O Sorriso De Monalisa escrita por Clara Cristiane
Com a atitude de alguém que não tinha nada a perder ela sempre cumpriu nossas apostas. Nunca queria ser tachada como covarde. Maldita última aposta que eu a desafiei.
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7° horário - Aula de História
A aula de história era geralmente boa, mas nesse dia estava um mormaço insuportável. A porta se abriu. A senhorita Morelo entrou.
– Alunos, gostaria de informar que a peça do evento já foi escolhida. Será Romeu e Julieta. Os alunos interessados em participar por favor coloquem o nome na lista que fica na coordenação, obrigada.
Um bilhete chegou: "Pronto para fazer o papel de sua vida?"
Olhei para trás e procurei quem tinha jogado. Jasmine, ela acenou para mim quando encontrei seu olhar. Apenas, revirei os olhos e virei para frente, e escrevi um bilhete em resposta.
"Não, não sou muito bom com o público. E os ensaios são no domingo, não quero passar mais do que o tempo necessário no colégio. Desculpe."
Joguei o bilhete para ela. Quando viu apenas rabiscou alguma coisa rápida no verso e mandou de volta.
"Tente" era o que estava escrito. Juliana jogou o próximo bilhete.
"O que vocês estavam falando? Você vai né?"
Respondi: "Não era nada não, besteira. Claro! Vamos fazer o papel principal como sempre."
Ela sorriu ao ver a resposta. Não sei porque tinha mentido para Juliana, mas sei que eu não queria problemas com ela.
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Como previsto, Jasmine veio ao ensaio.
– Não ia ficar em casa?
– Ju me convenceu a vir...
– Tudo bem, deseje-me sorte vou tentar para Julieta.
– Boa sorte então.
Ela deu uma piscadela, e se sentou nas últimas cadeiras para esperar sua vez. A vez de Juliana chegou e ela fez uma performance magnífica como esperado de sua parte. O sorriso brilhava em seu rosto como se já soubesse que o papel era seu.
Mal sabia ela que alguém melhor viria. Jasmine.
– Boa tarde, espero que gostem de minha atuação para Julieta...
"Adeus, mundo. Por um tempo estarei morta.Será que terei coragem de tomar este veneno? E se o Padre quiser me matar mesmo? Não, ele não faria isso. Ele é um homem de Deus.Sempre me ajudou. Ah, eu vou ter que ficar no túmulo da família. Teobaldo está lá. Quemedo! Mas vou tomar a poção. O amor que sinto por Romeu é mais forte. Romeu, bebo isto por tua causa."
Fora espetacular, com apenas algumas palavras, ela conseguira representar as emoções de Julieta, eu olhei para o lado e vi lágrimas saindo dos olhos do diretor. Ela conseguira emocionar o coração de pedra do diretor da peça.
– Bravo! Bravo! Minha cara, o papel já é seu!
– Muito obrigada!
Ao meu lado só vi Juliana dando piti e saindo enfurecida. Parecia que podia matar Jasmine com as próprias mãos.
Na saída Jasmine veio falar comigo:
– Gostou?
– Muito bom. Parabéns!
– Obrigada, tinha que fazer jus para minha heroína... Agora podemos andar juntos sem que aquela bruxa nos atrapalhe?
– Que bruxa?
– Juliana! Eu sei que você só veio por conta dela, mesmo não gostando do público você se apresenta bem, é perda de potencial não se apresentar por medo ou preguiça.
– Na verdade mais preguiça. Eu gosto do público, só não queria vir pro colégio mesmo.
– Ah, é mesmo! - Falou enquanto dava um tapa na testa - "Status" - Falou fazendo aspas com a mão - Tudo bem, eu te ajudo a consegui-lo. E você realmente não deveria sair com aquela garota! Parece o cão chupando manga!
Não pude segurar o riso.
– Sério?
– Claro! O conceito de beleza do povo dessa escola é totalmente ultrapassado!
– E você se considera esse padrão?
– Não, mas estou mais próxima que aquela loira burra...
– Beleza então, vai ficar anotado na minha lista. Terminar com a loira burra. Tchau, tenho que ir atrás dela agora, ou se não Satanás vai cometer suicídio.
Agora foi a vez dela sorrir. O riso que ela deu era tão perfeito que eu simplesmente esqueci que ia ter problemas quando encontrasse Juliana.
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Ela estava sentada na mesa da cantina chorando.
– Tudo bem?
Ela me olhou com os olhos de fúria.
– Você está terminantemente proibido de ficar com aquela lambisgóia. Se eu ao menos suspeitar de algo, você está morto.
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