, abriu um largo sorriso.

– Convide Dianna! Amanhã sem falta!

– Agora eu vou! - ele fez um aceno de despedida com a mão e continuou a caminhar. Até que eu gritei de novo:

– Nicholas!

– Fale logo criatura! - ele riu.

– Obrigada. Por tudo. - eu sorri.

Então ele fez um símbolo de paz e amor nos com os dedos indicador e médio e gritou:

– Não há de quê! Se for me chamar de novo fale logo!

– É só isso mesmo! - ri.

– Ah então beleza! Tchau! - ele se despediu.

– Até!


***

Infelizmente meu cérebro disléxico teve a indisponibilidade de prestar atenção na parte sobre não ter sonhos. O que Nicholas disse sobre isso ontem soaria para um meio sangue como o melhor dos elogios. Para nós (em quem sabe você, leitor), campistas, o sinônimo de sonho significa precisamente pesadelos brutais com deuses e guerra e tudo que há de mais intranquilo.
A sineta do Acampamento tocou, tivemos um café da manhã normal quando Sr.D pigarrou, fazendo todos instantaneamente se calarem e disse:

– Hoje iremos lhes apresentar o novo professor de esgrima. Creio que neste exato momento ele estará os esperando no campo da aula de esgrima. É um dos poucos que se tornou um campista com a honra e dignidade de ter uma moradia nos vilarejos de Atenas. Agora tratem de levantar seus traseiros metade sangue de deus e andem logo.



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