Fernanda Narrando

Eu e o Math estávamos no seu quarto, assistindo filme, quando meu celular tocou. Era a Lara.

Fernanda: Alô?

Lara: Nanda, você tem que vir aqui em casa agora. É importante, é sobre o seqüestro da Jú... – ela parou, reconsiderando se me contaria ou não por telefone.

Fernanda: Tudo bem, já estou indo.

Desliguei o celular e olhei para o Math, que estava a me fitar desconfiado.

Fernanda: Preciso ir pra casa da Lara, amor. – disse me levantando.

Matheus: Por quê? Você disse que queria ficar comigo e agora vai embora?

Fernanda: Desculpe. É importante. – coloquei meu casaco.

Matheus: O que é tão importante que não dá pra esperar até amanhã? – ele se levantou, cruzou os braços e ergueu uma sobrancelha.

Era tudo que eu precisava agora, pensei irritada.

Fernanda: Olha, podemos marcar outro dia ok? Realmente preciso ir. Lara não me ligaria assim se não fosse importante.

Matheus: Tudo bem, eu vou com você.

Fernanda: Não! – falei rápido demais.

Matheus: Por que não?

Fernanda: Por que... É assunto de meninas. – disse indo para a porta. – Prometo que te recompenso amanhã – dei um selinho nele e me pus porta a fora.

Cheguei à casa de Lara e ela já me esperava do lado de fora. Quando estacionei, ela correu para abrir a porta do carona e entrar.

Lara: Podemos ir pra sua casa? Meus pais estão aqui.

Fernanda: Ah claro. – falei surpresa, enquanto dava partida novamente no carro.

Lara: Você estava na festa do Parker?

Fernanda: Na verdade não. Estava na casa do Math.

Lara: Oh! Desculpe se atrapalhei alguma coisa...

Fernanda: Está tudo bem, ele supera – cortei-a e dei de ombros.

Lara: Ai Nanda você não muda!

Fernanda: Onde está Diana? E os garotos?

Lara: Diana está com Eric e com o Victor, fazendo mal a alguém pobre coitado por ai. Gabe e Apolo eu não sei.

Fernanda: Entendi.

Chegamos em casa e eu ouvi uma gritaria vindo lá de dentro, eu sabia que meus pais não estavam, então só podia ser Apolo e alguém.

Lara: E agora? Entramos?

Fernanda: Claro! Mas vamos pelos fundos, não quero que eles saibam que estamos aqui. – disse saindo do carro.

Lara: Tudo bem.

Demos a volta e entramos pela porta dos fundos, enquanto passava para a cozinha na ponta do pé, vi de relance um cara barbudo e baixo – sendo jogando para a parede – com certeza ele fez algo de errado e agora estava tendo uma lição. Claro que eu não deixaria isso acontecer se não tivesse ouvido Gabe dizer:

Gabriel: Como você pôde deixá-lo machucá-la daquele jeito?- só que então eu reparei que ele não estava falando com o cara e sim com Apolo.

Apolo: Eu deixei.

Gabriel: Você mandou ele  seqüestrar ela! A culpa é sua! Ela podia ter morrido, sabia?

Apolo: Fique calmo! – ele disse sem paciência – Ela está bem, não está? Isso é tudo que importa.

Gabriel: A policia ainda está atrás da pessoa que a seqüestrou.

Apolo: Ele não vai abrir o bico.

Gabriel: Quem garante?

Apolo: Eu! Ele sabe que morreria se fizesse isso – ele então mais uma vez jogou o cara na parede e perguntou – Não é mesmo?

XxX: Sim. Claro – gaguejou.

Gabriel: Eu não o quero novamente perto da Jú! – avisou.

Apolo: Não se preocupe, ele está saindo hoje da cidade.

XxX: Faça bom proveito da docinho – ele riu e o Gabe deu um soco em seu estomago, fazendo-o se debruçar para frente.

Gabriel: Cala essa maldita boca! – berrou nervoso.

Apolo: Gabriel, porra! – gritou – acalme-se.

Gabriel: Tire ele daqui então!

Apolo: É melhor você ir. – falou para o cara – Já resolvemos tudo.

XxX: Foi um prazer fazer negócios com vocês – ele piscou e saiu.

Olhei para Lara, que me encarava de boca aberta, sem acreditar no que acabará de ouvir.

Lara: Você ouviu o mesmo que eu? – perguntou num sussurro.

Assenti tonta com a verdade. Então Trav estava certo o tempo todo, Apolo planejou tudo! Como ele foi capaz de uma coisa dessas? Ah Fernanda, por favor, né, como se você não soubesse do que seu irmão é capaz. Meu subconsciente revirou os olhos para mim. Peguei na mão da Lara e a puxei para o meu quarto. Entramos rapidamente sem fazer barulho e eu tranquei a porta.

Fernanda: Eu não acredito que ele foi capaz disso!

Lara: Agora tudo faz sentido... – disse ela pensativa – Eu te liguei porque queria falar sobre uma conversa estranha que eu vi o Eric e o Victor tendo com o Apolo...

Fernanda: Que conversa? – a interrompi.

Lara: Apolo estava dizendo que as coisas saíram do controle e que o Gabe foi concertá-las, mas Victor não acreditou que ele conseguiria. Eles pareciam bastante nervosos. – ela parou um instante e depois disse – Isso foi uma hora antes do Gabe aparecer com a Jú no hospital.

Fernanda: Então o Gabe não sabia do seqüestro?

Lara: Pelo que eu entendi não. Ele só ficou sabendo quando o tal seqüestrador esfaqueou a Jú... E o Apolo ficou doido, queria de qualquer jeito acabar com o cara.

Fernanda: O que eu faço? Não posso simplesmente contar tudo a policia. Apolo seria preso! E ele é meu irmão acima de tudo! – disse desesperada.

Lara: É, mas a Jú é sua amiga, todos eles são e o Math... Ficaria maluco se soubesse que você escondeu uma coisa dessas dele. Você tem que contar!

Fernanda: Meus pais não me perdoariam se eu colocasse o filho deles na cadeia! – falei com lágrimas nos olhos.

Lara: Seus amigos não te perdoariam também, se você soubesse quem foi o monstro que mandou fazer isso com a Jú e não contasse a eles.

Coloquei a mão no rosto, tentando inutilmente colocar meus pensamentos em ordem. Suspirei levantando meu olhar para ela.

Fernanda: Eu não posso. Sinto muito.

Lara: Nanda...

Fernanda: Não dá! Eu não consigo! – a interrompi.

Lara: Tudo bem, eu te entendo e estou com você até o fim – então ela me abraçou.

Travis Narrando

Já eram meu sétimo ou oitavo drink, estava desesperadamente tentando não pensar no que a Jú e o idiota do Parker poderiam estar fazendo lá em cima, já se passará quase 2 horas que eles estão lá. Afinal, o que a Jujuba via nele? Ok, ele era até que bonitinho, tinha uma boa pinta, mas... Era só isso. O que ele tem que eu não tenho? Ele tem caráter Travis, coisa que você nunca teve. Meu subconsciente disse rindo de mim. Tomei outro gole, a vodka descendo pela minha garganta, queimando. Então alguém coloca a mão no meu ombro, viro-me na esperança de encontrar a Jujuba e o que vejo?... A Meg.

Megan: Oi, bebê – ela falou meu dando um selinho.

Travis: Meg. – tomei outro gole.

Megan: O que acha de se divertir um pouco? – ela falou passando a mão em minhas pernas. Eu sabia o que ela queria, e estava quase dando um basta quando vi a Jujuba e o Parker descendo as escadas rindo. Raiva crescendo dentro de mim, puxei a Meg para perto e enfiei minha língua dentro de sua boca.

Quando nos afastamos estávamos sem fôlego, ela estava sorrindo e eu olhei pra Jujuba – que agora estava me fitando, com o rosto completamente transformado – Parker seguiu seu olhar e me viu, logo depois sussurrou algo em seu ouvido e ela sorriu para ele.

Megan: O que acha de dançarmos? – perguntou tentando chamar minha atenção.

Travis: O que acha de ficar quietinha e me beijar? – perguntei puxando-a novamente para um beijo, dessa vez um beijo com desejo. Afinal eu sou homem e ela é gostosa.

Pietra: Não querem arrumar um quarto? – ela disse de braços cruzados.

Megan: Garota por que você não vai...

Travis: Seria ótimo – a interrompi – Mas acho que todos estão ocupados.

Pietra: Você às vezes me dá nojo – ela revirou os olhos.

Guilherme: A festa está quase acabando, o que acha de irmos embora?

Travis: Se você conseguir fazer a Juliana, soltar o Parker – indiquei os dois, que agora dançavam alegremente. De fato aquilo estava me dando náuseas, como ela conseguia ficar com ele?

Pietra: Ciúmes Trav? – perguntou divertida.

Travis: De um idiota como o Parker? Não. – respondi indiferente.

Pietra: Um idiota que conseguiu a Jú né. – provou.

Travis: Não seja ridícula.

Guilherme: Certo, vou chamar ela e vocês dois se despeçam – ele falou para mim e para Megan e foi até a Jujuba.

Meia hora depois eu estava no meu quarto, andando de um lado para o outro enquanto a Jujuba ainda estava lá em baixo se despedindo do Parker. Quando ela finalmente entrou no quarto, seu sorriso estava radiante e eu sabia que não tinha o direito de estragar isso, com minhas reclamações. Entrei no banho, e fiquei até a raiva passar. Sai e me deitei para dormir.