Eu Não Mudaria Nada Em Você - Segunda Temporada escrita por Amanda Suellen


Capítulo 32
Jú Is Dying


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura Amores s2



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Already Gone - Kelly Clarkson

Hospital Central

22h54 da noite.

Travis Narrando

Estávamos todos sentados numa sala branca, pequena e com cheiro de morte. Esperando o médico dar noticia. Os pais da Jú também estão aqui, eles vieram assim que souberam que ela teria que fazer a cirurgia e que ela corria risco de vida. Por favor, que ela fique bem, por favor, por favor. Pedia em silêncio, acreditar que ela ficaria bem era meu mantra.

Pietra se aproximou de mim e colocou suas mãos nas minhas, fazendo com que eu a olhasse.

Pietra: Ela é forte. – sua voz tremeu – Ela vai ficar bem – apertou minha mão.

Minha visão estava embaçada por causa das lágrimas, meus olhos cansados, e minha garganta seca. Nanda estava abraçada com o Math, a Sra.Torres chorava descontroladamente, ao lado do ex-marido e de sua irmã Patty.

Que ela fique bem. Que ela fique bem. Por favor. Por favor.

O médico finalmente apareceu, ele parecia cansado. Ao seu lado estava uma enfermeira baixinha, que mostrava uma papelada para ele. Ele então se aproximou da gente e perguntou:

Medico: Os responsáveis pela Srta.Torres?

Lucia: Somos nós – se levantou rapidamente e Douglas se colocou ao seu lado, abraçando-a. – Como ela está Doutor?

Medico: O estado da paciente é delicado. Os exames apontaram um Hematoma Subdural Crônico...

Patrícia: O quê é isso, exatamente? – o cortou.

Medico: O Hematoma Subdural Crônico é o acumulo tardio de sangue, por pelo menos duas semanas após o trauma, localizado sobe a superfície do cérebro...

Fernanda: Trauma? – o cortou.

Medico: Quando a Juliana foi seqüestrada, ela foi jogada com muita força na parede e sua cabeça teve uma forte contusão... Que resultou no acumulo lento de sangue. Quando ela fez a tomografia na cabeça, não constatou nada. O que nos levou a crer que não havia nada de errado com o inchado na cabeça dela...

Douglas: Ela vai ficar bem? – perguntou preocupado.

Medico: Como eu disse, o estado dela é delicado. A trepanação (abertura de um pequeno orifício no crânio) que fizemos, foi para remover o coagulo para diminuir a pressão intracraniana e eliminar a pressão direta no cérebro, parar o sangramento e prevenir um novo Hematoma.

Matheus: Calma. – se aproximou do Doutor – Essa cirurgia era para abrir a cabeça dela? – seus olhos estavam arregalados.

Medico: Sim. A trepanação foi autorizada pelos pais da paciente – indicou os pais da Jú – Sem a trepanação a paciente iria morrer.

Travis: Então ela vai ficar bem? – perguntei esperançoso.

Medico: Tudo depende de como ela vai voltar do coma.

Travis: COMA? – gritei espantado. A mãe da Jú começou a chorar novamente, Pietra se jogou na cadeira e colocou as mãos no rosto. Todos estavam devastados.

Meu amor. Minha vida. Meu mundo, está em coma. 

Isso não está acontecendo.

Não pode ser verdade.

Medico: Após a cirurgia, a paciente entrou em coma. Não sabemos qual é o estado dela.

Douglas: Quais são os riscos?

Medico: Ela chegou aqui num estado muito avançado. Não sabemos como ainda ela sobreviveu. É um milagre. Ela é uma verdadeira guerreira...

Lucia: Quais são os riscos? – gritou desesperada.

Medico: Danos neurológicos irreversíveis. Perda da memória e morte.

Não!Não!Não! Não pode ser. Minha Jujuba não. Não. Não. Por favor, não.

A sala inteira foi rompida por soluços agonizantes. Meu coração tinha sido penetrado com uma f aça de dois gomos, afiada. Que estava despedaçando-o. Minha JujubaNão. Fique bem. Fique bem, por favor.

...

Cair aos pedaços – Avril Lavigne

Eu olhei em volta

Então olhei de volta para você

Você tentou dizer

Coisas que você não pode apagar

Se eu fizer do meu jeito

Eu nunca esqueceria você

Hoje é o dia

Eu rezo para que possamos superar

Superar a queda

Superar tudo


Eu não quero cair aos pedaços

Eu só quero sentar e te olhar

Eu não quero falar sobre isso

Eu não quero conversar

Eu só quero chorar na sua frente

Eu não quero falar sobre isso

Porque eu estou apaixonada por você


 

Você é o único

Com quem eu ficaria até o final

Quando eu estiver acabada

Você me traz de volta

De volta abaixo das estrelas

De volta pros seus braços


Eu não quero cair aos pedaços

Eu só quero sentar e te olhar

Eu não quero falar sobre isso

Eu não quero conversar

Eu só quero chorar na sua frente

Eu não quero falar sobre isso

Porque eu estou apaixonada por você


Quero saber quem você é

Quero saber por onde começar

Eu quero saber o que isto significa

Quero saber como sentir

Quero saber o que é real

Eu quero saber tudo, tudo


Eu não quero cair aos pedaços

Eu só quero sentar e te olhar

Eu não quero falar sobre isso

Eu não quero conversar

Eu só quero chorar na sua frente

Eu não quero falar sobre isso


Eu não quero cair aos pedaços

Eu só quero sentar e te olhar

Eu não quero falar sobre isso

Eu não quero conversar

Eu só quero chorar na sua frente

Eu não quero falar sobre isso

Porque eu estou apaixonada por você


Eu estou apaixonada por você

Porque eu estou apaixonada por você

Eu estou apaixonada por você

Eu estou apaixonada por você

Quatro Dias Depois

Matheus: Travis, você deveria dormir.

 Travis: Não. Eu quero estar aqui quando ela acordar.

Matheus: Eu vou ficar aqui com ela.

Travis: Eu não vou deixá-la... Não depois de tudo que fiz pra ela. Sou um idiota estúpido! Ela voltou e eu deveria ter ficado feliz, mas então, estava com muita raiva por ela ter me deixado e esqueci que não sabemos o dia do amanhã. Ela pode morrer. E eu não vou sair do lado dela.

Matheus: Ei, não seja tão duro consigo mesmo. Você não sabia de nada, ninguém sabia. É melhor você voltar com o Gui. E depois... Já são três da manhã, Travis... Você realmente deveria ir dormir.

Antes que eu pudesse responder o medico entrou no quarto, pediu para que eu e o Math o acompanhássemos até a sala de espera, onde a Pietra e o Gui estavam. Os pais da Jú tinham ido descansar, tinham passado a noite toda de ontem aqui e o dia todo de hoje. Junto com o restante do pessoal.

Pietra: E então Doutor? – perguntou impaciente.

Medico: Os novos resultados chegaram – fez uma pausa e sorriu – O inchaço no cérebro dela diminuiu, e os sinais vitais então ótimas. É provável que logo ela acorde.

...

Travis: Oh, Jujuba, por favor, volte para mim. Sinto muito ter ficado com raiva de você, sinto muito não ter ido atrás de você... Desculpe por tudo. Só acorde, eu sinto sua falta. Eu te amo... – pequenos soluços se acumulando em minha garganta. Alguém bateu na porta, a mãe da Jú.

Lucia: Posso entrar? – sorriu de lado e eu assenti. – Você ama muito minha filha, não é?

Travis: Amo mais que tudo nessa vida, Senhora.

Lucia: Chame-me de Lucia, por favor. Desde que a Jú voltou para São Paulo que ela não é mais a mesma, ela não estava comendo direito, passava o dia trancada em casa chorando... Eu sabia que algo a prendia aqui, só não sabia que era você. – ela se sentou ao lado da Jú – Ela te ama muito também, meu filho. Mais do que você pensa.

Travis: Eu cometi o pior erro de todos não indo atrás dela... – minha voz falhou.

Lucia: Todos têm o direito de errar, querido. Ninguém é perfeito. Juliana também errou quando foi embora, mas se arrependeu e voltou. Tudo vai se acertar, você verá.

Travis: Por que ela não acorda? – soltei um soluço e ela se levantou para me abraçar. – Eu quase a perdi.

Lucia: Ela vai açodar o seu próprio tempo. Tenha paciência, querido.

...

Juliana Narrando

Abro os olhos. Eu estou num ambiente limpo e esterilizado. Parece um quarto de hospital. É escuro exceto por uma luz lateral. Tudo está silencioso. Minha cabeça dói, mas mais do que isso, meus olhos doem. Eu tento mexer meus membros. Olho meu braço direito, e percebo que uma intravenosa está ligada no interior de meu cotovelo. Fecho os olhos rapidamente. Virando a cabeça, eu estou satisfeita que ela responde a minha vontade, abro meus olhos de novo.

Lucas entra no quarto, carregando um copo de Cappuccino, assim que ele me vê se assusta.

Juliana: Oi – eu sussurro.

Lucas: Oh, Jú. – sua voz aliviada. Ele chega mais perto e segura minhas mãos, fecho os olhos, minha visão embasada. – O que foi? – pergunta assustado. E eu abro os olhos novamente.

Juliana: Meus olhos doem – sussurro. Tento me levantar. Caralho me sinto tão fraca.

Lucas: Jú fique quieta. Vou chamar uma enfermeira. – rapidamente ele fica em pé, alarmado. Indo para a porta.

Eu gemo, minha garganta e boca estão tão secas.

Uma enfermeira corre para dentro do quarto. Ela deve estar na casa dos cinquenta, mas seu cabelo é pintado de preto. Ela usa brincos de perolas grandes.

Enfermeira: Srta. Torres, seja bem vinda. Vou chamar o Doutor Marco para examinar você. – ela sai e volta acompanhada do Doutor.

Marco: Meu nome é Marco. Você sabe onde está?

Juliana: Sim. Hospital.

Marco: Como você se sente?

Juliana: Confusa... Com a cabeça dolorida... E faminta.

Marco: Nora, vai te trazer algo para comer. – sorriu para mim e Nora saiu – Você sabe em que ano estamos, Juliana? – me pergunta tranqüilo.

Juliana: 2001. – respondi e vi Lucas arregalar os olhos.

Marco: Qual o nome do presidente do país?

Juliana: Fernando Henrique Cardoso. – mais uma vez Lucas arregalou os olhos. O que há de errado?

Marco: Juliana, qual é o nome da sua mãe?

Juliana: Lucia.

Marco: Excelente. Qual é o nome do seu pai?

Juliana: Douglas.

Marco: Está certo. Muito bem. – ele parou por alguns instantes antes de continuar – Quantos anos você tem?

Juliana: 16.

Marco: Quando você nasceu?

Juliana: 15 de janeiro de 1997.

Marco: Muito bem. Agora vou te examinar.

Então ele começou a me examinar completamente, projetou uma luz nos meus olhos, me fezeu tocar os dedos, depois o meu nariz, fechar meu primeiro olho e depois o outro, verificou todos os meus reflexos.

Depois de me examinar completamente, ele pediu licença e saiu com o Lucas da sala. Deixando-me sozinha com a enfermeira Nora.

Travis Narrando

Tinha acabado de chegar ao hospital, havia ido pra casa tomar banho. Todos estavam na sala de espera, me espantei.

Travis: O que está havendo?

Pietra: O medico tem noticias!

Ao dizer isso, o medico apareceu com o Lucas.

Lucia: Então, Doutor?

Medico: A Juliana acordou. – ele sorriu.

Fernanda: Oh, Graças a Deus!

Ela acordou. Ela está bem. Graças a Deus.

Medico: Mas...

Caíque: Ah não, nada de “mas”. – reclamou.

Medico: Ela está com a memória confusa.

Douglas: Como assim?

Medico: Lucas? – o chamou – Você pode me ajudar? – ele assentiu – Em que ano a Juliana disse que estamos?

Lucas: 2001.

Lucia: Por ela disse isso?

Medico: Ela nasceu em 1997, é compreensível ela estar confusa sobre o tempo. – explicou – Quem é o presidente pra ela?

Lucas: Fernando Henrique Cardoso.

Medico: Esse era o Presidente no ano que ela nasceu. – continuou – Qual o nome dos pais dela?

Lucas: Lucia e Douglas.

Medico: Ela sabe quem são vocês. Isso é bom, talvez ela só esteja confusa em relação ao tempo. Quantos anos ela tem e quando ela nasceu?

Lucas: 16 anos. 15 de janeiro de 1997.

Pietra: Mas se ela está confusa com o tempo, por que se lembrou da idade e de quando nasceu?

Marco: É normal nesses casos. A paciente se lembra do que sabe desde seu nascimento.

Rafael: Isso quer dizer que ela não se lembra de nada que é recente?

Medico: Não. Ela se lembra de algumas coisas, pessoas... Veremos quem de vocês ela vai se lembrar.

Travis: O quê? Ela pode não se lembrar da gente?

Medico: Talvez. Ela ainda está muito cansada, então, por favor, vou pedir que não a façam fazer muito esforço.

Lucia: Então podemos vê-la?

Medico: Sim – sorriu.

Juliana Narrando

Minha mãe e meu pai entraram no quarto, acompanhados por uma mulher de cabelos pretos, um pouco mais nova que minha mãe. E o Doutor Marco.

Juliana: Mãe! Pai! – eles me abraçaram apertado, minha cabeça doeu.

Lucia: Ficamos tão preocupados com você!

Juliana: Oh, mamãe. – a abracei novamente.

XxX: Então, eu não ganho abraço? – perguntou a mulher de cabelos pretos.

Juliana: Desculpa, mas eu te conheço? – perguntei confusa. Minha mãe arregalou os olhos, assim como a mulher de cabelos pretos. O Doutor apenas marcou algo em sua prancheta.

Douglas: Filha, essa é sua tia, Patty. – falou docemente – Não se lembra dela? – arqueou uma sobrancelha.

Olhei novamente para a mulher de cabelos pretos, que agora estava com os olhos cheios de lágrimas. Neguei com a cabeça.

Juliana: Não. Desculpe.

Patrícia: Meu amor – se aproximou – Tenho certeza que logo se lembrará. – sorriu carinhosamente e eu encolhi os ombros.

Eles ficaram mais um tempo comigo, me fazendo perguntas e me contando algumas coisas sobre a minha suposta tia Patty. Depois se retiraram.

Math, Pietra, Gui, entraram no quarto, acompanhados por uma garota com cabelo cor de cobre e lindos olhos azuis.

Pietra: Amor! – gritou e me abraçou. O Doutor a repreendeu. – Como você está se sentindo? – perguntou ignorando-o.

Juliana: Minha cabeça dói... E tudo está um pouco confuso. Mas tirando isso, estou legal.

Matheus: Você nos assustou – cerrou os olhos, fingindo me repreender e eu abri os braços para ele me abraçar.

Juliana: É, eu me assustei também. – sorri de lado.

Gui me abraçou e a garota de cabelos cor de cobre também. Olhei para ela assim que me soltou – Ela é alta, bonita. Parece uma modelo. Math passou o braço ao redor da cintura dela e eu fiz uma leve carreta.

XxX: Jú? Que foi? – ela me perguntou.

Juliana: Quem é você? – perguntei e ela pareceu levar um tapa na cara.

XxX: Jú, sou eu. A Nanda, sua prima-amiga irritante, lembra? – piscou várias vezes, mantendo as lágrimas dentro dos olhos.

Juliana: Nanda? – repeti, tentando me lembrar dela.

Matheus: Minha namorada. – comentou cauteloso.

Juliana: Namorada?! – repeti incrédula – Desde quando?

Fernanda: Jú! Desde o final do ensino fundamental que estamos juntos. Eu passei as férias de verão na sua casa... Você não se lembra? – perguntou um pouco alterada.

Franzi os lábios.

Juliana: Não. Desculpe.

O medico disse que o horário de visita estava para acabar e que se o restante quisesse me ver, eles teriam que sair. E Foi o que fizeram, depois de se despedirem. A tal da Nanda me deu um beijo na testa e sorriu de lado.

Tori, Lara, Caíque e Rafa, entraram no quarto. Ficamos um bom tempo conversando, eles me fizeram sentir várias dores na cabeça de tanto rir das idiotices que diziam.

Lara: Acho que ficamos mais do que devíamos. – ela disse olhando para o Doutor Marco. Eles se despediram e saíram.

Juliana: Quando vou ter alta? – perguntei ao Doutor.

Marco: Você logo poderá ir pra casa – ele sorriu carinhoso e abriu a porta. Lucas entrou acompanhado de um garoto loiro.

Seus olhos eram de um cinza tão intenso. Ele parou ao pé da cama e ficou me observando, ansioso. Seu rosto não me era estranho, mais eu não consegui me lembrar quem era.

Lucas: Ei, pequena. – chamou minha atenção – O que acha de falar com Travis, hein? Ele passou vários dias aqui contigo. – apontou para o garoto loiro. Travis, é seu nome.

Juliana: Oi.

Travis: Oi, Jujuba. – ele sorriu.

Juliana: Jujuba? – perguntei confusa. Ele arregalou os olhos e correu para o meu lado. Pegou em minhas mãos.

Travis: Você se lembra de mim, não é? – implorou.

Seus olhos me queimando, levantei o olhar para o Lucas que estava com os olhos arregalados. Quem diabos é ele?

Juliana: Desculpe, eu...

Travis: Não! Não! Não! – ele arregalou os olhos, suplicando para que eu me lembrasse, mas eu não consegui. – Não pode ser! Como você pôde me esquecer? – se levantou e passou as mãos pelo cabelo, exasperado.

Juliana: Eu... – tentei dizer algo, mas não sabia o que fazer.

Doutor Marco deu um passo para frente.

Marco: O horário de visitas acabou, senhores. 


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Notas finais do capítulo

Só postarei agora domingo s2 beijos ;*