PDV Rose

Subi para o meu quarto e tranquei a porta, meus cabelos estavam no rosto, como todos os dias, eu já havia me acostumado a usar assim, tirei a franja e olhei para o meu rosto no espelho, tinha uma boca vermelha, olhos castanho- esverdeados, cabelos escuros, quase pretos, um nariz reto, um rosto angular, a não ser pela grande cicatriz de garra do lado direito que ia desde o meio da testa até o final da bochecha, mamãe diz que eu tive sorte de não ter pegado o olho.  Toquei levemente o local e fiz careta, não doía, mas as lembranças eram claras. Já se passaram três anos, mas acho que nunca serei capaz de tirar aquilo da minha cabeça.

-Vermelha? –Nate bateu a porta me tirando das más lembranças.

Voltei a colocar o cabelo em frente ao rosto escondendo a cicatriz e abri a porta sorridente, ele sorriu de lado meio sem jeito.

-Eu só queria dar boa noite. –Ele colocou a mão nos bolsos e baixou o rosto, ele não conseguia me olhar no rosto desde aquele dia e eu odiava isso.

-Boa noite. –Falei suspirando.

Ele virou de lado e correu para o seu quarto ao lado do meu, entrei de novo e fui dormir com um sorriso no rosto. A manhã seguinte estava tão calma, acordei com o sol no meu rosto, pois sempre deixava a janela aberta durante a noite, menos nas noites de lua cheia, é claro! Levantei correndo e desci a escada, no fim a direita estava a cozinha e a esquerda um corredor que dava para a sala que dava também para um linda varanda, onde mamãe, Tia Andrea e Tia Kate conversavam animadas tomando um belo café da manhã.

-Bom dia meu amor, por que não vai acordar seus irmãos? –Mamãe falou sorrindo.

Era sempre assim, quem acordasse primeiro acordaria o resto, éramos irmãos sim, não de sangue, mas de coração.

Voltei a subir a escada correndo e abri o quarto da Lyra, estava uma escuridão, janelas fechadas e luzes apagadas. Fui até sua cama e acariciei seus cabelos escuros.

-Bom dia criatura das trevas! –Falei carinhosamente.

Ela gemeu incomodada.

-Bom dia. Voltarei a dormir, pois sua interrupção foi ofensiva. Não curti. –Ela respondeu arrastando a palavra e sonolenta virou-se na cama.

Fui até a janela e abri as cortinas deixando o sol banhar o quarto.

-NÃÃÃÃÃÃO! –Ela gritou se escondendo embaixo do lençol. –Luz não, por favor.

Eu dei uma risadinha.

-Vou acordar o Nate, Tia Kate está te chamando para tomar café da manhã. –Falei saindo do quarto.

Fui até a porta do quarto dele e respirei fundo, abri a porta devagar pois sabia que ele tinha o sono leve, fui até a cabeceira da cama, ele estava jogado com os braços e pernas espalhados na cama, mexi nos cabelos dele sorrindo.

-Bom dia Nate. –Falei baixinho.

Ele abriu os olhos, sonolento, e sorriu carinhosamente, como eu ficava feliz ao ver aquele sorriso.

-Mamãe está chamando para ir comer. –Avisei.

-Vai na frente Rose, estou indo atrás de você. –Ele respondeu se espreguiçando.

Desci as escadas e sentei na varando junto com a minha mãe e minhas tias, cinco minutos depois Nate e Lyra descem as escadas com os rostos amassados e um sorriso pequeno.

-Bom dia. –Eles falaram ao mesmo tempo.

O café da manhã foi rápido, as adultas conversavam entre elas e nós comíamos sem atrapalhar como boas crianças que somos, tirando a parte em que a Lyra interrompeu para contar sobre o Zoo e o Nate falou de boca cheia é claro.

Quando estávamos terminando a campainha toca.

-Eu atendo. –Falei pulando da cadeira.

Abri a porta e uma mulher alta de rosto severo e um chapéu pontudo me encarava.

-Bom dia. –Falei meio assustada.

-Bom dia, poderia chamar as senhoritas Katherine Anderson e Andrea Kepner por favor? –Ela pediu.

Minha tia Kate já estava atrás de mim nesse momento. Quando a mulher já estava instalada na sala tia mandou que nós três subíssemos para o quarto e como somos boas crianças fingimos que fomos e ficamos ouvindo a conversa escondidos.

-Meu nome é Minerva Mcgonagall, vim aqui para dizer que seus filhos Nathaniel e Lyra tem uma vaga na escola onde sou professora. A Escola de Magia e bruxaria de Hogwarts.

-Magia? –Tia Andrea perguntou.

-A senhora está bem? –Tia Kate perguntou incrédula.

Foi dificil fazer minhas tias entenderem que a mulher na frente delas era uma bruxa, mas depois de alguns feitiços elas já estavam acreditando.

-Então você quer dizer que minha filhinha é uma Bruxa? – Tia Kate perguntou sentando no sofá.

-Mas como eles têm uma vaga se até ainda agora nem sabíamos disso? –Mamãe perguntou.

-Por que eles têm uma vaga desde o seu nascimento. – A mulher explicou. –Quando um bruxo ou bruxa nasce seu nome é escrito no livro de Hogwarts, para que quando complete onze anos seja chamado até a escola.

Lyra saiu de onde estávamos escondidos e apareceu na sala.

-Mamãe! –Ela falou.

-Lyra! –Tia Kate falou em tom de censura.

Saímos do esconderijo olhando para a sala, com sorrisos culpados.

-Existe um garoto... –Ela falou interrompendo, todas as mulheres olharam para ela. – Conheci esse garoto que ele podia fazer coisas estranhas, acho que era magia, como você disse. Pode me dizer se ele também é um bruxo?

-Qual é o nome dele querida? –Mcgonagall perguntou.

-Harry Potter.

A professora Minerva arregalou os olhos.

-Conhece Harry Potter?

-Então ele é um bruxo? –Lyra perguntou esperançosa.

-Ele é o mais famoso bruxo da atualidade. –A professora explicou resumidamente.

-Então quer dizer que se eu for estudar, verei o Harry?

-Sim.

Lyra virou para Tia Kate e a olhou com olhos suplicantes.

-Eu quero ir mãe.

-Conversaremos sobre isso querida. –Tia Kate disse cautelosa.

A professora pegou duas cartas e entregou uma para Lyra e outra para Nate.

Ela então começou a explicar tudo sobre a escola, as corujas, o beco diagonal, foi realmente uma coisa incrível.

-Esperamos suas corujas até o dia 31 de Julho. Caso aceitem, o trem de Hogwarts  vai partir da estação King’s Cross, plataforma 9 ¾ no dia 1 de setembro. Até La.

Então dizendo isso ela simplesmente sumiu no ar.

Lyra virou para a mãe e pediu de novo.

-Eu quero ir mãe.

Tia Kate olhou para a filha e depois para as amigas.

-Deixe-me ver essa carta querida.

Lyra entregou o papel e minha tia leu em voz alta.

Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts

Diretor: Alvo Dumbledore

(Ordem de Merlin, Primeira Classe, Grande Feiticeiro, Mago Chefe Supremo Eleitoral Independente, Confederação Internacional dos Bruxos)

Cara Sra. Anderson :

Temos o prazer de informar que Vsa. Tem uma vaga na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Anexado você vai encontrar a lista de livros e material escolar necessários.

O ano letivo começa em 1 de setembro. Estamos esperando pela sua coruja até 31 de julho, no mais tardar.

Atenciosamente,

Minerva McGonagall

Vice-Diretora.

Todos se olharam na sala.

-O que vocês acham disso? –Tai Kate levantou a carta em direção as amigas.

-Eu realmente não sei o que dizer Kate. Não é todo dia que descobrimos que nossos filhos são bruxos. –Tia Andrea falou com um quê de orgulho. Nate sorriu.

-Isso quer dize que eu posso ir? –Nate perguntou olhando para a mãe.

-Você quer ir querido? –Ela perguntou.

-Sim ,mãe, eu gostaria muito de ir.

-Então sim, você poderá ir.

Nate correu até a mãe e a abraçou forte.

-Obrigada.

Todos voltaram a olhar para tia Kate, ela ainda segurava a carta e olhava para o papel, meio desconfiada.

-Posso ir mãe? –Lyra perguntou cautelosa.

-Vamos lá tia! –Nate falou baixinho.

-E então Kate? –Mamãe perguntou sorrindo.

-ESTÁ BEM!  Eu deixo você ir se quiser ok?

-Isso! –Lyra deu um soquinho no ar.

O resto do dia os dois não paravam de falar sobre isso, era Hogwarts para lá, bruxaria para cá, me senti deslocada no meio dos dois, foi quando notaram o que estavam fazendo.

-Ah, me perdoe Rose. –Nate falou.

-O que? –Lyra perguntou confusa. –Perdoar pelo quê?

-Rose não foi chamada e nós ficamos falando disso o tempo inteiro, deve ser um pouco chato não é?

-Não, tudo bem gente. –Respondi.

-Mas ela nem poderia ser chamada. –Lyra falou como se fosse obvio.

A olhei meio ofendida.

-Por que eu não poderia ser chamada? Não sou boa o bastante para ser uma bruxa? –Perguntei.

-Não! Não é isso vermelha! –Ela falou apressada. –É que você só tem 10 anos e os bruxos são chamados para Hogwarts com 11, não ouviram?

Nate e eu nos olhamos e ficamos com caras de por-que-não-pensamos-nisso-antes-?

-Ela tem razão, talvez ano que vem sua carta chegue vermelha! –Nate falou tentando me animar.

-O que você não pode é perder as esperanças. –Lyra falou.

-Vocês tem razão.

Tia Andrea apareceu na porta do quarto e falou para nós.

-Lyra e Nate amanhã vão comprar os materiais ok? Então vão dormir cedo.

É, amanhã seria um longo dia.