Quando a aula de Herbologia acabou, Rose estava com um péssimo humor, não podia acreditar que aquele garoto a tinha desafiado daquela maneira, e ainda por cima ela não conseguiu se impor porque o professor Neville decidiu que estavam ambos certos, ou seja, era uma espécie de empate. E se havia coisa que a pequena Weasley não suportava era isso, ver a sua inteligência subestimada como aquele Sonserino metido fez. Decidiu que aquilo não ficaria assim, decidiu que mostraria ao seu parceiro que ela era a mais inteligente ou então não seria ela filha de Hermione Jean Granger Weasley.

- Meu pai bem que tinha razão quando me disse que os Malfoy são todos uns prepotentes idiotas! - Reclamou ela enquanto seguia com Alvo pelos corredores.

- Tem calma Rose, ele só deu a opinião dele que por acaso era diferente da sua, nada de mais! A sua teoria estava certa, mas de certa forma... a dele também! - Disse Alvo, no entanto ele desejou imediatamente não ter dito aquilo porque Rose parou imediatamente fuzilando-o com o olhar.

- Enlouqueceu?! - Gritou ela incrédula. - A teoria dele estava erradíssima... eu estava certa! Eu! A gente esta dando Herbologia que é uma disciplina Bruxa, logo, a gente tem que analisar o impacto da plantas, cogumelos e afins na comunidade Bruxa, não interessa se aquele cogumelo era venenoso para os trouxas porque não era isso que estávamos avaliando, o que nos interessa é se é para os Bruxos e como não é para os Bruxos, tem que ser classificado como não Venenoso e pronto!

- Mas Rose, para a gente entender o impacto dos cogumelos na comunidade Bruxa a gente tem que entender também como funciona na comunidade Trouxa, por isso não se sabe ao certo se a gente deve classificar aquele cogumelo como venenoso porque...

- Chega! - Interrompeu-o ela. - Estou farta desse assunto! Aquele idiota me paga!

Alvo apenas assentiu, conhecia a prima e sabia que não valia a pena insistir naquele assunto, ela era mesmo assim, não suportava quando a sua inteligência era questionada, isso era mais do que uma ofensa para ela. Já Scorpius, ao contrário de Rose, andava pelos corredores muito tranquilo, até já tinha esquecido o assunto dos cogumelos, saiu até o campo de quadribol para observar as provas para a Equipa de Quadribol a Sonserina. O seu pai estava esperando que ele participasse e que fosse seleccionado como artilheiro, mas Scorpius não queria isso, Quadribol não lhe despertava interesse algum. Seu pai queria que ele seguisse suas pisadas e tinha muita certeza que o filho seria seleccionado. '' Você vai ser o melhor artilheiro'' era o que ele tinha dito no primeiro ano do rapaz em Hogwarts, mal ele sabia que o menino não tinha o menor interesse no desporto. Durante três anos convenceu o pai que ele não tinha sido aceite no time. Scorpius sabia que ele ia ficar desiludido, mas a reação foi pior, não quis aceitar que o filho não era apanhador da Sonserina e pôs todas as culpas na administração da escola como sempre fazia quando as coisas não corriam do jeito que ele queria. Decidiu que diria ao pai que participou na Provas mas que não conseguia, sabia que ele iria reagir mal, mas tinha a certeza que a reação seria pior se ele soubesse que o filho não era apanhador porque nem sequer quis participar nas provas.

- Pensando em quê Malfoy? – Era Jonh Stuart.

- Nada não, só vendo as provas. Não entendo, olha só esse tanto de gente para as provas de Quadribol.

- Não entendo o espanto. É normal, Quaribol é demais!

Scorpius observou o amigo, viu que ele tinha o equipamento.

- Você também vai participar nas provas?

- Vou, quero a posição de artilheiro. – Disse o rapaz confiante. – E você? Onde está o seu equipamento. Ainda não é esse ano que vai tentar a posição de apanhador.

- Não.

- Não entendo, como é que o seu pai aceita o facto de você não participar nas provas?

- Ele acaba aceitando. – Disse Scorpius desviando o olhar.

- Como assim? Eu conheço o seu pai, ele é muito severo, como é que ele aceita assim que o filho não quer seguir suas pisadas?

- Não interessa!

Um segundo de silêncio, foi o suficiente para Jonh entender tudo, deu um suspiro surpreso e disse.

- Ele não sabe pois não?

Scorpius engoliu em seco.

- Sabe sim. – Era amigo de Jonh, mas havia coisas que não era seguro contar para ele. – Tenho que ir, boa sorte para a prova.

Dito isto Scorpius saiu do campo disparado deixando Jonh muito desconfiado. Entrou no castelo e seguiu para a aula de Transfiguração, entrou na sala e se sentou ao lado de Rose.

- Oi. – Disse ele. No entanto ela nem respondeu, apenas virou a cara para o outro lado, ele teve vontade de rir, o pai tinha falado muito mal dos Weasley mas nunca lhe tinha dito que eles eram tão infantis. O clima até ao fim da aula foi muito tenso, Rose sequer olhava para ele e por vezes respondia as perguntas da professora olhando de lado para Scorpius como se o tivesse desafiando, como se fizesse questão de mostrar que era mais inteligente do que ele. A falta de resposta do rapaz estava deixando ela muito irritada, queria que ele respondesse a uma pergunta e errasse para ela depois poder dar a reposta certa e poder mostrar a todo o mundo que ele nunca iria alcança as capacidades dela. Isso podia parecer muito infantil, mas ela não conseguia controlar. Sua mãe bem que dizia que ela tinha puxado um pouquinho da infantilidade do pai. No fim da aula ela saiu sem sequer se despedir dele. Subiu directo para a torre das Corujas.  Quando lá chegou, tirou um biscoito da mala e andou até a sua coruja.

- Oi Abby, olha o que eu trouxe para você! – A pequena coruja branca piou feliz e se aproximou da dona mordiscando o biscoito.  A garota sorriu– Ficou feliz pequena?

A coruja  apenas piou em sinal de agrado. Uns segundos depois ouviu outra coruja piar, olhou para o lado e viu uma coruja negra. Reconheceu-a imediatamente, era a coruja que tinha cruzado com a sua na noite em que mandara a carta para o seu pai. Aproximou-se dela.

- Oi, você é tão linda!

A coruja piou olhando com gula para o biscoito na mão de Rose.

- Você quer?

Ela piou de novo. Rose estendeu o biscoito, a coruja negra mordiscou feliz. Abby piou ciumenta e voltou para sua gaiola.

- Eu tenho que ir. – Disse Rose- prometo que amanhã volto com biscoito para as duas!

E desceu as escadas feliz, cruzou com Scorpius no final das escadas, ela bufou irritada e fingiu que não o viu. Mais uma vez, ele teve vontade de rir. Subiu as escadas e foi em direcção a sua coruja negra. Na verdade não era bem uma coruja, era um Mocho Real.

- Oi Enzo. Como é que você está? – Perguntou ele observando o animal. – Parece feliz, andou ciscando em alguma coruja?