Eu Não Mudaria Nada Em Você - Segunda Temporada escrita por Amanda Suellen


Capítulo 14
Gostar de Você Não Muda Nada


Notas iniciais do capítulo

Como vocês quiseram que eu continuasse, ai está mais um capítulo! Espero que gostem.



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Juliana: Eu realmente gosto de você – disse claramente vendo a verdade nessas palavras, lágrimas escorriam pelo meu rosto.

Eu gosto dele, sim é claro que sim. Gosto como nunca gostei de ninguém antes. Quando estou com ele nada mais importa, nem o passado, nem o futuro – apenas o presente – É somente nós dois, eu e ele. Gosto de tudo nele... O jeito que ele se gaba por ser capitão do time, seu sorriso tímido quando fica sem graça, o jeito como suas covinhas ficam quando ele sorri e seus olhos cinza brilham quando ele está feliz. Mas afinal, o que importa eu gostar dele? Nada. Ele tem uma lista infinita de garotas a sua disposição, por que ele escolheria a mim?  Uma garota sem graça, com uma bagagem do passado.

Travis: Jujuba? – ele me chamou, olhei para ele, seu lindo rosto preocupado. Ele então se colocou de joelhos ao meu lado e disse – Me desculpa, eu não sabia que você iria sair correndo. Por favor, me desculpa. – ele disse vendo que eu não responderia nada – Eu... Eu fiquei louco quando vi aquela fila de garotos prontos para te beijar e eu tinha que te tirar de lá de algum jeito... Jujuba, por favor, eu gosto muito de você, não suportaria ver aqueles safados te tocando e você... E você deixando! – ele murmurou agora bravo – Como você pôde pensar em deixar eles te beijarem?  Você não pode! – seus olhos estavam arregalados, com medo. – Você é minha, Jujuba. Só minha. – ele me abraçou forte, seu abraço protetor de sempre, que me trazia tanta alegria.

As lágrimas não pararam de rolar pelo meu rosto e eu estava com medo, medo do que seria capaz de fazer por ele... Ele é tudo para mim agora.

Travis: Por favor, me desculpa – ele me olhou nos olhos e depois senti seus lábios macios no meu.

Dois dias depois

Apesar deu ter assumido para mim mesma que eu gosto do Travis, decidi que guardaria isso em segredo, ele não precisava de mais uma garota louca por ele. Depois de ele ter me beijado, fui atrás do Lucas e ele me trouxe para casa, desde então não falei mais com o Travis, dormimos na mesma cama, vamos pra escola juntos... Mas não nos falamos. Pelo menos, não como antes. Eu ainda estava saindo com Parker, tanto que amanhã iríamos numa festa juntos.

Estava sentada na sala assistindo TV, Caíque tinha saído com a Lara – o que eu achei super legal, já que ela gosta dele. – Rafa estava na pista de skate junto com o Math, Travis no banho e Gui e Pietra estavam no quarto. Ouvi a campainha tocar. Levantei-me e fui atender. Era a Nanda e o Luc.

Fernanda: Precisamos conversar. – ela disse entrando.

Juliana: Oi pra você também.

Fernanda: Hum, oi. Cadê a Pietra?

Juliana: Ta no quarto. – dei de ombros me sentando de novo no sofá.

Lucas: Vou chamá-la.

Juliana: O que houve? – perguntei desconfiada.

Fernanda: O que não houve né?! Jú, o Travis praticamente se declarou pra você e você fez o que? Fugiu do garoto, e depois? Parou de falar co mele! – disse exasperada.

Juliana: Ele não se declarou pra mim – encolhi os ombros – Você queria que eu fizesse o que? Ele mesmo disse que somos só amigos.

Lucas: Ah Jú, deixa de ser sínica, você sabe o que queríamos que você fizesse – ele falou aparecendo com a Pietra.

Juliana: Ele é só meu amigo.

Pietra: Isso ai. Continue repetindo isso até convencer a si mesma.

Lucas: Eu te conheço Jú, você gosta dele.

Juliana: Não importa. Nunca vai rolar nada entre a gente. Ele me disse que não me vê desse jeito, ou pelo menos, foi isso que eu entendi. Além disso, ele morre de medo de se comprometer, seria impossível arrumar uma amiga além de vocês duas – falei me referindo a Nanda e a Pietra – Que ele não tenha dormido, e também não consigo lidar com as mudanças de humor dele. Não acredito que vocês achem que vai acontecer alguma coisa.

Fernanda: Conhecemos o Trav, principalmente o Gui... e eles conversaram, Jú.

Juliana: O que você quer dizer?

Guilherme: Pietra – ele a chamou do quarto.

Pietra: Você é minha melhor amiga. Acho que te conheço melhor do que você mesma às vezes. Quando vejo vocês dois juntos, a única diferença entre o relacionamento de vocês e o meu com o Gui, é que você e o Travis não estão transando. Fora isso, não tem diferença nenhuma.

Lucas: Ela está certa. – concordou ele.

Juliana: Tem uma diferença enorme, colossal. O Gui traz uma garota diferente pra casa toda noite? Você vai a uma festa amanhã para se encontrar com um cara que tem grande potencial para ser seu namorado? Você sabe que eu não posso me envolver com o Travis, Pietra. Não sei nem por que estamos discutindo isso.

A expressão do rosto dela era de decepção.

Fernanda: Não estamos imaginando coisas, Jú. Você passou quase todos os segundos com ele nas ultimas semanas. Admita, você sente algo por ele. – falou ela.

Travis: Deixa quieto, Nanda. – ele disse apertando com força a toalha enrolada em volta da cintura.

Tanto eu como os três a minha frente demos um pulo ao ouvir a voz do Travis. Quando nossos olhares se cruzaram, pude ver seu olhar triste. Ele então subiu as escadas sem falar mais nenhuma palavra.

Pietra: Acho que você está cometendo um erro – ela sussurrou – Você não precisa ir aquela festa com o Parker. Tem um cara que é louco por você bem aqui. – ela falou e foi para o quarto.

Lucas: O que Josh diria para você fazer? – ele me perguntou triste – Não quero que você se magoe pequena. – ele me deu um beijo na testa e saiu com a Nanda.

Fiquei me balançando na cadeira reclinável e repassei na minha cabeça tudo que tinha acontecido na ultima semana. Travis estava com raiva de mim. Pietra, Nanda e Luc estavam decepcionados comigo. Nervosa demais para ir me deitar na cama ao lado do Travis, fiquei olhando o relógio enquanto os minutos se arrastavam.

Tinha se passado uma hora quando Travis desceu as escadas, quando entrou na sala, eu esperava que ele fosse me chamar para ir me deitar, mas ele estava vestido e com a chave do carro na mão. Os óculos de sol escondiam seus olhos.

Juliana: Vai sair? – perguntei erguendo meu corpo da cadeira – Aonde você vai?

Travis: Sair – disse puxando a porta com força para abri-la e depois batendo-a atrás de si.

Tombei de volta na cadeira reclinável e soltei o ar preso. De alguma forma eu tinha me tornado a vilã, e não fazia a mínima idéia de como havia conseguido essa façanha.

Quando o relógio acima da televisão marcou duas da manhã, me conformei em ir para cama. Os meninos já estavam todos dormindo. A cama era um lugar solitário sem o Travis, e a idéia de ligar para o celular dele se insinuava em minha mente. Eu tinha quase caído no sono quando ele parou o carro em frente de casa. Duas portas de carro se fecharam logo depois, e então ouvi vários pés no andar de baixo. Travis deu uma risada e falou algo que não entendi. Então ouvi não uma voz feminina, mas duas. As risadinhas delas foram irrompidas pelo distinto com de beijos e gemidos. Me coração afundou no peito, e na hora fiquei com raiva por me sentir daquele jeito. O gritinho agudo de uma das garotas fez com que meus olhos fechassem com tudo, e depois tenho certeza de que o som era dos três caindo no sofá.

Cheguei a pensar em sair de casa, mas para isso teria que passar pela sala, e eu não agüentaria ver as imagens que acompanhavam os ruídos naquela sala de estar. Enterrei a cabeça debaixo do travesseiro e fechei os olhos quando a porta se abriu de repente. Travis atravessou o quarto, abriu a gaveta de cima da mesa de cabeceira, pegou algo no pote de camisinhas e voltou pelo corredor meio rápido. As garotas ficaram dando risadinhas pelo que pareceu uma meia hora, depois veio o silêncio.

Segundos mais tarde, gemidos, gritos e sussurros encheram a casa. Parecia que um filme pornô estava sendo gravado na sala de estar. Cobri o rosto com as mãos e balancei a cabeça. Quaisquer limites que tivessem ficado obscuros ou sumido na semana passada agora eram substituídos por uma parede impenetrável de pedra. Deixei de lado minhas ridículas emoções, forçando-me a relaxar. O Travis era o Travis, e nós dois éramos, sem sombra de dúvida, apenas amigos.

Os gritos e outros ruídos nojentos foram ficando mais baixos até cessar por completo depois de uma hora, seguidos de lamúrias e murmúrios descontentes das mulheres quando foram dispensadas. Travis tomou banho e caiu na cama, de costas para mim. Mesmo depois do banho, o cheiro que vinha dele indicava que tinha bebido uísque o suficiente para sedar um cavalo, e fiquei furiosa por ele ter dirigido naquele estado até em casa.

Eu ainda não conseguia dormir, nem depois que a estranheza da situação e a raiva foram diminuindo. Quando a respiração de Travis ficou profunda e uniforme, me sentei e olhei para o relógio. O sol nasceria em menos de uma hora. Sai debaixo das cobertas, desci as escadas e peguei uma manta no armário. A única prova do ménage à três de Travis eram duas embalagens vazias de camisinha que estavam no chão. Pisei nelas e me joguei na cadeira reclinável. Fechei os olhos.

~x~

 Quando os abri de novo, Pietra e Gui estavam sentados no sofá, em silêncio, vendo televisão sem som. O sol iluminava a casa, eu me contorci quando senti as costas reclamarem de qualquer tentativa de movimento.

Pietra voltou rapidamente à atenção para mim.

Pietra: Jú? – ela veio correndo para o meu lado. Ela me olhava preocupada. Estava esperando raiva, lágrimas ou alguma outra explosão emocional da minha parte. Gui parecia desolado.

Guilherme: Sinto muito pela noite passada, Jú. O Travis consegui foder com as coisas num piscar de olhos.

Juliana: Está tudo bem, Gui. Não precisa se desculpar por ele.

Pietra e Gui trocaram olhares de relance, e então ela me segurou pela mão.

Pietra: O Travis foi até o mercado. Ele... argh, não vem ao caso como ele está. Arrumei suas malas e vou te levar para a casa de sua tia antes que ele chegue, para você nem ter que lidar com a presença dele.

Foi só naquele instante que tive vontade de chorar — eu tinha sido expulsa dali. Fiz um grande esforço para que minha voz saísse tranqüila antes de falar:

Juliana: Dá tempo de tomar um banho? — Pietra balançou a cabeça em negativa.

Pietra: Vamos embora, Jú. Não quero que você tenha que ver o Travis de novo. Ele não merece... — A porta se abriu com tudo e Travis entrou, cheio de sacolas. Foi direto para a cozinha e começou a colocar latas e caixas nos armários.

Travis: Quando a Jujuba acordar, vocês me avisam ta? — ele disse baixinho. — Eu trouxe espaguete, panquecas e morangos, além daquele treco de aveia com chocolate. E ela gosta do cereal Fruity Pebbles, não é, Pietra? — ele perguntou e se virou. Quando me viu, ficou paralisado. Depois de uma pausa sem graça, sua expressão se derreteu. Sua voz estava doce e suave. — Oi, Jujuba.

Eu não teria ficado mais confusa se tivesse acordado num país estrangeiro. Nada fazia sentido. Primeiro achei que estava sendo expulsa, agora Travis chegava em casa com sacolas cheias das minhas comidas prediletas. Ele deu alguns passos e entrou na sala de estar, nervoso, enfiando as mãos nos bolsos.

Travis: Está com fome, Jujuba? Vou preparar umas panquecas. Ou tem... Hum... Aveia. Também trouxe pra você aquela espuma cor-de-rosa que você usa pra se depilar, além de um secador de cabelos, e um... Hum... Só um segundo — disse ele, correndo até lá em cima.

Quando voltou, ele estava pálido. Inspirou fundo e as sobrancelhas se encolheram.

Travis: Suas malas estão feitas.

Juliana: Eu sei — falei.

Travis: Você está indo embora — ele disse derrotado.

Olhei para Pietra, que o encarava com raiva, como se pudesse matá-lo com o olhar.

Pietra: Você esperava mesmo que ela fosse ficar aqui?

Guilherme: Baby — sussurrou.

Pietra: Não começa, Gui. Nem se atreva a defender esse cara na minha frente — disse ela furiosa.

Travis parecia desesperado.

Travis: Desculpa, Jujuba. Não sei nem o que dizer

Pietra: Vamos, Jú – ela se levantou e me puxou pelo braço. Travis deu um passo na minha direção, mas Pietra apontou o dedo para ele e disse — Que Deus me ajude, Travis se você tentar impedir a Jú de ir embora, vou encher você de gasolina e botar fogo enquanto você estiver dormindo!

Guilherme: Pietra — disse ele soando um pouco desesperado.

Eu podia ver que ele estava dividido entre o primo e a mulher que amava, e me senti muito mal por ele. Aquela situação era exatamente o que ele tinha tentado evitar o tempo todo.

Juliana: Estou bem — falei exasperada pela tensão na sala.

Guilherme: O que você quer dizer com “estou bem”? — ele me perguntou num tom de quase esperança. Revirei os olhos.

Juliana: O Travis trouxe umas mulheres pra casa ontem à noite, e daí?

Pietra parecia preocupada.

Pietra: Tudo bem, Jú. Você está me dizendo que está de boa com o que aconteceu? — Olhei para eles.

Juliana: O Travis pode trazer pra casa quem ele quiser. A casa é dele. — Pietra me encarava como se eu tivesse enlouquecido, Gui estava quase abrindo um sorriso, e Travis parecia pior do que antes.

Travis: Você não fez suas malas? — ele quis saber. Fiz que não com a cabeça e olhei para o relógio: já passava das sete da manhã.

Juliana: Não, e agora vou ter que tirar tudo delas. Ainda tenho que comer, tomar banho, me vestir... — falei, enquanto subia as escadas.

Assim que fechei a porta do banheiro, me apoiei nela e fui deslizando até o chão. Eu tinha certeza de que havia irritado a Pietra de um jeito irreparável, mas tinha feito uma promessa a mim mesma e pretendia cumprir.

Ouvi um som baixinho de alguém batendo na porta.

Travis: Jujuba? — ele chamou.

Juliana: O quê? — falei tentando soar normal.

Travis: Você vai ficar?

Juliana: Eu posso ir embora se você quiser, mas aposta é aposta. — A porta vibrou com o som baixo e oco da testa dele batendo do outro lado.

Travis: Não quero que você vá embora, mas não te culparia se você fosse.

Juliana: Você está me dizendo que estou liberada da aposta? — Seguiu-se uma longa pausa.

Travis: Se eu disser que sim, você vai embora?

Juliana: Bem, vou. Eu não moro aqui, seu bobo — falei forçando um sorrisinho.

Travis: Então não, a aposta ainda está valendo.

Olhei para cima e balancei a cabeça, sentindo as lágrimas arderem nos olhos. Eu não fazia idéia do motivo pelo qual estava chorando, mas não conseguia parar.

Juliana: Posso tomar um banho agora?

Travis: Pode — ele suspirou.

Ouvi o som dos sapatos de Pietra pisando duro no corredor e parando perto de Travis.

Pietra: Você é um canalha egoísta! — ela grunhiu batendo a porta do quarto do Gui com força depois de entrar.

Eu me forcei a me levantar do chão, abri o chuveiro e tirei a roupa, puxando a cortina do boxe. Depois de bater mais uma vez na porta, Travis pigarreou e disse:

Travis: Jujuba? Trouxe algumas coisas suas.

Juliana: É só colocar aí na pia que eu pego.

Ele entrou no banheiro e fechou a porta.

Travis: Eu fiquei louco de raiva. Ouvi você falando pra Pietra tudo que havia de errado comigo e isso me emputeceu. Eu só queria sair, tomar umas e pensar, mas, antes que me desse conta, eu estava pra lá de bêbado, e aquelas garotas... — ele fez uma pausa. — Acordei hoje de manhã e você não estava na cama, e quando te vi na cadeira reclinável e as embalagens de camisinha no chão, eu fiquei com nojo.

Juliana: Você podia ter me perguntado em vez de gastar todo aquele dinheiro no mercado só para tentar me fazer ficar.

Travis: Não ligo para o dinheiro, Jujuba. Fiquei com medo de você ir embora e nunca mais falar comigo.

Eu me encolhi ao ouvir a explicação dele. Não tinha parado para pensar em como ele se sentiria me ouvindo falar de como ele era errado para mim, e agora a situação tinha chegado a um ponto complicado demais para consertar.

Juliana: Eu não queria magoar você — falei debaixo do chuveiro.

Travis: Sei que você não queria. E não importa o que eu diga agora, porque ferrei com tudo... Como sempre faço.

Juliana: Trav?

Travis: O quê?

Juliana: Não dirija mais bêbado daquele jeito, ta? — Esperei um minuto até que, por fim, ele respirou fundo e respondeu

Travis: Ta bom — e fechou a porta ao sair


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Notas finais do capítulo

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