Pietra: Travis pára de fazer escândalo e volta pra sua barraca – ela falou sem paciência.

Travis: Nem vem que eu vou deixar a Juliana beijar todos esses caras. – ele disse bravo – Guilherme, tira ela daí.

Pietra: Não Gui! Deixa a Jú quietinha. – ela falou fuzilando o Travis.

Juliana: Dá pra vocês pararem com isso? – gritei revoltada – Eu não sou uma marionete para ficarem me controlando.

Travis: Você não vai sair distribuindo beijos nesses bandos de safados – ele disse fazendo com que as pessoas prestassem atenção.

Juliana: Travis, eu não tenho que te dar satisfações do que eu vou ou não fazer.

XxX: É isso ai Travis... Se quiser entra na fila e compra um ticket – um garoto falou sarcasticamente.

Travis: Ok, se vai ser assim. – ele disse e em seguida chamou o Rafa na barraca ao lado. – Rafa, vai lá sacar um dinheiro pra mim.

Rafael: Como é que é? Mas por que isso logo agora? – perguntou surpreso.

Travis: Quantos tickets você tem ai? – ele perguntou pra Pietra enquanto entregava sua carteira ao Rafa.

Pietra: uns 70 – falou confusa.

Travis: Vou comprar todos. – ele disse seriamente.

Juliana: Você ficou louco? – perguntei assustada pelo seu jeito.

Travis: Não. Mas você conseguiu, finalmente me tirou do sério. – murmurou furioso.

Juliana: Eu não vou te beijar. Não quero o seu dinheiro.

Pietra: É pra caridade Jú – me lembrou.

Juliana: Pietra cala a boca, por favor, cala a boca – disse brava – Eu sei que é pra caridade, droga! Mas os lábios são meus e eu digo que não vou beijá-lo e fim.

Guilherme: Se ele pagar você vai ter que beijar. – ele disse se divertindo com a situação.

Juliana: Ei... Você é o guarda-costas daqui e não um comentarista, então fica quietinho – disse lhe fuzilando com os olhos.

Travis: Então já vai dispensando todos esses caras daqui. – ele disse para o Gui.

Pietra: O seu dinheiro ainda não está aqui e nós não fazemos reservas. – ela falou enquanto fazia sinal para um menino da fila dar um passo à frente.

Travis: Nem tente. – disse impedindo o menino de chegar até o caixa para comprar um ticket – O Rafa já deve estar chegando, então a Jujuba não vai beijar ninguém até lá.

Pietra: Gui, tire ele daqui – ela falou para que ele o expulsasse – Chega de você ficar atrapalhando a vida da Jú. Ela beija quem ela quiser, assim como você dormi com a puta que quiser.

Juliana: Parem os dois! – gritei irritada – Eu não sou obrigada a ficar aqui, presa e também não vou ser arrastada para fora dessa barraca por causa de um acesso de ciúmes idiota.

Travis: Então por que está ai se não queria ficar? – perguntou cruzando os braços.

Juliana: Eu tomo as minhas próprias decisões e resolvi que vou ficar sim dentro dessa barraca distribuindo beijos para quem eu bem entender. Não adianta ficar ai tentando me tirar daqui, porque eu não vou embora. Não temos nada um com o outro, só porque moramos juntos não quer dizer que você tem o direito de mandar em mim. – disse de uma só vez, mesmo que seu olhar triste agora fizesse meu coração sangrar por dentro.

Rafael: Pronto, cheguei! Foi complicado, mas consegui sacar o dinheiro – ele veio correndo até nós e colocou a sua mochila sobre a mesa. – Está tudo ai. – disse ofegante.

Travis deu um sorriso de canto e olhou para mim.

Travis: pode contar Pietra. – falou tirando o dinheiro da mochila e deixando na frente dela.

Ela então começou a contar, nota por nota, com todo o cuidado.

Pietra: É... Aqui tem 7oo reais certinho – ela falou impressionada.

Juliana: Pois eu pago 700 para você não comprar os tickets. – disse a fim de convencê-lo.

Travis: Não Jujuba, não troco esses tickets por nada – falou sorrindo de lado.

O Gui pegou uma folha e escreveu “tickets esgotados” e colou do lado de fora do balcão.

Fernanda: Meu Deus! Saiam da frente. Vamos, andem! – ela disse abrindo espaço no meio da multidão que nos cercava.

Lara: Que ta rolando aqui? – perguntou impressionada com a multidão.

Pietra: O Trav acabou de comprar todos os tickets da barraca da Jú! – ela sorriu.

Fernanda: Não! Sério? – perguntou animada.

Juliana: Não tem nenhum limite de quantos tickets pode comprar por pessoa? – perguntei esperançosa, ignorando a reação da Nanda e da Lara.

Pietra: Eu não tinha pensado nisso quando armei a barraca.

Travis: Por mim também não tem limites de quantos beijos você pode me dar. Se quiser dar mais que 70, vai ser ótimo – ele disse brincalhão enquanto se aproximava da barraca.

Juliana: Dá pra parar?! Eu não vou te beijar. – disse revoltada.

Travis: Ah vai sim! – ele disse decidido.

Travis então me puxou pela cintura e me beijou com vontade. Seus movimentos foram tão rápidos que nem deu para eu me afastar ou pensar em fugir. Aos poucos ele foi acalmando o beijo, separou nossos lábios e finalizou com um selinho. Levei a mão até a minha boca e fiquei em estado de choque, enquanto encarava seus penetrantes olhos cinza. Fazia tempo que eu não sentia o gosto doce de seus lábios, seu beijo fazia com que eu sentisse sensações estranhas dentro de mim. Quando dei por mim mesma, minha mão direita estava em seu rosto – um tapa forte – ele me olhou indignado e eu sai dali correndo.

Estava me sentindo sozinha, frágil e perdida. Eu realmente não entendia o porquê dele mexer tanto comigo, eu estou gostando dele é isso? Por que não a outro motivo para ele me deixar assim... Sem chão.

Sentei-me perto da entrada do campo e tentei reorganizar meus pensamentos, não era possível eu estar gostando do Travis, ele era tão... Ele.

*Flashback on*

Sem falar nada ele me levou até as escadas da entrada, abriu a porta e me levou direto para o banheiro. Ele me levantou sobre o balcão, em pé entre os meus joelhos, virou meu rosto em direção à luz e inspecionou minha mandíbula.

Travis: Você vai ficar com uma contusão. Vamos colocar um pouco de gelo sobre ele para o inchaço, após o banho. – sua mandíbula apertou. – Ele...te bateu?

Juliana: Só me empurrou muito forte. Está dolorido, mas, na verdade minha cabeça dói mais!

Travis: Está doendo? – ele tirou meu cabelo do meu rosto e beijou minha testa tão suavemente que eu quase não acreditei. – você tem certeza que está bem? – ele perguntou pela segunda vez, e eu senti meu rosto desmoronar.

Com meu queixo pra baixo, acenei com a cabeça inutilmente.

~x~

Esfreguei a testa e dei uns passos bambos. A mão de alguém envolveu meu pulso e uma faísca de calor me fez engasgar, olhei para baixo e vi dedos bronzeados em volta de meu braço, depois levantei a cabeça até encontrar os profundos olhos cinzentos de Travis.

Travis: Você está bem? – ele perguntou e quando eu assenti, ele ergueu uma sobrancelha – Se queria jogar Basquete, podia ter simplesmente pedido – brincou. – eu teria ficado feliz em explicar alguns detalhes do jogo, como, por exemplo, que a maioria das pessoas usa partes menos delicadas do corpo para devolver a bola.

~x~

Travis: O que achou? – ele perguntou, parando na minha frente e mostrando a visão linda de uma floresta que havia atrás da escola, lá de cima a visão era surpreendente. Ele parecia tão mais relaxado agora, que estavam longe de todo mundo.

Juliana: Nunca vi nada tão lindo. – respondi olhando para a floresta.

Ele se sentou na beira do parapeito que havia, e estendeu a mão para me ajudar. Instalei-me ao seu lado e o vi fechar os olhos, o vento batia fraco em nossos rostos e Travis subitamente abriu os olhos e sorriu.

~x~

Travis me sentou na areia e se abaixou ao meu lado, eu já tinha parado de tremer, mais provavelmente estava horrível pela expressão que ele estava quando disse:

Travis: Vou pegar uma toalha para você se secar. Não se preocupe. – antes que ele partisse eu o segurei pela mão agarrando-a com força.

Juliana: Não vá, por favor! – falei entrando novamente em desespero, não sei por que mais eu sabia que nos braços dele eu estava segura de tudo e de todos.

Ele me olhou arrasado e me abraçou forte.

Matheus apareceu com um casaco e Travis o colocou em volta de mim, todos olhavam atentamente enquanto ele me levantava em seu colo e me levava em direção ao seu carro.

~x~

Travis: Está linda com esse pijama – ele riu e eu sabia que estava me zombando, não que meu pijama fosse feio, mas não era nada sexy.

Revirei os olhos e me apoiei na banquetinha, ele estava cozinhando algo que cheirava deliciosamente, fazendo com que me desse água na boca.

Juliana: Cozinhando o que?

Travis: Lasanha. Sei que você gosta.

Juliana: Uma hora dessas? – perguntei levantando uma sobrancelha.

Ele deu de ombros e eu percebi que ele estava sendo atencioso comigo, fazendo meu prato preferido e como sempre, cuidando de mim. Sorri com o pensamento e ele me olhou jogando a cabeça para o lado.

Travis: O que é tão engraçado?

Juliana: Além do fato de você estar cozinhando pra mim? Nenhum – sorri provocadoramente.

Travis: Sonha ok? Eu nunca cozinharia para você. Estou com fome, apenas isso.

Juliana: Ahn, e decidiu fazer justo lasanha? Meu prato preferido? – falei ironicamente o provocando.

Deu de ombros outra vez e eu sabia que havia ganhado essa batalha.

~x~

Juliana: Sente vontade de voltar?

Travis: Honestamente?

O olhei carrancuda.

Juliana: Achei que você fosse sempre honesto comigo.

Travis: Eu procuro ser.

Juliana: hum, mas então?

Travis: No momento eu não sinto vontade nenhuma de sair do seu lado. – ele disse me olhando nos olhos e eu senti minhas pernas tremerem.

Juliana: Para de ser idiota. – disse dando uma risadinha e indo me sentar ao seu lado na cama.

Travis: Ok. É hora de você dormir.

Juliana: Já? – fiz beicinho e ele riu.

Travis: Sim, já. Você deve estar cansada e eu não quero te entediar com minha história.

~x~

Juliana: Agora que já viu que eu estou bem, já pode ir embora.

Travis: Não. Não posso sem você.

Juliana: Eu não vou ir embora agora e ainda mais com você. – cruzei os braços o desafiando.

Travis: Tudo bem, eu espero você querer ir embora.

Juliana: Como assim?

Travis: Se você vai ficar, eu também vou. – falou firme.

~x~

Travis: Eu jamais te magoaria.

Juliana: Tarde demais, Travis. Você já me magoou. – falei sentindo as lágrimas.

Travis: Jú...

~x~

Travis: Não vai sentir minha falta? – ele sorriu debochando.

Juliana: Eu não.

Travis: Eu duvido. Aposto que vai contar os segundos pra me ter de volta.

Juliana: Isso é uma aposta? – disse levantando uma sobrancelha.

Travis: Seria uma boa. Gosta de apostas?

Juliana: Gosto de ganhar – disse desafiadoramente e ele sorriu um sorriso que me fez tremer de tão perfeito que era.

Travis: Pois então, eu também. – ele estendeu a mão para mim.

Juliana: O que ganho se eu ganhar?

Travis: O quê você quiser, é seu.

Juliana: E seu eu perder?

Travis: Pensarei em algo satisfatório – ele sorriu malicioso.

Juliana: Eu sei que sim. – apertei sua mão.

Ele fitou meus olhos e beijou a palma da minha mão, depois sorriu malicioso e disse:

Travis: Que o melhor vença.

~x~

Juliana: Eu te odeio.

Travis: O quê? – ele perguntou atordoado.

Juliana: Isso mesmo.

Travis: Repeti isso. – ele disse se aproximando novamente de mim, seus olhos queimando.

Juliana: Não, não vou.

Travis: Não consegue mentir duas vezes, não é? – ele me puxou para seus braços e me beijou.

~x~

Juliana: E ai? Por que diabos você quer que eu fique na sua casa?

Travis deu de ombros, enfiando as mãos no bolso.

Travis: Não sei. Tudo fica melhor quando você está por perto.

~x~

Descansei a cabeça no travesseiro, enfiando as cobertas atrás de mim a fim de criar uma barreira clara entre o corpo dele e o meu.

Travis: Boa noite, Jujuba – ele sussurrou no meu ouvido.

Eu podia sentir seu hálito de menta na minha face, o que fez cada centímetro do meu corpo arrepiar. Ainda bem que estava muito escuro e ele não pôde ver minha reação embaraçosa, ou o rubor que tomou conta do meu rosto logo em seguida.

~x~

Juliana: Seus pais sabem que eu vou com você?

Travis: Claro. Eles estão loucos para te conhecer. – ele sorriu carinhoso.

Juliana: Espero não decepcioná-los.

Travis: Você nunca decepciona, Jujuba.

~x~

Juliana: Tudo bem. – disse rendida – Um beijo e nada mais.

Travis abriu um sorriso radiante e se aproximou de mim.

Travis: E nada mais – ele repetiu colocando sua boca sobre a minha.

Sua boca era macia e urgente, assim como da ultima vez que nos beijamos. Passei meus braços sobre seu pescoço e ele agarrou minha cintura. Sua língua percorria cada centímetro da minha boca, explorando-a, saboreando-a. Senti uma coisa quente sobre meu corpo, eu necessitava dele. Ele me puxou para mais perto, prendendo-me em seus braços. O beijo ficando mais intenso.

~x~

Juliana: Que foi?

Travis: Espero um dia ter a vista privilegiada de você nua no seu quarto – ele piscou para mim, e riu enquanto eu o olhava boquiaberta.

Juliana: Vou tomar banho. Espero que não tente invadir o banheiro – joguei um olhar assassino para ele, que levantou as mãos em sinal de paz e riu.

~x~

Travis: Achei que ia te perder. – ele levantou seu olhar assustado para mim.

Juliana: E eu achei que não te veria mais – lágrimas escorriam agora livremente pelo meu rosto.

Travis: Me promete uma coisa? – ele perguntou enquanto limpava minhas lágrimas, assenti com a cabeça – Me prometa, que vai se cuidar melhor, por favor?

Juliana: Vou tentar – sorri meio as lágrimas.

~x~

Travis: Eu faria qualquer coisa para não te perder, Jujuba. Agora durma. – ele falou mandou, fiz beicinho e virei para dormir.

Juliana: Trav?

Travis: Fala?

Juliana: Espere eu acordar para sair novamente.

Travis: Tudo bem.

~x~

Senti alguém me segurar firmemente e depois sussurrar no meu ouvido:

Travis: Viu... Não foi tão ruim assim. – então tinha sido ele que havia me pegado.

Juliana: Hum... Obrigada – agradeci enquanto abria os olhos envergonhada.

Travis: Não precisa agradecer. Eu nunca deixaria você cair. – falou carinhosamente.

*Flashback off*