- Mas que merda é essa?

Falei pegando uma coisa nojenta da geladeira.

- É carne assada com batata.

Respondeu Mary pegando aquilo da minha mão e colocando no micro-ondas.

- Sério mesmo que nós vamos comer isso? Não tem spaguetti ao molho funghi, ou salmão grelhado com aspargos?

- Não... da onde você tirou isso Lucy?

Falou a mulher me olhando estranho enquanto esperava a carne esquentar.

- Dãã, é o que eu como todos os...

Parei de falar quando lembrei que eu não era mais Julliane Anderson.

- Deixa quieto... pelo menos tem alguma salada por aí? Acho que vou começar a fazer uma dieta.

- Tem alface na geladeira querida.

Falou Mary me olhando estranho novamente.

- Tá que seja...

Eu não podia aguentar mais nem um segundo naquela casa, e olha que havia se passado apenas um dia!

Hoje eu iria ter ensaio de fotos para a revista Teen Star, mas já como Lucy roubou meu corpo eu não vou ter mais... E agora? O que eu posso fazer? Ainda estou considerando emagrecer e ficar bonita, e virar modelo de novo mas nunca serei igual a eu original.

Aliás, eu nem sabia se Lucy estava mesmo viva, ou se era ela perambulando por aí no meu corpo.

Falando no assunto ‘’corpo roubado’’, eu já sabia o que eu iria fazer... eu iria pegar o meu corpo de volta, e isso seria um plano perfeito, pois eu sei onde meu corpo está e o que ele vai fazer. A essa hora o novo dono do meu corpo devia estar almoçando lagosta assada na minha casa... depois disso ele iria para o Estúdio Fotográfico Holly Schmidt para fazer o ensaio fotográfico.

- Posso ir na casa de uma amiga?

Falei rapidamente para a Mary.

- Herr... não... mas porque você está tão apressada?

- Você é ridícula!

Falei saindo correndo da casa enquanto a mulher gritava por mim preocupada.

Eu andei um pouco mais e notei que havia um ponto de táxi ali perto, nesse momento eu coloquei a mão no meu bolso e achei milagrosamente 20 reais. Eu não preciso falar que eu imediatamente entrei no primeiro táxi que vi.

- Vai pra onde moça?

Falou o carinha de aproximadamente 22 anos de idade gordo com uma camiseta escrito ‘’star-wars is life’’... eu queria saber como um gordo nerd viraria taxista.

- Estúdio Fotográfico Holly Schmidt.

-Tá  certo então.

Falou ele olhando para minha nota de 20 reais e parecendo estar pensando em algo maligno.

Depois de um tempo de viagem nós simplesmente paramos no meio da estranha, eu achei aquilo muito estranho, afinal, quem é a pessoa que iria querer abusar do corpo de Lucy Halley? Fala sério...

- É 20 reais.

Falou ele para mim.

- Mas a gente não está no lugar que falei, gordo-nerd babaca.

Respondi.

- Você me deu 20 reais, o estúdio ficava do outro lado da cidade comparado ao lugar onde você pegou o táxi. Isso só dá para metade da viagem.

- E porque você não me avisou antes otário?

- É porque se não... não ia dar para eu chantagear você.

Falou ele com um olhar nojento.

- Chantagear? O que você quer dizer com isso?

Respondi a ele irritada.

- Você pode continuar a pé seu caminho, ou então você me beija e eu levo você até lá.

Falou ele decidido.

- Merda...

Pensei.

                                                                                ***

- Me tirem daqui filhos da putaaaa!

Falei enquanto um monte de gente me segurava e passava um monte de coisas no meu corpo todo.

- Isso é abuso sexual!!!

Gritei novamente.

- Ai Jill, para de ser chata, você sabe que assim que tem que ser para o ensaio. ¬¬’

Falou uma das maquiadoras.

- Que merda, já existe photoshop hoje em dia, usem aquilo nas fotos!!!

- Jill! É assim que vai ser e tá acabado.

Falou outra maquiadora.

- Affe!

Depois de toda aquela ~abusação~ eu havia finalmente chegado a hora do ensaio. Eu estava usando um biquíni laranja florido apertado que realçava meu peitos, e eu não gostava disso.

- Sente-se ali Jill.

Falou o fotógrafo apontando para um cenário imitando uma praia.

- Isso, agora coloca  os braços atrás da cabeça e olha pra câmera.

Falou ele novamente enquanto outros carinhas ligavam um ventilador que dava aquele efeito divo por causa do vento no cabelo.

O fotógrafo me fez ficar em umas 50 posições diferentes e ele tirava umas 400 fotos por segundo, e eu tenho que admitir que não é fácil ser modelo, ficar na mesma posição por muito tempo é horrível.

Para piorar o apertadíssimo biquíni estava meio frouxo e o fotógrafo não me deixava arrumar, pois ele falou ‘’que todas as fotos tinham que estar perfeitas’’. E foi assim que depois de ajustarem o ventilador de novo que eu fiquei semi-nua na frente de uma câmera fotográfica.

Todos viram na sala viram os peitos da Julliane Anderson.

Depois desse pequeno incidente eles pediram para eu colocar minha roupa porque já estava na hora de ir.

- Você pode excluir as ultimas fotos?

Falei meio sem graça ao fotógrafo.

- Você tá brincando? Essa aqui ficou perfeita!

Falou ele enquanto mostrava uma foto minha cobrindo meus peitos em um slide para todo o mundo ver.

- Tira isso!

Gritei a ele.

- Vai ser essa foto! Obrigada Jill, você é a melhor para tirar fotos!

Falou ele saindo correndo em direção à saída.

- Merda!

Gritei.

Sai bufando e furiosa pois eu não conseguia acreditar que aquele fotógrafo babaca havia escolhido uma foto minha semi-nua para colocar em uma revista!

Certo que Julliane era mais rodada que prato de micro-ondas e provavelmente 90% da população já havia visto ela pelada, mas já como sou eu no comando do corpo dela agora, vou tentar mudar isso.

Eu estava pensando nos meus futuros planos quando de repente uma morena alta pulou em mim e começou a me estapear.

- Sua desgraçada!!!

Falou a morena se levantando e tentando me estapear.

- Para!!! Quem é vo...

Eu fiquei paralisada e olhei bem para aquele rosto e vi algo muito, mas muito sinistro... era eu.