Eu não podia acreditar no que eu estava vendo. Era tão estranho ver eu mesma me xingando e tentando me bater...

- Sua puta, olha pra mim! Para de me ignorar!!!

Gritou... eu mesma?

- O que eu fiz de errado??? E aliás, por que você está no meu corpo???

Falei dando um olhar sinistro para... eu mesma.

- Eu é que pergunto o que VOCÊ está fazendo no meu corpo!

- Pera aí, você é... Julliane Anderson?

Falei percebendo que a pessoa que estava com meu corpo era mesmo Julliane.

- Claro! Quem mais poderia ser? E você é Lucy Halley, eu suponho.

- Tá, então quer dizer que nós duas trocamos de corpo?

Falei olhando as toneladas de maquiagem que Jill havia colocado no meu ex-rosto.

- Pensei que isso já estivesse claro para nós duas!

Respondeu ela ironicamente.

- Você tem alguma ideia de como isso foi acontecer?

- Não, só sei que eu preferia estar no corpo da Angelina Jolie do que nesse poço de gordura!

- Oi, eu ainda estou aqui!

Falei a ela com um tom frio por causa do comentário anterior.

E agora? Será que eu passaria o resto da minha vida no corpo de uma patricinha mimada? Não estou falando que é ruim ter todas aquelas coisas de luxo, mas mesmo assim eu ainda tenho uma família e eu a amo. Eu sinto falta da minha mãe me chamando de chata toda vez que eu nego salada, ou até mesmo do meu irmão brigando comigo porque o controle do PS3 dele está sujo de cheetos.

- Ei Julliane! Vamos logo, entre na limusine!

Gritou um carinha que segurava a porta do carro para mim.

- Você vai??? Você sabe o que eu passei para chegar até aqui??? Eu tive que beijar um gordo-nerd-taxista!

- Você beijou um cara, COM A PORRA DO MEU CORPO?

Gritei furiosa.

- Aff vai se foder! Nem dinheiro para voltar eu tenho!

Respondeu ela.

- Pega! Feliz agora?

Falei entregando uma nota de 100 reais a ela.

- É pouco, mas pelo menos dá pra eu ir num táxi sem ter que beijar um cara!

- Se ferra!

Gritei a ela correndo em direção a limusine preta.

Eu observava ela me xingar enquanto o carro se afastava lentamente.

Finalmente eu tinha paz. Encostei-me no banco me preparando para cochilar um pouco até que escutei um cara chamar meu nome.  Que merda.

- O que é?

Falei cansada.

- Preparada para a festa?

Falou um carinha loiro de cabelo cacheado, muito lindo.

- Que festa? Hehe...

Respondi meio envergonhada.

- A sua festa lembra? Para comemorar a sua entrada naquela agência de moda. Aliás, parabéns por ser oficialmente uma modelo agora.

- Hmm... bom... tipo assim, quem é você?

Falei querendo enfiar minha cabeça em um buraco.

- Desculpa, eu havia esquecido que você perdeu a memória. Eu sou William, eu trabalho para seu pai. Ele pediu para eu te levar para a sua festa.

- Porque todo o mundo que trabalha para o meu pai tem que fazer alguma coisa para mim?

Falei percebendo que meu pai, digo pai da Jill.. ou sei lá, adorava mandar os outros me buscarem em algum lugar.

- Ele sempre foi assim, atualmente eu meio que trabalho cuidando da sua agenda de horários.

-‘’Meio que’’?

Falei achando isso estranho.

- Como você disse antes, seu pai adora mandar os outros fazerem algo por você.

Eu sorri quando reparei o leve sotaque britânico do... William?

- Você é inglês? Desculpa a pergunta é só que você tem um sotaque ~bonitinho~.

Sotaque bonitinho? Sério mesmo Lucy?

- Eu nasci na capital da Inglaterra, Londres. Você não é a primeira a perceber isso.

Respondeu ele rindo de leve.

O tal do William parecia ter uns 23 anos mais ou menos. Espero que o que eu queria fazer não seja considerado pedofilia. Fala sério, ele parecia um deus grego misturado com um pug só que sem aquela gordura toda.

Depois de uns segundos de pura nostalgia por causa daquela beleza toda escutei os grandes portões dourados e chamativos da minha nova casa se abrirem e o carro entrar naquela fortaleza de luxúria.

- SURPRESA!!!

Gritaram todas as pessoas presentes naquele salão enorme e cheio de enfeites dourados caríssimos.

- Oi gente... estou tão feliz por... ter entrado em uma agência de modelos.

Falei tão emocionada quanto a Kristen Stewart.

- Parabéns querida! Já é oficialmente uma modelo! Agora vai poder ir em todos os desfiles sem ninguém precisar perguntar se você quer fazer uma participação neles. (acho que ela quis dizer que agora eu sou obrigada a ir nos desfiles chatos de moda).

- Err... isso é tão emocionante. Estou tão... ansiosa pra fazer isso.

Falei novamente super emocionada.

Ok, eu queria saber qual era a porra do problema com meus pais ou pais da Jill, que seja, pra organizar uma festa melhor do que a do meu aniversário de 15 anos só para comemorar a minha entrada numa agência de modelos que nem sei o nome! Fala sério!

- Você está bem Jill?

Falou Jubs se aproximando.

- Ah eu estou ótima! Organizaram uma festa gigante por uma coisa tão... legal!!! Falando em festas, onde estão meus pais?

- Seu pai está trabalhando e sua mãe... bom... você perdeu sua memória Jill então... não fique chateada ok?

- Tá...

Falei estranhando um pouco aquilo que ela havia falado.

- Você e seu pai tem uma ordem de restrição contra a sua mãe.

Falou ela em tom sombrio.

- Por quê? Eu a vi no hospital!

- Querida eu não sei o que você viu, mas enfim, seus pais são separados e sua mãe... e digamos que ela teve um probleminha com álcool e drogas quando você era menor... e ela acabou dando alguns problemas para o seu pai. E de vez em quando ela se drogava e perseguia vocês... você deve saber como isso acabou.

Falou ela parecendo me consolar.

- Ham... obrigada... eu acho.

Sinceramente, não consigo acreditar que apesar de ser uma patricinha mimada, Julliane tinha uma vida meio... triste. O pai dela nunca estava presente, sempre trabalhando e pedindo para os outros fazerem coisas para ela, e a mãe... não preciso falar nada.

- Você está estranha.

Falou William interrompendo meus pensamentos profundos.

- Como assim?

- É só que... você está diferente. Você está mais legal.

- Eu sei.

Respondi confiante a ele.